sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Danilo Gentilli manda tirar vídeo do PSTU do Youtube

Vídeo denunciava racismo de apresentador, que perguntou "quantas bananas você quer pra deixar essa história pra lá" a ativista do movimento negro
 

Vídeo foi retirado a mando de Gentili, segundo Youtube

Um vídeo que denunciava as piadas racistas do “comediante” Danilo Gentilli, postado no Youtube pelo Portal do PSTU, foi retirado do ar nesta quinta-feira.

Segundo a notificação do Youtube, o vídeo foi retirado devido a reivindicações de direitos autorais de Gentilli. “Recebemos reivindicações de direitos autorais sobre o material que você enviou, como segue: o de Danilo Gentili sobre o vídeo "Quantas bananas vc quer pra deixar essa história pra lá?", afirma o comunicado do Youtube.


Quantas bananas você quer?

O vídeo publicado pelo Portal do PSTU trazia uma entrevista com Thiago Ribeiro, jovem negro de 29 anos que, recentemente, denunciou Gentilli por suas piadas de explícito conteúdo racista. Cansado das piadas sem graça do “comediante”, Thiago Ribeiro postou no Youtube um vídeo com uma coletânea de piadas racistas de Gentili. O vídeo obteve 800 visualizações, inclusive uma visualização do próprio Gentili, que conseguiu tirar o vídeo do Youtube por meio da cláusula de uso de imagem.

Através do seu perfil no Twitter, Thiago interpelou Gentili sobre a proibição do vídeo. A resposta de Gentilli foi pra lá de desprezível: “vamos esquecer isso... Quantas bananas você quer pra deixar essa história pra lá?", escreveu o comediante em seu Twitter. Na sequência, muitos seguidores de Gentilli desataram ataques racistas contra Thiago. Todos eles, inclusive Gentilli, foram denunciados por crime de racismo ao Ministério Público de São Paulo e à Polícia Federal sobre o ocorrido. Também foi realizado um Boletim de Ocorrência na Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania e na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.

Gentilli se utilizou do mesmo expediente para retirar, do youtube, a entrevista de Thiago ao Portal do PSTU. Em três dias de exibição, a entrevista já tinha sido visualizada por mais 4.100 usuários.

Como se não bastasse, para defender suas piadas racistas, Gentilli se apóia no direito à “liberdade de expressão”. O que só pode ser uma piada de mau gosto do “comediante” que não tem o menor escrúpulo em censurar qualquer crítica a algo que mais do que uma simples piada: é crime, tipificado em lei.

Se você ainda não viu o vídeo, assista aqui sua nova versão. Agora, com a censura imposta por Gentilli.




Retirado do Site do PSTU

Travesti é assassinada em Belém e mostra a urgência da aprovação da PL 122

Assassinatos de homossexuais no país batem recorde em 2012; no Pará já foram 10 mortos só em 2012
 

Depois de quatro meses de um atentado contra travestis na Travessa Barão do Triunfo com a Avenida Almirante Barroso e que deixou uma vítima fatal, outra travesti é encontrada morta na mata da CEASA, no último dia 28 de outubro. Emerson Moraes Costa, de 18 anos, ou Raica, como era conhecida, teve seus pés amarrados e a cabeça envolvida em papel filme, e recebeu um tiro na nuca e outro nas costas.

Ainda não se sabem as razões que levaram os assassinos a cometerem esse crime, mas a Divisão de Homicídios e a Delegacia de Combate aos Crimes discriminatórios e Homofóbicos trabalharão conjuntamente na investigação para saber se a motivação teve caráter homofóbico ou passional.


Crescimento da violência homofóbica

De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), o número de assassinatos de homossexuais no Brasil novamente atingiu o ápice em 2012. De janeiro a setembro já são 270 homicídios, demarcando um crescimento da violência contra homossexuais pelo sétimo ano consecutivo.

No Pará, segundo o Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia (Gretta), no ano de 2010 foram registrados dez casos de homofobia. Ano passado, 2011, foram registradas 22 vítimas fatais e em 2012 já passam de dez os casos de violência extrema contra vítimas LGBT.

