sábado, 1 de dezembro de 2012

SINTRAPAV-PA e CCBM omitem e rebaixam conquistas arrancadas pela greve dos operários de Belo Monte


Comissão da CSP-Conlutas em entrevista à imprensa
Os mais de 15 mil operários de Altamira, Belo Monte, aprovaram nesta quinta-feira (29), proposta de acordo firmado entre o CCBM (Consórcio Construtor Belo Monte) e o Sintrapav –PA (sindicato dos trabalhadores).

A proposta foi aceita por ampla maioria dos trabalhadores, em assembleias realizadas nos canteiros de Belo Monte, Pimental e Canais e Diques.

Pelo acordo, o reajuste dos salários dos operários ficou entre 7% e 11%. Além disso, também foi reduzido de 180 para 90 dias o intervalo de baixada (folgas garantidas aos trabalhadores para visitar a família). Já o valor do auxilio alimentação passou de R$ 110 para R$ 200.


SINTRAPAV-PA e CCBM omitem e rebaixam conquistas – O que os operários não sabiam é que, devido à força da greve, no último dia 23 de novembro, o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO, em Belém, julgou o dissídio coletivo e, na ocasião, havia concedido mais do que o SINTRAPAV-PA e o CCBM anunciaram, por isso “aprovaram” em assembleia o “acordo” como vitória.

Segundo o membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Atnágoras Lopes, a decisão do TRT-PA, publicada no dia 23, além de ser mais vantajosa aos operários, é retroativa a abril/2012. Neste caso o CCBM teria de pagar a diferença no valor do vale alimentação (que pelo TRT seria de R$ 210,00) desde abril até outubro e ainda teria de conceder 10 dias de baixada, que ficaram dentro no período.

“Se a jogada do SINTRAPAV com CCBM incluir que um deles tenha recorrido da decisão do TRT, cada trabalhador está perdendo R$ 700,00 da diferença do vale-alimentação e os 10 dias de folga. Isso não é justo”, ressaltou Atnágoras acrescentando não ser justo com os trabalhadores.


Protestos – Os operários se revoltaram contra a empresa e o sindicato e uma onda de protestos tomou conta dos canteiros. Na ocasião, cinco trabalhadores foram presos a mando do Consórcio.


Prisões e demissões- A CSP-Conlutas enviou uma comissão para apoiar esses trabalhadores. A advogada da Central constatou que não havia provas contra os trabalhadores presos e apoiou o pedido de liberdade dos mesmos feito pela defensória pública. Como esse pedido foi negado, a defensoria vai tentar a libertação dos trabalhadores via Brasília e a CSP-Conlutas já entrou com pedido de Habeas Corpos em Belém.

Não satisfeito com o caos, imposto aos trabalhadores, o CCBM ainda desencadeou uma enxurrada de demissões a centenas de trabalhadores.


Veja o vídeo com a visita da delegação:




Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Ato político em Brasília denuncia ACE

Ato indica Marcha Nacional em 2013 para lutar contra os ataques
 



Seminário reúne trabalhadores vindos de 17 estados
O seminário nacional em Brasília, realizado numa grande tenda, armada na Esplanada dos Ministérios, esteve lotado com a presença de cerca de 800 trabalhadores vindos de 17 estados para ato político contra o ACE (Acordo Coletivo Especial) e os ataques às aposentadorias.

Entre as iniciativas indicadas está uma marcha nacional que será convocada para a primeira quinzena de abril de 2013 em defesa dos direitos dos trabalhadores.

A mesa do debate foi composta pelo membro da Secretaria Executiva Nacional, Zé Maria de Almeida, pelo representante de 'A CUT Pode Mais', Alberto Ledur, o Beto, e pelo presidente da CTNA (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação), Artur Bueno. Esteve presente também o secretário-geral da Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal), José Milton.

O ato foi iniciado com uma saudação da militante da Resistência Síria, Sara Al Suri, que disse a todos que aquele encontro servia de exemplo para ser seguido em seu país. Sara disse ter orgulho da liberdade de organização dos trabalhadores aqui do Brasil, já que na Síria esse direito é negado pelo regime ditatorial imposto. Falou da importância do papel de atuação da CSP-Conlutas para a internacionalização das lutas, pois os ataques aos trabalhadores são os mesmos.

