sábado, 13 de agosto de 2011

Dia 24 vamos a Brasília exigir 10% do PIB pra educação já!

Leia a nota da ANEL sobre a marcha convocada pelas entidades como parte da semana de luta de 17 a 26 de agosto


No dia 21 de julho a ANEL esteve presente em uma reunião em Brasília para organizar a Campanha Nacional por “10% do PIB pra Educação Já!” que contou com a presença de diversas entidades. Estavam lá representados o ANDES-SN, o MST, a CSP-Conlutas, o SINDSPREV, e diversas entidades estudantis como o DCE UFRJ, DCE UFRGS, o Centro Acadêmico de Geografia da USP, a Executiva Nacional de Pedagogia.

Em seu 1º Congresso, a ANEL aprofundou a discussão sobre os rumos que a educação brasileira tem tomado e aprovou que sua Campanha Nacional prioritária para o próximo semestre será contra o Plano Nacional da Educação (PL 8035/10) proposto pelo governo Dilma e em defesa dos 10% do PIB pra educação já.

As Calouradas devem fortalecer a luta contra o novo PNE: o Plano Nacional da Enrolação

Agora em agosto, em diversas universidades do país entram mais uma leva de novos alunos. As calouradas serão um importante momento para dialogar com os novos alunos e convidá-los a lutar junto conosco.

Para aqueles que sofreram com a injustiça do funil do vestibular, não é difícil perceber que a situação da educação brasileira está muito difícil. A maioria que passa pras universidades teve que estudar em colégios particulares ou fazer cursinhos pagos, porque não dá pra depender das escolas públicas, cada vez mais sucateadas e com péssimas condições de trabalho para os professores. A taxa de analfabetismo no Brasil é de quase 10% (bem mais que países como Uruguai, Chile ou Argentina), a evasão escolar chega a 13,2% e hoje apenas 14,4% dos jovens estão nas universidades, sendo destes apenas 4% nas públicas.

Em 2001, o governo propôs um Plano Nacional da Educação, com bonitas metas a serem cumpridas até 2010, que se tornaram palavras vazias quando 2/3 do que propunha não foi cumprido. O motivo? O governo propunha o investimento de 7%, e nem chegou aos 5%! E agora, com o novo PNE, de novo repete a meta dos 7%, quando o próprio ministro da educação diz ser muito difícil chegar a esse índice. No Brasil, há um atraso histórico no trato com a educação, e o governo pretende ampliar esse atraso para 20 anos com o novo PNE; a vida de uma geração inteira!

Sem dúvida, o grande desafio da juventude brasileira ao longo desse semestre vai ser lutar contra a aprovação deste Plano Nacional da Educação do governo Dilma. Ele busca sistematizar e transformar em política de estado os principais projetos educacionais aprovados pelo governo Lula, como o REUNI, o ENEM, o PROUNI, ensino à distância, ENADE, etc. Um verdadeiro PNE deveria defender a garantia de uma educação pública e de qualidade para toda a juventude, desde o ensino básico até o superior.

Acabar com analfabetismo, a evasão escolar, expandir as vagas das universidades públicas para a juventude ter acesso, com garantia de assistência estudantil, boas condições de trabalho para professores e funcionários. E pra isso, só com a ampliação imediata do investimento para 10% do PIB pra educação. Essa é a necessidade da juventude brasileira, e é por isso que a ANEL vai lutar.


A Educação não pode mais esperar: 10% do PIB Já! Não ao PNE do governo.
Todos à Jornada de Lutas e à Marcha em Brasília!


Entre os dias 17 e 26 de agosto está sendo articulada uma grande Jornada de Lutas do movimento sindical, popular e estudantil. Diversas categorias de trabalhadores já estão organizando suas campanhas salariais, os servidores federais e professores da rede estadual e municipal seguem em greve em diversas locais, o movimento sem terra lutando pelo assentamento de famílias e contra a violência e o fechamento das escolas no campo, diversas ocupações sem-teto fortalecendo a luta por moradia: é hora de unificar todos os lutadores. Entre os dias 17 e 19, vão haver diversos protestos em cada estado. No dia 24, uma grande Marcha em Brasília seguida de uma Plenária Nacional pelos 10% do PIB pra Educação Já.

No movimento estudantil, houve importantes lutas no começo do ano, como as diversas mobilizações contra o aumento da passagem e pelo passe-livre nacional. Em seguida, a juventude de todo o mundo entrou em cena, mostrando sua força derrubando ditaduras no mundo árabe e questionando a falsa democracia e os planos de austeridade dos países europeus. Na Espanha, para o próximo domingo se prepara a maior marcha do movimento 15-M. No Chile, os estudantes ocupam universidades, escolas, praças e ruas pela gratuidade da educação pública e em defesa dos recursos naturais, como o cobre, para as áreas sociais. A ANEL esteve sempre colada a cada um desses processos, estando presente no Egito e no Chile e mostrando que a sua luta tem o apoio dos estudantes do Brasil.

Chegou a hora, portanto, de fazer entrar em cena a juventude brasileira. Queremos chamar todos aqueles que buscam construir um movimento estudantil combativo e independente, que luta pela educação pública de qualidade, contra as opressões, em defesa do meio ambiente e da cultura popular, que se encontre com os trabalhadores em Brasília, no dia 24 de agosto. Vamos organizar junto com o ANDES-SN, a CSP-Conlutas e diversas entidades e movimentos sociais uma grande ALA em defesa dos 10% do PIB, pra gritar em alto e bom som em frente ao Planalto Central que se depender da gente, vamos barrar o PNE do governo e lutar em defesa do nosso projeto educacional.

Entre em contato com a Comissão Executiva Estadual do seu estado para fazer parte das listas de ônibus que serão organizadas em todo o país. Qualquer dúvida, mande um email para anelonline@gmail.com. Nos vemos em Brasília!


Retirado do Site do PSTU

PSTU exige que governo Dilma rompa relações do Brasil com a ditadura da Síria

Leia a nota do PSTU sobre as recentes declarações do chanceler Patriota e a ditadura Assad

Manifestação na Turquia contra a ditadura na Síria

O jornal Folha de S. Paulo da quinta-feira, dia 11 de agosto, publicou matéria sobre a situação da Síria destacando as declarações do Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Chanceler Antonio Patriota, apoiando a permanência do ditador Bashar Assad no poder apesar da heróica luta do povo sírio pelo fim desta ditadura sanguinária e pró-EUA.

Nas palavras do Chanceler brasileiro: "Tem que ter um pouco de prudência na aplicação do remédio, para que ele não mate o paciente" ... “Alternativas ao governo atual podem ser até mais problemáticas" ... "O que você faz? Tira o Assad e quem assume? O Exército? Outras forças que podem ser mais radicais, mais progressistas? Como [elas] conseguem implementar um plano de reforma?" ... Na mesma matéria chega a afirmar que os contatos com Assad e representantes de seu governo demonstram sua "disposição de assumir responsabilidade no fim da violência e na aceleração das reformas políticas".

Ao contrário da posição absurda de Patriota e do governo brasileiro, os fatos demonstram absolutamente o contrário, ou seja, a intensificação da violenta, criminosa e sangrenta repressão da ditadura síria contra a justa insurreição do seu povo pela democratização do país. O processo revolucionário na Síria já dura pelo menos cinco meses.

Segundo fontes internacionais, os mortos já chegavam, até o fim da semana passada, a mais de dois mil, sendo que a esmagadora maioria é de civis que participavam das manifestações contra a ditadura. Além das dezenas de milhares de feridos.

Estes números podem ser inclusive muito maiores, afinal a imprensa internacional segue proibida até hoje de cobrir os acontecimentos na Síria. Revelando que a disposição de Assad com reformas democráticas só existe nas declarações escandalosas da diplomacia brasileira.