Esses números dão uma noção do que a ideologia homofóbica é capaz e do porque o PSTU luta pela criminalização da homofobia, pela aprovação do Kit-homofobia e pela garantia de direitos dos LGBT’s (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Todos os dias um LGBT é agredido fisicamente, e as agressões psicológicas são constantes. Não existe Lei Federal que proteja os homossexuais no Brasil e a impunidade é o grande “incentivo” para que os crimes continuem acontecendo. A cada 21 horas um homossexual é morto no Brasil.

O PLC 122/06, que tem por objetivo punir os casos de discriminação que tem por motivação a orientação sexual ou identidade de gênero, foi entregue por sua autora Marta Suplicy (PT) para ser reescrito, justamente por aqueles que incentivam a homofobia: a bancada fundamentalista cristã. Resultado: a nova versão não prevê punição para discursos homofóbicos. Por isso, defendemos a aprovação imediata do PLC 122/06 original, que proíba e puna as práticas homofóbicas, sem concessões do governo aos fundamentalistas, para que casos como esses que vem ocorrendo em Belém não aconteçam. Para que os assassinos de homossexuais sejam criminalizados por sua homofobia.


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A juventude que luta e sonha teve alternativa nas eleições em 2012

PSTU apresentou candidaturas socialistas da juventude nessas eleições. Mas nossos sonhos não cabem nas urnas e a luta tem que continuar
 

Candidaturas jovens e de luta

O fim das eleições municipais mostra uma derrota da oposição de direita ao Governo Federal, assim como vitórias importantes dos partidos governistas.

Embora termine o processo com mais prefeituras que o PT, o PSDB perdeu 83 prefeituras em relação às eleições passadas, ficando agora com 704. O DEM, apesar de ter vencido em Salvador, teve uma queda violenta no número de prefeituras que comanda, de 495 em 2008 para 276 agora. Por sua vez, o PT passou de 550 prefeituras há quatro anos para 634 neste ano, destacando-se a vitória de Fernando Haddad em São Paulo. O PMDB, embora não siga a tendência de crescimento de seu aliado, continua como o partido governista com mais prefeituras, 1027 no total.

O PSB, um destaque destas eleições, passou de 308 prefeituras em 2008 para 441. Apesar de compor a base de apoio do governo, mantém um diálogo aberto com o PSDB, tendo inclusive este partido como aliado em alguns lugares neste ano. Em 2014, o capital político acumulado agora pode servir tanto para permanecer na posição em que está nacionalmente, quanto para apostar em algum projeto ao lado da oposição de direita.

A vitória das oposições aos governos locais não pode ser interpretada propriamente como uma novidade no cenário político nacional. A troca de prefeitos se deu entre partidos de projetos políticos muito semelhantes. Em São Paulo, por exemplo, Haddad aliou-se a ninguém menos que Paulo Maluf (PP).


Cresce o espaço para as propostas da esquerda

A real novidade destas eleições é que, apesar de a velha política estar muito bem representada pelas vitórias descritas acima, houve uma significativa votação em partidos como PSOL e PSTU, de oposição à esquerda do governo. Até mesmo o PT teve, em determinado momento de suas campanhas, de fazer um discurso mais voltado aos pobres. Há alguns fatores que podem explicar isso, como um desgaste pelos dez anos de governo do PT, uma descrença nos partidos tradicionais, ou ainda a lenta desaceleração da economia brasileira. Seja qual for a razão, é possível constatar que esse espaço foi aproveitado de modos bem distintos.

O PSOL sai do processo eleitoral com seu primeiro prefeito em uma capital, Clécio Luís em Macapá (AP). Além disso, teve votações expressivas com Edmilson Rodrigues em Belém e Marcelo Freixo no Rio de Janeiro. No entanto, esses que foram os maiores exemplos do bom desempenho eleitoral do partido infelizmente também mostraram o quanto seu projeto eleitoral cobra um preço alto.

