sábado, 5 de fevereiro de 2011

Governo brasileiro se omite em relação à ditadura no Egito

Apesar da comoção internacional causada pela revolução no Egito e a repressão do regime ditatorial de Mubarak contra os manifestantes, assim como perseguição à imprensa, o governo brasileiro se finge de morto e, até agora, não se pronunciou sobre o tema. O governo Dilma e o Itamaraty limitam-se a condenar as agressões, mas nada diz sobre o ditador que há 30 anos governa o país com mãos de ferro.

Não se pode dizer, porém, que o governo se mantém alheio ao que acontece no país árabe. De acordo com matéria do jornal Folha de S. Paulo, desse dia 3 de fevereiro, o governo se mantém bem informado através do embaixador no país, Cesário Melantonio. O próprio embaixador teria informado o governo que os manifestantes pró-Mubarak são policiais disfarçados a mando do ministro do Interior da ditadura egípcia. Esses "manifestantes" são responsáveis por espancar, intimidar e perseguir ativistas anti-governo e jornalistas estrangeiros.

No dia 1º, no pouco que disse sobre o tema, a presidenta Dilma se negou a tomar posição sobre a onda de protestos no país. ”O governo brasileiro não pode ter posição a respeito do que acontece dentro de outro país”, afirmou.

Mesmo os países da União Europeia e os EUA, diante dos últimos fatos, pediram (ou exigiram no caso de Obama) a saída de Mubarak do poder. Já no Brasil, mesmo com jornalistas conterrâneos terem sido roubados, espancados e seqüestrados pelas forças de segurança do Egito, nada diz.

Só para lembrar, o Brasil ocupa atualmente a direção rotativa do Conselho de Segurança da ONU. E o que a representante do país, Maria Luiza Viotti, disse sobre a questão egípcia? ”Achamos que no momento a questão é mais bem abordada internamente”.


Retirado do Site do PSTU

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

PSTU envia correspondente ao Cairo. Leia e escute o primeiro relato

Enviado do Opinião Socialista conta como foi parado na estrada por homens armados


Luiz Gustavo nasceu em São Paulo. Historiador, formado pela USP, pesquisa a causa palestina e a luta do povo árabe, e viveu no Líbano e outros países da região.

Luiz é militante do PSTU e da LIT-QI e está no Egito desde o dia 2, como enviado especial do jornal Opinião Socialista. A cobertura será feita através de textos e conversas por telefone, disponíveis no portal do PSTU e no blog http://umbrasileironoegito.wordpress.com. Além disso, pequenos informes serão enviados pelo twitter, na conta @diretodoEgito.

Acompanhe a cobertura e ajude a divulgar a iniciativa, em seu site, blog, nas redes sociais e para seus conhecidos. Leia abaixo o primeiro relato e a conversa por telefone


  • "Cheguei na noite desta quarta no aeroporto do Cairo, e havia um grande clima de desolação. Ainda que não houvesse tumulto nem desespero, muitas pessoas estavam ali com a firme resolução de sair do país. As lojas estavam todas fechadas, algumas embaixadas montaram postos de auxílio a seus cidadãos, e os policiais faziam quase nenhum controle sobre a entrada de pessoas.

    Não foi possível deixar o aeroporto durante o toque de recolher. Pela manhã, a cidade estava ainda vazia e silenciosa, como nenhuma cidade árabe pode ser. Logo ao se aproximar do centro, vimo-nos em um tráfego suspeito, ao lado de um posto de polícia. Homens com facões e barras de metal passavam por entre os carros e abriam os porta-malas. Perguntaram ostensivamente nossa nacionalidade e nosso passaporte, mas não fizeram muito mais que isso. Terminado o primeiro estranhamento, continuamos por entre uma via de passagens em nível, e em uma delas mais um bloqueio. Dessa vez, os homens portavam revólveres e porretes; um deles tinha uma arma de choque de uso policial. Mais uma vez, não muito longe havia um grupo de policiais que observava tudo tranqüilamente.


    Vídeo com a primeira conversa por telefone




    Isso não duraria muito tempo, pois logo no começo da tarde chegaram inúmeros relatos de violência contra estrangeiros e jornalistas, seguindo inevitavelmente a vontade do governo, expressa através dos canais estatais de mídia que creditavam a estrangeiros e sionistas o estímulo ao levante popular. Ainda que se trate de uma piada de mau gosto, vindo do regime mais alinhado aos EUA e a Israel da região, teve sim o efeito de inserir mais um bode expiatório para as gangues armadas de apoio a Mubarak.