Zé Maria ressaltou no ato que tanto o ACE quanto a proposta de substituição do Fator Previdenciário, em tramite no Congresso, o Fator 85/95, são apresentados como propostas da classe trabalhadora, mas não é verdade. “Esse ato comprova o oposto, pois aqui está boa parte da classe trabalhadora contrária a esses projetos”, disse ele.

O dirigente da CSP-Conlutas informou aos presentes que o ato também reivindica uma campanha pela anulação da Reforma da Previdência, aprovada sob o uso do mensalão. “Se no STF (Supremo Tribunal Federal), eles consideram que quem rouba tem que ir para a cadeia, pois compra de votos também é crime, e foi através da compra de votos que se deu a reforma previdenciária”, frisou.

Destacou ainda que estes ataques ocorrem no contexto de uma crise internacional e num momento que as grandes empresas, para manter seus lucros, impõem a redução de direitos dos trabalhadores. “Ou seja, a essência desses projetos é ajudar empresas e não trabalhadores”, denunciou.

Por isso, fez um chamado a ampliação da campanha nacional contra os ataques aos direitos. “É preciso que consigamos avançar a unidade para impedir que os ataques continuem. Esse evento é um primeiro passo, mas a jornada continua e precisamos levar essa discussão aos estados para construção da luta em todo país e derrotar esses projetos em Brasília”, orientou Zé Maria.

Alberto Ledur, da corrente 'A CUT Pode Mais', destacou a necessidade de unir a classe trabalhadora. “Estamos junto com as demais centrais nessa luta contra ACE por entender que a CUT não tem direito de entregar as conquistas dos trabalhadores e de negar toda a história de luta e construção que fizemos juntos até hoje, principalmente nos anos 90 contra a flexibilização que se impunha naquele período”, disse.

A presidente do Andes-SN, Marinalva Oliveira, fez uma avaliação positiva do ato que, em sua na opinião, comprovou a força da unidade da classe trabalhadora. “A unidade representada aqui é de extrema importância para resistirmos contra o ataque do governo aos trabalhadores, tendo como braço do governo a CUT, que apoia ACE”, destacou.

Segundo a dirigente, a unidade chamada por várias entidades presentes será também importante para a marcha que está sendo convocada para 2013 contra a retirada de direitos trabalhistas. “Só com a luta e união dos trabalhadores podemos combater esses ataques”, ressaltou.

Durante a tarde, uma comissão de trabalhadores está visitando os parlamentares no Congresso nacional com materiais da campanha. Ao mesmo tempo, parte dos presentes no seminário nacional está fazendo panfletagem na rodoviária de Brasília.


LEIA MAIS

ACE em debate: veja como foi a discussão entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o dos Metroviários

Leia o manifesto aprovado no Seminário sobre o Acordo Coletivo Especial, em Porto Alegre


Retirado do Site do PSTU

Morre Aybirê Ferreira de Sá, militante revolucionário desde 1963

Com sua perda, apaga-se o testemunho de um homem que se engajou de corpo e alma em algumas das causas ganhas e perdidas mais decisivas da esquerda brasileira
 


O militante revolucionário Aybirê Ferreira de Sá
Faleceu no dia 23 de outubro, depois de uma longa luta contra um câncer na garganta, aos 75 anos de idade, o militante revolucionário Aybirê Ferreira de Sá, que foi enterrado em Moreno, no Grande Recife, mesmo município onde nasceu em 30 de outubro de 1936. Com sua perda, apaga-se o testemunho de um homem que se engajou de corpo e alma em algumas das causas ganhas e perdidas mais decisivas da esquerda brasileira, do pós-guerra aos nossos dias.

Como informa em seu livro de memórias “Das Ligas Camponesas à Anistia – memórias de um militante trotskista”, publicado em 2007 pela Fundação de Cultura Cidade do Recife, Aybirê fez o ginásio em Moreno e o Científico (antigo Ensino Médio) em Afogados. Foi então que despertou para a política, participando de um movimento nacional hoje pouco lembrado: o da juventude pelo pagamento de meia passagem nos transportes públicos. Liderada pela União dos Estudantes de Pernambuco, a luta conquistou sua meta após uma rebelião que durou cinco dias, em 1958.

