sábado, 1 de setembro de 2012

Ato homenageia 125 anistiados da Embraer

Metalúrgicos foram perseguidos durante ditadura militar


Ato homenageia trabalhadores perseguidos pela ditadura
Num dia histórico da nossa categoria, um grupo de 125 ex-trabalhadores da Embraer recebeu, na última sexta-feira, dia 24, o pedido perdão do Estado brasileiro, por conta da perseguição que exerceu contra estes operários durante a ditadura militar.

Estes trabalhadores participaram das grandes greves de 1983, 84 e 88. Além de serem demitidos pela Embraer, que era estatal, tiveram suas vidas vigiadas pela repressão e não conseguiram mais arrumar emprego.

Quase 30 anos depois, o Estado reconheceu o erro cometido e todos foram anistiados.



Na cerimônia ocorrida nesse dia 24 de agosto, no Teatro Univap, os companheiros foram homenageados pelo Sindicato, pela Abap e pela Comissão de Anistia, representada pela vice-presidente Sueli Aparecida Bellato e a conselheira Rita Sipahi.

Num dos momentos mais importantes do ato, Sueli Bellato chamou ao palco o anistiado Zacarias Francisco Pereira, o mais velho de grupo e que representou todos os perseguidos pelo regime. Em nome do Estado brasileiro, a vice-presidente da Comissão de Anistia pediu desculpas ao anistiado pela perseguição sofrida.

Além do título de anistiados políticos, o grupo receberá uma indenização, referente ao período retroativo, e uma pensão vitalícia.


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Levantamento mostra que montadoras lucram mais no Brasil do que em qualquer outro lugar

Empresas reivindicam a prorrogação da isenção do IPI, que vence dia 31 de agosto


Multinacionais lucram mais no Brasil
Levantamento realizado pelo jornal O Globo e pela consultoria IHS Automotive mostra que os carros vendidos no Brasil custam muito mais que em outros países. A diferença nos preços pode chegar a 106%, como no caso do Honda Fit, que é vendido no Brasil por R$ 57.480, enquanto que na França o modelo equivalente sai por R$ 27.898.

A comparação foi realizada entre Brasil, EUA, Argentina, França e Japão e mostra que, ao contrário do que se pensa, os custos (mão de obra, matérias-primas, logística) assim como os impostos, não explicam os altos preços dos veículos no mercado brasileiro, mas sim a alta margem de lucro das empresas automobilísticas.


Margem de lucro estratosférica

Os custos de um carro produzido no Brasil equivalem a 58% de seu preço na venda, enquanto que nos EUA eles vão de 88% a 91%. Nos outros países os custos chegam a 79% do preço do veículo. Já os impostos no Brasil são proporcionalmente mais altos, formando 32% do preço, enquanto nos EUA vão de 6% a 9% e nos outros países ficam em 16%. Mas é a margem de lucro que explica os altos preços. Aqui, ela chega a 10%, contra 3% nos EUA e 5% nos outros países.

No Brasil, o lucro ganho pelas montadoras por veículo vendido, de 10%, não tem comparação com nenhum outro lugar do mundo. "Lucro de montadora no Brasil é maior que em qualquer lugar do mundo, pelo menos o dobro", confirmou o diretor-gerente da consultoria IHS Automotive, que realizou o estudo para o jornal. O diretor apontou como motivo para os alto preços a concentração do mercado nas quatro grandes montadoras (Ford, GM, Volks e Fiat). Ou seja, o monopólio do mercado, um dos maiores do mundo, fica nas mãos de grandes empresas que podem ditar o valor dos carros.


Não há motivo para demitir

Neste dia 29 representantes das montadoras e o governo se reuniram em Brasília para tratar de uma reivindicação das empresas: a prorrogação da isenção no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que vence no dia 31. É quase consenso que o governo vai se dobrar à vontade das montadoras, abrindo mão de mais R$ 2 bilhões em impostos. Alguns representantes das montadoras pedem até a extinção completa do imposto. Argumentam que, num cenário de crise despontando, a isenção garantiria as vendas e os empregos.

A verdade, porém, é que, se as montadoras quisessem reduzir os preços para impulsionar as vendas, bastaria abrir mão de parte dos lucros. No entanto, para que fazer isso se o governo já arca com a redução do preço do carro? A isenção do IPI, assim, apenas incrementa os já altos lucros das grandes montadoras que, se não bastasse, ainda demite, como na região do ABC paulista ou na GM de São José dos Campos (SP), onde a montadora ameaçou demitir 2 mil operários e, após mobilização, aceitou colocar 925 funcionários em layoff (contrato de trabalho suspenso) até 30 de novembro.