    Nas ruas do centro o dia foi de movimentação do lado das forças pró-governo. Como eu havia presenciado na Palestina com os colonos sionistas na Cisjordânia, as colunas avançavam rápido para se lançar às provocações nos pontos sensíveis. Na praça Tahrir, uma contagem do movimento democrático chegou a 10 mortos, e centenas de feridos. Os relatos de isolamento e cerco incluíram tiros de atiradores de elite no topo dos prédios, suprimentos barrados pela polícia antes de chegar ao hospital de campanha dos manifestantes e muita provocação nos pontos em que o exército dividia os pólos.

    A grande expectativa é que esta sexta-feira, com a marcha, traga uma força renovada numérica e qualitativa, no Cairo e nas outras grandes cidades, no sentido de demonstrar que o peso majoritário da sociedade está no lado dos lutadores pelos direitos democráticos e pelo fim de uma ditadura que não tem nenhum receio em levar a sociedade ao caos.


  • Retirado do Site do PSTU

    quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

    Na posse dos deputados, manifestantes protestam contra aumento abusivo dos salários

    Protesto exigiu o mesmo aumento no valor do salário mínimo


    Wilson Dias/Agência Brasil
    Detalhe de manifestação em frente ao Congresso
    Enquanto os deputados tomavam posse do novo mandato no Congresso Nacional, do lado de fora manifestantes protestavam contra o aumento abusivo dos salários dos parlamentares, aprovado no final da última legislatura.

    Cerca de 200 manifestantes, entre ativistas da CSP-Conlutas, ANEL, PSTU, Rede Estudantil Classista, entre outros que compõem o “Comitê contra o aumento dos Parlamentares de Brasília”, expressaram indignação frente ao aumento de 62%, que elevará os salários para quase R$ 27 mil.

    Os manifestantes saíram da rodoviária de Brasília e percorreram em passeata até o Congresso Nacional. Com faixas e cartazes, os manifestantes compararam o valor do salário dos deputados com o salário mínimo que o governo admite dar, de apenas R$ 545.

    Um manifesto foi distribuído exigindo a imediata revogação do reajuste aos deputados, e um aumento de 62% no salário mínimo, rumo ao mínimo definido pelo Dieese. O texto denunciava ainda o corte no Orçamento anunciado pelo governo a fim de fazer superávit primário.


    Manifestantes reivindicam aumento do mínimo no Ministério do Trabalho

    “Embora pequeno esse grupo aqui representa melhor o povo brasileiro do que quem está lá dentro. A maioria da população está muito irritada com isso”, disse Zé Maria, dirigente da CSP-Conlutas e do PSTU, à imprensa. Logo depois, o grupo foi até o Ministério do Trabalho, onde ocupou todo o saguão de entrada, exigindo reajuste digno ao salário mínimo.

    Assim que terminou o ato, Zé Maria participou de uma reunião com a OAB a fim de definir novas ações na Justiça contra o aumento dos deputados.

    Além do ato em Brasília, também ocorreram manifestações no Rio de Janeiro, Fortaleza e Curitiba, enquanto ocorria a posse dos deputados estaduais. No twitter, internautas digitaram a tag #contraoaumento como forma de protesto.


    Retirado do Site do PSTU

    terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

    Natal: estudantes vão às ruas contra aumento de passagem

    Os estudantes potiguares voltaram às ruas na manhã desta segunda-feira, dia 31, para protestar contra o aumento das passagens de ônibus em Natal. Usando cartazes, faixas e um carro de som, cerca de 60 manifestantes se concentraram em frente à sede da Prefeitura, no centro da cidade. Eles cantaram palavras de ordem e exigiram a revogação imediata do aumento. A decisão da Prefeitura elevou as tarifas do transporte urbano de R$ 2,00 para R$ 2,20 no início de janeiro. Revoltados, muitos estudantes usavam nariz de palhaço e pediam a renúncia da prefeita Micarla de Sousa (PV) e do vice, Paulinho Freire. A manifestação ainda seguiu em passeata pelas ruas do centro até o Calçadão da João Pessoa, onde o protesto foi encerrado.