Aybirê serviu ao Exército em 1961, passou em primeiro lugar no curso para cabo e cogitou seguir carreira, mas mudou de ideia quando os militares foram chamados a reprimir uma greve geral estudantil em protesto contra tentativa de impedir a palestra de Célia Guevara, mãe do Che, na Faculdade de Direito. Trabalhou, então, como auxiliar de escritório na empresa Brasilgás, mas por pouco tempo. Instigado a participar das lutas políticas em uma das capitais mais politizadas do Brasil, Aybirê procurou contatos com o PCB (Partido Comunista Brasileiro) e, principalmente, com as Ligas Camponesas.

Sob influência da Revolução Cubana, desencadeou-se uma tentativa de revolução armada ainda em 1962, durante o governo João Goulart. A direção das Ligas resolvera organizar uma espécie de braço armado, o MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes), que começou a preparar a instalação de cinco dispositivos em diferentes regiões do Brasil. Aybirê seguiu para São João dos Patos, no Maranhão. Entretanto, o dispositivo de Dianópolis, em Goiás, foi localizado e desbarato rapidamente pelo Exército e o do Maranhão dissolvido, depois de três meses de isolamento. Todos os participantes foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional e depois anistiados por João Goulart.

De volta ao Recife, os envolvidos na experiência do MRT começaram a reunir-se e elaborar um processo de crítica e autocrítica, que os levou a formar a Vanguarda Leninista e, pouco depois, a entrar no PORT (Partido Operário Revolucionário Trotskista), Seção Brasileira da IV Internacional Posadista.

Aybirê militou no PORT até 1975. Participou, lado a lado com Jeremias (Paulo Roberto Pinto), dirigente trotskista assassinado no Engenho Oriente, em També, em agosto de 1963, da luta pela organização dos sindicatos rurais. Foi preso pelo governador Miguel Arraes, juntamente com Carlos Montarroyos e Claudio Cavalcanti, em outubro de 1963, quando tentavam organizar o 1º Congresso Camponês de També, em episódio relatado por Antonio Callado em seu livro Tempo de Arraes.

Solto antes do golpe, Aybirê retomou sua atividade sindical, particularmente em Serinhaém, Rio Formoso e Barreiros. Voltou a ser preso após o golpe, em novembro de 1964, quando participava de uma reunião do PORT em uma casa na Praia de Prazeres, sendo barbaramente torturado. Depois de levado de uma delegacia para outra, de permanecer nos cárceres da Secretaria de Segurança e da Segunda Companhia de Guardas, Aybirê acabou conduzido a Fernando de Noronha, onde permaneceu por quase um ano e meio. Ao contrair hepatite, teve concedida prisão domiciliar e fugiu para São Paulo, onde retomou a atividade política e exerceu ofícios como o de auxiliar de laboratório, auxiliar de almoxarifado, vendedor de livros e funcionário de um escritório de contabilidade.

Aybirê estava presente em momentos dramáticos da vida política de São Paulo nos anos de chumbo: morava em Osasco e participou, como membro do PORT, dos debates e da organização da greve de 1968. Residia, juntamente com sua esposa, Lenise, também militante, em Sapopemba com Olavo Hanssen em 1970, quando este foi preso na manifestação de Primeiro de Maio e assassinado pela polícia política. Voltou a ser preso pela OBAN (Operação Bandeirantes) em 1972. Passou pelo DOPS, Presídio Tiradentes e Casa de Detenção, sofrendo, novamente, a via crucis das torturas, do enquadramento na LSN, do isolamento da filha, Candida Rosa, então com dois anos e meio, e da esposa. Suportou três anos de cadeia onde pôde conhecer pessoas como Paulo Vanucchi, Altino Dantas e José Genoíno e escrever um livro de poemas, Versos Reprimidos.

