sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Liga Internacional dos Trabalhadores lança coletânea de documentos históricos

Coletânea é a prova vida de um rico e produtivo processo de elaboração teórica e política



Capa do livro sobre a conferência de fundação

Como parte das comemorações dos seus 30 anos, a LIT (Liga Internacional dos Trabalhadores), organização internacional com a qual o PSTU mantém laços fraternais, acaba de lançar uma coletânea de textos políticos, teóricos e programáticos, aprovados em seus principais congressos e conferências.

A coletânea, que contém por enquanto dois volumes, está divida por eventos (congressos, conferências etc) e contém documentos aprovados, intervenções e informes(inclusive de Nahuel Moreno, fundador da LIT), além de importantes informações históricas sobre os referidos eventos.

Neste primeiro momento foram lançados: “Conferencia de Fundacion: Resoluciones y documentos” (1982) e “Primer Congresso Mundial:Resoluciones y documentos” (1985). Os dois volumes, ambos em espanhol, são parte da mesma publicação e só podem ser adquiridos conjuntamente.

Em cada um desses congressos e conferências, a LIT, seus partidos membros, principais quadros e dirigentes se dedicaram a entender a fundo a situação mundial como um todo e também cada país em particular, bem como as tarefas colocadas para os revolucionários a partir dessas realidades. Esse esforço era feito, como é de praxe entre os marxistas, coletivamente, por meio de debates, polêmicas, intervenções, discursos e resoluções.

Nos dois volumes disponíveis, jovens e velhos militantes marxistas encontrarão um guia metodológico de como encarar a resolução dos mais profundos problemas políticos e responder aos mais complexos desafios programáticos. Cada um dos dois volumes que a LIT ora nos apresenta, é a prova viva de um rico e produtivo processo de elaboração teórica e política, uma grande herança do passado, um valioso legado para o futuro.

No Brasil, os livros serão comercializados pela Editora Sundermann pelo preço de R$ 30 o conjunto.

Para pedidos, contatar: vendas@editorasundermann.com.br


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

População de São Paulo no fogo cruzado entre polícia e o crime organizado

Além dos incêndios e remoções, moradores da periferia enfrentam agora uma guerra urbana em que os pobres são os mais prejudicados
 


Ana foi candidata à prefeitura de São Paulo
Mais uma vez, a população de São Paulo se vê no meio de um fogo cruzado entre a polícia e o crime organizado. A espiral de violência que atinge a capital e a região metropolitana há algumas semanas trouxe de volta o pânico às ruas, o toque de recolher na periferia e uma guerra não declarada em que a maior vítima, como não poderia deixar de ser, é a população trabalhadora e seus filhos.


Guerra urbana

A violência voltou à pauta do paulistano. Só neste ano foram registrados 300 assassinatos de civis em São Paulo, o dobro do mesmo período do ano passado. A maior parte das vítimas da violência policial é a juventude trabalhadora negra e pobre das periferias, a maioria sem passagem pela polícia.

Na Grande São Paulo, a onda de violência já matou 200 em apenas um mês. Só de PM's foram 90 mortes, a maior parte com indícios de execução e quase sempre o mesmo modus operandi: assassinatos praticados por motoqueiros no período de folga dos policiais. Nas periferias da Zona Norte, Zona Sul, Zona Leste e Oeste, o toque de recolher força o fechamento do comércio, das escolas públicas e hospitais, causando um clima de terror e medo. A queima de ônibus é outro ataque que nos faz recordar os dias de pânico que tomou conta da capital paulista em 2006.

A escalada de violência policial contra a população negra da periferia, embalada pela política do PSDB de “higienização” social e de ódio aos pobres, agora ganha outros contornos. Apesar de o governo de São Paulo negar, é evidente que estamos diante de uma guerra entre a facção do PCC (Primeiro comando da Capital) e a polícia, tanto a Civil quanto Militar, tal como ocorreu há seis anos. Não está claro ainda o que desatou essa nova onda de violência, mas as suas consequências, pelo contrário, já podem ser sentidas pela população. O assassinato de PM's está sendo usado novamente como pretexto para a ação de grupos de extermínio na periferia, em uma matança que atinge de forma indiscriminada o povo pobre.