No Rio de Janeiro, Marcelo Freixo aglutinou a insatisfação com os rumos da cidade de 28% do eleitorado. Mas sua defesa da UPP (Unidade de Policiamento Pacificadora) e o fato de não usar seu tempo de TV para divulgar lutas como a greve das federais, mostraram uma candidatura que, infelizmente, esforçou-se para obter a confiança da burguesia carioca. Por essa razão, conseguiu o apoio de Andréa Gouvêa Vieira (PSDB) e se recusou a unificar os setores combativos numa frente de esquerda. A mesma lógica explica porque, quando perguntado se cortaria o ponto de grevistas em uma possível gestão sua, respondeu “depende”.

A chegada do PSOL ao segundo turno das eleições em duas capitais traria cenas ainda mais preocupantes. Em Macapá, sob a orientação de Randolfe Rodrigues, Clécio recebeu apoio do DEM, um absurdo que fala por si só. O senador do PSOL chegou ainda a afirmar que as alianças feitas representariam o acordo no projeto político para a capital do Amapá. Mas a maior surpresa veio mesmo de Belém.

Passando por cima das definições políticas que nortearam a frente e sem levar em conta até mesmo a opinião contrária às alianças da maioria dos companheiros do PSOL de Belém, a campanha de Edmilson convidou o PT e o PDT para apoiá-lo no segundo turno. Nada menos que Lula e Dilma pediram voto no PSOL. Aloísio Mercadante, grande inimigo dos estudantes, professores e técnicos que pararam por três meses as universidades brasileiras, teve espaço para defender o projeto educacional do governo federal e chamar a votar no 50. Diante disso tudo, rompemos com a frente e chamamos voto crítico na sua candidatura com nossos próprios materiais.

Como não poderia deixar de ser, as opções do PSOL têm conseqüências para além das eleições. Clécio, já em suas primeiras declarações, afirmou que seu governo não será uma trincheira contra o governo federal.

O PSTU, por seu lado, não entrou nesse jogo sujo de alianças e manteve firme seu programa em defesa dos trabalhadores e da juventude. Sem receber nenhum real de empresas e sem abrir mão das nossas idéias, elegemos dois vereadores que farão da tribuna das câmaras municipais de Natal (RN) e Belém (PA) verdadeiras trincheiras contra os governos e favor das lutas dos trabalhadores. Em Aracajú, nossa candidata à prefeitura, Vera, obteve 6,6% ou 20.241 dos votos. Como todos os nossos candidatos, eles apresentaram a necessidade de a cidade servir a quem mais precisa, os trabalhadores, e não aos lucros dos grandes empresários.

A professora Amanda Gurgel obteve quase 33.000 votos, um resultado histórico em Natal, já que o vereador mais votado na história daquela cidade recebeu 14.000. Amanda foi ainda a vereadora percentualmente mais votada nas capitais. Cleber Rabelo é o primeiro operário a ser eleito vereador em Belém (PA). Ambos cruzaram os bairros mais pobres de suas cidades renovando as esperanças de muitos trabalhadores desiludidos com o PT. Foram eleitos fazendo uma nova política, independente do governo federal e do financiamento de empresas, sem pagar um cabo eleitoral, contando somente com a contribuição dos apoiadores e o trabalho de militantes que voluntariamente se dispunham a construir nas ruas nossas campanhas.

Nós da Juventude do PSTU estivemos presentes nessas campanhas e não foram poucos os companheiros e companheiras que no período eleitoral foram voluntariamente para Natal e Belém fazer política de um modo totalmente novo. Nossos jovens inclusive fizeram mais: vários foram candidatos, mostrando a cara de uma juventude que esteve nas principais lutas dos últimos meses.


A juventude que luta e sonha teve alternativa em 2012!

Não é fácil ser jovem no Brasil. Maioria da população nas cidades de nosso país, a busca por um emprego que pague bem e com direitos sociais garantidos, por educação de qualidade, pelo direito à diversão, pela livre expressão da individualidade, faz do cotidiano uma luta permanente.

Os candidatos da Juventude do PSTU levaram para a televisão a vida real. Foram a cara dos estudantes que lutaram contra o REUNI e o PNE do governo na greve das federais; dos que não se conformaram com aumentos abusivos nos preços de passagens de ônibus e tomaram as ruas protestando; dos que gritaram alto contra os preconceitos do dia-a-dia; dos jovens do mundo todo em luta para não pagar por uma crise econômica que não lhes pertence.