Depois de solto, Aybirê foi morar em Porto Alegre, afastou-se do PORT com críticas ao regime interno de funcionamento implementado por J. Posadas, de centralização monolítica e “culto à personalidade”. Foi 1º Secretário do movimento trabalhista do MDB e participou da organização do Comitê Brasileiro de Anistia (CBA) do Rio Grande do Sul. Voltou a morar no Recife em 1979, onde participou da fundação do CBA local, sendo enviado ao Congresso Internacional pela Anistia do Brasil, realizado na Itália, em 1979. Posteriormente, filiou-se ao PDT, fiel as ideias de simpatia política pelo “brizolismo” que o PORT cultivara nos anos 1960.

Aybirê não ingressou no trotskismo levado pelo encantamento com Minha Vida ou com a teoria da Revolução Permanente, mas por um compromisso radical e coerente com a classe trabalhadora, seus valores, seus projetos, que encontrou no PORT no Recife, uma boa expressão nos efervescentes anos 1960. Um compromisso de vida, que Aybirê sintetizou em seu livro: “Aprendi com meu próprio esforço e meus mestres foram a vida, as massas e a cadeia. Foi essa experiência de vida que me deu como base ideológica os seguintes princípios: o dever fundamental de um comunista é respeitar a dignidade humana; não abrir mão de seus princípios, nem nas discussões teóricas, na prática ou na tortura; ser fraternal com todos os companheiros, especialmente a juventude e os mais velhos, evitar todo o sectarismo, que não só é prejudicial, como deforma toda a pureza das ideias e dignidade revolucionária”.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

30 anos da LIT: Delegações de todo o mundo participarão do ato em Buenos Aires

Ato ocorre dia 1º de dezembro e vai contar com transmissão online
 


Cartaz de divulgação do ato
O ato em celebração do 30° aniversário de Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI) está mobilizando delegações do mundo todo.
Delegações do Brasil, Bolívia, Portugal, Chile, Espanha, Venezuela, Itália, Costa Rica, Uruguai, Peru, Paraguai, Colômbia, entre outros, já confirmaram sua presença no ato que será realizado em Buenos Aires, Argentina, país que abrigou a fundação da LIT. Do Brasil será enviada uma delegação composta por 250 ativistas.

Também já foram realizados diversos atos e eventos em diferentes países, como na Itália e na Colômbia, além de inúmeras palestras. No dia 15 de dezembro, será realizado, em Madri, um ato no qual vão participar delegações dos partidos e organizações da Europa filiados à LIT.

“Nossa comemoração não será uma lembrança do passado. Faremos desse passado bagagem e alicerce para o presente e o futuro. Não será um ato de recordação. Será um ato internacional e internacionalista, de luta, pelo triunfo da classe operária, da juventude e dos povos. Será um ato de luta contra toda opressão e injustiça. Será um ato de rebeldia e briga por um futuro melhor, pela revolução socialista internacional. Para que os trabalhadores de todo mundo avancem na luta pelo poder político em seus países”, explica Eduardo Barragán, do PSTU argentino.

E a luta dos trabalhadores pelo mundo tem alento no velho continente Europeu, que realizou uma Greve Geral continental no último dia 14, contra os ataques da Troika. “O ato que vamos celebrar no dia 1º será realizado à luz dos acontecimentos que sacodem o mundo e, em especial, o velho continente, e a luz, também, de uma nova realidade na LIT-QI. O ato nos oferece a oportunidade de explicar a nova realidade e desafios que enfrentamos na Europa. O “Estado de bem-estar” – que foi a base material dos governos liberais e social-democratas, dos partidos “socialistas” e “comunistas” e da burocracia sindical – está ruindo como um castelo de cartas”, explica Ángel Luis Parras, da Corriente Roja (Espanha).

O ato também será uma oportunidade para discutir os grandes avanços produzidos pela reorganização do movimento operário, como é o caso do Brasil. “No Brasil, o congresso da CSP-Conlutas, realizado em maio, foi uma vitória para a construção de uma alternativa independente, de luta e organização. Esse congresso confirma que a CSP-Conlutas é o pólo mais dinâmico do processo de reorganização do movimento operário no Brasil”, afirma Eduardo Almeida, da direção do PSTU, que também lembrou a eleição de dois vereadores pelo partido nas últimas eleições: “Agora, os movimentos sociais e todos aqueles que lutam pelo socialismo conquistaram dois importantes pontos de apoio no parlamento, com a eleição de Amanda Gurgel, em Natal, e Cleber Rabelo”, conclui.