Se a polícia, informalmente, aciona seus grupos de extermínio para agir na perifeira, institucionalmente a ação do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) não é muito diferente. Uma das primeiras medidas do governador foi a chamada "Operação Saturação" da PM, que consistiu na ocupação de regiões da Zona Sul como Campo Limpo, Capão Redondo e Paraisópolis, assim como da favela São Remo, na Zona Oeste, tal como ocorre nos morros do Rio de Janeiro.

Essas e outras comunidades já vinham sofrendo com uma onda de incêndios criminosos que visam desalojá-las para colocar seus terrenos a serviço da especulação imobiliária, sem nenhuma reação do governo. Vítimas da mesma lógica que levou Alckmim a arrancar famílias inteiras de suas casas e jogá-las na rua na ação violenta de desocupação do Pinheirinho, em janeiro deste ano. Seguramente, essa situação de guerra nas periferias será usada para tentar ao máximo atacar e mesmo remover de seus locais de moradia a população trabalhadora e pobre destas regiões. Ao invés de dar soluções à raiz do problema, o governo implementa políticas de mais violência e repressão.

O Governo Federal, por sua vez, além de se mostrar omisso, tentou faturar politicamente com o caso, iniciando um bate-boca entre o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto. Após cogitar até mesmo colocar o Exército nas ruas (como Lula fez em 2006 com o então governador Cláudio Lembo), o Governo Federal e Estadual fecharam um acordo após uma reunião realizada nesse dia 6 de novembro no Palácio dos Bandeirantes que prevê, entre outras medidas, a transferência de presos e a formação de uma inteligência 'integrada' entre as polícias. Em síntese, uma ação repressiva mais articulada.


Falência do Estado

Essa mais nova onda de violência não surgiu de repente. Entre junho e setembro já era possível verificar um salto nas mortes violentas na cidade. Com as eleições, o assunto foi relegado ao segundo plano, explodindo novamente agora. A sensação de pânico e insegurança que ressurge mais uma vez na população paulistana é mais um atestado da falência do Estado em relação à segurança pública.

Exemplo disso é a ação da Polícia Militar de São Paulo, com a temida Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) à frente. A violência cresce proporcionalmente à truculência com que a polícia age. Expressão máxima dessa política foi a lamentável frase de Alckmin após ação da Rota que deixou nove pessoas mortas em setembro: "Quem não reagiu está vivo". Na prática, a polícia de São Paulo atua num regime particular de exceção em que a execução sumária faz parte do cotidiano. Regime autoritário e seletivo que atinge, sobretudo, a parte mais pobre da população. Além de não resolver o problema da criminalidade, a fomenta ainda mais.


As razões da violência

A explosão da violência urbana explicita uma desigualdade social que o tão alardeado crescimento econômico dos anos de governo do PT não foram capazes de resolver. Nesse sentido, desemprego crônico e falta de perspectivas, principalmente entre os jovens, constituem terreno fértil para o tráfico e o crime organizado. A polícia, longe de ser a solução, é parte do problema. Os líderes do PCC, por exemplo, não conseguiriam agir de dentro dos presídios sem a corrupção policial. Além disso, há indícios que pelo menos parte dos recentes confrontos entre bandidos e policiais tenham sido motivados pelo controle do tráfico na cidade.

Ações como a recente “Operação Saturação”, por sua vez, são apenas pretextos para ocupar militarmente a periferia e espalhar o terror entre os “suspeitos” com os perfis de sempre: jovens e negros. Assim como ocorre no Rio, inclusive nas áreas militarmente ocupadas, o tráfico não se vê ameaçado pela polícia. Já a população paulistana, desarmada e impotente, se vê mais uma vez na linha de tiro entre a polícia e o crime organizado, sem ter para onde correr.


Um programa dos trabalhadores

Não dá para pensar em resolver o problema da segurança pública sem alterar essa política econômica que perpetua e aprofunda a desigualdade social. Ou seja, para acabar com a violência urbana, o primeiro passo é extinguir a violência social. Por isso, defendemos uma política econômica que assegure emprego para todos e o aumento generalizado dos salários, assim como investimentos maciços em serviços e infra-estrutura pública e urbana.

