sábado, 25 de agosto de 2012

Eleições no Rio: o que é isso, companheiro?

Questionado se cortaria o ponto de grevistas, uma vez eleito, Marcelo Freixo (PSOL) responde: 'depende'


Reprodução
Freixo durante entrevista à Globo
A entrevista de Marcelo Freixo (candidato do PSOL à prefeitura do Rio) no RJTV da Rede Globo, no último dia 22, causou grande estranheza e preocupação nos movimentos sociais cariocas, principalmente entre aqueles lutadores e lutadoras que estão em greve neste momento e apoiam a sua candidatura.

O entrevistador Márcio Gomes não poupou esforços em jogar a candidatura de Freixo à esquerda, em uma clara tentativa de lhe colar um perfil de radicalidade e inviabilidade diante do eleitorado. Esforços em vãos de Márcio Gomes. O corajoso deputado não vacilou em responder categoricamente que terá pulso firme diante de possíveis greves em seu mandato como prefeito, como mostra o seguinte diálogo:

Márcio Gomes:
- Você como prefeito enfrentando uma greve em um serviço essencial, como é que vai se posicionar? Vai ter pulso firme?
Marcelo Freixo:
- Sim, claro!
Márcio Gomes:
- Vai cortar o ponto?
Marcelo Freixo:
- Depende, depende da situação. Depende do setor, depende da negociação, depende do que tiver acontecendo.

O candidato ignorou que foi justamente o golpe baixo e covarde do corte de ponto que a presidenta Dilma utilizou para tentar desmontar a forte greve do funcionalismo federal. Somente no setor da educação a adesão alcançou mais de 70 instituições. A Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal também estão em greve e ampliaram seus movimentos para enfrentar essa medida autoritária do governo. IBGE, Receita, Anvisa, CNEN, Ancine, Anatel, ANTT, Incra, Arquivo Nacional engrossam a maior greve já enfrentada pelos governos do PT.

Sinceramente, não esperávamos esta postura de Freixo. A expectativa era justamente o contrário, ou seja, que Freixo utilizasse o espaço em horário nobre da rede Globo para fortalecer o justo e necessário movimento grevista. Quando o candidato do PSOL responde que “depende”, quer dizer que pode cortar o ponto ou não. “Depende” da situação. Então, nos responda deputado: em que situação é justo cortar o ponto dos trabalhadores que lutam por melhores salários?

Não esperamos que o candidato do PSOL, que tem atualmente 12% das intenções de voto, tenha posições revolucionárias ou fale de socialismo na TV. Mas esperávamos ao menos que ele defendesse um direito elementar assegurado pela limitada Constituição Federal.

Em seguida, Marcelo completa: “A possibilidade de greve com a gente é muito menor do que com qualquer outro” . Essa declaração é no mínimo pretensiosa. Vale lembrar que Lula em 2003, praticamente recém-empossado, com todo seu carisma e gozando de amplas expectativas dos trabalhadores, enfrentou uma poderosa greve contra a reforma da Pprevidência. Podemos buscar exemplos mais distantes, como as greves operárias e os cordões industriais no Chile de Allende na década de 70. Enfim, a popularidade de Freixo, apesar de alta, não pode ser comparada nem mesmo com a de Brizola na década de 80 e 90, quando os educadores foram à greve inúmeras vezes e questionaram os prestigiados CIEP’s. Marcelo Freixo não tem bola de cristal e não pode prever que em sua suposta prefeitura não terá greves. Tampouco é Freixo quem decide isso, mas sim os trabalhadores.

Na verdade, o que está por trás do “depende”, é uma tentativa insistente de conquistar a confiança da burguesia carioca.

“A gente não faz alianças espúrias para chegar ao poder”, disparou o candidato do PSOL. Não foi bem isso que a própria militância aguerrida do PSOL assistiu nos meses que antecederam a inscrição das candidaturas. Marcelo Freixo buscou apoio do PV de Gabeira e Zequinha Sarney. O mesmo PV que de verde não tem nada e recebe financiamento de empresas que são inimigas do meio ambiente como a Natura, Aracruz Papel e Celulose, a madeireira Madelongo e a mineradora Anglo Gold.

Em seguida, foi a vez de conversar com Romário do PSB, partido da oligarquia latifundiária pernambucana, que usa indevidamente o “socialista” no nome. Mas foi apenas na sua última tentativa, que Marcelo obteve êxito em sua busca insaciável de ampliar o arco de alianças (à direita): já se vê pela cidade placas de Andréa Gouvêa Vieira (PSDB) em apoio à Freixo. Seguramente, a militância do PSOL e os movimentos sociais estariam muito mais à vontade se Freixo tivesse aceitado a proposta do PSTU em conforma uma Frente de Esquerda.