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de veículos Automotores) argumenta que a redução do IPI foi responsável pela geração de 2,7 mil novos empregos. Segundo a própria entidade, a isenção do imposto deixou de arrecadar pouco mais de R$ 20 milhões por dia entre junho e agosto, o que dá no total algo aproximado a R$ 1,2 bilhão nesses dois meses. Dividindo isso com o número de empregos que o setor diz criado, chegamos ao custo de mais de R$ 444 mil por emprego supostamente gerado. Um custo irreal de quase meio milhão por posto de trabalho.

Isso mostra o cinismo de empresas como a GM, que realiza um trabalho de chantagem sistemática em São José dos Campos, ameaçando demitir caso os trabalhadores não aceitem banco de horas e a redução dos salários. E revela como o governo Dilma prefere subsidiar os lucros de grandes multinacionais ao invés de investir em serviços públicos, que poderiam ao mesmo tempo gerar empregos e voltar em benefícios à população.


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O Governo Dilma, a greve dos servidores federais e o emprego no setor privado


Retirado do Site do PSTU

Justiça solta mandante do assassinato da Irmã Dorothy Stang

O STF concedeu Habeas Corpus a Reginaldo Pereira Galvão, condenado pela morte de Dorothy Stang


A missionária Dorothy Stang, assassinada em 2005
Uma notícia preocupante impactou os lutadores da reforma agrária no Brasil. A decisão do Supremo Tribunal Federal concedendo habeas corpus autorizando a liberdade provisória do fazendeiro Reginaldo Pereira Galvão, conhecido na região de Altamira como “Taradão”, trouxe uma grande preocupação com a impunidade recorrente aos assassinatos no campo.

A decisão liminar foi do ministro Marco Aurélio de Mello e responde a ação impetrada pela defesa do fazendeiro pedindo a revogação da prisão preventiva do condenado.

O fazendeiro foi condenado pelo Tribunal do Júri, em Belém, a 30 anos de prisão pelo assassinato da missionária Dorothy Stang em fevereiro de 2005, mas deixou a prisão em Altamira região sudoeste do Pará, na tarde da quarta-feira passada, dia 22, acompanhado pelo advogado.


O assassinato

A missionaria Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, segundo a perícia. O crime ocorreu em uma estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, local de implantação do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentavel).

Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou «eis a minha arma!» e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns trechos deste livro para aquele que logo em seguida lhe balearia.


O Brasil da impunidade é o de centenas de mortes no campo

No cenário dos conflitos agrários no Brasil, o nome de Dorothy se associa aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus direitos respeitados.

Dorothy defendia o assentamento de trabalhadores rurais e o manejo sustentável das florestas públicas. Os madeireiros que retiravam madeira da região iniciaram uma onda covarde de ameaças e assassinatos como método de pressionar os agricultores para abandonar os lotes. Como uma das lideranças, Dorothy foi assassinada e outros estão ameaçados como é o caso do Padre Amaro da Paróquia local.

A CPT (Comissão Pastoral da Terra) publicou um relatório dos conflitos agrários no Pará que aponta a triste cifra de mais de 30 lideranças ameaçadas de morte no estado. Aponta ainda que entre 1996 e 2010, 799 trabalhadores rurais foram presos, 809 foram ameaçados de morte, e 231 foram assassinados. Segundo a CPT, nesse mesmo período, um total de 31.519 famílias foram despejadas ou expulsas de 459 áreas que reivindicavam para assentamentos da reforma agrária no Brasil.

O estudo indica ainda que em 2011, 39 trabalhadores rurais foram presos no Pará, 133 foram agredidos, 78 foram ameaçados de morte e 6 sofreram tentativas de assassinatos. Nesse mesmo ano, 12 trabalhadores rurais foram assassinados, sendo que 10 destes moravam e desenvolviam as suas atividades agrícolas e sociais no sul e sudeste paraense dentre eles, o casal extrativista José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, do Projeto de Assentamento Praia Alta/Piranhaeira, no município de Nova Ipixuna. Na manhã do dia 24 de maio daquele ano, o casal foi assassinado com requintes de crueldade como demonstra um trecho do documento publicado pela CPT:

“...as promessas foram cumpridas. Depois de tocaiados e assassinados os seus corpos foram arrastados e jogados à beira da estrada vicinal por onde passavam. Uma das orelhas de José Claudio Ribeiro foi cortada e levada pelos pistoleiros ao mandante do crime provavelmente como prova do serviço feito. Mas ali, ás margens da estrada, os corpos ensanguentados e desfalecidos ficaram jogados durante várias horas até que a polícia viesse resgatá-los.”