A substituição da ditadura de Assad por um governo que, por exemplo, cobre com mais veemência a devolução do território das Colinas de Golã, que Israel tomou da Síria em 1967 na chamada Guerra dos Seis Dias, já seria suficiente para desestabilizar ainda mais a região do Oriente Médio. Israel, o maior aliado dos EUA na região, continua pressionado pela heróica luta do povo palestino e ficaria ainda mais isolado caso se retomasse uma nova disputa acirrada com a Síria.

Por isso, que em pese algumas declarações formais contra a violenta repressão, a ONU e os países imperialistas, especialmente os EUA, silenciam diante deste verdadeiro “banho de sangue”. Sempre é bom lembrar que a ditadura de Assad se tornou um dos governos que mais defendem os interesses imperialistas dos EUA na região.

O PSTU vem a público reafirmar seu total apoio a revolução do povo sírio contra a ditadura de Assad. A luta do povo sírio é parte integrante das Revoluções do Mundo Árabe que sacodem toda a região e já derrubou as ditaduras na Tunísia e no Egito.

Não cabe ao governo brasileiro julgar e definir os destinos deste povo que vem dando grande exemplo com sua luta heróica contra o regime ditatorial e contra o aumento da miséria, uma das muitas conseqüências da intensificação da crise econômica internacional.

Exigimos do governo brasileiro que deixe de apoiar esta ditadura sanguinária e rompa imediatamente as relações comerciais e diplomáticas com a Síria, enquanto a ditadura se mantiver no poder.

Chamamos todos os movimentos sociais combativos e as entidades que lutam pelos direitos democráticos no Brasil para intensificarem a campanha pela derrubada da ditadura de Assad e a favor da luta heróica do povo sírio, exigindo do governo brasileiro a ruptura de relações com este ditador.

Nosso partido apóia também a resolução tomada na última reunião da Coordenação Nacional da CSP Conlutas no sentido de ampliar no Brasil o apoio à luta do povo sírio pelo ‘Fora Assad’, cobrando do governo brasileiro uma mudança radical da postura que vem mantendo de apoio a esta ditadura sanguinário e pró-imperialista.

  • Viva a luta do povo sírio! Abaixo a ditadura e o regime de Bashar el Assad!

  • Viva a revolução síria e árabe! Fora imperialismo!

  • Dilma rompa as relações comerciais e diplomáticas com a ditadura síria!


  • Retirado do Site do PSTU

    quinta-feira, 11 de agosto de 2011

    Ministério do Turismo: mais um caso de corrupção no governo Dilma

    Em novo escândalo, 35 pessoas ligadas ao Ministério do Turismo são presas. PSTU defende prisão e o confisco de todos os bens de corruptos e corruptores


    Nesta terça, 9 de agosto, a Polícia Federal, na chamada “Operação Voucher”, prendeu 35 pessoas ligadas ao Ministério do Turismo. As acusações são de desvio de dinheiro público em convênio do próprio Ministério com o Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável), em 2009. Este convênio contou com verbas que chegam ao valor de R$ 4,4 milhões.

    Até agora foram presos o Secretário-Executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa (número dois na hierarquia do Ministério), o ex-Presidente da Embratur, Mário Moisés, o Secretário Nacional de Desenvolvimento de Programas de Turismo, Colbert Martins da Silva Filho, além de diretores e funcionários do Ibrasi e empresários.

    O atual ministro do Turismo é Pedro Novais (PMDB), indicado pelo PMDB, do Presidente do Senado, José Sarney, e do vice-presidente da República, Michel Temer. Sarney saiu em defesa de Novais, apresentando-o como "homem de reputação ilibada", mas fez questão de dizer que não "conhece" nenhum dos secretários presos. Entre os presos existem ainda políticos ligados ao próprio PT, como Mário Moisés, ex-assessor direto da senadora Marta Suplicy (PT) quando ela foi ministra da área, no governo Lula.
    O líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza, condenou o "abuso de Poder do Judiciário e do Ministério Público" nas prisões.

    O episódio ocorre no momento em que o país prepara-se para receber a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, com milhares de turistas. O Ministério responsável por parte importante das ações dos Jogos está mergulhado na corrupção. Somado com o sigilo das obras, as denúncias indicam que a Copa do Mundo poderá vir a ser conhecida como o grande espetáculo da corrupção.


    ESPLANADA

    Com mais este escândalo, chega a seis o número de Ministérios envolvidos em corrupção: Transporte, Agricultura, Cidades, Desenvolvimento Agrário, Minas e Energia e, agora, Turismo. Todos estes casos acontecidos em apenas sete meses de governo Dilma.

    No Ministério dos Transportes, é apontado um suposto esquema de propinas que beneficiava o Partido da República (PR), da base do governo. Este escândalo já derrubou o próprio ministro e atual senador Alfredo Nascimento (PR) e cerca de 20 funcionários do Ministério.

    No Ministério da Agricultura, são denúncias de “cabide de emprego” na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de políticos ligados ao PMDB e desvio de dinheiro público que podem chegar a R$ 13 milhões.

    No Ministério das Cidades, as denúncias apontam que o ministro Mário Negromonte (PP) favorecia empreiteiras que contribuíam com as campanhas eleitorais de seu partido. O Ministério liberou obras irregulares proibidas pelo próprio Tribunal de Contas da União.

    No Ministério de Minas e Energia, também indicado pelo PMDB, as denúncias atingem a Agência Nacional do Petróleo (ANP), dirigida pelo ex-deputado Haroldo Lima (PCdoB). Gravações mostram assessores ligados a ANP cobrando propinas de clientes que chegam à monta de R$ 40 mil reais, para "liberação" de processos e pedidos. Segundo a denúncia, este dinheiro seria desviado para o PCdoB.

    No Ministério do Desenvolvimento Agrário, as denúncias apontam para venda de lotes que deveriam ser destinados a famílias beneficiadas por programas de Reforma Agrária. Outra denúncia aponta para o desmatamento realizado por madeireiras em áreas destinadas a Reforma Agrária, no Norte do país. Estas denúncias podem atingir ainda o Ministério do Meio Ambiente.

    Somados a estes escândalos de corrupção nos seis Ministérios, ainda aconteceu a demissão do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci (PT), acusado de enriquecimento, usando sua posição no Governo.

    No Ministério da Defesa, ainda que a troca de Nelson Jobim por Celso Amorim não tenha sido motivada por escândalos, o setor terá de lidar com as denúncias envolvendo a cúpula militar, investigada por mau uso de recursos e favorecimento de empresas em obras como a do aeroporto de Natal.


    CORRUPÇÃO E CRISE

    Estes escândalos atingem vários partidos da base do governo, como PMDB, PR, PP, PCdoB e o próprio PT. Todos acontecem em um momento que a presidente Dilma pretende retomar votações impopulares no Congresso Nacional, que significam novos ataques aos trabalhadores e ao povo pobre do nosso país.

    Frente à intensificação da crise econômica, que abre a possibilidade de um novo quadro recessivo na economia mundial, Dilma vem defendendo mais cortes orçamentários e contingenciamentos nos investimentos sociais – lembrando que no início do seu Governo já foram cortados R$ 50 bilhões do Orçamento da União, atingindo principalmente áreas como saúde, educação e moradia – e o congelamento dos salários dos servidores públicos.

    Estas medidas buscam jogar mais uma vez sobre as costas dos trabalhadores o custo da crise econômica internacional.

    E, por outro lado, Dilma segue dando todo tipo de incentivos e isenções fiscais aos grandes empresários, como ficou mais uma vez evidente no lançamento semanada passada do Plano Brasil Maior, que desvia mais verbas da Previdência Social e provoca uma renúncia fiscal dos cofres do governo que pode chegar a 25 bilhões de reais.