Outro momento marcante da entrevista foi quando Freixo reprovou a atuação da deputada estadual Janira Rocha (PSOL) na greve dos bombeiros em fevereiro deste ano: “Não acho que esse deve ser o papel de um parlamentar” – em referência ao apoio e a articulação da deputada com o cabo Benevenuto Daciolo, expulso da corporação por lutar por dignidade e melhores salários. Mais uma vez Freixo decepcionou. Poderia utilizar o espaço da Globo para denunciar que Cabral demitiu covardemente 13 pais de família e pedir a reincorporação dos bombeiros. Esta sim seria, em nossa opinião, a postura de um deputado de luta. Janira Rocha acertou em cheio naquele momento em se postar junto à greve da segurança pública. De que lado estava Marcelo na greve dos bombeiros em 2012?

Os militantes socialistas podem e devem ficar muito preocupados com as declarações de Marcelo Freixo. Mas talvez, o mais preocupante seja o silêncio absoluto das correntes internas do PSOL. Sabemos que há uma enorme diversidade no interior deste partido, correntes de diferentes matizes e tradições. Inclusive, há correntes que se reivindicam trotskistas e herdeiras da IV Internacional. Não pode ser que continuem caladas diante do ocorrido e ajam como torcedores, que se contorcem de nervosismo a cada momento em que Freixo marca um gol contra.

O caminho da institucionalidade, das amplas alianças com os “setores honestos da burguesia” e da “ética na política” são um atalho para o desastre. É um idealismo platônico acreditar que a República pode ser governada por homens e mulheres competentes e honestos, que guiarão o povo e todas as suas classes pacificamente à dias melhores.

O PT destruiu uma geração de quadros forjados no calor da luta de classes na década de 80, que passaram a vida tentando eleger Lula, e o fizeram. Hoje estão muito bem acomodados nos palácios dos podres poderes e a realidade do país fala por si.

A esquerda socialista não tem o direito de repetir essa história, e Marcelo Freixo tem uma grande responsabilidade em mãos.


Retirado do Site do PSTU

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A São José dos Campos (SP) das lutas operárias

Comissão de Presos e Perseguidos Políticos da Ex-Convergência Socialista realiza neste dia 24 ato em memória da luta dos operários contra a ditadura


Cartaz do ato
Neste dia 24 de agosto, sexta-feira, às 16 horas, a Comissão dos Presos e Perseguidos Políticos da Ex-Convergência Socialista está convocando um ato no Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campo (SP) com o tema “As lutas operárias em São José dos Campos contra a ditadura”. Depois todos irão para a Universidade do Vale do Paraíba (Univap) onde, às 19 horas, mais de uma centena de operários que trabalhavam na Embraer receberão a Anistia Política do Ministério da Justiça e o pedido oficial de perdão por parte do governo brasileiro, por ter perseguido e demitido estes operários que realizaram greves contra a ditadura.

Neste ato, estarão presentes antigos militantes da Convergência Socialista que protagonizaram as greves e as lutas operárias em São José dos Campos no final da década de 1970 e inicio dos anos 1980. Entre eles estará Ernesto Gradella, atual candidato a prefeito pelo PSTU na cidade, ex-vereador e ex-deputado federal. Um dos que esteve à frente das lutas daquela época.

Gradella chegou a São José dos Campos em julho de 1978, vindo da Universidade Federal de São Carlos. Lá encontrou três outros militantes da Convergência Socialista: Robério Paulino, atual candidato do PSOL à prefeitura de Natal; Sandra Piccinin e Tambaú (Eduardo Stetnner), e começou a trabalhar na Siderúrgica Fi-El, empresa depois vendida ao grupo Mannesman, e revendida ao grupo Gerdau.

Naquele período, a luta central era contra a Ditadura Militar, por isso este grupo de militantes, além de realizar trabalho clandestino nas fábricas da região, se integraram à seção local do Comitê Brasileiro de Anistia, organizando vários atos públicos pela anistia (ampla, geral e irrestrita).

Nesta época, a presença marcante da Convergência Socialista levou o então Valeparaibano, hoje jornal O Vale, a publicar um editorial de que a atuação “radical” da CS poderia atrapalhar a volta das eleições para prefeito na cidade. Naquele período, São José era considerada estância hidromineral e, portanto, o prefeito municipal era um cargo indicado pela ditadura.

Como se vê, a imprensa burguesa, antes como hoje, sempre tenta colocar nas costas da organizações de esquerda o ônus dos ataques que a patronal desenvolve contra os trabalhadores. Neste ano, o trabalho cresceu na Fi-El, e eles abriram vários contatos, como o operário poeta João Roberto, trabalhador da Embraer e atual diretor da Admap (Associação dos Aposentados).