Infelizmente os governos de Lula e de Dilma não transformaram a dura realidade dos conflitos agrários no Brasil. Eleitos com uma grande esperança de milhares de ativistas da reforma agrária, inclusive com o apoio incondicional do MST e da FETAGRI e FETRAF, não foram capazes de frear os assassinatos de lideranças e trabalhadores rurais a mando de fazendeiros e madeireiros. Além disso, beneficiou e vem beneficiando a bancada ruralista do congresso que representam os grandes latifundiários e as multinacionais instalados nas áreas agrícolas do país. Projetos como a Reforma do Código Florestal, a liberação dos Transgênicos, as UHE’s foram um duro ataque a biodiversidade.


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Relatório da Comissão Pastoral da Terra sobre as situações de ameaças de morte no sul e sudoeste do Pará


Retirado do Site do PSTU

Basta! No dia da Visibilidade Lésbica, denunciar o machismo e a homofobia

Sérgio Koei
PSTU na Parada do Orgulho LGBT
Laís, de 24 anos e Maiara, de 22, foram mortas na última de sexta-feira em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, na Bahia. Elas eram namoradas e moravam juntas há 4 meses. A tragédia se deu quando voltavam do trabalho caminhando de mãos dadas. Uma motocicleta se aproximou e vários tiros foram disparados contra elas. O principal suspeito é um ex-namorado que, segundo a Polícia Civil, tinha a intenção de matar a nova companheira de sua ex-namorada. Ao abraçarem-se com o susto, ambas foram atingidas.

Infelizmente, notícias tristes como esta, de vítimas de homofobia e machismo, tem se tornado cada vez mais frequentes.

O ciúme e o orgulho machista e homofóbico que causaram a morte de Laís e Maiara fazem da vida de milhares de mulheres um verdadeiro inferno. Afinal, ser lésbica nesta sociedade significa, além de conviver com o risco de ser agredida e até morta simplesmente por andar pelas nas ruas, enfrentar também o preconceito e a discriminação em tudo que nos cerca.

Quando vítimas de violência, as lésbicas encontram as mais diversas dificuldades em seus pedidos de socorro às polícias, que vão desde constrangimentos até a impossibilidade de sequer registrar nos boletins de ocorrência que a agressão foi motivada por homofobia ou que tenham sofrido machismo. Todo um clima de humilhação e impotência garante a impunidade dos agressores, o que é um grande “incentivo” para que a situação não mude. Aliás, que segue piorando, mas sequer isso pode ser dimensionado, pois a geração de dados e evidências da violência homofóbica e machista é evitada.

No trabalho, elas estão mais vulneráveis ao assédio moral e sexual e ocupam grande parte do trabalho precarizado. Sua presença no telemarketing, nas empresas terceirizadas de limpeza e no comércio informal evidencia isso.

Na escola, os professores e demais profissionais da educação carecem de condições para lidar com o crescimento preocupante das situações de discriminação, que agora se dá o nome de “bullying” para esconder que o Brasil é um país extremamente machista, racista e homofóbico. Também na saúde às lésbicas estão submetidas as mais diversas humilhações, uma vez sua sexualidade é ignorada.

Através da mídia, toda essa situação é estimulada. Se antes a mulher lésbica era somente um raro personagem risível, sempre ridículo e repugnante, e hoje estão presentes de maneira mais “positiva”, isso tem a ver com o necessidade de audiência. Ainda assim, a mídia trata os casais lésbicos de uma outra e problemática maneira: como fetiche, como um produto excêntrico, pronto para o consumo masculino. Também por isso, as mais sutis manifestações públicas de afeto entre lésbicas são interpretadas como provocação passível de todo tipo de reação masculina e reprovação social.

Não é a toa que as mulheres lésbicas estão mais vulneráveis ao estupro do que aquelas que são heterossexuais. A combinação do machismo com a homofobia tem uma das mais horrendas expressões na prática do “estupro corretivo”. Um crime que se sustenta pela ideia absurda de que a homossexualidade feminina pode ser curada ou revertida através do estupro, onde a mulher pode ser corrigida, aprendendo a ter relações sexuais “normais” e sendo punida pela sua orientação sexual.


Homofobia mata, mas não é crime!

O Brasil é o país recordista em assassinato de homossexuais e o sétimo país com maior taxa de homicídios de mulheres. (Fonte: Whosis, Census, IBGE.)