    Um roubo

    É assim que os estudantes e trabalhadores veem o aumento das passagens de ônibus. Um verdadeiro roubo. “Estamos indignados com esse aumento de passagem. É abusivo e um roubo também. Enquanto o governo de Lula e Dilma reajustou o salário mínimo em miseráveis 5%, um valor que não repõe nem mesmo a inflação, a prefeita Micarla de Sousa aumentou a tarifa de ônibus em 10%, bem acima da inflação. Isso só mostra seu compromisso com os empresários do transporte que financiaram sua campanha eleitoral.”, denunciou Bárbara Figueiredo, representante da Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (Anel).


    Durante o protesto, os manifestantes também denunciaram os lucros astronômicos que os empresários terão com o acréscimo de R$ 0,20 no valor das passagens. De acordo com o sindicato dos transportes alternativos do Rio Grande do Norte (Sitoparn), o novo aumento irá injetar mais de R$ 3 milhões por mês nos lucros das empresas. “Teve aumento nos salários dos senadores e deputados, aumento de passagem aqui em Natal, tudo aumenta. Só não aumenta o salário do trabalhador, do cobrador de ônibus, do motorista. Vinte centavos pode parecer pouco, mas no fim das contas é muito no bolso do trabalhador.”, argumentou a estudante Floriza Soares, do Centro Acadêmico de Serviço Social da UFRN.



    Revolta e criatividade

    O ato público organizado pelos estudantes também foi palco de muita irreverência. As palavras de ordem cantadas no protesto reuniam revolta e criatividade. “Estudo, trabalho, dou duro o dia inteiro. Micarla anda de carro e ainda rouba o meu dinheiro!” e “Mãos ao alto! Dois e vinte é um assalto!”, eram as mais repetidas.


    Ao que tudo indica, a disposição dos estudantes em lutar para revogar o aumento só tende a crescer. No embalo de outras manifestações que estão ocorrendo pelo país, a exemplo de Recife e São Paulo, os protestos prometem ser cada vez maiores. Dando apoio a esta luta estão várias entidades sindicais, entre elas a CSP – Conlutas.


    A próxima reunião do movimento contra o aumento das passagens está marcada para quarta-feira, dia 2, às 17 horas, no DCE da UFRN.


    Retirado do Blog do Centro Acadêmico de Serviço Social/UFRN

    segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

    Egito: Greve geral é convocada para derrubar ditador

    Uma greve geral por tempo indeterminado foi deflagrada no Egito nessa segunda-feira, dia 31. Bancos, portos, transportes públicos não estão funcionando no país. A paralisação foi convocada pelas centrais sindicais que ganhou poderosa adesão nas principais cidades egípcias - Cairo, Alexandria, Suez e Port Said. A greve é um profundo golpe nas pretensões de Mubarak de continuar no poder.

    A greve já tinha sido convocada pelos trabalhadores da cidade de Suez, no domingo, mas seu chamado foi estendido para todo o país. "Estaremos nos unindo aos trabalhadores de Suez e começaremos uma greve geral até nossas exigências serem atendidas", afirmou Mohammed Waked, um dos organizador dos protestos.

    Além da greve geral, os egípcios vão realizar m uma marcha de um milhão nesta terça-feira, dia 1°.


    Governo por um fio

    A população continua na rua, desafiando o toque de recolher imposto pelo governo. Manifestantes protestaram na Praça Tahrir, epicentro da revolta no Cairo, para manter o pulsar das manifestações e fortalecer um acampamento mantido na praça. Há relatos de que os ativistas estão dividindo sua comida com os soldados.

    Por outro lado, o governo Mubarak já dá sinais de desespero. Nesta segunda-feira, helicópteros sobrevoavam o Cairo, um dia depois de caças voarem baixo pela Praça Tahrir. Durantes o final de semana, o governo e a polícia foram acusados de promoverem saques, atos de vandalismo e de terem libertado prisioneiros. Mubarak também recebeu o apoio de Israel, que teme um verdadeiro levante no mundo árabe contra as os governos ditatoriais que reconhecem o Estado sionista. Pela primeira vez desde os acordos de Camp David, há mais de 30 anos, Israel permitiu a entrada de tropas do Egito na Península do Sinai.