    Além de continuar a governar privilegiando os ricos e os grandes empresários, Dilma não toma nenhuma medida concreta para impedir e combater a corrupção. A tese repetida pela imprensa, de que Dilma estaria fazendo uma "faxina" no governo, não passa de uma fantasia. Os escândalos estão se repetindo como acidentes de percursos, provocando no máximo a troca dos nomes a frente dos ministérios, sem afetar sequer a partilha dos cargos entre os partidos "aliados". A impunidade está prevalecendo, como no caso do ministro que, após denúncias, assume a vaga no Senado.

    Dilma e o PT não romperão com a estrutura montada para atender os aliados. Continuarão abrindo o cofre, com as raposas (inclusive do próprio PT e do PCdoB) tomando conta de orçamentos milionários. Agora, com a crise, Dilma precisará ainda mais dos "aliados". Para impor estas medidas impopulares, continuará cedendo ainda mais as pressões da sua base de apoio no Congresso Nacional. Ou seja, mais casos de corrupção devem estar por vir.

    Tanto é assim que, nesta quarta-feira, 10, Dilma fará um encontro de emergência com a bancada governista. Nem mesmo com denúncias em seis ministérios, o governo chegou a convocar uma reunião desse tipo. O que motivou a reunião é a crise, e as medidas de cortes e os ataques que serão feitas. Como antecipou o ministro Guido Mantega, ao avisar que não é uma boa hora para pedir aumento.


    INDIGNAÇÃO

    O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) exige do governo Dilma a demissão de todos os ministros e funcionários envolvidos em casos de corrupção. Da mesma forma, defendemos a cassação dos mandatos dos parlamentares corruptos. Mas as medidas contra a corrupção não podem parar aí. Defendemos a prisão, a devolução do dinheiro aos cofres públicos e o confisco dos bens de todos estes corruptos e corruptores.

    Queremos uma apuração total e independente de todos estes casos de corrupção que se espalharam na Esplanada dos Ministérios. Uma investigação formada a partir de entidades reconhecidas dos movimentos sociais e democráticos do nosso país.
    Não depositamos nenhuma confiança numa CPI deste Congresso Nacional, formado majoritariamente por políticos corruptos que votam sempre de acordo com interesses dos grandes empresários e contra os trabalhadores.

    Por isso, uma CPI somente composta pelos atuais deputados e senadores não vai investigar até o fim todos estes casos de corrupção. Afinal, não só os partidos da base do governo são reconhecidamente corruptos, também os partidos da chamada oposição de direita (PSDB, DEM e PPS) sempre estiveram ligados a casos de corrupção. Especialmente durante o governo do ex-presidente FHC, que manteve e aprofundou esta relação fisiológica com o Congresso Nacional e os partidos aliados, inclusive o mesmo PMDB de Sarney.

    Nosso partido apóia também a construção da Jornada Nacional de Lutas, convocada por entidades combativas dos movimentos sociais brasileiros, como a CSP Conlutas. Dentro desta jornada de lutas acontecerá uma manifestação nacional em Brasília no dia 24 de agosto, este protesto será uma grande oportunidade de não só apresentar a pauta de reivindicação destes movimentos, como também exigir do Governo Dilma medidas efetivas contra a corrupção.

    Como estão mostrando os protestos dos bombeiros em Brasília, o dinheiro que deveria melhorar os salários dos trabalhadores e as aposentadorias está indo embora, através de mecanismos de corrupção e na sangria do pagamento dos juros das dívidas aos banqueiros e da ajuda aos empresários e o agronegócio.


    Retirado do Site do PSTU

    quarta-feira, 10 de agosto de 2011

    A economia mundial estremece

    As origens e perspectivas da crise econômica atual


    Painel mostra queda das bolsas
    A crise econômica internacional voltou ao centro do noticiário. As bolsas desabam em todo o mundo. Fatos que antes eram considerados quase impossíveis se sucedem em um ritmo vertiginoso: rebaixamento dos títulos do tesouro norte-americano, ataques especulativos contra as moedas da Itália e Espanha, risco de quebra de países imperialistas.

    Existe hoje uma agudização da crise econômica em curso desde finais de 2007. E a dimensão histórica desta crise pode ser sentida novamente pela gravidade dos fatos atuais.


    As origens da situação atual

    Tudo começou no final de 2007, com uma crise clássica da economia capitalista de superprodução e redução na taxa de lucros das grandes empresas. Logo isso se traduziu em uma queda vertiginosa na produção industrial, agravada brutalmente com uma gigantesca crise financeira. O caráter parasitário do capitalismo se manifestava em uma enorme hipertrofia financeira especulativa e um grau de endividamento inédito das famílias, empresas e estados. O sinal mais conhecido da crise foi a falência do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008. Mas era o início de algo muito mais profundo que uma crise financeira: começava a mais grave crise econômica do capitalismo desde 1929.

    Essa crise, mais além de suas determinações econômicas, tinha uma explicação também na luta de classes. Estava fracassando a ofensiva imperialista desencadeada pelo governo Bush para tentar retomar o auge neoliberal dos anos 90. A invasão do Iraque se empantanava com a resistência do povo, a imposição da ALCA na América Latina não vingou, começou a resistência dos trabalhadores europeus. Isso dificultou a retomada da taxa de lucros e precipitou a crise.

    O primeiro momento da crise justificava o temor de uma nova depressão mundial. Houve uma queda livre da produção industrial nos países imperialistas que se aproximavam aos de 29. Havia um claro risco de quebra do sistema financeiro internacional, com os grandes bancos imperialistas à beira da falência.


    Despejando dinheiro

    No entanto uma gigantesca e inédita operação dos governos imperialistas mudou o cenário: os estados entregaram cerca de 25 trilhões de dólares às grandes empresas e bancos ameaçados. Esses números são apenas aproximativos, porque na verdade ninguém sabe com clareza a dimensão real dessa ajuda. Recentemente, o Government Accountability Office (um instituto do congresso dos EUA) descobriu que o Tesouro norte-americano entregou 16 trilhões de dólares em empréstimos secretos às grandes empresas. Não se trata de pouca coisa, é mais que o PIB dos EUA sendo entregue secretamente aos grandes bancos. Não houve nenhuma crise, nenhuma prisão. É provável então que essa cifra total da ajuda chegue aos 40 ou 50 trilhões de dólares, se aproximando de todo o PIB mundial (63 trilhões de dólares).


    Endividamento recorde

    A ação dos governos imperialistas impediu uma nova depressão. Começou então uma pequena recuperação da economia global, que marcou uma segunda fase da crise. Mas não se resolveu a superprodução existente. Nem ocorreu a queima de capital (quebra de empresas) inevitável e necessária no curso normal das crises capitalistas. A injeção histórica de capital dos governos salvou as grandes empresas, mas agravou todos os problemas existentes. Para ser preciso, acrescentou um novo e gigantesco problema: o endividamento recorde dos estados imperialistas que foi necessário para bancar essas doações às grandes empresas. Ou, para falar de outro ângulo, se criou uma nova e gigantesca bolha financeira mundial.

    A dívida federal do governo dos EUA passou de 9,2 trilhões de dólares em 2007 a 14,5 trilhões em 2011, o que corresponde a 100% do PIB. A dívida alcança nos países europeus a 63% do PIB da Espanha, 76,5% na Inglaterra, 81,7% na França, 93% em Portugal, 114% da Irlanda, 120% da Itália e 152% do Grécia. É essa bolha que está estourando agora.

    Para os economistas burgueses, a crise tinha acabado em 2010. Nós dizíamos que aquela recuperação era apenas uma fase de uma onda longa depressiva da economia capitalista. Existem os que não aceitam a existência dessas ondas longas. Mas independente do nome, a realidade é que estamos perante um período longo de decadência do capitalismo que se estenderá por 10-15 anos, com períodos de recuperação curta e crises maiores. Para sair desse período, o capital terá de derrotar as lutas dos trabalhadores e impor um novo grau de exploração, para poder retomar uma taxa de lucros que possibilite abrir uma nova fase ascendente.