Uma história puxa outra: na mesma Camaçari, há exatos 2 meses antes da morte de Lais e Maiara, o covarde e brutal assassinato de José Leonardo da Silva, que foi agredido até a morte por ter abraçado seu irmão gêmeo e assim ser julgado gay, escandalizou o país. Outro abraço que terminou em espancamento ocorreu em São Paulo, quando pai e filho foram também confundidos com um casal e um deles chegou a perder a orelha. Alías em São Paulo, até os “guetos gays” deixaram de ser locais seguros para os LGBT’s. Diversas agressões na região da Av. Paulista foram noticiadas, mostrando que a violência homofóbica crescera tanto, que passava a atingir a classe média e seus espaços.

De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia, no ano passado, 266 pessoas foram assassinadas por homofobia. Este ano, já foram contabilizados 213 assassinatos, e o ano mal passa da metade. Sabemos que os números reais são ainda muito superiores e que crescem como nunca nos últimos anos.

Diante desta situação, a criminalização da homofobia tornou-se a exigência número 1 do Movimento LGBT, pois não há nenhuma lei federal que proteja homossexuais no Brasil.


O que foi feito até agora?

Em maio do ano passado, Dilma mandou suspender o “Kit Escola Sem Homofobia”, chegando a argumentar que ele “fazia propaganda de opção sexual”. Esta, que teria sido uma interessante iniciativa para combater a homofobia, foi vetada numa negociata com os setores homofóbicos para preservar o então ministro Palocci, envolvido em escândalos de corrupção. Assim, os professores seguem desarmados para discutir o problema da homofobia nas escolas.

Em relação ao PLC 122/06, Projeto de Lei que Criminaliza a Homofobia, Dilma sequer se posicionou. Em 2011, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) tentou levar a votação uma reformulação deste projeto, acordada com representantes da bancada conservadora e homofóbica do Congresso Nacional. Ela retirou pontos importantes, como a criminalização do discurso homofóbico e a proteção das demonstrações públicas de afeto, de maneira que, se aprovado, garantiria que o discurso de ódio contra os homossexuais seguisse sendo pregado. Ainda assim, até mesmo aqueles que forjaram propostas de textos substitutivos foram contrários à aprovação. O esforço da senadora, além de não dar em nada, se deu sob as críticas do movimento, que nunca concordou com tais recuos.

A Lei Maria da Penha, passados 6 anos de sua aprovação, já nos mostrou que só as leis não bastam. É preciso investimento para que possam ser aplicadas. Nos últimos 5 anos, a violência contra a mulher segue crescendo de maneira escandalosa e os investimentos do Governo Dilma no combate à violência, diminuindo a cada ano.

Ao negar assistência e proteção às vítimas, o Governo é cúmplice de toda essa barbárie. É inaceitável que num país governado por uma mulher o machismo atinja as mulheres cada vez mais.
Por isso, exigimos que Dilma revogue o veto ao “kit escola sem homofobia”, que o PLC 122/06 seja aprovado imediatamente e que a Lei Maria da Penha seja aplicada e ampliada.


O Dia da Visilidade Lésbica

A data surgiu em 1996, no Rio de Janeiro, por resolução de um seminário nacional realizado por alguns grupos de ativistas lésbicas. A proposta da data tinha a ver com a necessidade de fomentar a organização das mulheres lésbicas e dar visibilidade e resposta à opressão machista e homofóbica. A cada ano, mais organizações incorporaram a data ao calendário de lutas. Hoje, o 29 de agosto é uma referência para a reflexão, discussão e mobilização contra o machismo e a homofobia. Em diversas cidades, o PSTU estará presente em atos, caminhadas, debates e outras iniciativas.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Governo Dilma quer desengavetar lei antigreve no setor público

Não conseguindo sufocar a atual greve, o governo quer impedir que novas aconteçam


Polícia acompanha manifestação no Rio de Janeiro
Justo quando a maior greve do funcionalismo público federal dos últimos dez anos chega a seus momentos decisivos, o governo sinaliza sua intenção de desencavar o projeto de lei para "disciplinar" as paralisações no setor. De acordo com o jornal Valor Econômico, a presidente Dilma estaria disposta a retomar a lei que Lula tentou aprovar em sua gestão, que impõe uma série de regras e restrições para a deflagração de greves no setor público.

Seria o desfecho de uma série de medidas truculentas tomadas pelo governo Dilma desde o início da greve, iniciada pelos docentes das universidades federais em 17 de maio. Ações que incluíram o corte dos salários e um decreto que permite convênios com estados e municípios para a substituição dos funcionários parados.