Após as greves de 78 no ABC, havia uma disposição de luta nas fábricas joseenses. Por isso as greves chegaram na cidade em 1979. Gradella e seus camaradas procuraram o sindicato, dirigido por um antigo pelego, Zé Domingues, que havia participado do Congresso Estadual dos Metalúrgicos na cidade de Lins/SP, onde foi aprovada a fundação do PT – Partido dos Trabalhadores, proposta pelo Zé Maria Almeida, da Convergência Socialista, no congresso dos metalúrgicos de Santo André.

Distribuíram por conta deles boletins do sindicato convocando as assembleias de campanha salarial, que contaram com a presença maciça de metalúrgicos e foram realizadas no Sindicato dos Têxteis. Quando chegou a assembleia para votação do acordo, o sindicato fez um boletim chamando a greve, mas sem colocar o seu timbre. Ele foi distribuído de madrugada nos pontos de ônibus para os trabalhadores que iam para as fábricas e à noite o salão do sindicato dos têxteis ficou pequeno para tantos metalúrgicos presentes. O ABC havia rejeitado a proposta no dia anterior e iniciado a greve.

O pelego Zé Domingos pretendia aprovar o acordo, mas Tambaú tomou a palavra, defendeu a greve e colocou a proposta em votação de imediato. A partir daí o pelego perdeu o controle da assembleia e teve que aceitar a greve.

De imediato, os trabalhadores começaram a organizar os piquetes para as entradas do turno das 22 horas na Bundy, Ericsson, Fi-El, etc . Os operários da GM foram parar a Fi-El, os da Fi-El e Ericsson foram fazer piquete na Bundy, e assim por diante, usando seus próprios veículos, uma vez que o sindicato não dispunha nem de um carro de som. Todas as metalúrgicas pararam completamente.

Pela manhã, novos piquetes se formaram para parar a GM, Embraer e todas as outras empresas. No final do dia, o pelego fechou o sindicato dos metalúrgicos e “desapareceu”. Foi então criado um Comando de Greve, com a presença de jovens metalúrgicos, entre eles Toninho, na época na GM (atual candidato a vereador pelo PSTU), José Luiz Gonçalves, também trabalhador da GM; Ari Russo da Ericsson; Edson Cavalcanti e outros.

A partir daí, cresce a repressão, e os piquetes passam a ser feitos dentro da cidade, parando os ônibus que iam para as fábricas metalúrgicas. A greve dura mais três dias, e seu grande saldo é a construção da Oposição Metalúrgica, votada na última assembleia. Com a greve dos metalúrgicos, o peso da CS cresce na classe operária. Lula vem à cidade para fazer uma palestra sobre a construção do PT, na Casa do Jovem, no bairro Santana.

Em 1980 é fundado o PT e a CS tem um papel destacado na afiliação ao partido. As lutas crescem, a CS aglutina dezenas de militantes, e nas eleições de 1982, Ernesto Gradella é lançado candidato a vereador, eleito com aproximadamente 2700 votos. Como vereador, militante da Convergência, participa das principais lutas operárias da década de 80 em São José, além da criação da CUT e da “Campanha das Diretas Já” e contra os planos econômicos do governo Sarney, até ser eleito deputado federal em 1990.

Amélia Naomi entra para os quadros da Convergência por volta de 1983, trabalhando na Nacional Panasonic. Nas eleições para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos em 1984, ela integra a chapa junto com outros militantes da CS, como Assis, Pedro Rosa, Oliveira e o Toninho (Antonio Donizetti). Os militantes do PT da diretoria racham com o PMDB e juntam-se a CS na formação de uma chapa,e ganham as eleições.

Estas e muitas outras histórias serão recordadas neste encontro, entre elas a greve da Embraer de 1984 e a greve com a ocupação de fabrica da GM, de 1985, onde militantes da CS tiveram uma destacada participação.

Vai valer a pena estar presente e participar.


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Mais uma mulher assassinada em Porto Alegre

Qual a relação entre esse crime machista e o investimento do governo Dilma em publicidade?


Servidora Janice Maria Laux,assassinada no último dia 15
A servidora pública municipal Janice Maria Laux, de 51 anos, foi assassinada com quatro tiros em seu apartamento no centro da capital, no dia 15 de agosto. O principal suspeito é seu ex-namorado, que está foragido. Poucas semanas antes, ela foi à delegacia e registrou uma ameaça de morte de seu ex-companheiro. Segundo a polícia, como Janice não levou a denúncia adiante, não recebeu nenhuma medida protetiva.