Defendemos ainda a descriminalização das drogas. A política proibicionista que vigora hoje serve apenas para alimentar o tráfico e elevar os altos lucros desse negócio, irrigando ainda a corrupção policial e em todos os setores do Estado. Já a política de repressão é usada como mera desculpa para manter o genocídio da juventude negra.

Deve-se também combater a injustiça e a impunidade. Mas, ao contrário do discurso fascista dos setores mais reacionários, deve-se começar pelos peixes graúdos. O exemplo maior de impunidade que temos nesse país é o de políticos corruptos e bandidos de colarinho branco que, invariavelmente, ficam impunes ou recebem penas leves, enquanto um ladrão de galinhas amarga anos de prisão. Por isso, defendemos penas severas para esses crimes, com prisão e confisco de bens de corruptos e corruptores.

Por fim, não é possível acabar com a violência com essa polícia que temos. É ela própria a maior geradora da violência urbana. Propomos a desmilitarização da polícia e a sua dissolução, com a formação de uma força de segurança civil, com direitos democráticos como o de sindicalização e greve, totalmente controlada pela população através de seus organismos como conselhos populares e associações de moradores.


Retirado do Site do PSTU

Obama vence eleição, mas já não desperta grandes ilusões

Presidente é reeleito com mais dificuldades do que há quatro anos
 


Obama é reeleito com diferença menor que em 2008

Após meses de uma acirrada corrida eleitoral, Barack Obama é reeleito presidente dos EUA. O seu principal adversário, Mitt Romney, do Partido Republicano, um multimilionário ex-executivo de empresas de investimento, perdeu na votação por Estado e no voto popular. O sistema eleitoral nos EUA é indireto e o peso do voto dos delegados de cada estado é superior ao peso da população.

Obama levou 303 dos 538 votos dos delegados por Estado, e 50,2% dos votos populares contra 48,3% angariados pelo Partido Republicano. Até o momento do fechamento desta matéria, apenas o dividido Estado da Flórida não tinha manifestado os votos dos 29 delegados. O resultado do estado, entretanto, não influenciará o resultado final, pois Obama já alcançou os 270 votos necessários para a vitória. O Partido Democrata conta com a maioria no Senado, mas tem menos assentos na Câmara de Representantes, algo semelhante à Câmara de Deputados no Brasil.

Obama, no entanto, não conseguiu manter o mesmo número de eleitores que conquistou em 2008, e a diferença de votos entre republicanos e democratas foi reduzida em relação à eleição anterior. Contra o então candidato McCain, Obama havia vencido com 52,9% dos votos, contra 45,6%, uma vitória bem mais folgada que o resultado apertado deste ano.

O primeiro presidente negro dos EUA eleito em 2008 venceu esta reeleição com mais dificuldade que há quatro anos, quando o sentimento de mudança contagiou os americanos, descontentes com os oitos anos do governo de George W. Bush. Na época, o sonho de mudança diante do colapso da economia, do alto índice de desemprego e da derrota no Iraque e no Afeganistão foi traduzido nas urnas com a vitória de Obama, que simbolizava a esperança do novo, embora fosse uma das principais lideranças do Partido Democrata que há décadas se reveza com o Partido Republicano no poder aplicando a mesma política.

Agora, após quatro anos no comando do império norte-americano, Obama teve que resgatar a tática do medo, destacando uma possível volta dos anos Bush sob a roupagem do direitista Romney. Com os slogans “Pra Frente”, “Mais quatro anos” e “América avança”, a campanha de Obama buscou se apoiar no sentimento da população de não querer voltar ao passado, ao período de colapso da economia e da redução do padrão de vida da Era Bush (2000-2008). Ao mesmo tempo, tentou fugir do balanço do seu governo, que também teve sua cota de responsabilidade nos cortes de direitos e conquistas dos norte-americanos.

O candidato democrata contou ainda com os posicionamentos conservadores expressados por Romney, nas prévias do Partido Republicano, sobre temas como aborto e contracepção, imigração, direitos sindicais e LGBT. Obama conseguiu surfar também na tímida recuperação do índice de desemprego durante a campanha, que teve o menor índice desde janeiro de 2009.