No entanto, no que deve ter sido uma grande frustração para o governo Federal, tais medidas não surtiram efeito, só aumentando a radicalização e indignação da categoria, fazendo o movimento até crescer após terem sido implementadas. Nos dois últimos meses, os servidores federais impuseram uma forte e radicalizada greve, que fez o governo recuar de sua intransigência inicial em não conceder qualquer reajuste. Dilma, embora ainda goze de alta popularidade, sai desgastada entre amplos setores do funcionalismo e parte da população.


Proibição da greve

A lei que o então governo Lula tentou aprovar em 2007 e que Dilma quer agora desengavetar estabelece uma série de pré-requisitos para a deflagração de greve, que praticamente torna proibida a paralisação no setor público.

Entre eles está a obrigatoriedade da aprovação de greve por pelo menos dois terços de todos os trabalhadores de determinada categoria, além da proibição da paralisação nos chamados "serviços essenciais" (como se todo o serviço público não o fosse). Nessa lista estão incluídos a distribuição de energia elétrica e gás, abastecimento de água, telecomunicações, inspeções agropecuárias, arrecadação, controle de fronteiras e a inspeção de indústrias e comércio.

Para fazer greve, os servidores deverão ainda, por essa lei, manter funcionando pelo menos 30% de todo o efetivo. Além disso, ficaria estabelecido desde já o corte no ponto, além da substituição dos grevistas. Ou seja, além de improvável, uma greve não teria qualquer impacto.


Preparação para a crise

O que o governo e grande parte da imprensa que demoniza o funcionalismo público não lembram é que não existe negociação coletiva ou data-base no setor público. Assim, os servidores em geral não deflagram greve quando alguma negociação chega a um impasse, como ocorre no setor privado, mas são obrigados a cruzarem os braços para que o governo abra negociação, como ocorreu com a atual greve. Ou seja, tenta-se penalizar os trabalhadores por lutarem contra o arrocho, mas não o governo que se negam sistematicamente a negociarem sem que haja pressão.

A lei que o governo Dilma planeja retomar seria um duro retrocesso à Constituição de 1988, que estabeleceu o direito de greve no funcionalismo, além de um ataque antidemocrático a um dos setores mais combativos contra o desmonte do Estado que ocorre desde o governo Collor.

Mais que uma mera vingança de Dilma contra os servidores públicos que ousaram desafiar o governo em 2012, a lei antigreve prepara o setor público para o acirramento da crise econômica internacional, minando qualquer resistência para futuros planos de arrocho, cortes fiscais e desmantelamento dos serviços públicos.


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Greve forte e radicalizada faz governo Dilma recuar


Retirado do Site do PSTU

Trotsky: 72 anos depois de seu assassinato, sua luta e seu legado continuam atuais

Trotsky foi assassinado em 1940, no México, a mando de Stálin
Há 72 anos, no dia 21 de agosto de 1940, Leon Trotsky - o revolucionário russo cujo nome está associado com o socialismo e com a democracia operária - foi assassinado em Coyoacán, México, onde residia exilado. A ordem de cometer o crime, soube-se anos depois, foi assinada pessoalmente por Stalin, em 1931. Depois de várias tentativas, pode ser consumada por Ramón Mercader, um agente da GPU (polícia secreta soviética). O fato foi o fim de uma perseguição implacável.

Trotsky tinha sido presidente do Soviete de São Petersburgo na Revolução de 1905 quando proclamou a jornada de oito horas, a decisão de não pagar os impostos e havia posto em perigo a própria existência do Império russo. A revolução foi derrotada e Trotsky encarcerado em dezembro de 1905 e deportado para a Sibéria. Em 1917, regressou a Rússia as vésperas do início da revolução, encabeçou junto com Lenin, a primeira revolução operária triunfante, que derrubou o governo burguês de conciliação de classe de Kerensky. A ele se deve a fundação e direção do Exército Vermelho, que conseguiu uma grande vitória durante a Guerra Civil russa que se sucedeu à revolução. Depois da morte de Lenin em 1924, foi quem dirigiu a luta contra a burocracia que, pela mão de Stalin, avançava sobre o poder.