Júlio Anselmo, candidato a vereador no Rio de Janeiro, denunciou as péssimas condições das escolas e universidades, sendo um ponto de apoio para a luta dos estudantes contra os planos para educação de Eduardo Paes (PMDB) e do governo federal.

A bandeira da luta contra o machismo, racismo e a homofobia foi uma constante nas candidaturas jovens do PSTU. Tamiris Rizzo, de Santos, Matheus “Gordo”, de Porto Alegre, e Mariah Mello de Belo Horizonte, foram a cara dessa luta nas suas cidades e chamaram os trabalhadores e a juventude a combaterem as opressões.

Leonardo Maia mostrou a situação precária do transporte público na cidade de Teresina e lembrou dos milhares que no ano passado tomaram as ruas da capital do Piauí e derrubaram o aumento do preço da passagem. Os grandes índices de violência das cidades brasileiras foram denunciados por Wibsson Lopes, de Maceió.

Muitos jovens no Brasil inteiro acompanharam nossas candidaturas e saíram com vontade de fazer mais por um mundo diferente. Por isso, resolveram se filiar ao PSTU e manter viva cotidianamente a empolgação do período de campanha. Isso tem uma explicação: todas as nossas candidaturas mostraram que um mundo radicalmente diferente, um mundo socialista, é possível.

Mas nossos sonhos não cabem nas urnas e a luta tem que continuar. Você que panfletou ao nosso lado, bateu de porta em porta no seu bairro para divulgar as propostas socialistas, acreditou que é possível não cair no vale-tudo eleitoral, faça como centenas de jovens: sonhe e lute conosco. Filie-se ao PSTU!


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

As mulheres na Síria revolucionária lutam para ter direitos


Na Síria, mulheres lutam pelo direito a ter direitos
Uma rosa no deserto. Esse foi o título que Joan Juliet Buck, da revista Vogue América, escolheu para um artigo sobre Asma Al Assad, a primeira-dama da Síria. Tão constrangida ficou a publicação após a chuva de críticas que recebeu que o artigo sequer consta em seus arquivos. Em um país de sombras, dizia a matéria, Asma Al Assad dirige sua casa democraticamente. O artigo não foi nenhum fenômeno autônomo; a imprensa ocidental tem consistentemente apresentado as primeiras-damas árabes (a rainha Rania, da Jordânia, e Sheikha Moza, do Qatar) como importantes figuras públicas e modelos de feminilidade na região. Qualquer análise superficial dos meios de comunicação do regime, tanto os ocidentais quanto os locais, revela a institucionalização sistemática das primeiras-damas, tornando-as referência ideológica, delimitando, assim, as fronteiras de atuação das mulheres.

Ao citar Asma Al Assad, Buck salienta a importância de os jovens sírios se engajarem em "cidadania ativa", ressaltando o papel que sua ONG tem exercido na construção dessa cultura. Durante o atual regime, a sociedade civil foi limitada a formas islamizadas de organizações de caridade, a idas às áreas rurais e marginalizadas, onde Asma tira uma foto sorrindo ao lado de crianças famintas. Tal discurso legitimou o brutal ditador e seu regime como uma ordem modernizadora, ocidental, e progressista – chique, inteligente e fluente em inglês.

Após a erupção da revolução síria, tudo mudou. No estado sulino de Daraa, em março de 2011, os moradores locais foram para as ruas depois de 14 crianças serem presas e torturadas após escreverem nas paredes de suas escolas o slogan dos levantes populares na Tunísia e no Egito: "O povo exige a queda do regime.” Eles escreveram o grafite porque seu professor foi preso por expressar o desejo de que a revolução começasse na Síria.

Desde então, muitos se apressaram a fazer declarações sobre o papel das mulheres na revolução. As leituras variam entre o rosado e o coxo, entre as que alegam haver uma revolução dentro da revolução, de caráter feminista e emancipatório, e outras reclamando que nas cidades libertas da Síria quadros das administrações autogeridas são de caráter predominantemente masculino.