Candidato derrotado Mitt Romney


Mais quatro anos

Com a vitória em uma das eleições mais caras dos EUA, na qual os candidatos e seus aliados gastaram juntos cerca de US$ 2 bilhões, as expectativas sob o segundo governo Obama não são tão eufóricas quanto foi em 2008. Nestes últimos quatro anos, Obama foi o responsável por aplicar os planos de cortes contra a classe trabalhadora para salvar banqueiros e empresários da crise econômica mundial. Não só suas promessas de mudança não foram cumpridas, como deu continuidade às políticas da Era Bush, como as guerras imperialistas, a manutenção da desregulamentação financeira, ampliação dos programas de Livre Comércio e a intensificação dos ataques aos trabalhadores, com cortes nos serviços públicos e a entrega de trilhões de dólares públicos para os grandes bancos e empresas.

A tendência do aprofundamento da crise econômica deverá resultar em mais ataques aos trabalhadores americanos nos próximos quatro anos. Neste sentido, a vitória de Obama nas eleições não tem o mesmo peso político que em 2008. O candidato democrata segue sendo o melhor nome da burguesia para impor à classe trabalhadora estadunidense a conta dessa crise, mas não encontrará a mesma tranquilidade para impor seus ataques.

A resistência dos trabalhadores aos efeitos da crise já respingou no coração do capitalismo. Ainda que no patamar mínimo quando comparado às lutas na Europa, os movimentos que explodiram nos EUA mostram a insatisfação com a política de Obama para superar a crise. Os protestos do ensino superior em 2009-2010, a resistência de Wisconsin e o movimento Occupy em 2011, a greve em uma das maiores empresas de telecomunicação dos EUA, em várias empresas de energia elétrica e luz e dos trabalhadores da saúde em uma das maiores redes hospitalares do país , assim como os protestos estudantis na Califórnia em 2012, já mostram a disposição de luta do povo norte-americano.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O PT ganha as eleições... mas a luta continua nas ruas


Capa do Opinião Socialista
As eleições acabaram. O PT obteve mais uma vitória eleitoral, mostrando que Lula e Dilma seguem tendo apoio dos trabalhadores do país. Para isso, contam com a ajuda da CUT, da UNE e também do MST.

A maioria dos trabalhadores e do povo vota no PT, acreditando que tem um aliado no governo. Isso foi reforçado na campanha eleitoral com os candidatos desse partido se apresentando como “defensores dos pobres”.

A oposição de direita, apesar da enorme divulgação do julgamento do mensalão, saiu derrotada. Uma das maiores farsas dessas eleições, a apresentação da oposição de direita como a que “luta contra a corrupção”, não colou. A direção do PT pode ser ainda mais corrupta do que o que foi exposto no mensalão (não se falou nada sobre Lula, por exemplo), mas o PSDB e o DEM fazem exatamente a mesma coisa. A derrota de Serra em São Paulo, que teve como eixo de campanha o mensalão, é a maior prova desse fracasso.

A outra grande farsa das eleições não foi desmascarada. Não é verdade que o PT é o defensor dos pobres. Ao contrário, os governos Lula e Dilma praticamente triplicaram os lucros das grandes empresas no Brasil, tendo o apoio direto dos bancos, empreiteiras e multinacionais. Como surfaram em um período de crescimento e utilizam a cara de Lula, do PT e da CUT, podem aparecer como "do lado dos pobres", sendo um governo que defende os interesses das grandes empresas.

Essa farsa seguiu presente nessas eleições. A estabilidade econômica e política se expressaram em uma vitória do bloco governista. E aonde perdia o governo, em geral, ganhava a oposição de direita.


Alguns sinais de mudanças

Mas os tempos começaram a mudar. Na economia mundial existe uma crise, com epicentro na Europa, provocando uma desaceleração nos chamados BRIC’s (incluindo Brasil, Rússia, Índia e China) e reduzindo as exportações brasileiras para a China. Ou seja, a economia brasileira está se desacelerando.

A grande burguesia está querendo, para manter seus investimentos no país, que se aplique uma reforma trabalhista para reduzir o "custo Brasil", em outras palavras, fazer uma flexibilização das leis trabalhistas.