O combate à burocracia, à teoria do socialismo em um só país e a defesa do internacionalismo

Em 1928 Trotsky foi expulso da URSS pela burocracia stalinista, que havia se apoderado da direção do partido bolchevique. Trotsky foi privado de sua cidadania e teve que exilar-se primeiro na Turquia e depois na França, Noruega, e finalmente no México. Vários dos mais próximos colaboradores e seus três filhos foram assassinados. A perseguição alcançou a todos os opositores e dissidentes da ditadura burocrática soviética. Os dirigentes que tinham atuado junto com Lenin e Trotsky em 1917 foram “purgados” e eliminados nos macabros processos de Moscou.

A perseguição pretendia romper o fio de continuidade do marxismo e do bolchevismo, e Trotsky representava esta continuidade, era a memória viva da Revolução de outubro. Além disso, foi quem convocou os melhores militantes bolcheviques a lutar contra a burocratização que Stalin estava levando adiante no partido e no estado operário, para isso organizou a Oposição de Esquerda nacional e logo em nível internacional. Assinalou uma e outra vez que a oposição de esquerda “não aceita o regime organizativo criado pela burocracia stalinista como algo definitivo. Pelo contrário, seu objetivo consiste em arrancar a bandeira do bolchevismo das mãos da burocracia usurpadora e levar de volta a Internacional Comunista para os princípios de Marx e Lenin”[1].

Contra a teoria do “socialismo em um só país” de Stalin, Trotsky defendeu a concepção da revolução permanente. Em seu livro A Revolução Permanente, de 1928, disse: “O caráter internacional da revolução socialista é consequência inevitável do estado atual da economia e da estrutura social da humanidade. O internacionalismo não é um principio abstrato...a revolução socialista começa dentro das fronteiras nacionais; mas não se pode conter-se nelas, do contrário cairia mais tarde ou mais cedo… A revolução socialista implantada em um país não é um fim em si mesmo senão unicamente um elo da corrente internacional. A edificação socialista só se concebe sobre a base da luta de classes no terreno nacional e internacional… Nisto consiste o caráter permanente da revolução socialista como tal”.


A vigência de sua luta e de seu legado

Frente à desastrosa política orientada por Stalin para a classe operária alemã em 1933, que não aceitava fazer uma frente única da esquerda para enfrentar Hitler, o que levou à derrota do proletariado e a ascensão de Hitler ao poder, Trotsky se convenceu que era impossível recuperar a Terceira Internacional fundada por ele e por Lenin. A burocracia já a havia transformado em um comitê de traição da luta operária mundial. A este período corresponde, seu livro, A Revolução Traída, que é ainda hoje a análise mais profunda e completa que se elaborou sobre a degeneração da União Soviética e constitui um aporte fundamental para a construção da Quarta Internacional e seus partidos.


O combate à política da “Frente Popular” e a defesa da independência de classe

Também é ainda válida a luta incansável de Trotsky contra a política da “frente popular” levada adiante por Stalin junto da teoria do socialismo em um só país, que não era outra coisa que a justificação do que seria o eixo central da política stalinista: a coexistência pacífica, a colaboração com a burguesia e o imperialismo. Trotsky combateu sem descanso a política da Frente Popular. Denunciou ela que significava o abandono da luta pela revolução socialista, porque subordinava os interesses dos operários e camponeses à defesa da propriedade privada capitalista.

Caracterizou a Frente Popular formada entre o Partido Socialista, o Partido Comunista e o Partido Radical na França em 1936… “como uma coalizão do proletariado com a burguesia imperialista, representada pelo Partido Radical e outras podridões da mesma espécie de menor envergadura. A coalizão se estendeu ao terreno parlamentar (…) em sua forma atual, não é outra coisa que a organização da colaboração de classes entre os exploradores políticos do proletariado (reformistas e stalinistas) e os exploradores da pequena burguesia (radicales)”[2] . Para Trotsky a participação dos partidos operários em governos burgueses de frente popular era trair os princípios revolucionários da independência de classe do proletariado elaborados por Marx e Lenin.


“O trabalho mais importante de minha vida”

No dia 3 de setembro de 1938, dois anos antes de seu assassinato, Trotsky junto com seus seguidores fundam a IV Internacional, o que ele iria chamar “o trabalho mais importante de minha vida”. E assinalava: “Para expressar-me com maior claridade, diria o seguinte. Se eu não tivesse estado em Petrogrado em 1917 a revolução de outubro se teria produzido de toda maneira, com a condição de que Lenin estivera presente na direção (…) Por isso, não posso dizer que meu trabalho foi 'indispensável' nem sequer no período entre 1917 e 1921. Mas agora meu trabalho é 'indispensável', em todos os sentidos (…) Não resta ninguém senão eu para levar a cabo a missão de armar a uma nova geração com o método revolucionário, sobre as cabeças dos dirigentes das internacionais (Segunda e Terceira). E coincido plenamente com Lenin em que o pior dos vícios é ter mais de cinquenta e cinco anos! Necessito pelo menos cinco anos mais de trabalho sem interrupção para assegurar a sucessão" [3].