    Ataque aos trabalhadores

    A evolução posterior da economia comprovou a continuidade da crise. Começando pela Grécia e Irlanda e se estendendo rapidamente para Portugal, Espanha e Itália, os países europeus enfrentar o gigantesco déficit público em que se meteram. Como as dívidas se tornaram impagáveis, os mesmos bancos que se beneficiaram dos gastos públicos em 2008-2009 exigiram que os governos passassem a aplicar duros planos de austeridade para garantir o pagamento das dívidas. Ou seja, chegou a hora de impor que os trabalhadores paguem com cortes nos serviços sociais, aposentadorias e salários o dinheiro que os bancos receberam de graça.

    O capital financeiro, fração hegemônica do capital, fez com que os estados deslocassem gigantescas somas de dinheiro para evitar a quebra de grandes empresas, como seguradoras do grande capital. O resultado é que agora está ocorrendo uma crise fiscal sem precedentes na Europa e nos EUA. E já existem estados à beira da falência, como Grécia, Irlanda e Portugal. Perante isso, esses mesmos bancos exigem a adoção de planos de austeridade que têm como principal objetivo a continuidade no pagamento das dívidas, ou seja, o repasse para eles mesmos.

    Essa é a origem dos planos europeus de austeridade recentes. E é também a explicação do recente acordo Obama-republicanos.


    Luta de classe em cena

    A crise da dívida dos governos europeus marca uma terceira fase da crise. Nela está ocorrendo um desenvolvimento da luta de classes que não tinha surgido nas anteriores. O movimento de massas começou a entrar em cena, levando a uma polarização crescente da luta de classes.

    Está em curso uma verdadeira guerra social da burguesia européia para acabar com o "estado de bem estar social", promovendo um brutal retrocesso do nível de vida do proletariado. Não está em jogo apenas o repasse dos custos da crise atual para os ombros dos trabalhadores. Já está se anunciando um novo patamar de exploração sobre o proletariado, aproximando o nível de vida dos trabalhadores europeus com os dos países semi-coloniais. Se conseguirem impor um plano de austeridade, logo virá outro, mais e mais severo.

    Isso já se expressa com clareza na situação da juventude dos países imperialistas, que a cada dia vê menos condições de manter um nível de vida semelhante a de seus pais. O desemprego entre os jovens atinge em muitos países 20-25%, e chega a 40% na Espanha. Não é por acaso que a juventude tem tido um papel de vanguarda nas mobilizações da Grécia, Portugal e Espanha.


    A crise da União Europeia

    A crise atinge o conjunto da zona do euro. A UE não é simplesmente um acordo de livre comércio, pois inclui uma união monetária. Une desiguais ampliando brutalmente essa desigualdade, a favor dos países com indústria mais desenvolvida como Alemanha e França. Os países mais fracos estão vendo suas empresas desaparecerem, e não podem recorrer a medidas de proteção cambial (como a desvalorização da moeda) por estarem presos ao euro.

    Já existia um retrocesso de países que tinham um status imperialista e caminhavam para virar semi-colônias no marco da União Européia. Esse retrocesso pode dar um salto agora em países como Grécia e Portugal. Não é por acaso que membros do Banco Central europeu se referem ao acordo da Grécia dizendo que esse país tem de renunciar a sua soberania.

    Por outro lado, o conjunto do sistema financeiro está afetado. Não se trata da crise de alguns países. A crise grega afeta diretamente os bancos alemães e franceses, envolvidos nos financiamentos do estado. As crises espanhola e italiana já seriam por si qualitativas, pelo peso dessas economias.

    Esse nível de ataque está levando a uma polarização social e política crescente, e a uma desestabilização de vários países europeus, ainda de forma muito desigual. Nos países mais avançados existem crises políticas de governos como Berlusconi, Sarkozy, Papandreu. Além de um ascenso das lutas dos trabalhadores e da juventude pode-se observar importantes divisões entre a burguesia. Não existe uma visão comum de como enfrentar a crise entre os governos imperialistas, e existe cada vez mais crise também nas burguesias de cada um dos países. O continente europeu entrou em desestabilização.

    Na luta de classes está se jogando o desfecho da crise econômica. Caso o grande capital seja vitorioso, o proletariado europeu terá o nível de vida dos latinoamericanos, os latinos se aproximarão dos chineses, etc. Países antes imperialistas se transformarão em semicolônias. Caso os trabalhadores derrotem algum desses planos, vamos ver situações e crises revolucionárias novamente na Europa, como foram o maio de 68 francês e a revolução portuguesa.

    Intensificação da crise torna mais provável uma nova recessão mundial
    As bolsas desabaram na semana que passou pelo temor de uma nova recessão mundial. Em vários países, a queda anulou o crescimento do último ano, voltando a patamares de 2009.

    O temor é justo. Já existia uma desaceleração da economia mundial antes da intensificação da atual da crise. Na Europa, o primeiro trimestre de 2011 mostrou crescimento importante na Alemanha (1,5%) e França (1%), com estagnação na Inglaterra (0,5%), Espanha (0,3%), Itália (0,1%) e recessão em Portugal (-0,7%) e Grécia (-4,5%). Nos EUA, o primeiro semestre de 2011, como já vimos, apresentou uma desaceleração, com crescimento de apenas 0,9% do PIB. O Japão já vivia uma retração desde o último trimestre de 2010 (-1,1%), agravado pelo tsunami no primeiro trimestre de 2011 (-3,7%).

    Sobre essa desaceleração vai recair os efeitos dos planos de austeridade que são claramente recessivos. Está colocada no horizonte a possibilidade de uma nova recessão mundial. A crise da dívida dos EUA pode ter sido um marco, semelhante à falência do Lehman Brother em 2008, de uma virada em direção a uma nova recessão.


    Desigualdade

    Existe ainda uma desigualdade marcante, com duas velocidades na economia mundial. A China segue crescendo forte com 9,7 no primeiro trimestre e 9,5% no segundo. Não se trata de nenhum mistério, mas da continuidade da aposta do imperialismo em produzir para todo o mundo nesse país com salários baixíssimos e uma ditadura repressiva. A China não é um país imperialista ascendente, são as filiais das multinacionais que estão decidindo manter esse investimento. Isso vai seguir enquanto for possível manter as exportações para o mercado mundial e, em particular, para os países imperialistas. Durante a recessão de 2008-2009, depois de uma pequena queda, a economia chinesa seguiu crescendo. Será necessário ver como evolui agora, caso se imponha uma nova recessão mundial.


    Um novo cenário

    Caso ocorra uma nova recessão, a situação política já não será a mesma de 2008. Existe uma polarização da luta de classes que não existia naquela época. Isso inclui ascenso do movimento de massas em vários países europeus, além da revolução árabe. Por outro lado, existe um grau muito maior de divisão nas burguesias dominantes. O comando imperialista está golpeado pela crise política nos EUA e o enfraquecimento de Obama, além de crises em vários dos principais governos europeus.

    A crise econômica vai ter uma dinâmica completamente interligada à política. Caso o proletariado europeu consiga derrotar algum dos planos imperialistas de austeridade, ou o proletariado dos EUA entrar em cena, veremos a crise econômica se aprofundar.


    Cartas esgotadas

    Por outro lado, o grande capital vai esgotando sua capacidade de tirar coelhos da cartola para escapar da crise. A grande cartada da injeção de dinheiro público já foi usada. Parte importante da crise atual é a instabilização do sistema financeiro pela crise das dívidas dos estados e o rebaixamento da dívida norte-americana. A grande bolha financeira gerada pela política anti-crise de 2008-2009 se transformou em combustível da crise atual. Não se pode subestimar a capacidade da grande burguesia imperialista em gerar iniciativas que possam adiar a crise. Mas uma parte de seu arsenal já foi usado, e está se virando contra ela.