Tais declarações simplificadoras dependem da constante divisão sobre qual a sociedade árabe é compreendida, a relação entre o espaço público e privado. Estas, necessariamente promovem uma dicotomia na divisão de gênero. Enquanto é inteiramente irrealista negar o caráter espacial da segregação de gênero, compreender sua complexidade para além de tal dicotomia é necessário para fazer justiça às mulheres revolucionárias na Síria.


Um processo de massas

Mulheres de todas as esferas se juntaram à revolução; a atriz, a advogada, a médica, a engenheira, a artista, a cineasta, a romancista, a psicanalista, a intelectual, a mãe e a filha.

Razan Zaitouneh, uma advogada de direitos humanos, organizou o que são agora chamados de Comitês de Coordenação Local, arquivando violações do regime contra os cidadãos e difundindo informações confiáveis para o mundo. Ela agora está escondida na Síria, depois de ter sido acusada de ser uma agente estrangeira. Na busca pela militante, forças de segurança detiveram seu marido e cunhado por semanas.

Algumas mulheres tornaram-se ícones para os revolucionários, como Muntaha Sultan al Atrash, uma ativista de direitos humanos e neta do herói sírio Sultan alBasha Atrash, comandante da revolta anticolonialista contra os franceses entre 1925 e 1927. Dá-se a ela o crédito de ter sido uma das primeiras pessoas a publicamente proclamar pela derrubada do regime.

Marwa Ghamyan, uma jovem mulher, ajudou a organizar um dos primeiros protestos na cidade de Damasco, muito antes da cidade se juntar de forma maciça à revolução. Tal simbolismo se dá justamente por Damasco não estar, ainda naquela época, no campo revolucionário. Ela foi detida e presa várias vezes, e agora vive no exílio.

Thwaiba Kanafani, engenheira de formação, deixou sua família no Canadá e se juntou ao ELS (Exército Livre da Síria) para ajudar a guerrilha em seus planos táticos e estratégicos de ação.

Lubna al Merhi, de origem alauíta, agrupamento religioso de Assad, militava na revolução desde o primeiro dia, até que um mandato de prisão foi emitido em seu nome. Ela teve que se refugiar na Turquia em uma fuga organizada pelo ELS. Depois de aparecer em uma entrevista na televisão, sua mãe foi presa como forma de pressioná-la a voltar para seu país.

Hanadi Zahlouta, poetisa e engenheira, foi arbitrariamente detida e atacada, de forma física e verbal, por advogados do regime em um tribunal. Hanadi foi acusada de violar três artigos do Código Penal sírio: estabelecer uma organização que visa mudar o caráter social e econômico do Estado, o enfraquecimento do sentimento nacional e incitação ao sectarismo e a divisão étnica e divulgar notícias falsas que enfraquecem a alma daquela nação. Ela foi condenada por 15 anos de prisão, sem nada próximo de um julgamento justo.




A luta por um espaço

Como é possível trabalhar para os direitos das mulheres, envolver-se em uma forma de ativismo que tem a política feminista e a auto-organização em seu coração enquanto se presume ser crime "estabelecer uma organização que visa mudar o caráter social e econômico do Estado"?

Falar de um espaço público definido pela exclusão das mulheres na Síria é enganoso. A exclusão primária pela qual o espaço público é caracterizado é a exclusão do campo político. As mulheres na Síria revolucionária não são excluídas da pluralidade dos atos. Corpos se reúnem, transformam-se e falam juntos como se reivindicassem um espaço público, um espaço que não é entregue, mas disputado quando as multidões se reúnem. Mulheres indignadas e se erguendo estão resistindo em uma política saturada por relações de poder, em um processo que inclui e legitima, assim como apaga e exclui. Quando os órgãos políticos e organizacionais disponíveis que reivindicam lutar pelos direitos das mulheres são cooptados pelo regime, é essencial que elas tentem relocalizar sua raiva e miséria no contexto de um movimento social em curso. Mulheres na Síria estão lutando por seu direito a ter direitos, um direito que nasce quando exercido.