    Mubarak tentou aplacar os protestos anunciando pequenas e ridículas mudanças no seu governo. No sábado, Mubarak apontou o primeiro vice-presidente em seus 30 anos no poder e um novo primeiro-ministro, em uma tentativa de se manter no comando. Também foi anunciada a formação de um novo gabinete ministerial. Foram substituídos os ministros das Finanças e do Interior. As medidas são, contudo, absolutamente inúteis. A população egípcia não aceitará nada menos do que o fim do governo Mubarak e seu regime.


    Movimento operário poderá entrar em cena

    A greve geral pode colocar em cena o poderoso e combativo movimento operário egípcio, o que representaria um salto de qualidade na revolução democrática. A classe trabalhadora do país vem lutando há muitos anos contra as miseráveis condições de vida imposta pela ditadura de Mubarak. Em abril de 2008, operários das fábricas têxteis da cidade de Al Mahalla realizaram uma paralisação e uma manifestação reivindicando aumento de salários. Na ocasião, os trabalhadores tiveram uma ampla solidariedade da população da cidade e do restante do país, onde também se realizaram manifestações que se combinaram com protestos contra o aumento de preços dos alimentos. Em dezembro de 2006, mais de 27 mil trabalhadores da cidade já tinham realizado uma greve por aumento salarial que o governo havia prometido.


    Uma armadilha

    Ao que tudo indica o imperialismo norte-americano já se prepara para um cenário de um governo de "transição". Trata-se de uma armadilha do imperialismo e da burguesia egípcia, que tentam emplacar a figura de Mohamed El Baradei, um ex-funcionário da ONU, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), para chefiar um governo transitório. Dessa forma, a ascensão de Baradei para um "governo de transição" serviria para acalmar os ânimos, impedindo que se abram as portas às reivindicações dos trabalhadores, da juventude e das massas.

    A manobra também tem por objetivo estabilizar o conjunto do mundo árabe, sacudido por dezenas de protestos revolucionários depois da queda da ditadura na Tunísia.


    Retirado do Site do PSTU

    Tragédia na construção civil de Belém revela descaso das empresas do setor

    Prédio desabou com 6 operários dentro da obra


    PSTU
    Destroços do prédio
    Na tarde deste sábado, 29, um prédio em construção da empresa Real Engenharia desabou em Belém. A obra tinha cerca de 35 andares e nela trabalhavam 115 operários. No momento do acidente, por volta de 13h, 6 operários estavam na obra. Os operários faziam hora extra e a obra já estava em fase de acabamento, com previsão para ser entregue no fim do ano.

    O trabalhador José, que estava no local pouco antes da tragédia, relata: “Acabei de almoçar e fui embora pra casa, mas os outros companheiros ainda quiseram ficar na obra. A maioria que fica no sábado é por conta da hora extra. Mas não imaginávamos o que podia acontecer.”.

    O desabamento ainda atingiu duas residências e vários carros que passavam no momento. Uma das famílias atingidas teve 5 mortos. Os moradores dos prédios vizinhos relatam que sentiram tremores no momento do desabamento e uma nuvem branca cercou o quarteirão logo em seguida. O prédio ao lado teve fissuras. A área ao redor está isolada pois ainda há riscos de desabamento.

    O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém, filiado à CSP CONLUTAS, afirma que tragédias como esta são reflexo do descaso das construtoras com a segurança nas obras. O ritmo de trabalho é frenético, as horas extras, especialmente às do sábado, não são pagas. Uma paralisação na empresa foi realizada pelo sindicato ainda em dezembro do ano passado por conta de assédio moral e atraso no pagamento de horas extras. “O lucro é o que motiva estas grandes construtoras, sem importar a segurança dos trabalhadores e da população. Esta tragédia é prova do alerta que o sindicato já vem fazendo há algum tempo sobre a situação das obras da cidade”, relata Ailson Cunha, presidente do Sindicato.

    O sindicato junto com a CSP CONLUTAS irá investigar as causas da tragédia e dar todo o apoio às famílias dos operários atingidos, cobrando da Real Engenharia a responsabilidade pelo ocorrido, pois a empresa teve descaso com a vida de todos os trabalhadores atingidos que morreram por conta da ganância dos empresários. O setor da construção civil foi um dos que mais lucrou no último ano, mas ainda assim traz condições irregulares na construção de suas obras.


    Retirado do Site do PSTU