Há menos de um mês atrás, no dia 26 de julho, a enfermeira Márcia, servidora do município de Porto Alegre, e seu filho, foram assassinados covardemente pelo marido. As coincidências entre os dois crimes são várias. E o motivo por trás é o mesmo: o machismo que mata. No caso de Janice, que chegou a procurar a polícia, encontrou um Estado omisso, que agora lava as mãos, justificando e responsabilizando a vítima por não ter dado prosseguimento ao processo. Infelizmente, casos assim se repetem aos milhares no país.


Sem investimento

No dia 7 de agosto, a Lei Maria da Penha completou 6 anos. Trata-se, sem dúvida, de uma importante vitória do movimento feminista brasileiro, que durante muito tempo lutou para que o Estado brasileiro reconhecesse o machismo e os seus crimes, assim como o dever do poder público de proteger e amparar as mulheres vítimas de violência. Porém, uma lei que não garante investimento acaba por virar letra morta e peça de publicidade.

Todas as pesquisas apontam um dado alarmante: seguem crescendo os homicídios e as agressões em geral contra as mulheres. Inversamente, vemos o orçamento da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) encolher. Em 2011, dos míseros R$ 114,4 milhões destinados à pasta, apenas R$ 47,4 milhões foram desembolsados. Já para este ano, a dotação da SPM diminuiu para R$ 107,2 milhões, dos quais certamente apenas uma fração será utilizada. A parte “economizada” deverá compor o superávit primário, engordando ainda mais os cofres dos bancos na forma de pagamento de juros e amortização da dívida pública.

Para termos uma ideia do quão ínfimo é o investimento do governo do PT em políticas de combate ao machismo, só a publicidade institucional, a cargo exclusivo da Presidência da República, consumiu R$ 127,5 milhões em 2011, quase o triplo do valor executado pela SPM nesse ano.

Só a empresa de publicidade de Duda Mendonça (DM&AP), esse que está sendo julgado pelo STF por ter participado do esquema de corrupção do mensalão, já recebeu mais de R$ 195,2 milhões desde o início da era PT na presidência.

Esse é o conteúdo de classe dos governos do PT. Bilhões de reais para os banqueiros e empreiteiras. E para as mulheres, as migalhas que sobram, que caiem no chão. Muita publicidade, nenhum ou quase nenhum combate efetivo ao machismo.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Greve forte e radicalizada faz governo Dilma recuar

Servidores federais impõem derrota à truculência do governo, que se vê obrigada a conceder mais do que estava disposto


Agência Brasil
Servidores marcham em Brasília
A greve no funcionalismo público federal já ultrapassa três meses, como é o caso dos docentes das universidades e institutos federais, marcando uma das mais fortes e extensas greves da categoria dos últimos dez anos. Mesmo enfrentando a truculência do governo Dilma, que determinou o corte nos salários dos servidores e editou decreto substituindo os grevistas, o funcionalismo federal conseguiu uma inédita unificação dos setores contra o arrocho salarial e em defesa dos serviços públicos.

Setores como os técnicos administrativos, base da Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras), já avançam nas negociações e arrancam importantes conquistas do governo. Outras categorias, no entanto, continuam em negociação enquanto alguns setores, como os policiais rodoviários federais, juntam-se agora à greve (cruzaram os braços nesse dia 20). No próximo dia 31 de agosto encerra-se o prazo para o governo fechar a proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) para o próximo ano, que deve conter os reajustes aos servidores.

Mesmo que essa luta contra o governo não tenha terminado enquanto fechávamos esta edição, já se pode dizer que a força do movimento impôs um recuo e uma derrota política ao governo Dilma e à sua intransigência em não conceder nenhum reajuste, como ameaçava fazer no início da greve, justificando para isso a crise econômica internacional. Basta ver que, enquanto o orçamento deste ano aos aumentos dos servidores soma R$ 1,5 bilhão, o total dos reajustes já arrancados do governo garante R$ 14 bilhões anuais até 2015.

"É ainda insuficiente para o conjunto dos servidores, principalmente se compararmos com o que é destinado ao pagamento da dívida pública, quase metade do Orçamento da União, e o que está sendo gasto com as isenções de IPI e os subsídios às grandes empresas, mas mesmo assim é mais do que o governo estava disposto a conceder no início do movimento", avalia Paulo Barela, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas. O dirigente aponta ainda a derrota que os servidores impuseram ao Projeto de Lei 549 que, na prática, estabelecia o congelamento dos salários dos servidores para o próximo 10 anos.




Greve forte e radicalizada

A greve dos servidores federais atinge mais de 30 setores, deixando de braços cruzados algo como 400 mil trabalhadores em todo o país. Radicalizado desde o início, o movimento se chocou com a dura intransigência do governo Dilma, que não foi capaz de dobrar as mobilizações dos servidores. A disposição do governo Dilma em não negociar com a categoria parada chegou a provocar elogios do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, responsável pelos anos de neoliberalismo que destruíram boa parte dos serviços públicos no país, além da solidariedade de seu partido, o próprio PSDB.