    A crise econômica recoloca a necessidade do socialismo. A economia mundial estremece mais uma vez. O caráter parasitário do capital financeiro aparece com sua verdadeira face. Mais uma vez a miséria se espalha em todo o mundo para preservar os lucros altíssimos das grandes empresas, o luxo extravagante de uma minoria de magnatas.

    É possível viver em um mundo sem crises. Elas não são fenômenos da natureza como as enchentes ou tsunamis. São um resultado periódico do domínio das grandes empresas sobre a sociedade. É necessário acabar com a propriedade privada dos bancos, indústrias e grandes comércios para poder planificar a economia em função das necessidades da população. Essa é a proposta socialista, mais atual que nunca.


    E o Brasil nisso tudo?

    A economia brasileira segue crescendo, devendo fechar o ano com mais 4% ou 4,5% a mais no PIB. Mesmo que haja uma nova recessão, os ritmos de sua chegada ao Brasil serão mediados pela evolução da economia chinesa. Caso a China siga crescendo, o Brasil seguirá se mantendo.

    Ou seja, se as multinacionais decidirem seguir investindo na China e no Brasil, o país continuará crescendo. Isso continua acontecendo hoje. No primeiro semestre desse ano, o investimento estrangeiro bateu recorde no país, chegando a 32,4 bilhões de dólares.

    No entanto, essa dinâmica não está assegurada. Os capitais especulativos, por exemplo, fugiram do país em ritmo acelerado na semana passada, fazendo a Bolsa brasileira despencar na segunda maior queda de todo o mundo.

    Nesse cenário incerto, o governo Dilma já apontou o caminho escolhido, com os estímulos às grandes empresas e aumento na taxa de juros. A burguesia brasileira vai se preparar para a crise endurecendo nas negociações salariais.

    O movimento operário, justo no início das campanhas salariais desse segundo semestre deve se espelhar nas lutas dos trabalhadores europeus. Vamos encarar lutas mais duras pela crise que se avizinha. Mas é possível lutar, é possível vencer.


    LEIA MAIS

  • O acordo Obama e republicanos: a virada dos EUA


  • Retirado do Site do PSTU

    terça-feira, 9 de agosto de 2011

    Maria Lúcia Fattorelli: A crise da dívida dos EUA

    "Não é de hoje que estudos, auditorias e investigações denunciam que a dívida pública, ao invés de aportar recursos ao Estado, vem desviando recursos (que deveriam se destinar a áreas sociais) para o pagamento de juros e amortizações de uma dívida cuja contrapartida não se conhece, pois não existe a devida transparência."

    A crise da dívida dos Estados Unidos da América do Norte, maior economia do planeta, escancara a usurpação do instrumento de endividamento público e a sua utilização em benefício do setor financeiro bancário.

    Sabemos que o endividamento público é um importante instrumento de financiamento dos Estados, por isso todas as nações são autorizadas a endividar, dentro de certos limites e condições. As dívidas contraídas deveriam aportar recursos aos cofres públicos, complementando os recursos arrecadados por meio de tributos, de forma que o Estado possa cumprir seu papel e garantir vida digna ao seu povo.

    Não é de hoje que estudos, auditorias e investigações denunciam que a dívida pública, ao invés de aportar recursos ao Estado, vem desviando recursos (que deveriam se destinar a áreas sociais) para o pagamento de juros e amortizações de uma dívida cuja contrapartida não se conhece, pois não existe a devida transparência.

    Assim, o problema central é que o instrumento do endividamento público tem sido utilizado como um sistema de desvio de recursos públicos que, para operar, conta com arcabouço de privilégios e possui diversas ramificações que constituem o que batizamos de “Sistema da Dívida”.

    Nos EUA, esse sistema operou, recentemente, para salvar grandes bancos em risco de quebra. Até a semana passada, não se sabia o tamanho dessa ajuda, pois as informações eram vagas e conflitantes, até que no último dia 21 de julho o Senador Bernie Sander publicou o seguinte:

    Auditoria inédita realizada pelo Departamento de Contabilidade Governamental norte-americano revelou que US$ 16 trilhões foram secretamente repassados pelo Banco Central dos Estados Unidos – FED, Federal Reserve Bank – para bancos e corporações norte-americanas, bem como para alguns bancos estrangeiros de diversos países.

    Os registros de tais repasses haviam sido anotados pelo FED sob a modalidade de empréstimos com juros próximos de zero, realizados no período de dezembro/2007 e junho/2010, que abrange tanto a administração Bush (republicanos) como Obama (democratas).

    Assim, volumosa dívida pública foi contabilizada para garantir ajuda aos maiores bancos do país e do exterior. Lista de instituições que receberam a maior parte dos recursos do Federal Reserve está registrada na página 131 do Relatório de Auditoria Governamental, resumida a seguir:

    Citigroup: $2.5 trillion ($2,500,000,000,000)
    Morgan Stanley: $2.04 trillion ($2,040,000,000,000)
    Merrill Lynch: $1.949 trillion ($1,949,000,000,000)
    Bank of America: $1.344 trillion ($1,344,000,000,000)
    Barclays PLC (United Kingdom): $868 billion ($868,000,000,000)
    Bear Sterns: $853 billion ($853,000,000,000)
    Goldman Sachs: $814 billion ($814,000,000,000)
    Royal Bank of Scotland (UK): $541 billion ($541,000,000,000)
    JP Morgan Chase: $391 billion ($391,000,000,000)
    Deutsche Bank (Germany): $354 billion ($354,000,000,000)
    UBS (Switzerland): $287 billion ($287,000,000,000)
    Credit Suisse (Switzerland): $262 billion ($262,000,000,000)
    Lehman Brothers: $183 billion ($183,000,000,000)
    Bank of Scotland (United Kingdom): $181 billion ($181,000,000,000)
    BNP Paribas (France): $175 billion ($175,000,000,000)

    Estas cifras estratosféricas evidenciam a utilização do instrumento do endividamento público para fins totalmente diversos do que se poderia considerar justificável, pois enquanto bancos receberam ajuda de US$ 16 trilhões – soma superior ao PIB do país – o peso dessa “dívida pública” tem recaído sobre o povo, provocando desemprego recorde, restrições a serviços de saúde e demais benefícios do seguro social, transformado radicalmente a realidade social naquele país, e para pior.

    As revelações dessa auditoria governamental são tão alarmantes que levam à necessidade de aprofundamento das investigações, tendo em vista que o volume de recursos emprestados aos bancos, de US$ 16 trilhões, supera o atual saldo da dívida pública estadunidense, de US$ 14,5 trilhões.

    Além desses repasses feitos pelo FED, o Tesouro também destinou grandes somas de recursos aos bancos, tanto sob a forma de repasses diretos como por meio de programas de salvamento bancário que consumiram grande parte da arrecadação tributária do país.

    A crise que atinge a maior economia do planeta também provoca conseqüências para o resto do mundo, mas antes de entrar nessa abordagem, cabe questionar porque razão o FED teria repassado tamanho volume de recursos aos maiores bancos do país e do mundo?

    Possivelmente, a cumplicidade do governo norte-americano de não coibir a emissão descontrolada de produtos financeiros que se revelaram verdadeiro “lixo”, seguida de tentativas de empurrar esse lixo para debaixo do tapete com a criação dos chamados “bad banks” – instituições que se prestariam a acatar volumes expressivos desses papéis podres, realizando uma “faxina” para aliviar o sistema financeiro americano  – e talvez até garantias governamentais a certas operações, pesaram em favor da decisão política de salvar os bancos mediante a emissão de trilhões de títulos da dívida, transformando a crise financeira em crise da dívida.