Em manifestações que muitas vezes se desdobram a partir de posições públicas de luto, em que multidões de pessoas velando um corpo se tornam alvo de destruição militar, podemos ver como o espaço público existente é apreendido por aqueles que não têm o direito de se reunir em tal espaço coletivamente, e cujas vidas estão expostas à violência e morte no curso de suas ações.

Tradicionalmente, os funerais são espaços exclusivamente masculinos. Após a revolução, tais funerais muitas vezes se transformam em manifestações antirregime, em que mulheres se fazem presentes. De tal forma, exercitam um direito a elas ativamente negado pela força, construindo uma nova aliança social. Manifestações não surgem do vácuo, elas reproduzem muitas vezes as mesmas relações anteriores de poder. Ao quebrar esses padrões, as mulheres revelam seu poder verdadeiramente revolucionário em sua luta.

Não é raro ouvir que muitas mulheres na Síria têm rompido com seus próprios bairros e famílias após a revolução. Yara Nseir, uma jovem da parte cristã da cidade velha de Damasco, foi presa enquanto entregava panfletos contra o regime em seu bairro. Seus vizinhos a pegaram, detiveram-na em sua casa e pediram às forças de segurança para prendê-la. Ela ficou detida por um mês e meio e, depois de solta, fugiu para o Cairo para participar do escritório de mídia do Conselho Nacional Sírio. A importância desse exemplo é que as mulheres revolucionárias estão “desertando” por razões ideológicas e políticas, entrando em redes em que a sua afiliação principal é um sentimento de camaradagem e não o conforto dos parentes.

Mulheres que estavam fora da política e do poder agora estão vivendo uma forma específica de destituição política, em um processo revolucionário de luta por um espaço democrático que lhes permite enfrentar o outro como um adversário político. Elas fazem parte da pluralidade de ações, lutando pelo direito a ter direitos, os direitos que precedem qualquer instituição política que possa codificar ou buscar garanti-los.

Claramente, o paradigma do ativismo politicamente castrado que Asma al Assad, com muita ajuda da indústria francesa e estadunidense de relações públicas, tentou disseminar fracassou em servir de modelo para as mulheres sírias. No entanto, seria de certa forma romântico afirmar que as mulheres sírias agora estão experimentando uma revolução feminista dentro da revolução. Em um processo revolucionário, elas estão discursivamente mudando cada paradigma em questão, lutando em várias frentes, com o marido, o irmão e o ditador, reivindicando um espaço público próprio, em conjunto com uma revolução social que afirma a vontade popular contra o regime.

*ativista síria

Fonte: Al Thawra* nº 3, outubro de 2012
*Al Thawra é um boletim de ativistas brasileiros de solidariedade com as revoluções no mundo árabe e com a Palestina.


Retirado do Site do PSTU

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Metalúrgicos da GM vão a Salão do Automóvel protestar contra demissões

Cerca de 120 metalúrgicos de São José dos Campos foram a São Paulo para exigir medidas em favor do emprego


Metalúrgicos protestam durante Salão Internacional do Automóvel

Os visitantes que chegaram ao Salão Internacional do Automóvel neste sábado, dia 27, foram surpreendidos com uma grande manifestação realizada por trabalhadores da General Motors de São José dos Campos, que estão com seus empregos ameaçados.

Cerca de 120 metalúrgicos participaram da manifestação contra o plano de demissão em massa na montadora. Desde o final do ano passado, a GM planeja colocar na rua 1840 trabalhadores e transferir a produção do veículo Classic para a fábrica de Rosário, na Argentina. A maior parte dos trabalhadores que participaram do protesto está em layoff (contrato de trabalho suspenso), até o dia 26 de janeiro de 2013.

O protesto de hoje começou na Avenida Olavo Fontoura, às 14h, e terminou às 15h30, na entrada principal do pavilhão de Exposições do Anhembi, onde está acontecendo o Salão do Automóvel, em São Paulo.

Com faixas, cartazes, bandeiras e apitaço, os trabalhadores cobravam medidas do governo federal para impedir as demissões.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que está a frente da Campanha em Defesa do Emprego na GM e organizou o protesto no Salão do Automóvel, está desde agosto negociando com a empresa, numa tentativa de impedir as demissões.