O governo Dilma vem fazendo todos os esforços para manter os lucros das grandes empresas, incluindo redução dos impostos, empréstimos dos bancos estatais e grandes projetos (Copa, Olimpíada, programa “Minha Casa minha Vida”). Agora, aparentemente, está disposta a um grande ataque sobre os trabalhadores, maior que os feitos por FHC e que pelo próprio Lula em seus dois governos.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC apresentou o projeto dos ACE’s (Acordo Coletivo Especial), que está sendo analisado na Casa Civil do governo e depois enviado ao Congresso para ser votado. O projeto legaliza o que o governo FHC tentou e não conseguiu: que os acordos negociados entre as empresas e os burocratas sindicais sejam superiores ao que está definido na lei. Isso pode significar que pelegos sindicais poderão, caso aprovado o projeto, fazer um acordo acabando com o décimo terceiro salário e as férias, pois as empresas alegam ser isso necessário para "evitar uma crise".

O fato de que esse ataque duríssimo aos trabalhadores esteja sendo proposto pela direção do sindicato mais importante do país (berço da CUT e do PT) indica o plano político do governo de apresentá-lo como "uma proposta dos trabalhadores".

Na verdade, há muitos anos que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC expressa os interesses das grandes montadoras de automóveis instaladas no ABC como a Volkswagen.

Agora, com a vitória conseguida pelo PT nas eleições, pode ser que o governo decida comprar de vez essa briga, para impor uma reforma trabalhista ultrarreacionária no país.


Mas também existem outras mudanças, e ainda mais importantes

Nas eleições, também se expressou um espaço à esquerda maior que em momentos anteriores. Em várias cidades, a oposição de esquerda coseguiu uma votação expressiva: o PSOL teve bons resultados com Freixo no Rio, foi ao segundo turno em Belém e elegeu um prefeito em Macapá, além de 49 vereadores em todo o país. Como parte do mesmo fenômeno, em um nível menor, o PSTU elegeu dois vereadores e teve boas votações nas candidaturas a prefeito, como com Vera em Aracaju.

Infelizmente o PSOL ocupou este espaço de esquerda com uma política equivocada, com alianças com o PT em Belém, e com o DEM, PTB e PSDB em Macapá.

Mas esse aumento do espaço à esquerda nessas eleições indica que algo novo se passa na reorganização do movimento do país. Existiu uma vitória petista nas eleições, mas também um espaço maior para a oposição de esquerda. Isso pode significar melhores condições para enfrentar, na luta de classes cotidiana, o próprio governo petista.

A CSP-Conlutas realizou uma mesa de debate sobre os ACE’s que indica isso. Na mesa, além de Zé Maria (da CSP-Conlutas) e de Rogério Marzola, dirigente da Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil), estiveram presentes Josemilton Costa, Secretário-Geral da Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal), entidade ligada à CUT, e Rejane Silva, dirigente do CPERS (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul) e integrante da corrente "A CUT Pode Mais". Ou seja, a mesa da CSP-Conlutas reuniu também setores da CUT que se dispõe a organizar uma resistência comum contra os ACE1s. Já está marcado um seminário entre todas essas forças em Brasília em 28 de novembro.

Passadas as eleições, os enfrentamentos passam ao terreno concreto da luta de classes. Pode ser que o governo não se saia tão vitorioso nesse terreno.


Retirado do Site do PSTU

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Réquiem para um trânsfuga

Zé Dirceu passou para o lado do inimigo, apoiou a reforma da Previdência e, por fim, meteu-se em um caso de corrupção
 

José Dirceu, ex-líder estudantil e ex-guerrilheiro

O julgamento do mensalão está chegando ao fim. O resultado final será a condenação de quase toda a antiga cúpula política do PT, bem como de várias de suas figuras públicas. Com a exceção de Lula.

O motivo da condenação parece legítimo: corrupção ativa, compra de votos no parlamento, desvio de dinheiro público e um longo etc. Uma boa parte da grande imprensa apresenta as condenações como um novo momento da política brasileira. Finalmente, dizem, os casos de corrupção são julgados e os corruptos condenados, podendo inclusive ir para a cadeia.

Os juízes do Supremo Tribunal Federal que estão à frente do julgamento são apresentados como heróis que enfrentam a corrupção e os poderosos em uma tentativa de “passar o Brasil a limpo”. No entanto, parece necessário fazer uma análise mais profunda de todo o processo e de seus condenados. Não apenas de sua trajetória política, mas inclusive a serviço do quê eles corromperam ou foram corrompidos.