    Adicionalmente, a desregulamentação do mercado financeiro internacional contou com a cumplicidade das principais nações, já que em reunião do G-20 realizada em abril/2009 a proposta de regulamentação do setor não passou. No ano seguinte, o G-20 apenas discutiu a necessidade de regulação mais rigorosa para grandes instituições financeiras, consideradas “grandes demais para quebrar”, admitindo que tal regulação seria uma medida para evitar que novas eventuais falências não tivessem que ser resolvidas pelos governos, aprofundando a dívida pública e colocando economias inteiras em risco.

    Portanto, a origem da crise deflagrada desde 2008 nos EUA reside no setor financeiro bancário e sua excessiva “criatividade” na produção de séries e mais séries de derivativos sem lastro e outros produtos financeiros sem respaldo e sem valor algum – chamados de “ativos tóxicos” pela grande mídia.

    Derivativos são meras apostas baseadas em outro ativo real. Por exemplo, se determinado conjunto de ações de determinada empresa vale R$ 1.000, faço uma aposta de que aquele conjunto pode valer mais, por exemplo R$ 1.500, e emito um derivativo no valor de R$ 500. Enquanto existem diversas restrições legais e normativas para a colocação de ativos reais no mercado financeiro, a emissão de derivativos não é controlada, o que deu margem para que essas emissões se tornassem um negócio altamente rentável, pois o custo de produção de um derivativo era praticamente nulo.

    Como os derivativos são meras apostas especulativas que podem vir a se concretizar ou não, esses papéis deram margem ao surgimento de outros papéis que funcionam como “seguros” para garantir o investidor contra o risco inerente àquelas apostas, também vendidos em larga escala pelos bancos.

    Esses papéis inundaram o mercado financeiro mundial e foram repassados a fundos de investimento, fundos de pensão, fundos soberanos e toda espécie de investimentos mundo afora.

    Na medida em que as apostas especulativas foram se frustrando, o tremendo volume de seguros começou a ser acionado, levando os bancos a sérios problemas financeiros. Cabe ressaltar que quanto maior e mais famoso o banco, maior a facilidade de colocação de seus derivativos no mercado, e mais amplo o acesso a mercados secundários em todas as partes do mundo, inclusive paraísos fiscais, o que explica a destinação de volumes de recursos mais expressivos para os maiores bancos, conforme lista divulgada pela auditoria governamental.

    Apesar da gravidade dessa questão relacionada à origem da crise e ao salvamento dos bancos, as discussões predominantes no parlamento norte-americano nos últimos dias limitaram-se à necessidade de elevar o limite legal para o endividamento – atualmente fixado em US$ 14,3 trilhões – bem como ao corte de gastos sociais para que sobrem mais recursos para o pagamento de compromissos financeiros da dívida.

    Essa crise propiciou acalorados debates e exploração de desgastes políticos inerentes ao período pré-eleitoral estadunidense que até o Secretário de Tesouro Timothy Geithner chamou de “espetáculo”, manifestando sua preocupação de dano à confiança nos Estados Unidos e à cotação dos títulos pelas agências de risco.

    Parlamentares debateram também a iminência de uma moratória, o risco de colapso do dólar e de inflação galopante, engenharia financeira, dentre outros problemas estruturais da economia dos EUA, mas o foco da origem da crise – que reside na atuação do setor bancário que inundou o mercado financeiro de papéis sem lastro- não foi devidamente atacado, muito possivelmente em reconhecimento à generosidade do setor financeiro no financiamento de campanhas eleitorais.

    Democratas e republicanos acabaram chegando a um acordo para aprovar, por 74 contra 26 votos, um pacote de “legislação de emergência” que de imediato eleva o limite legal de endividamento em mais US$ 400 bilhões, seguido de mais uma elevação de US$ 500 bilhões, o que permitirá a emissão de mais 900 bilhões de dólares em títulos que cobrirão dívidas anteriores, reduzindo o déficit. Os cortes de gastos sociais serão objeto de cortes drásticos de US$ 2 trilhões em uma década e atingirão principalmente gastos com aposentadorias, assistência médica e subsídios agrícolas.

    A solução encontrada é paliativa e o problema real está longe de ser resolvido, pois não está sendo enfrentado: a economia mundial padece da contaminação de imensa quantidade de papéis sem lastro; verdadeiro “lixo” estimado em cerca de 10 vezes o PIB mundial que as nações mais ricas do mundo, principalmente os Estados Unidos, decidiram reciclar mediante a sua troca por dívida pública.

    Países da Europa também decidiram salvar os bancos que se encontravam em risco de quebra por terem emitido papéis financeiros sem respaldo, transformando a crise financeira em crise da dívida naquele continente.
    Na realidade, o salvamento do sistema bancário e o acobertamento das operações que de fato provocaram a crise financeira nos EUA e Europa estão relacionados à evidente tentativa de transferir os papéis podres para o resto do mundo. O Brasil não está imune de absorver esse lixo, mas as conseqüências da crise da dívida norte-americana vão muito além desse risco.

    Devido à aceitação mundial do dólar em transações comerciais e financeiras, diversos países aplicam suas reservas internacionais em títulos da dívida dos EUA. O Brasil é um destes países, tendo acumulado mais de 200 bilhões de dólares em títulos do Tesouro estadunidense nos últimos 6 anos, embora tal aplicação não renda quase nada ao país. O mais grave é que a compra dessas reservas internacionais (que não rendem quase nada) foi feita mediante a emissão de títulos da dívida interna brasileira que pagam os juros mais elevados do mundo. Essa diferença de rendimentos agravada pela forte desvalorização do dólar frente ao real resultou em mega prejuízo ao Banco Central do Brasil, da ordem de R$ 147 bilhões em 2009 e R$ 50 bilhões em 2010, que é arcado pelo Tesouro Nacional, isto é, por toda a sociedade. O endividamento brasileiro já atinge quase R$ 3 trilhões e em 2010 consumiu 44,93% dos recursos do orçamento da União, sacrificando os investimentos em saúde, educação e todas as demais áreas. Desta forma, o povo brasileiro também já está pagando, há algum tempo, a conta da crise da dívida norte-americana.

    Outros impactos advirão das medidas aprovadas nesse 2 de agosto de 2011: a demanda norte-americana por produtos de outros países deverá ser fortemente abalada pelas medidas recessivas que estão sendo adotadas para reduzir gastos e fazer sobrar mais recursos para o pagamento da dívida. Além de afetar, em cascata, o comércio de diversos países, tais medidas recessivas provocarão o agravamento da própria crise, inibindo investimentos reais, produtividade e geração de empregos. Por isso outro impacto deverá ser o aumento da pressão para a colocação de produtos norte-americanos em todos os mercados, afetando indústrias locais.

    Segundo Michel Chossudovsky, para financiar o salvamento dos bancos o governo dos EUA recorreu a empréstimos junto a esses mesmos bancos. Assim, como num passe de mágica, os bancos falidos foram salvos e ainda transformados em credores do Estado! Por isso, o autor defende a ANULAÇÃO destas dívidas, o retorno dos recursos ao Tesouro dos EUA, e o confisco dos bens dos especuladores, proposta bem distinta da recentemente aprovada no parlamento norte-americano.

    A atual crise expôs a dominância do setor financeiro e impõe a necessidade de revisão desse modelo de desenvolvimento e de acumulação capitalista que privilegia o setor bancário. Especialmente nos Estados Unidos, o privilégio de impressão de moeda e emissão de títulos da dívida para financiar investimentos, mas também especulação e guerras, se esgotou.