Trotsky era consciente que toda sua luta contra a burocratização stalinista, em defesa da independência de classe, pela democracia operária, e o internacionalismo, se concretizava na construção da Quarta Internacional. Ainda que pequena, a Quarta significava a continuidade do marxismo e do bolchevismo, era a referência programática e organizativa para toda uma geração.

A IV foi a resposta organizativa à crise de direção revolucionária, iniciada a partir da degeneração da III Internacional. Nasceu nadando contra a corrente, contra o grande aparato mundial dos Partidos Comunistas controlado pela burocracia stalinista desde a União Soviética. Mas isso não fazia mais pessimista Trotsky, ao contrario, a pesar da situação adversa para os trotskistas, mantinha sua fé inquebrantável na classe operária, mirava mais longe, e sabia que a IV era a condição para o triunfo das futuras lutas do proletariado mundial. Por isso dava muita importância à necessidade da Quarta aproximar-se das massas. Para isso responde o Programa de Transição: “A tarefa estratégica do próximo período – período pré-revolucionário de agitação, propaganda e organização – consiste em superar a contradição entre a maturidade das condições objetivas da revolução e a falta de maturidade do proletariado e de sua vanguarda (confusão e desencorajamento da velha direção, falta de experiência da jovem). É preciso ajudar as massas, no processo da luta, a encontrar a ponte entre suas reivindicações atuais e o programa da revolução socialista. Esta ponte deve consistir em um sistema de reivindicações transitórias, partindo das condições atuais e da consciência atual de amplas camadas da classe operária para uma só e mesma conclusão: a conquista do poder pelo proletariado"[4].


Continuar a batalha de Trotsky

Após o assassinato de Trotsky, a Quarta Internacional teve que enfrentar enormes desafios sem aquele que concentrava a maior experiência e formação teórica. A Quarta havia sido decapitada e tinha que em diante desenvolver-se no meio da segunda guerra mundial.

Atualmente, a Quarta não existe como uma organização, o que existe são várias correntes trotskistas que reivindicam a Quarta Internacional. Nós do Grupo Luta Socialista, somos parte da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT), corrente morenista fundada em 1982 por Nahuel Moreno.

A LIT põe suas forças a serviço de reconstruir a IV Internacional e o fazemos tomando o Programa de Transição e seus ensinamentos e buscando atualizá-los para nossos dias. Sabemos que somos todavia uma corrente modesta, mas com presença em vários países da Europa e América Latina. Estamos completando 30 anos no presente ano, e cremos que frente à crise mundial do capitalismo mais do que nunca é necessário continuar a batalha de Lenin e Trotsky pela superação da crise de direção revolucionária, para a tomada do poder pela classe operária e a construção do socialismo em nível internacional. Na Bolívia, e nos demais países onde estamos, cremos que a melhor homenagem que podemos fazer a Trotsky, quando se completam 72 anos de seu assassinato, é retomar seus ensinamentos para reconstruir a IV Internacional.


(Tradução: Rodrigo Ricupero)

[1] Leon Trotsky, Tarefas e Métodos da Oposição de Esquerda Internacional, 1932, Escritos, Tomo IV, Vol. 1.
[2] Leon Trotsky, A onde vai a França?
[3] Diário de Trotsky no exílio, 1935
[4] Leon Trotsky, O Programa de Transição, 1938.


Retirado do Site do PSTU

Um dia memorável em São José dos Campos para os que lutaram contra a ditadura

Atos relembraram resistência operária à ditadura militar, em São José dos Campos (SP)


Tanda Mello/Sindicato dos Metalúrgicos
Ato lotou auditório do sindicato dos metalúrgicos
São José dos Campos, interior de São Paulo, viveu um dia memorável para os lutadores e lutadoras que ousaram enfrentar a ditadura militar. No dia 24 de agosto aconteceram na cidade dois importantes eventos que relembraram as histórias de luta deste período e reforçaram sua importância para os dias atuais.

No sindicato dos metalúrgicos, o ato em memória das lutas operárias contra a ditadura, realizado pela Comissão de Presos e Perseguidos Políticos da Ex-Convergência Socialista, reuniu dezenas de militantes da corrente que deu origem ao PSTU, e que está historicamente vinculada ao desenvolvimento de importantes manifestações que marcaram a cidade.

