O resultado esmagador das eleições do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte não deixa dúvidas: o Movimento Nacional de Oposição Bancária e a Conlutas crescem em bancários.
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Na madrugada de 25 de fevereiro, um som ecoava do Palácio dos Esportes, no centro de Natal. Era a palavra de ordem “Eu sou Conlutas! Sou radical! Não sou capacho do Governo Federal!”, ecoada pelos bancários do RN e apoiadores que vieram de vários estados do país (SP, MA, RS, CE, etc.), durante a apuração das eleições do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte.
A Chapa 1 – Independência e Luta –, do Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB) e da Conlutas, venceu com impressionantes 82,82%, enquanto a chapa 2, que era formada pela Articulação/CUT e pela patronal, obteve apenas 17,18% dos votos válidos. Após anunciada a vitória, os membros da Chapa 1, junto com os bancários da categoria, militantes e apoiadores, comemoraram o resultado histórico que sepultou de uma vez a CUT na categoria bancária do RN.
O gangsterismo sindical da CUT não foi suficiente para impedir a derrota
A campanha para a sucessão no Sindicato durou cerca de dois meses, período em que toda a categoria pôde tomar conhecimento da diferença brutal entre os dois projetos apresentados nas eleições.
Enquanto a chapa da CUT reafirmava a defesa da Mesa Única da FENABAN, do colaboracionismo com os patrões e o Governo Lula, a Chapa 1 defendeu a independência de classe frente a patrões e Governos, a autonomia frente aos partidos, além de todas as bandeiras de luta reivindicadas pelos bancários. Essas diferenças foram elementos norteadores que fizeram com que os bancários do RN, já antes do dia da votação, sinalizassem uma votação em massa na Chapa da Conlutas.
Diante dessa realidade e tendo a ciência de que sofreria uma derrota esmagadora, a Chapa da CUT tentou de todas as maneiras inviabilizar o processo de votação com posturas claras de banditismo e gangsterismo sindical. Provocações, intimidações, ofensas, tentativas seguidas de parar a coleta de votos foram apenas alguns exemplos do que a CUT tentou fazer para criar fatos políticos que manchassem ou diminuíssem o tamanho da vitória da Conlutas.
Em uma das maiores urnas, o mesário ligado à Chapa da CUT fez de tudo para sumir com a relação de votantes e quando foi impelido pelos próprios bancários que estavam no local de trabalho, tentou engolir (literalmente) a relação. Antes de iniciar a apuração, a CUT também tentou de todas as formas inviabilizar a contagem dos votos que selariam a humilhante derrota e, incentivados pelos próprios candidatos da Chapa 2, invadiram o ginásio com uma grande quantidade de militantes e capangas contratados.
Felizmente, a Comissão Eleitoral conseguiu garantir a continuidade e a segurança do processo, de forma que não tendo mais como impedir a deflagração do resultado das eleições, a CUT se retirou da apuração, reconhecendo tacitamente a sua derrota.
Foram episódios lamentáveis que demonstraram cada vez mais a decadência absoluta da CUT como instrumento da classe trabalhadora. No entanto, a melhor resposta para toda a violência, ofensas e provocações foi dada sem dúvida pela própria categoria, que varreu de uma vez o peleguismo ao depositar o voto na Chapa 1.
A propaganda ideológica contra o PSTU também virou pó
Além do gangsterismo da CUT, outra coisa chamou atenção na campanha. Mesmo com a Chapa 1 tendo sido construída a partir da composição de várias forças políticas e mesmo com a minoria de militantes sendo organicamente do partido, a chapa da CUT tentou utilizar um artifício político desonesto para evitar a derrota: atacar o PSTU.
A CUT procurou, durante todo o processo, fazer a sua campanha a partir de uma propaganda ideológica que tentava convencer os bancários a votar nos governistas, pois se não o fizessem, estariam colocando o sindicato “sob o controle” dos “radicais”, dos “xiitas da Conlutas e do PSTU”. A CUT simplesmente acreditava que nossa já reconhecida política de oposição de esquerda ao Governo Lula, ruptura com o imperialismo e construção das lutas da classe trabalhadora a serviço da transformação social, afloraria o conservadorismo na categoria e faria com que não depositassem o voto na nossa chapa.
Felizmente, o tiro saiu pela culatra. De nada adiantou o falatório cutista que procurou se apoiar nas concepções mais atrasadas disseminadas no seio da classe, pois a resposta de mais de 80% dos bancários do RN foi clara: o que queremos é um sindicato classista, combativo, com disposição e independência para enfrentar patrões, governos e quem mais se colocar à frente contra as nossas reivindicações imediatas e históricas.
“Me parece... que a Conlutas cresce!”
O anúncio oficial do resultado das urnas, que revelou a esmagadora maioria de votos para a Chapa 1, mostra que quem hoje está isolada é a CUT. Não ainda isolada do ponto de vista da estrutura e da quantidade dos sindicatos que dirige, mas sobretudo pelo aparato falido, engessado e “chapa branca” que se tornou.
A falência da CUT e os resultados expressivos obtidos nos locais onde o conjunto das categorias fez alguma experiência com a Conlutas e com as direções combativas mostram que é possível avançar na construção de uma ferramenta da classe trabalhadora que esteja a serviço não apenas da luta contra os governos e as burocracias sindicais governistas, mas principalmente que possa impulsionar um processo de organização da classe trabalhadora em direção ao socialismo.
Esta vitória dos bancários do RN é parte indissociável desse processo e deve ser repetida sempre que houver a possibilidade de unir os lutadores em torno de um programa que se norteie pelo classismo, democracia operária, independência de classe e pela ação direta em defesa dos interesses da classe trabalhadora. Esta é uma vitória histórica dos bancários, mas principalmente da nossa classe, que vê a influência do projeto da Conlutas se ampliar e se fortalecer.
Ao final da apuração das eleições dos bancários do RN, um outro grito ecoava no Palácio dos Esportes, no centro da Natal: “Me parece... Me parece... Me parece... Que a Conlutas cresce! Na luta!”. Mas não nos parece. Simplesmente, não temos dúvidas.