    Notas da autora:

    - PIB = Produto Interno Bruto; soma de todas as riquezas produzidas no país no período de 1 ano. O PIB dos EUA é o maior do mundo e equivale atualmente a US$ 14,12 trilhões

    - A emissão descontrolada desses papéis “tóxicos” foi possibilitada porque os controles existentes, determinados pela SEC – Securities and Exchange Commission, Estados Unidos da América – órgão criado logo após a crise de 1929 e que desde então exercia o papel de controlar a qualidade e autenticidade dos papéis negociados no mercado financeiro – foram desrespeitados por diversas grandes instituições financeiras (O documentário Inside Job, disponível na internet, ilustra bem esse mecanismo)

    - Em inglês: Toxic assets, termo empregado para papéis completamente podres, que não possuem valor algum. Outra denominação é dada para papéis também problemáticos, mas que ainda teriam algum valor; são os chamados Iliquid assets

    Maria Lucia Fattorelli é coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida no Brasil desde 2001, foi membro da Comissão para a Auditoria Integral Equatoriana (CAIC) entre 2007 e 2008 e Assessora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública na Câmara dos Deputados do Brasil entre 2009 e 2010.


    Veja o que Maria Lúcia Fattorelli diz sobre a dívida externa brasileira:




    Retirado do Site da CSP-Conlutas

    Crise econômica e violência policial desatam onda de protestos em Londres

    Polícia assassina jovem negro e provoca levante na periferia britânica, descontente com a crise econômica e social


    Polícia reprime manifestantes em Londres
    O assassinato de um jovem negro pela polícia no subúrbio de Londres deu início a uma onda de radicalizados protestos que em pouco tempo se alastrou pela periferia da capital britânica . Mark Duggan, de 29 anos, foi morto pela polícia no bairro de Tottenham, no último dia 4 de agosto, em uma quinta-feira, em circunstâncias ainda não esclarecidas. Ele estava em um taxi quando foi atingido pelos disparos da polícia.

    A Scotland Yard havia dito que os agentes apenas responderam aos tiros efetuados pelo jovem. O jornal The Guardian, porém, informou que os primeiros exames realizados em um rádio comunicador da polícia, revelam que ele foi atingido por disparos da própria polícia.

    No sábado, dia 6, cerca de 200 pessoas, entre amigos e familiares protestaram na delegacia da região pela morte do jovem, com gritos de “Justiça para Duggan”. A polícia reprimiu violentamente a manifestação e só jogou mais gasolina na revolta. O protesto logo se transformou em uma revolta radicalizada que, no domingo, já se espalhava do norte de Londres, para a periferia ao sul da cidade, em bairros como Brixton, e até mesmo próximo do centro, como Oxford Street.


    Levante

    As manifestações continuaram em uma escalada progressiva nos três dias seguintes. Saques, carros, ônibus e prédios incendiados mostravam a raiva acumulada pela juventude londrina, grande parte composta por negros e imigrantes. A intensidade da revolta pegou o governo e as autoridades de surpresa. O primeiro-ministro David Cameron, que se recusou a interromper as férias enquanto as bolsas em todo o mundo despencavam, retornou ao posto para cuidar da crise aberta pela revolta.

    A resposta da polícia, por sua vez, foi ainda mais violência. Ao final desse dia 8, no terceiro dia de protestos, 200 pessoas já havia sido presas. O governo responsabiliza a revolta pela suposta ação de “vândalos” e diz que a onda de violência se daria por um fenômeno de “criminalidade imitada”. A ministra do Interior, Thereza May, qualificou os manifestantes de “delinquentes”. Já a grande imprensa, com o aval da polícia, por incrível que pareça, afirma que a “desordem” foi organizada através das redes sociais, como o twitter e o facebook.




    Bomba relógio

    O assassinato do jovem negro pela polícia foi o estopim para uma revolta generalizada, dando vazão a uma situação de ódio acumulado por anos de repressão policial, discriminação e pobreza aprofundado pela crise econômica. O caráter anárquico dos protestos e a radicalização lembram as manifestações que tomaram conta dos subúrbios de Paris em 2005, quando a violência da polícia provocou uma onda de revoltas, justamente como acontece em Londres.

    Agora, o desemprego, os cortes sociais, o desmonte do que restou do Estado de Bem Estar Social e a crescente xenofobia na Europa são o fermento para revoltas cada vez mais violentas de uma juventude sem perspectivas.




    Retirado do Site do PSTU

    segunda-feira, 8 de agosto de 2011

    Reunião nacional da CSP-Conlutas dedica um dia para debate sobre opressões

    Movimentos contra a opressão e relação com a luta dos trabalhadores foram debatidos no sábado, 6 de agosto


    O segundo dia da reunião da Coordenação Nacional, realizada neste sábado (6), foi dedicado a discussão sobre o machismo, o racismo, a homofobia e suas relações com a luta da classe trabalhadora.

    Participaram como palestrantes na parte da manhã a professora e autora do livro “A feminização no mundo do trabalho”, Claudia Mazzei Nogueira; o professor e mestre da UFMA e do quilombo Raça e Classe, Roseverck Santos; o presidente da Parada Gay de SP, Ideraldo Beltrame  e o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ).

    Os quatro convidados colocaram como ponto central do debate de opressões o entendimento de que precisamos conscientizar os trabalhadores da necessidade de lutar também contra o preconceito, seja racial, de gênero ou de orientação sexual. E que esta é uma reflexão que os sindicatos e demais movimentos que compõem a nossa Central devem fazer.

    LGBT - Jean Wyllys iniciou o debate ressaltando a importância das organizações sindicais se posicionarem para além do conceito de classe. “Além de sermos condicionados como classe trabalhadora, nós  somos condicionados pelo nosso gênero, pela  nossa etnia e por nossa orientação sexual. Esse fato faz com que tenhamos que lutar , não só pelos direitos trabalhistas, mas sim também, por nossos direitos enquanto homossexuais, mulheres e negros” , enfatizou.

    O deputado federal explicou para os presentes que a homossexualidade não é uma opção e sim uma orientação, detalhou ainda as diferenças entre o sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual.

    De acordo com Wyllys, o sexo biológico é aquele nos caracteriza em nosso nascimento como homens ou mulheres, muitos nascem com essa característica trocada. A identidade de gênero é como esses homens e mulheres e se reconhecem, às vezes essa identidade é diferente e não corresponde a maneira como os indivíduos se percebem. Já a orientação sexual diz respeito à libido, afeto e ao desejo.

    Todos esses conceitos podem ser diferentes do considerado normal pela sociedade, ou seja, segundo Wyllys, “tudo o que não é heterossexual é considerado anormal. Foi provado que a homossexualidade não é uma doença e devemos lutar contra esse conceito errado”, disse, ressaltando também que há pouco tempo era negado às mulheres o direito ao voto. “Cito esse exemplo para destacar que esses direitos nos são negados não somente porque somos trabalhadores ou pobres, mas também  nos são negado porque somos negros, mulheres, homossexuais”.

    O convidado informou que nunca esteve ativo no movimento sindical, pois segundo ele este se fechava nas outras lutas, relacionadas às opressões.

    Wyllys finalizou enfatizando que o movimento sindical tem que se abrir e perceber a relação das questões do mundo do trabalho com as opressões  “para que tenhamos um mundo  verdadeiramente democrático e plural”.

    O espaço foi dado então ao presidente da parada Gay de São Paulo, Ideraldo Beltrame, que abordou a dificuldade de ser falar sobre  o tema LGBT. “O movimento  LGBT foi criado na esteira do movimento sindical, a nossa luta deve encampar a luta dos direitos humanos, mas que  também se caracterize na luta de classes”, disse.

    Beltrame se utilizou da bandeira levantada pela CSP-Conlutas em seu discurso. “Se o Brasil cresceu cadê a nossa parcela, nossa autonomia. A luta dos LGBTs tem que ser incorporada pelos trabalhadores, não precisa ser mulher para defender o direito das mulheres, essa batalha é do dia a dia. Não tenham medo de dialogar sobre essa questão”,  ressaltou aos presentes que o interromperam com muitos aplausos.

    O presidente da Parada Gay de São Paulo disse que é preciso avançar nas lutas de trabalhadores e a questão LGBT deve sim entrar na pauta do movimento sindical.


