segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Greve da Caixa e BNB termina com mais uma traição da CUT

Para arrefecer a disposição de luta dos bancários, a CUT orientou a aceitação de acordos rebaixados e, mais uma vez, desmontou a forte greve da Caixa e BNB. Os bancários precisam fortalecer uma alternativa de direção.
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Em 2009, a burocracia sindical da CUT voltou a trair os trabalhadores bancários. Após enterrar a greve no setor privado e no Banco do Brasil, a Central Única dos Trabalhadores, através da sua confederação na categoria, a CONTRAF/CUT, desmantelou a greve da Caixa Econômica Federal e do Banco do Nordeste.

Diante de uma fortíssima greve, na qual os bancários se recusavam a aceitar as propostas rebaixadas oferecidas pelas direções dos bancos e pelo Governo Lula, a saída encontrada pela CUT foi mais uma vez apostar no terrorismo. Tanto a Caixa quanto o BNB, ao perceber a força do movimento, ameaçaram os trabalhadores levando a greve para a justiça burguesa e instaurando o dissídio. Era o que precisavam os sindicalistas da CUT para por um fim no teatro que armaram durante mais de 30 dias de paralisação nacional.


Negociação na calada da noite sela acordo entre a direção da Caixa e CUT

Após ameaçar os bancários com o dissídio e ser derrotada na justiça (que negou a abusividade da greve), a Caixa sorrateiramente marcou uma negociação às pressas com o Comando da CONTRAF/CUT, no apagar das luzes da última terça-feira, 20/10. Ao final da rodada, que terminou depois das 23h, a proposta da Caixa não avançava em absolutamente nada da proposta anterior (um pífio reajuste de 6%, mais uma PLR menor do que a conquistada no ano passado), exceto pelo acréscimo de mais 2 mil empregados a serem contratados – que não é suficiente para resolver o caos que existe nas agências – e um mísero abono de R$ 700,00.

Ao iniciar o 28º dia de greve (21/10), os piquetes dos sindicatos da CUT em frente às agências bancárias, visivelmente enfraquecidos, já mostravam que a operação de desmonte estava sendo iniciada. Horas depois, o Comando da CONTRAF/CUT orientaria a aceitação da proposta e fim da greve, alegando que a negociação havia "chegado ao limite" e que a categoria não podia "correr o risco do TST", mesmo diante de um movimento que ainda não dava sinais de refluxo e que era plenamente capaz de arrancar conquistas através da luta.

Com assembléias abarrotadas de gerentes e dirigentes cutistas, juntos, defendendo ardorosamente o fim da greve, a CUT consegue impor sua orientação na maioria das bases sindicais. Bases importantes como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, etc. ainda tentaram resistir e aprovaram a continuidade da greve no dia 21/10, entretanto, com o desmonte concretizado na maioria do país, os bravos que ainda resistiam foram obrigados a acabar com o movimento no dia posterior.


O desmonte na Caixa abriu caminho para enterrar a greve no BNB

Ao perceber que a tática acordada entre Governo Lula e CUT havia sido bem sucedida na greve da Caixa, a direção do BNB não se preocupou nem mesmo em mudar o roteiro e aplicou a mesma fórmula para enterrar a forte greve que durou 34 dias. Com a greve fragilizada pelo fim do movimento na Caixa, a direção do BNB foi ao TST e instaurou o dissídio com o objetivo de gerar um clima de terror entre os trabalhadores e, em seguida, apresentou uma proposta ridícula, que acrescentava somente um abono de R$ 500,00 e um adiantamento 1/3 do salário a ser pago em março de 2010, um "empréstimo de greve".

A apresentação dessa provocação foi o suficiente para a maioria da Comissão de Negociação (CUT e CTB) orientar às bases a aceitação da proposta no dia 26/10, mesmo quando havia uma possibilidade concreta de avançar nas negociações, com o possível retorno da greve no Ceará (que já tinha assembléia marcada para quinta-feira, 29/10).

Os bancários do BNB de Pernambuco ainda resistiram e mantiveram a greve no dia 27/10, no entanto, isolados, foram obrigados a encerrar o movimento. O saldo da greve é que, assim como na Caixa, os trabalhadores do BNB retornaram ao trabalho revoltados, pois tinham consciência de que o movimento resistia, de que era possível conquistar avanços, mas que o papel cumprido pelas direções ao orientar a aceitação da proposta foi determinante para desmantelar a resistência dos bancários.


Para transformar a luta em vitória é preciso uma alternativa de direção

Apesar profunda frustração com o resultado da greve, os bancários do BNB e da Caixa deram uma enorme demonstração de coragem e bravura ao levar à frente uma greve marcada pela colaboração entre direção dos bancos, Governo Lula e sindicalistas da CUT.

O Movimento Nacional de Oposição Bancária, ligado à Conlutas, que nos últimos anos vem se construindo como uma alternativa para a categoria, esteve ao lado dos bancários e lutou, até o último momento, para derrotar a política de acordos da CUT com os patrões. O MNOB pressionou parlamentares, radicalizou os piquetes e defendeu a continuidade da greve quando a CUT e seus satélites tentaram enterrar o movimento.

Não foi dessa vez que a categoria bancária conseguiu impor uma derrota aos governistas, no entanto, toda a sua luta não foi em vão. É o momento de aproveitar essa disposição para reorganizar forças e impulsionar a luta por uma alternativa de direção, que reflita os anseios e os interesses dos trabalhadores, que se coloque contra a Mesa Única da FENABAN, contra os índices rebaixados diante dos gigantescos lucros do setor financeiro e que se construa no classismo e na independência frente os patrões e governos.

É verdade que uma parte significativa dos bancários é levada a desacreditar do instrumento da greve por conta do peleguismo e da política de colaboração da CUT e das outras entidades governistas. No entanto, apesar de uma indignação justa, esta é uma postura que somente ajuda os próprios governistas, pois significa cada vez menos lutas, menos mobilizações e, portanto, mais facilidade para que a burocracia consiga impor aos trabalhadores a sua política traidora.

Por isso, este é momento de transformar a raiva, em mais lutas. Os bancários da Caixa e do BNB conseguiram, com todas as adversidades, acordos de gabinete e traições, construir uma luta memorável e se a vitória não veio agora, sem dúvidas virá quando os trabalhadores tomarem as rédeas dos processos de luta e construírem uma direção combativa e independente dos banqueiros e governos de plantão. O MNOB/Conlutas se apresenta como essa ferramenta e conclama a todos para construírem essa alternativa. Dessa forma, poderemos em breve avançar nas conquistas da categoria e na luta pelas transformações necessárias à sociedade.