Retirado do Site do PSTU

Carlismo volta a Salvador: Quando se brinca com sonhos, pesadelos renascem

ACM Neto (DEM) vence Nelson Pelegrino (PT) e marca a volta do carlismo à capital baiana
 


Agência Brasil
ACM Neto: vitória em cima dos erros do próprio PT
As eleições em Salvador (BA) chegaram ao seu fim e o acorde final deixou um calafrio em todos nós da esquerda socialista. Acreditamos que este mesmo calafrio é compartilhado pelos ativistas que no passado sofreram com a perseguição e os desmandos dos anos de chumbo do carlismo.

Lamentamos profundamente a vitória de ACM Neto (DEM). Da parte dos trabalhadores não deve haver nenhum tipo de expectavia em relação ao que será o governo deste herdeiro do carlismo que tanto mal fez a todos nós.

A verdade é que, com a eleição de Jaques Wagner (PT) ao estado, os trabalhadores e o povo baiano foram tomados por uma enorme expectativa de mudança. Enfim havia chegado a hora em que os tormentos provocados pelo Carlismo iriam acabar. Mas não foi isso o que aconteceu.

Em seis anos de governo, Wagner o PT optou por trilhar um caminho que o levou para longe das reivindicações históricas dos trabalhadores. Com sonhos não se brincam e o PT brincou com os sonhos dos trabalhadores , desconsiderou a confiança depositada pelos milhares de homens e mulheres e o seu desejo de mudança.

Se não tivessem se aliado com a mesma corja que arruinou a Bahia junto com o Carlismo, se não tivessem se aliado aos patrões, se não tivessem reprimido as greves, se não tivessem pisoteado os sonhos dos trabalhadores... Enfim, se não tivessem jogado fora a bandeira do classismo e menosprezado as reivindicações históricas dos trabalhadores, hoje o resultado seria diferente.

O carlismo, outrora moribundo, venceu as eleições em Salvador. Os trabalhadores serão os maiores prejudicados e, por isso , não temos nada para comemorar. Neste momento dificil nos dirigimos aos ativistas de todas as lutas, sejam elas da juventude ou do movimento sindical e popular. Não é hora para abaixar a cabeça, devemos desde já arregaçar as mangas e preparar a resistência . Vamos fazer dos 4 anos de mandato de ACM Neto um verdadeiro inferno, o neto de Toninho Malvadeza não terá um minuto de sossego para planejar seus ataques contra as condições de vida dos trabalhadores.

Nos dirigimos também à militância petista, em especial aos jovens que neste segundo turno lançaram –se de peito aberto na campanha de Pelegrino (PT). Após tanto esforço e diante desta dura derrota, é chegada a hora de refletir sobre os rumos tomados pelo PT. O PT é o grande responsável pela sua própria derrota. Não culpem os trabalhadores e muito menos as outras organizações. Não é sério e, mais do que isso, é medíocre responsabilizar os professores, chamá-los de injustos como disse Pelegrino.

Muitos trabalhadores votaram em ACM Neto e isso é lamentável. Só que mais lamentável é a desilusão de quem tanto desejou uma mudança e, quando ela parecia ter chegado, dissipou-se no ar no momento em que o governo Wagner reprimiu sua primeira greve, e depois a segunda, a terceira, a quarta e assim por diante. A Bahia governada pelo PT foi uma triste continuidade da Bahia do carlismo. Continuamos sendo a Bahia de todas as greves, seguimos sendo a Bahia do extermínio da juventude negra, continuamos sendo a Bahia da educação reprovada.

Inúmeras lições serão extraídas deste resultado eleitoral. Lições que deverão ser assimiladas pelos trabalhadores, pelos ativistas de todas as lutas, e em especial pela esquerda. Neste momento difícil m mantenho a plena confiança na força da nossa classe. Os mesmo trabalhadores que hoje, sentido-se traídos e confusos, caíram na armadilha de ACM Neto, irão com certeza se levantar no momento em que este lobo em pele de cordeiro desferir seu primeiro ataque. Não temos tempo a perder, é hora de prepararmos a resistência.