    Negros – O professor e mestre da UFMA e do quilombo Raça e Classe, Roseverck Santos, falou  para um plenário atento às questões relacionadas ao racismo.

    Santos lembrou do  debate que ocorreu no dia anterior sobre  a conjuntura e a crise do capitalismo, relacionando esses fatos ao aumento do racismo, da xenofobia, da homofobia.  Citou o manifesto publicado pelo terrorista norueguês, (autor de uma chacina ocorrida há algumas semanas na capital daquele país), no qual ele faz uma critica ao Brasil e sua mistura étnica,  e que isso seria a causa do atraso no Brasil. “Esse manifesto retrata o mestiço como um degenerado  e esta é a  expressão de um sistema que nos impõe esse conceito ideológico”.

    Segundo o professor,  “a história da classe trabalhadora precisa ser reescrita no Brasil, pois ela não começou com o trabalho assalariado e sim com a escravização dos povos africanos trazidos para o nosso país”.

    Santos falou ainda que a sociedade percebe o mundo a partir do referencial europeu, branco cristão e patriarcal com a mentalidade associada aos conceitos impostos pela ideologia dominante. “A partir disso, fora do debate das desigualdades, surgem  a questão do mérito e da capacidade, nosso fracasso  não seria fruto  das desigualdades de gênero, ou seja, tudo é  jogado no plano individual. Esse é o  discurso da burguesia”, disse.

    O professor ressaltou que ninguém luta contra a exploração e opressão se não se reconhece oprimido e terminou citando Marx: “o trabalhador não será livre na pele de  branco enquanto a pele negra for marcada com ferro quente”.


    Mulheres - O debate seguiu e deu voz a professora Claudia Mazzei Nogueira para falar sobre as questões relacionadas as mulheres. Um texto foi distribuído  com o título “A positividade e a negatividade das metamorfoses no mundo do trabalho para a mulher” . Foram destacados diversos aspectos sob os quais vivem as mulheres trabalhadoras.  As  diferenças salariais entre homens e mulheres, que aumentou de 50,2 para 51,7 % entre 1980 e 2008, enquanto a taxa de atividade da força de trabalho masculina caiu de 82,0 para 77,7 %. “Mas esse fato não está relacionado com o aumento salarial das mulheres, tanto é assim,  que as trabalhadoras que tem nível  superior,  ainda ganham 30% menos que os homens”, frisava o documento.

    Foi abordado também de como o capitalismo  vende a ideia da criação de condições para a emancipação feminina, mas na verdade acentua a exploração da mulher.  Isso ocorre porque, segundo o texto, “ao estabelecer uma relação aparentemente ‘harmônica’ entre precarização e mulher, o capitalismo cria formas diferenciadas de extração do trabalho excedente”. Essas e outras questões de machismo e opressão foram levantadas durante a reflexão sobre o tema.

    Para Claudia, não dá para separar opressão de exploração e esta questão não pode ser limitada às mulheres.  “Não podemos fragmentar a luta com o discurso de que esse movimento é mais ou menos explorado do que o outro, a luta é uma só e é de classe, seja ela de gênero ou de qualquer forma”, argumenta. Confira aqui a íntegra do documento

    O debate foi aberto ao plenário com as diversas intervenções dos presentes, que falaram sobre a importância da discussão e que esta deve ser trabalhada internamente e externamente. O preconceito também é reproduzido no dia a dia dos sindicatos e este fato tem que ser combatido para o avanço da luta contra o racismo, o machismo e a homofobia.

    A representante do Fórum Paulista de Travestis e Transexuais, Fernanda de Moraes,  chamou a atenção dos presentes para a causa dessas companheiras que são  invisíveis perante a sociedade.  “Não temos espaço para trabalharmos, e só somos enxergadas como mulheres para o sexo fácil, nós não somos homossexuais, ou seja não sofremos homofobia e sim a transfobia [discriminação contra as pessoas transexuais, travestis e transgêneros ] que é ainda mais cruel e violenta.  É preciso nos incluir nesta discussão” , desabafou.


    Setoriais de Negros, Mulheres e LGBT- Na parte da tarde foi composta uma mesa com integrantes do Movimento Quilombo Raça e Classe e do Setorial de Negros e Negras, Julio Condaque,  pela integrante do Movimento Mulheres em Luta e do Setorial de Mulheres,  Janaina Rodrigues,  e pelo representante do setorial LGBT da CSP-Conlutas,  Douglas Borges.

    A discussão teve como objetivo de materializar o debate em campanhas e iniciativas da Central para levar esta discussão às bases.

    A “exposição Raça e Classe no Brasil, Desafios para o movimento sindical”  foi abordada  por Julio Condaque que fez o resgate histórico da luta dos negros no Brasil, passando pela ideologia racista do século XIX até as atuais as diferenças existem entre os salários pagos aos negros e aos brancos.  Condaque sintetizou que “construir uma central como esse é construir um trabalho político contra essas diferenças”.

    Falando sobre a questão das mulheres, Janaina Rodrigues discorreu sobre a concepção da luta feminista  que deve ser em  aliança com os trabalhadores e, segundo ela, essa batalha também é  contra o capitalismo. “Temos que lutar contra o machismo que é combinado com a exploração do trabalho. Temos que combater a violência doméstica, nessa sociedade que nos nega o direito de ser mãe, quando não nos dá condições de trabalho, não nos dá direito à licença a maternidade, e ao auxílio creche. Essa luta tem que ser cotidiana. Estamos em campanhas salariais e é importante incorporá-las ”, destacou.

    A representante do Setorial de Mulheres informou que não há capitalismo sem machismo, sem racismo e sem homofobia.  Além disso, segundo ela, é preciso lutar contra a divisão dos trabalhadores e dos setores de opressões, pois a luta dos trabalhadores é a mesma luta das mulheres,  dos negros e dos homossexuais. “Todos nós devemos lutar juntos  em busca de uma sociedade mais justa e igualidatária rumo ao socialismo”.

    Janaina finalizou dizendo:  “Nós não nascemos para produzir leite e lágrimas, o espaço das mulheres é um espaço também de lutas por uma sociedade melhor”.

    Douglas Borges destacou  que as bandeiras dos movimentos que decoravam a mesa,  representavam a  prova de que a Central está  construindo algo novo ao travar esses debate sobre opressões. Ele destacou a visibilidade que os homossexuais e os casos de homofobia estão ganhando na mídia atualmente .

    Borges falou também sobre o aumento da violência aos homoxessuais. “O Brasil é um país  preconceituoso e violento. Além disso, existe  perseguição no local de trabalho, entre outros ataques”, disse enfatizando o recente caso da demissão de um funcionário em Caçapava (SP) por ser homossexual.

    “Uma de nossa bandeiras centrais nesse momento é pela aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia. Sabemos que isso não acabará com a violência, pois a lei Maria da Penha não acabou com o machismo, mas é importante travarmos essa luta”, completou Borges.

    Campanha sobre as opressões – Terminadas as apresentações da mesa, o debate foi aberto para o plenário. A integrante da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas e  do Movimento Mulheres em Luta, Ana Pagamunice, informou que o objetivo do debate era  trazer o aprofundamento sobre as questões relacionadas à opressão e da relação que esta tem com a exploração. “Estamos apresentando uma proposta de campanha  ‘Chega de Preconceito, Trabalho Igual, Salário Igual’ unificada entre negros, mulheres e LGBTs, para ser levada aos locais de trabalho, buscando a união da luta sindical com a luta contra as opressões”.

    Nas intervenções ficou explicita  a importância de se abordar esse tema  e levar essas questões para o dia a dia dos sindicatos e locais de trabalho. Para assim municiar as categorias em suas atividades  com o objetivo lutar  contra o machismo, o racismo e a homofobia com a consciência de que ainda há muito a se avançar e  nessa coordenação o primeiro passo foi dado.


    Retirado do Site da CSP-Conlutas