O mais notório dos condenados, José Dirceu, tem uma das mais notáveis biografias políticas do Brasil. Líder estudantil no começo da ditadura, preso no congresso da UNEne de Ibiúna, trocado pelo embaixador Charles Burke Elbrick em Setembro de 1969, exilado em Cuba, fez treinamento guerrilheiro e virou dirigente da fração esquerdista da ALN, conhecida como Grupo Primavera, que preconizava a volta para o Brasil e a continuidade das ações militares contra a ditadura.

Desapareceu do cenário político em meado dos anos 70, escondendo-se no interior do Paraná onde levou uma vida clandestina na pequena cidade de Cruzeiro do Oeste. Incólume, nem mesmo sua esposa sabia sua verdadeira identidade. Com o fim da ditadura e a anistia voltou à cena para ajudar a fundar o Partido dos Trabalhadores.

Neste partido dirigirá sua fração mais à direita, a Articulação, e será sempre o homem que busca um programa moderado e que dialogue com setores burgueses. Vai ser José Dirceu quem perseguirá até à expulsão a Convergência Socialista, será o mesmo José Dirceu quem defenderá à época do plano cruzado de José Sarney que o PT deve ser a ala esquerda dos “fiscais do Sarney”. Será José Dirceu que lutará até conseguir a frente com José Alencar para as eleições de 2002.

No poder, será o ministro da Casa Civil e, segundo alguns, a eminência parda do governo Lula.

Se alguém pode ganhar o prêmio por domesticar o PT, transformá-lo em partido da ordem e em baluarte do regime democrático burguês, esse alguém, sem sombra de dúvida, é José Dirceu. Mais incrível ainda, uma das mais importantes compras de votos feita pelo esquema de José Dirceu foi justamente para aprovar a reforma da Previdência Social, um ataque brutal contra os trabalhadores e amplamente apoiado pela burguesia e a sua mídia.

Por outro lado não é necessário ter muita inteligência nem ser um “expert” em política para se dar conta que somente um lado está sendo julgado. O PSDB e o PMDB têm muito mais culpa no cartório, ou pelo menos tanta culpa quanto o PT e seus ex-dirigentes agora condenados. A pergunta é, por quê?


A Burguesia não perdoa nem esquece

A condenação de Zé Dirceu não tem a ver com seu presente. Atualmente, poucos políticos fizeram tanto pela estabilidade da dominação burguesa e pela defesa do status quo vigente.

Também é indiscutível que Zé Dirceu não é mais corrupto que a maioria dos grandes políticos burgueses tradicionais. Maracutaias como a das privatizações, da reeleição de FHC, entre outras, deixam claro que o pudor da burguesia em relação à roubalheira do Estado é nula ou muito próxima a isso.

No entanto, Zé Dirceu e uma parte de seus comparsas no mensalão têm um passado. E é isso que é necessário matar. Diferentemente dos demais corruptos do país, públicos e privados, ativos e passivos, José Dirceu é uma nota dissonante na política brasileira, não pelo seu presente, integrado à ordem, mas por seu passado de dirigente estudantil, líder guerrilheiro e organizador de um partido, que em suas origens esteve contra a ordem vigente.

A burguesia, como todos os setores dirigentes, prefere sempre corromper e cooptar seus inimigos a liquidá-los. Um ex-inimigo domesticado é sempre um troféu melhor que um ex-inimigo morto. Na política essa verdade tem, digamos, uma dimensão ainda mais ampla. Corromper e cooptar um dirigente inimigo significa não apenas ganhar um novo “aliado” e enfraquecer a parte contrária, significa também desmoralizar as “tropas” inimigas. Quando se trata de um enfrentamento onde não são meramente setores distintos de uma mesma classe que se enfrentam, mas onde os “inimigos” representam, ainda que apenas no imaginário das classes, a classes opostas, esta conquista, o ato de cooptar ou corromper a um dirigente inimigo toma uma dimensão ainda maior.