Evento terá transmissão ao vivo

O ato em celebração do 30° aniversário da LIT terá transmissão ao vivo. A transmissão será realizada em dois idiomas, espanhol e português, e vai contar com duas câmeras instaladas no Clube Unione Benevolenza. Tudo para não perder nenhum detalhe, acompanhando todos os momentos do ato. Para assistir acesse o Portal do PSTU ou da LIT-QI.

Durante o ato, será lançado também o documentário sobre os 30 anos de história da LIT. Produzido pelo núcleo de comunicação do PSTU, e com 45 minutos de duração, será lançado nas versões em espanhol e português. O documentário também aborda os desafios atuais pós-restauração capitalista na ex-URSS e o crescimento da organização nos últimos anos. Adquira o documentário nas nossas sedes regionais.


Onde vai ser

SALÓN UNIONE E BENEVOLENZA. RUA JUAN D. PERÓN, 1362, 17H
Festa após o ato no Bauen Hotel. Av. Callao 360 Buenos Aires. 



Retirado do Site do PSTU

terça-feira, 27 de novembro de 2012

“Não aceitamos o ACE porque é flexibilização”

Em entrevista ao Opinião Socialista, Zé Maria e Altino Prazeres falam sobre campanha contra o ACE.



Zé Maria, dirigente da CSP-Conlutas e Altino Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários
No dia 28 de novembro, representações do movimento sindical de todo o país realizarão um ato em Brasília contra o Acordo Coletivo Especial (ACE), projeto apresentado pelos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, ao Congresso Nacional e que retoma proposta de FHC de flexibilização dos direitos trabalhistas e pretende impor o "negociado sobre o legislado". O Opinião entrevistou José Maria de Almeida, dirigente da CSP – Conlutas, central que já lançou uma campanha nacional contra o ACE, e Altino Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que lançou o desafio ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para confrontar, em um debate, os posicionamentos divergentes sobre o projeto.


Opinião - Qual a expectativa para o ato do dia 28 em Brasília?

Zé Maria - A ideia é fazer um primeiro contraponto à proposta que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC apresentou, porque eles apresentaram como se fosse uma proposta da classe trabalhadora. Vamos lá dizer que essa não é uma proposta dos trabalhadores. Há um setor muito importante do movimento sindical que está contra essa proposta porque ela implica numa maior abertura para a flexibilização dos direitos dos trabalhadores. Neste sentido, vamos lá para dizer que não aceitamos o ACE, porque é flexibilização e, já que é para mudar a CLT, tem que mudar para melhor. Tem que garantir a proteção contra a demissão imotivada, o direito de organização no local de trabalho. Essa é expectativa fundamental do ponto de vista político que temos com o ato.


Como será ato?

Zé Maria - Vai acontecer na Esplanada dos Ministérios durante toda a manhã. Além da participação da CSP-Conlutas, vão participar um agrupamento da CUT chamada "A CUT Pode Mais", o fórum das entidades dos servidores federais, a CNTA, que é a Confederação dos Trabalhadores em Alimentação, a Nova Central Sindical.

A ideia é levar representações do movimento sindical, ativistas, dirigentes sindicais de todo o país. Vamos reunir de 500 a 700 ativistas lá. Na parte da tarde, vamos ao Congresso Nacional entregar, ao presidente da Câmara e ao presidente do Senado, um documento estabelecendo a nossa oposição a essa proposta de lei que cria o Acordo Coletivo Especial.

A mobilização do dia 28 será também para demarcar o nosso posicionamento contrário a nova medida do governo em relação à Previdência Social que é destituir o fato previdenciário para substituí-lo pelo fator 85/95. Vamos exigir o fim do Fator Previdenciário. Não vamos aceitar que ele seja substituído por essa forma que implicaria trocar o seis por meia dúzia. Vamos lutar pelo fim do fator previdenciário e pelo direito à aposentadoria após os 35 anos de trabalho.