Estamos falando das greves que agitaram o país entre as décadas de 1970-1980. Assim como no ABC paulista, as mobilizações operárias logo chegaram a São José e pararam fábricas como Embraer e a GM. As reivindicações também eram as mesmas: melhores salários, redução da jornada de trabalho, que na época era de 48 horas, liberdade de organização sindical, anistia política aos opositores do regime, fim da ditadura.

Durante o ato, alguns dos protagonistas deste importante capítulo da história do país relembraram os momentos que marcaram as greves que enfrentaram os militares. Naquela época, Toninho Ferreira, hoje candidato a vereador de São José pelo PSTU, era metalúrgico da Embraer e foi demitido por participar da greve de 85.

Toninho conta que, durante a ditadura, a fábrica estava vinculada à Aeronáutica, e era dirigida pelo coronel Ozires Silva. No auge da mobilização, Ozires chegou a fazer uma fala durante a assembleia, na tentativa de acabar com a greve. Mesmo na presença do coronel, os trabalhadores ousaram. A fábrica foi ocupada e a continuidade da paralisação que se chocou diretamente contra os militares.

“A ocupação foi reprimida por mais de 3 mil policiais. Com o fim do movimento, a repressão cresceu, e a chefia ameaçava demitir aquele que ousasse falar em sindicato” , conta Josias de Oliveira, ex-funcionário da Embraer e militante da Convergência, atual presidente da Admap (Associação Democrática dos Aposentados e Pensionistas do Vale do Paraíba).

Ernesto Gradella, hoje candidato a prefeito de São José pelo PSTU, também foi uma das lideranças operárias da época. Em 1985 ele era vereador da cidade pelo PT, e foi um dos responsáveis pela formação do Comitê de Anistia que exigia a libertação dos presos políticos da Convergência e de outras organizações perseguidas pelo regime.



O saldo das greves de 84, 85 e 88 foram grandes avanços para os metalúrgicos da Embraer, com a conquista do aumento salarial, da Comissão de Fábrica e tomada do sindicato dos pelegos. Mas também deixou marcas profundas para a vida daqueles que participaram do movimento. Todos os grevistas foram fichados no Serviço Nacional de Informação (SNI) e interrogados pelos militares.


Perseguição

Após a greve de 1985, a Embraer demitiu 125 trabalhadores, e organizou a chamada ‘lista negra’, amplamente divulgada entre as fábricas do Vale do Paraíba. Com isso, tornou-se praticamente impossível conseguir trabalho na região. A intenção dos militares era destruir não apenas a militância política daqueles ativistas, mas também sua família e moral perante a sociedade.

Em sua fala, Américo Gomes, membro da comissão de presos e perseguidos políticos, ressaltou a necessidade de reparação histórica a todos os perseguidos pela ditadura. “Apenas com uma punição criminal exemplar dos mandantes e torturadores será possível evitar que estes crimes voltem a acontecer no Brasil. Por isso é necessário uma Comissão da Verdade e Justiça que não se limite a investigar os crimes cometidos pelos militares, mas que os responsabilize criminalmente pelos seus atos,” avalia Américo.

“Aqueles que ordenaram, financiaram e executaram as prisões, torturas e assassinatos dos opositores ao regime, são os mesmos que hoje reprimem as greves, os movimentos sociais, como aconteceu no Pinheirinho, que ordenaram a morte dos companheiros José Luiz e Rosa Sundermann”, lembra o deputado estadual Adriano Diogo (PT), também presente no ato.


Governo Federal pede perdão aos metalúrgicos da Embraer

Quase 30 depois, o Estado brasileiro pediu perdão aos metalúrgicos da Embraer demitidos durante as greves de 83, 84 e 88 e perseguidos pela Ditadura. Representado pela vice-presidente da Comissão de Anistia do governo, Sueli Aparecida Bellato, o Estado reconheceu que errou e pediu perdão por demitir e perseguir os trabalhadores.

A decisão de anistiar os trabalhadores da Embraer e conceder reparação econômica foi baseada na lei que concede anistia política aos trabalhadores, militantes e ativistas que foram perseguidos no período entre 1946 e outubro de 1988. O processo para concessão de anistia é resultado de anos de luta dos próprios trabalhadores demitidos em conjunto com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José e a Abap (Associação Brasileira de Anistiados Políticos).

Certamente, esta vitória é mais uma prova de que apenas a luta dos trabalhadores pode acabar de vez com todos os resquícios da ditadura, assim como garantir reparação e justiça às vítimas.


Retirado do Site do PSTU