Diferentemente da burguesia, o proletariado forma muito menos quadros e dirigentes. Isso é inevitável na sociedade capitalista. A classe trabalhadora é embrutecida permanentemente com drogas, religião, novelas, publicações de baixa qualidade, todo tipo de pornografia, etc. Por outro lado a qualidade do ensino que lhe é oferecida é cada vez mais baixa e tecnificante. Para cada quadro formado na sociedade burguesa que se passa para, ou tem origem no proletariado, deve haver centenas que são de origem burguesa e continuarão a servir à burguesia.

O peso de um quadro operário, dedicado à causa da classe trabalhadora, dentro do movimento operário é muito superior ao peso de um quadro burguês dedicado à causa burguesa. A escassez também é um elemento da valorização de qualquer produto. Quando um destes quadros dirigentes cai, é inevitável que o lado oposto se regozije. Mas é necessário não criar mitos. Um morto sempre é um símbolo, o perseguido de hoje será o mártir inspirador de amanhã.

José Dirceu foi, pois, o trânsfuga perfeito. Passou-se para o lado do inimigo, apoiou coisas tais como a contra-reforma da Previdência, perseguiu a esquerda de seu próprio partido e, finalmente, meteu-se em um dos mais asquerosos processos de corrupção da história do país. O trânsfuga prestou este último serviço à burguesia, o de desmoralizar seu próprio exército antes da já inevitável queda. José Dirceu cumpriu o triste papel de confirmar aos olhos da classe trabalhadora a máxima, que a burguesia se esforça para legitimar, de que “são todos iguais” e de que no fim das contas todos os políticos só pensam em si mesmos.

A queda de José Dirceu, inevitavelmente, arrasta consigo uma parte das melhores esperanças de classe trabalhadora: a de que seus representantes fariam outro tipo de política.


Sem romper com a burguesia não há solução para a corrupção

O degradante espetáculo público do julgamento do STF, que já foi chamado com razão de BBB, e junto com ele a ridícula caricatura dos juízes togados tentando se colocar acima do lamaçal da sociedade burguesa, entorpecerá mais de um coração nestes dias.

Já há quem fale que Joaquim Barbosa deveria ser candidato a presidente da República. O sistema se recria todos os dias. Os mensaleiros do PT ajudaram a que este triste espetáculo pudesse ser representado sem que a burguesia precisasse cortar mais profundamente entre seus quadros prediletos.

No entanto, para além dos efeitos imediatos, é bom que a esquerda, em especial aquela que se julga revolucionária, e mais ainda a nova esquerda “post” PT, tire lições da adaptação parlamentar e do vale tudo eleitoral.

Acreditar que é possível ganhar eleições e governar junto com a burguesia e não ver que isso levará inevitavelmente a usar e se misturar com seus métodos de fazer política, leiam-se corrupção, chantagem e roubo, é no mínimo ingenuidade. E como dizia Lênin, “em política ingenuidade é crime”.


Retirado do Site do PSTU

Ativista da revolução síria faz maratona de debates pelo país

Cartaz divulga debate no Rio
A militante da revolução síria Sara Al Suri está no país e vai participar de uma série de debates sobre a insurreição que enfrenta a ditadura de Bashir Al Assad. Sara vai relatar a luta do povo sírio contra a ditadura, o massacre perpetrado pela família Assad, além do caráter e das polêmicas que rondam a oposição síria e o Exército Livre da Síria.

O tema da revolução síria está sendo alvo de polêmicas na esquerda mundial, já que uma parcela importante como o castro-chavismo e setores islâmicos como o Hezbollah, prestam apoio à ditadura. Ou seja, além da dura repressão da ditadura Assad, os ativistas sírios enfrentam um lamentável isolamento na esquerda mundial.

Convidada pela CSP-Conlutas e outras entidades, Sara vai estar no próximo dia 8 de novembro no Rio de Janeiro, dia 9 em Belo Horizonte, e dia 10 em São Paulo. No dia 13 participa de um debate em São JOsé dos Campos (SP) e dia 17 da Assembleia nacional da ANEL, em Maceió.

Outras atividades ainda estão sendo agendadas.


Confira a programação:

Dia 8 de novembro, Rio de Janeiro: O debate ocorre às 18h30 na rua Joaquim Silva, 98-A, sede do Sindsprev-RJ.

Dia 9 de novembro, Belo Horizonte: Na capital mineira, o debate ocorre às 11h na Fafich (UFMG) e às 19h, no Sind-Rede, na Av. Amazonas 491, 10º andar, no centro.