Por último, a manifestação também irá lançar a campanha nacional pela revogação da reforma da Previdência. Aquela que foi aprovada em 2003 e, como concluiu o próprio julgamento do mensalão, foi aprovada na base da compra de votos. A campanha envolve também uma iniciativa jurídica, já em andamento, para o STF que é um pedido de anulação da reforma da Previdência

Essa é a expectativa que nós temos com o ato em Brasília. Não é um ato de massa, mas um ato político importante que vai reunir representação sindical de todo o país.


O sindicato dos Metroviários de São Paulo fez um chamado ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para debater o projeto do ACE. Como está o preparativo para este debate?

Altino Prazeres - O debate vai acontecer no dia 26, às 18h, na sede do sindicato dos metroviários. Para a sua realização, foi feita uma negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, proponente do projeto do ACE. Fui, pessoalmente, na sede do sindicato, há duas semanas, para convidá-los a realizar dois debates, um no sindicato dos metroviários e outro no sindicato dos metalúrgicos. Até agora, eles só aceitaram realizar nos metroviários. O Sindicato dos metalúrgicos do ABC nos informou que vai levar dois ônibus com trabalhadores para participar do debate.

Nós estamos convidando a categoria e todos os ativistas e lutadores a participarem deste debate que será histórico, com a presença de dois sindicatos de peso e com posições claramente divergentes sobre o ACE. O debate será formado por dois debatedores. O debatedor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC possivelmente será o presidente do sindicato, Sérgio Nobre, e o outro, da nossa parte, que irá defender a opinião do sindicato dos metroviários de são Paulo, será o Zé Maria. Serão 40min para um lado e 40min para o outro. Depois, abriremos para as intervenções do público e, em seguida, o fechamento dos debatedores. Esse debate será transmitido ao vivo pelo sindicato dos metroviários e também será gravado por ambos os sindicatos. Enfim, será um debate histórico, com duas posições divergentes sobre o principal ataque que está colocado para a classe trabalhadora no próximo período.


Como está se dando o debate do ACE nos estados?

Zé Maria - Está se generalizando a realização dos debates e seminários nos estados, nos sindicatos, para massificar a discussão. Agora é a fase de levar o debate do ACE para a base das categorias e criar uma massa crítica. No próximo ano, à medida que a proposta entra em votação no Congresso, é o momento da realização de manifestações grandes em Brasília para exigir do Congresso Nacional a rejeição dessa proposta.


Como está a discussão sobre o ACE na categoria dos metroviários?

Altino Prazeres - Fizemos alguns debates na categoria. Já lançamos materiais que foram distribuídos para os metroviários, inclusive um panfleto de quatro páginas explicando o que é o Acordo Coletivo Especial e os seus problemas e impactos para os trabalhadores. Nos debates e materiais, pontuamos porque o ACE flexibiliza os direitos já conquistados e o porquê das grandes empresas abraçarem este projeto. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), por exemplo, está a favor do ACE. Estamos explicando isso pra categoria e o debate está acontecendo. Numa conjuntura de crise econômica, a existência do ACE pode impor uma situação mais agravada para a classe trabalhadora, deixando os nossos direitos ainda mais vulneráveis aos ataques da patronal e dos governos. No geral, o sentimento da categoria é de indignação porque a categoria já lutou, no passado, contra a flexibilização dos direitos trabalhistas. Existe uma tradição na categoria em relação a esta luta.


LEIA MAIS

Leia o manifesto aprovado no Seminário sobre o Acordo Coletivo Especial, em Porto Alegre

CSP-Conlutas impulsiona campanha contra flexibilização da CLT


Retirado do Site do PSTU

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Nota sobre a invasão da sede do PSTU em Duque de Caxias (RJ), na baixada fluminense

A sede do PSTU na cidade de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro, foi invadida neste sábado dia 24 de novembro. Trata-se de um atentado contra a liberdade de organização e queremos chamar o conjunto do movimento sindical, político e popular, assim como as entidades democráticas, a se posicionarem perante este grave fato.

O invasor, após arrombar a porta ,se deparou com objetos de valor como televisão, dois aparelhos de DVD’s, ventiladores, computador, impressora, roteador, scanner, etc . Mas é muito estranho que só tenha levado um dos aparelhos de DVD, mexido nas gavetas e levado documentos.