Os servidores federais, porém, foram às ruas e se mobilizaram, apostando na unificação do serviço público e na unidade com os estudantes, no caso das universidades federais. Além de reivindicarem reajuste e planos de carreira, os servidores denunciaram à população o caos que vive hoje os serviços públicos, desmentindo a propaganda de mentira de massas que é veiculado em boa parte da grande imprensa no Brasil. Foram várias marchas a Brasília e dias de luta que mobilizaram servidores de todo o país, com ações radicalizadas como o corte de estradas e o bloqueio do Ministério do Planejamento.

A radicalização da categoria e a revolta da base dos servidores bateram de frente com a intransigência do governo Dilma e chegou a gerar crise entre a cúpula das centrais governistas, como a CUT e a CTB, e o governo, desmascarando o verdadeiro caráter do governo Dilma. A presidente chegou a anunciar que não concederia reajuste aos servidores para proteger “os que não têm estabilidade no emprego”, dando a entender que os bilhões em subsídios às grandes empresas geram e mantém os empregos, o que não está ocorrendo.


Ainda não acabou

A greve até aqui foi vitoriosa, quebrando a intransigência do governo e forçando um recuo de Dilma. Porém, ainda não terminou e os servidores tem até o final de agosto para melhorar as propostas do governo e arrancar índices melhores. Ou seja, as mobilizações ainda não terminaram. Enquanto fechávamos esta edição, no dia 21 de agosto, os servidores organizavam um novo dia nacional de luta.


Retirado do Site do PSTU

A campanha eleitoral e as lutas

Metalúrgicos fecham a Dutra contra as demissões na GM
Um dos grandes problemas que os trabalhadores enfrentam quando estão em greve é o de superar o bloqueio da imprensa. Os meios de comunicação nas mãos da grande burguesia e dos governos fazem campanhas sistemáticas contra as greves. Hoje, por exemplo, o governo e a imprensa buscam mostrar os funcionários públicos como privilegiados e a recusa do governo em negociar com eles como uma prova de “austeridade”. Outra importante mobilização, a luta dos metalúrgicos da GM de São José dos Campos, desapareceu da grande imprensa.

Por outro lado, a campanha eleitoral agora começa a atingir o conjunto da população com o horário eleitoral. Existe uma polarização aparente entre o bloco governista (PT e seus aliados) e a oposição de direita (PSDB e DEM), em uma luta brutal pelo aparato das prefeituras nas cidades. Esses partidos vão utilizar o horário eleitoral na TV para tentar mostrar ao povo que basta votar neles para viver num paraíso, com todas as necessidades sociais resolvidas. Ou seja, vão usar os meios de comunicação para, mais uma vez, enganar os trabalhadores.

Mas os partidos não são todos iguais. O PSTU se orgulha de dedicar sua campanha eleitoral ao apoio às lutas dos trabalhadores. Vamos dedicar parte de nosso pouco tempo de TV para defender e apoiar as greves do funcionalismo, da construção civil e a luta dos metalúrgicos da GM. Vamos usar os meios de comunicação de massas para falar a verdade.


Todo apoio à greve do funcionalismo!

No pouco tempo que temos, vamos tentar dizer que o dinheiro gasto com o funcionalismo significa, na verdade, despesas com os serviços sociais prestados à população, como saúde e educação. Não está se discutindo, portanto, somente os salários dos funcionários, mas a quantidade e a qualidade dos serviços sociais prestados por eles. A situação precária do funcionalismo é parte do sucateamento dos serviços públicos imposto pelos governos do PSDB, mas também do PT.

Ao contrário do que a grande imprensa e o governo divulgam, nos últimos anos os gastos com o funcionalismo caíram. Correspondiam a 22% das despesas do governo em 2006. Hoje é de apenas 20%.

Dizem que o governo não tem dinheiro. Não é verdade. Acontece que o governo do PT (igual ao da oposição de direita no passado) entrega o dinheiro público para as grandes empresas. Os gastos anuais com os funcionários ativos e inativos correspondem a R$ 187,6 bilhões, menos de um terço dos R$ 635 bilhões que o governo vai pagar aos banqueiros pelos juros e amortizações da dívida neste ano. A reivindicação do funcionalismo (22,08% de reajuste salarial) corresponderia a pouco mais de um quarto dos R$ 155 bilhões que foram dados de incentivos fiscais para as grandes empresas entre 2011 e 2012.