Dia 10 de novembro, em São Paulo, durante a reunião estadual da CSP-Conlutas

Dia 13 de novembro o debate ocorre em São José dos Campos

Dia 17 em Maceió

De 19 a 23/11 - Nordeste

Dias 27 e 28/11 – Brasília

De 29/11 a 03/12 – Porto Alegre: Fórum Social Mundial / Palestina

Dia 4/12 – Santa Catarina

Dia 5/12 – Paraná

Dias 10 a 13/12 – Região Norte, incluindo o Maranhão (NE)


(Última atualização 06/11 às 16h17)


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As mulheres na Síria revolucionária lutam para ter direitos

LIT: Diante da guerra civil é urgente derrubar o regime assassino de Assad


Retirado do Site do PSTU

Guarani Kaiowá conquistam vitória parcial, mas a ameaça continua

Liminar que ordenava despejo de Pyelito Kue foi suspensa, mas as demarcações das terras ainda estão longe de acontecer
 

Agência Brasil
Manifestação em defesa dos Guarani Kaiowá em Brasília no dia 31/10
A luta do povo Guarani-Kaiowá arrancou uma vitória parcial na Justiça contra o despejo iminente de 173 indígenas que vivem há mais de dez meses acampados na margem do rio Hovy, no Mato Grosso do Sul. Através de uma ação do Ministério Público e da FUNAI, a liminar que determinava a retirada do acampamento da Comunidade Indígena Pyelito Kue foi suspensa. De acordo com a Justiça, os índios podem permanecer no local até que sejam concluídos os estudos etnológicos sobre o território. Em 30 dias, a FUNAI garantiu que apresentará o relatório final sobre as terras que atestam o território como terra indígena.

No entanto, a demarcação da terra ainda não está garantida. De acordo com o próprio Ministro da Justiça, a homologação deve demorar a acontecer. O relatório pode ser contestado pelos fazendeiros, ou até mesmo pelo Estado e municípios. Nem mesmo podemos afirmar que a ação de despejo não ocorrerá. O recente massacre do Pinheirinho reafirmou que não é possível confiar na Justiça. Na época, apesar de uma decisão da Justiça Federal ter cassado a liminar que determinava a reintegração de posse do terreno, a Justiça Estadual ordenou o despejo, retirando, violentamente, quase 2000 famílias de suas casas.

Certamente os conflitos pela terra continuarão. Hoje, segundo informações do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), outras duas aldeias Guarani – Kaiowá também vivem sob a tensão de um iminente despejo. Em muitas outras, centenas de indígenas vivem confinados em pequenos pedaços de terras, encurralados por pistoleiros, impedidos de ocupar os seus territórios e privados dos serviços públicos mais básicos. Até a demarcação definitiva das terras indígenas, o agronegócio seguirá avançando sobre o território, reduzindo os povos originários ao confinamento em espaços cada vez mais reduzidos.


Encurralados pela omissão do Governo

A homologação das terras é ainda um dos principais entraves para a solução desses conflitos. No entanto, segundo o CIMI, nos últimos 10 anos, durante os governos do PT, apenas duas terras Guarani Kaiowá foram demarcadas. No governo Dilma, até agora, nenhuma terra do segundo maior povo indígena foi homologada. Com a política de privilegiar o agronegócio exportador e os latifundiários, os governos de Lula e Dilma legitimam a atual situação de confinamento e violência contra os povos originários do nosso país. Novos conflitos e novas tragédias poderiam ser evitadas se o Governo Dilma atendesse as reivindicações históricas dos povos indígenas e avançasse nas demarcações das terras.


Aumentar a solidariedade

A luta dos povos indígenas comoveu o país inteiro, invadiu as redes sociais e mobilizou movimentos sociais em solidariedade. Os protestos vão desde a incorporar o “Guarani Kaiowá” como sobrenome nos perfis do Facebook até a organização de manifestações de rua em diversos cantos do país. No dia 9 de novembro, está previsto atos e atividades por todo o Brasil em defesa dos Guarani Kaiowá.

A vitória completa ainda não está garantida. É preciso intensificar a solidariedade e aumentar a pressão popular para que as reivindicações históricas dos povos indígenas sejam atendidas.


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