Para muitos pode existir a dúvida se é um crime comum ou um ataque político. Mas através da apuração dos itens roubados e depoimentos de duas pessoas que observaram um homem rondando a sede, concluímos que se trata de um crime político e não de um assalto comum.

Sabemos que os organismos de informação do Estado buscam dados sobre os movimentos e partidos de oposição, na preparação de futuras repressões. Isso não significa necessariamente, repressão imediata, mas a coleta de dados que possibilitará ações futuras.

O PSTU é um partido de esquerda de oposição aos governos municipal, estadual e federal que servem aos interesses da burguesia em detrimento dos interesses da classe trabalhadora. Além disso, na baixada fluminense a vida política é marcada pela truculência. As ameaças, a violência e a morte são parte da realidade política na região. Nas ultimas eleições vimos pelo menos uma tentativa de assassinato de candidato a vereador na cidade de Duque de Caxias e vimos assassinato de candidatos a prefeito em outra cidade da baixada.

Não sabemos se o ataque que sofremos foi impetrado pelos órgãos de informação ou por algum grupo político da região. Mas o risco que existe é que se tome esse crime político como um assalto comum e não se tome nenhuma providência diante deste ataque contra as mínimas liberdades de organização no país. Hoje atacam o PSTU e amanhã atacarão outros setores.

O governo federal, assim como o estadual e municipal, são os responsáveis por esta situação, pois cabe a eles garantir a segurança e os direitos democráticos de todas as organizações. Registramos a ocorrência na delegacia e estamos aguardando as providências da autoridade policial.

Chamamos a todos os partidos, sindicatos, entidades do movimento sindical, estudantil e popular, assim como as organizações democráticas, a repudiar a invasão e a exigir do governo a investigação do crime.

Direção Municipal do PSTU Duque de Caxias/RJ
Duque de Caxias, 24 de novembro de 2012



Retirado do Site do PSTU

Gaza sob ataque: Israel e ANP saem enfraquecidos

Crianças palestinas mortas durante ataques de Israel a Gaza
Após uma semana de intensos bombardeios sob a população civil de Gaza e a ameaça de uma invasão por terra, a exemplo da operação “Chumbo Fundido” de 2009, Israel foi obrigado a aceitar uma trégua com o Hamas no final desse dia 21 de novembro, quarta-feira.

Com a mediação do governo egípcio, ficou acertado o cessar fogo frente a algumas condições. O Hamas cessa o lançamento de foguetes e impede que outros grupos lancem, e Israel "afrouxa" o bloqueio que asfixia a população da Faixa de Gaza. Foi uma vitória, ainda que parcial, dos palestinos, que saíram às ruas para comemorar.

Oito dias de bombardeios israelenses deixaram um rastro de destruição em uma já combalida Gaza, e mais 166 mortos palestinos. No dia 22, um dia após a trégua, soldados israelenses executaram com tiros na cabeça mais um jovem palestino de apenas 23 anos que estava próximo à fronteira, mostrando que o cessar fogo não é tão sólido diante da fúria assassina do Estado de Israel.


Israel: terrorismo de Estado

Os ataques à Gaza se intensificaram com o assassinato de Ahmed Jabbari, líder das Brigadas Ezedin al Qasam, braço militar do Hamas. Jabbari, egresso do Fatah, foi o responsável pelo processo de negociação e troca do soldado isralense Gilat Shalit (preso em 2006 pelo Hamas) por mil presos políticos palestinos em 2011. Ao contrário da propaganda israelense que o caracteriza como um "radical terrorista", especula-se que no último período o dirigente estivesse envolvido em um processo de negociação de paz com Israel.

Ou seja, a ação militar desencadeada por Israel contra Gaza, batizada de "Pilar de Defesa", nada tem a ver com a segurança da população israelense ou os mísseis lançados pelo Hamas e outros grupos como resposta ao assassinato de Jabari. Tem sim a ver com as iminentes eleições legislativas no país, marcadas para janeiro de 2013, e a união dos partidos da ultradireita israelense, o Likud do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ultrancionalista Yisrael Beitenu do Ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman. Uma guerra agora unificaria o país, reforçando o sentimento nacionalista e amarrando o apoio da população para 2013.