Vamos utilizar nosso tempo de TV para defender que Dilma negocie com o funcionalismo e para apoiar suas reivindicações.


Estabilidade no emprego para os metalúrgicos da GM

É preciso divulgar e chamar o apoio à luta dos metalúrgicos da GM de São José dos Campos. O acordo com a empresa só evitou temporariamente as demissões. Essa multinacional quer demitir 1.840 operários em novembro. A grande imprensa divulga somente a versão da empresa, que estaria passando “dificuldades” e por isso é obrigada a fazer demissões.

Na verdade, essa multinacional segue tendo lucros altíssimos. Teve um faturamento bruto, em 2012, de R$ 20 bilhões. A folha de pagamentos de todos os funcionários da montadora consome apenas 11,8% do faturamento da empresa.

O governo vem dando muito dinheiro público a essas multinacionais. Entre 2001 e 2011, as montadoras de automóveis investiram no Brasil US$ 19,5 bilhões. No entanto, receberam do BNDES US$ 24,6 bilhões e remeteram para suas matrizes US$ 25,6 bilhões. Ou seja, essas empresas não trouxeram novos investimentos para o Brasil, se apropriaram do dinheiro público dado pelo governo, e remeteram para suas matrizes no exterior. O dinheiro dado pelo governo para as empresas não garante os empregos dos trabalhadores. Só aumenta o lucro dessas multinacionais.

Não existe nenhum motivo para demitir quase dois mil trabalhadores. Vamos usar nosso tempo na TV para exigir de Dilma que garanta a estabilidade no emprego aos metalúrgicos da GM. O governo, que até agora só apoiou a empresa, tem a obrigação de apoiar os trabalhadores.

O PSDB e o DEM não apoiarão as greves do funcionalismo nem a luta da GM. O PT também não o fará. Na verdade, o PT é o patrão de todo o funcionalismo federal. As lutas do funcionalismo e da GM se chocam não só contra a oposição de direita, mas também contra o governo de Dilma.

O PSTU apoia todas essas lutas. Mas também necessitamos de seu apoio para nossa campanha eleitoral. Não temos e nem queremos o dinheiro da burguesia que financia a campanha do PSDB e também do PT. Não temos cabos eleitorais pagos, mas uma militância aguerrida. Você que está junto conosco no apoio a essas lutas, venha ajudar nossa campanha eleitoral. E filie-se ao PSTU, o partido das lutas e do socialismo!


Retirado do Site do PSTU

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Espanha: "As pessoas nos diziam: temos que fazer igual, temos que lutar"

Marin, da mina de Hunosa, nas Astúrias
Em julho, os mineiros das Astúrias, região autônoma do Estado Espanhol, protagonizou uma marcha de 500 km até Madri, protestando contra os cortes na subvenção da extração do carvão. As cenas dos mineiros entrando na cidade e sendo recebidos por dezenas de milhares de pessoas marcou para muitos a entrada da classe operária nas mobilizações multitudinárias contra a crise que assola a Europa.

O Portal do PSTU entrevistou o mineiro José Gonzalez Marin, do Sindicato Independente CSI (Corriente Sindical de Izquierdas), que esteve no Brasil a convite da CSP-Conlutas. Marin trabalha na mineradora estatal Hunosa e falou sobre os ataques do governo, o papel das centrais CCOO (Comisiones Obreras) e UGT (Unión General de los Trabajadores) e os protestos radicalizados dos mineiros.


Portal do PSTU - Qual é a situação dos mineiros nas Astúrias?

José Gonzalez Marin A mineração pública nas Astúrias chegou a ter 30 mil trabalhadores. Mas a partir do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e da sua política energética, fomos ao desastre. Vieram planos que sempre culminavam na redução de custos, trabalhadores e subvenções. Com o último corte, em 2000, passamos de 18 para 12 mil operários, e vieram mais planos e ‘pré-aposentadorias’, sempre com a conivência da UGT e Comisiones Obreras, meros sindicatos mercantilistas que se preocupam apenas com seus privilégios, como sindicalistas profissionais. Esses sindicatos fizeram desaparecer o sindicalismo de classes, acabaram com as assembleias e impõem as decisões de cima para baixo. Então, com isso, agora mesmo em nossa empresa contamos com apenas 1600 trabalhadores. Antes, na época de bonança, tínhamos grandes empresas metalúrgicas. Hoje, essas empresas foram embora, para outras regiões. É o que acontece quando esses especuladores capitalistas vêm de fora e, ao invés de criar postos de trabalho e bem-estar, vem apenas para enriquecer-se. E depois vão embora com a mínima oposição que enfrentam com qualquer tipo de reivindicação salarial. Então dependemos hoje da pouca mineração que restou.


Qual a razão das recentes mobilizações dos mineiros?