"A união entre o Likud e o Yisrael Beitenu permitiria proteger israel diante das ameaças de segurança e o poder de fazer as mudanças econômicas do país", declarou à imprensa israelense Netanyahu. Os ataques à Faixa de Gaza, assim, serviram para distrair a atenção diante da crescente insatisfação com a inflação, a crise econômica e os cortes no orçamento impostos pelo governo do estado judeu. Demarca, principalmente, uma guinada ainda mais à direita, expressão dessa coalizão ultrancionalista e anti-palestina.


Uma outra situação

O recente bombardeio à Gaza não deixa ainda de ser uma resposta ao isolamento de Israel diante das revoluções e revoltas trazidas pela “Primavera Árabe”. O enclave militar do imperialismo no Oriente Médio sente necessidade de uma demonstração maior de força num momento em que já não conta com tradicionais aliados na região, e que outros tantos estão ameaçados.

O ex-ditador do Egito, Hosni Mubarak, sempre foi um auxílio a Israel no bloqueio das fronteiras de Gaza (em Rafah). Já o novo governo, encabeçado por Mursi e a Irmandade Muçulmana, embora se mantenha subserviente aos EUA (de quem depende financeiramente), já não pode atuar de forma abertamente favorável a Israel. A visita do primeiro-ministro egípcio Hisham Qandil à Gaza em pleno bombardeio, nesse sentido, foi vista como algo histórico.

Já o ditador sírio Bashar Al Assad, que embora no discurso apoie a causa palestina, sempre foi visto por Israel e os EUA como um garantidor da “estabilidade” no Oriente Médio e nas colinas de Golã. Outro aliado que faz fronteira com Israel, a Jordânia, vive uma onda de protestos inspirada na Primavera Árabe que ameaça a ditadura do rei Abdullah.


Quem saiu perdendo?

Apesar do cessar fogo, Israel tem seguido com provocações e ataques sistemáticos contra a população palestina. Além do assassinato do jovem palestino na fronteira com Gaza, que deixou vários feridos, o Exército sionista realizou dezenas de prisões na Cisjordânia. A região contou com fortes mobilizações contra os ataques de Israel, que se enfrentaram com as forças de segurança da Autoridade Palestina. Mas, ainda que a situação seja extremamente instável, pode-se dizer que Israel saiu enfraquecido. Percebeu que a região hoje, conflagrada, já não é a mesma que em 2009, quando pôde invadir Gaza e impor um saldo de 1400 mortos sem maiores problemas.

A Autoridade Nacional Palestina de Mahmoud Abbas, que controla a Cisjordânia, também sai abalada. Os ventos da Primavera Árabe se chocam com a política pró-Israel de Abbas e o seu governo de colaboração. Recentemente, quando Israel se preparava para atacar Gaza, o presidente da ANP deu uma declaração a uma TV israelense que foi tomada como uma renúncia ao direito de retorno. "Quero ver Safed. É meu direito vê-la, mas não morar lá", afirmou referindo-se à cidade em que passou a infância e que hoje integra o território israelense. Além disso, a população dos territórios ocupados percebe que, uma década após os Acordos de Oslo, a vida não melhorou, ao contrário.

Por outro lado, o Hamas se vê fortalecido, militar e politicamente. Apesar de estar muito longe de fazer frente às forças armadas israelenses, o Hamas e outros grupos como a Jihad Islâmica já não contam apenas com foguetes caseiros que atingiam apenas o sul de Israel. Agora, apesar do ainda muito modesto poder de destruição, Jerusalém e Tel Aviv estão no alvo.

Vai ficando cada vez mais claro, sobretudo, que a resistência do povo palestino contra o cerco e terror imposto por Israel e as revoluções árabes e do Norte da África, fazem parte de uma mesma luta. E ambas não tem como sair vitoriosas sem enfrentar esse enclave imperialista incrustado no Oriente Médio.


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LIT-QI: Não à matança sionista em Gaza!


Retirado do Site do PSTU