A questão é que nós, mineiros, sempre fomos, pelo trabalho que realizamos, muitos dependentes um dos outros. A vida de um muitas vezes está nas mãos de um companheiro. Então, era raro que em algum mês não houvesse conflitos em relação à segurança. Mas agora a luta surge não apenas por reivindicações econômicas ou de condições de trabalho. Estamos defendendo 4 mil postos de trabalho na mineração pública e privada, mas também outros tantos empregos indiretos. Então temos que apostar todas as nossas fichas. O sindicato que faço parte reivindica a nacionalização do carvão, pois os empresários da mineração privada só querem sugar as subvenções, criar salários de escravidão, mais ainda que no setor público.


E como começou a greve?

O carvão é subvencionado, tanto na mineração pública quanto na privada, embora muito menos que as energias alternativas como a eólica, solar, a gás... Com a particularidade que o carvão é uma matéria-prima nacional, ou seja, não dependemos de alguém que em qualquer momento possa fazer alguma atrocidade. O plano do governo para a mineração, que ia de 2008 e 2012, acabava agora e faltava o governo pagar uns 300 milhões de Euros. Desse total, cortaram 60% do dinheiro. E o governo só admite discutir um novo plano para 2013 a 2018. Aí não adiantaria mais, pois esses trabalhadores não teriam mais seus postos de trabalho. Os sindicatos, então, tiveram que apostar todas as suas fichas, porque se as minas fecham eles perdem seus privilégios, seria uma sangria desses sindicatos que vivem para ser sindicatos de serviços. Eu pessoalmente respeito muito todas as organizações que meus companheiros fazem parte, mas a CCOO e Soma-UGT (Sindicato de los Obreros Mineros de Astúrias) fazem ações unilaterais e divisionistas. Observa-se isso nas manifestações, há uns com camisetas negras e outros com camisetas verdes. Na própria marcha a Madri não se podia ir voluntariamente. Só trabalhadores escolhidos pela cúpula da Soma e CCOO, indicados por nome e sobrenome. Apontavam: ‘você, você e você’. Não deixavam mais ninguém participar.




E qual a posição do Sindicato Independente frente a isso?

Nosso sindicato defendia fazer lutas escalonadas e, com o tempo, ir endurecendo, sempre pretendendo a unidade dos trabalhadores. Utilizar a ferramenta que sempre foi utilizada na mineração, que é a assembleia dos trabalhadores. Era o que deveria ser a forma de decisão. Sempre demonstramos solidariedade com os nossos companheiros, apoiamos todas as ações e, mesmo com essas divergências, sempre nos somamos à luta. E por outra parte, estamos vendo a realidade que há nas Astúrias, na Espanha e no mundo. Astúrias é um verdadeiro ninho de conflitos. Há redução de salários dos funcionários da Saúde, Educação e em todo o setor público. É raro o dia em que não tem uma manifestação na rua. Então, o que tinha que fazer no nosso ponto de vista? Tinha que juntar todos esses trabalhadores. Porque não é o mesmo 4 mil de 400 mil. E o inimigo é muito forte, porque é o mesmo inimigo no mundo todo. São os grandes bancos que querem acabar com todas aquelas conquistas que os trabalhadores tiveram nos últimos anos. Juntar todos os conflitos e buscar uma saída global. Porque o problema é global.


Podemos dizer que nas Astúrias, e em Madri, a luta dos mineiros está sendo de certa forma um catalisador desse descontentamento?

Normalmente, através da história na Espanha, os mineiros com suas atuações foram uma alavanca sobre os demais trabalhadores. Agora mesmo em Madri, há muitos empregados públicos. São categorias profissionais que acreditavam que nunca seriam atingidos, que acreditavam na panaceia do Estado e que agora foram golpeados de frente. E vieram os mineiros, eles os receberam, e nos congratulamos muito e diziam 'temos que fazer igual, temos que lutar', porque se não lutamos não fazemos nada. E, moralmente, foi como um balão de oxigênio ver esses companheiros com esse impulso, essa solidariedade, foi uma motivação pra dizermos: 'não estamos mortos, estamos aqui e podemos fazer algo!'. Desde o nosso ponto de vista, gostaríamos que no próximo dia 26 ocorresse uma greve geral em todo o país basco, que confluísse a uma greve em toda a Espanha. Mas a realidade é que esses dois sindicatos, a UGT e CCOO, como são sindicatos meramente mercantilistas e não querem reconhecer a força que podem ter outros sindicatos como na Catalunha, no País Basco, em Galícia, não querem reconhecer que existem outros sindicatos e outras formas de fazer sindicalismo. Nós, com as forças que temos, vamos fazer encontros intersindicais com outros sindicatos chamados 'minoritários' e, dentro da capacidade que temos, vamos convocar a greve onde tivermos condições de fazê-la e onde não tivermos vamos fazer manifestações, bloqueios, o que a gente decida.




Impressionaram as imagens das ações radicalizadas da greve

Essa repercussão nos impressionou. Pois lá realmente não saía nada na imprensa. Com a greve lá não tínhamos tanta notícia. Vocês tinham mais notícias aqui no Brasil que, por exemplo, alguém lá nas Astúrias. Mas já te digo, a força com que se fazem as mobilizações na mineração não é de agora. Os famosos foguetes que aparecem nos vídeos nós já utilizávamos toda vida. Sempre, não é de agora, nós somos bastante radicais nas ações, o porquê não sei, talvez pela própria idiossincrasia do trabalho duro, somos um pouco brutos. Creio que a patronal mereça esse tipo de resposta. Essas procissões bem comportadas como que dissessem 'veja como somos bons meninos', isso nós não concordamos. O governo e estes governos da Europa, que é a direita mais reacionária, necessitam de resposta duras, pois estão acabando com o Estado de Bem-Estar no mundo inteiro.


E como foi a marcha a Madri?

Emocionante, foram 500 quilômetros e durou duas semanas. Foi um sacrifício muito grande, porque afinal são trabalhadores, não atletas. Não participei da marcha, mas participei da manifestação. E emocionou a todos, ver entrando em uma grande cidade os mineiros com os capacetes e as lanternas acesas, e depois o grande protesto, as pessoas de Madri somando-se à manifestação. Foi como uma cena de filme. E até então havia uma letargia, havia medo, mas demonstrou-se que sim, podemos fazer. Mostrou que não podem nos tirar o direito de reivindicar. Temos que ter esperança, isso ninguém nos pode tirar. Mostramos o caminho aos demais setores.


Chamou atenção também a música que os mineiros cantavam, qual é a história dessa canção?

Santa Bárbara Bendita é como uma santa dos mineiros. A canção faz referência aos mortos do poço de Maria Luísa. É como um hino dos mineiros nas Astúrias. Seus versos dizem ‘Trago a camisa vermelha, de sangue de um companheiro, tralálálá” (cantando).


Retirado do Site do PSTU

"A liberdade está sendo roubada por toda a Rússia"

Integrantes da banda Pussy Riots protestam contra Vladimir Putin e são condenadas a dois anos de prisão


Ativistas presas, momentos antes do julgamento
Um ataque contra a liberdade de manifestação artística e política na Rússia. Três integrantes da banda, Pussy Riots, formada por sete garotas russas, foram julgadas e condenadas a dois anos de prisão nesta sexta-feira, 17 de agosto, sob a acusação de vandalismo e ódio religioso.

Em fevereiro deste ano, no altar da maior igreja da Rússia, vestindo gorros coloridos, as Pussy Riot cantaram “Virgem Maria, expulse Putin” em protesto contra o governo do primeiro-ministro russo Vladimir Putin. A música está longe de ser um ato de intolerância religiosa, na verdade, critica o governo bem como a corrupção dentro da igreja ortodoxa.

O governo do presidente russo em Moscou tem sido alvo de graves denúncias de fraude durante as eleições presidenciais. Em dezembro de 2011, milhares de pessoas foram às ruas do país se manifestar contra a vergonhosa falsificação das eleições parlamentares para a Duma de Estado [Parlamento Russo], onde analistas calculam que o partido de Putin, Rússia Unida, aumentou em até 15% seu número de votos. Essas manifestações, de conteúdo diretamente político, surgem depois de anos de estabilidade política na Rússia, quando não existiam mais manifestações nem mesmo pelas mais elementares reivindicações econômicas.



Putin agora teme que seu destino se assemelhe aos dos ditadores derrubados pela primavera árabe. Para proteger seu governo e conter a população indignada, o primeiro-ministro decide punir todos que ousam desafiá-lo.

“Algo inacreditável está acontecendo na cena política da Rússia: uma pressão poderosa, insistente e exigente da sociedade frente às autoridades. O sistema ‘Putinista’ está tendo dificuldade em nos controlar”, declarou uma das integrantes presas da banda punk, Nadezhda Tolokonnikova, de apenas 22 anos, em carta escrita antes da sentença de condenação.

Na carta, Tolokonnikova afirma: “Nós estarmos na prisão é um sinal claro de que a liberdade está sendo roubada por toda a Rússia. E essa ameaça de destruir as forças libertadoras e emancipatórias da Rússia é o que me deixa indignada”.

Pela liberdade de manifestação artística e política!
Liberdade e anistia às Pussy Riot!



Retirado do Site do PSTU