Abaixo a prefeitura de ACM Neto!

Por uma Salvador para os trabalhadores!


Retirado do Site do PSTU

"A gente está resistindo e vai resistir até o fim"

Raíza Rocha
Ládio Veron, liderança dos Guarani-Kaiowá
O país inteiro tem acompanhado o drama dos índios Guarani–Kaiowá. A luta contra o despejo da aldeia Pyelito Kue e pela demarcação das terras indígenas ganhou as redes sociais e a solidariedade dos movimentos sociais tem fortalecido a resistência indígena. Uma das lideranças dos Guarani-Kaiowá esteve na reunião nacional da CSP-Conlutas para relatar a realidade do seu povo em um país que tem cometido um verdadeiro genocídio contra os índios. Ládio Veron falou ao Portal do PSTU sobre o aumento da violência contra lideranças indígenas e o total abandono das reservas, aldeias e acampamento indígenas pelos governos. Segundo o líder, mais de 270 lideranças foram assassinadas nos últimos 10 anos, número superior do que nos 20 anos anteriores. Encurralados por pistoleiros e pela Justiça Federal, precisariam apenas de uma intervenção do Governo Dilma para que suas terras fossem demarcadas e novas tragédias evitadas.


Como foi o processo que levou os Guarani-Kaiowá serem expulsos de suas terras no Mato Grosso do Sul?

Até hoje não descobriram que a gente é uma nação, um povo. Até hoje o governo não descobriu isso, e que o nosso território Guarani- Kaiowá é o que reivindicamos. Os governos, no passado, dividiram todas as áreas indígenas para os ruralistas. O que a gente pede são as terras mais sagradas onde viviam os nossos antepassados, o nosso bisavô, nosso tataravô. É ali que a gente quer voltar. Nós não estamos pedindo o Mato Grosso do Sul inteiro. Na época do SPI (Serviço de Proteção aos Índios), eles dividiram tudo. Fizeram 8 reservas, reservas de confinamento. O governo não pensou que, cedo ou tarde, aquela área estaria lotada de índio. E fez só aquela área. Hoje, somos quase 55 mil indígenas Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul com menos de 1% de terra dos nossos territórios. Então, as lideranças indígenas se mobilizaram em 1988, quando a nova constituição foi feita. A nova constituição disse que em cinco anos teriam que ser demarcadas todas as áreas reivindicadas pelos índios. A constituição é clara. É garantida aos índios sua posse permanente nessas áreas, mas até hoje o governo não deu a homologação desses territórios. Por isso, vem se intensificando os conflitos entre índios e fazendeiros, entre índios e ruralistas, entre índios e os grandes empreendimentos.


Como é a vida dos Guarani-Kaiowá hoje?

Estamos enfrentando uma situação muito difícil. Uma situação de violência e preconceito que não é de um ser humano. Estamos praticamente esquecidos pelo governo. Estamos lá acampados em frente a nossas terras porque não podemos ocupá-la. Tem áreas demarcadas, mas a homologação é suspensa no Supremo Tribunal. Nesta situação, muitas lideranças indígenas já foram mortas lutando pela terra. Hoje, estamos encurralados, falando em um português mais claro. Não podemos sair pra cidade, não podemos ver se os nossos filhos estão estudando direito devido a esta violência, às ameaças dos latifundiários, dos fazendeiros, do agronegócio, dos pecuaristas. A justiça não está sendo feita.

Na reserva de Dourados (MS), em cima de um pedaço de terra de 539 hectares, há mais de 18 mil famílias. Não dá nem pra fazer uma casa, uma roça. É muita gente em cima dessa área. Hoje, a influência da cidade é muito grande na reserva. A área de Dourados já se encontra dentro da cidade. A cidade vem oprimindo a reserva de Dourados, onde acontece matança, drogas, prostituição.

Uma vez um delegado disse que iria me prender. Eu disse pra ele que ele tinha se enganado. ‘Eu estou preso. Eu não posso sair de lá. Estou tomando chuva, tempestade, ventania, sem casa. É doença, fome e tristeza. Isso é estar preso. Nós estamos presos.’ Pra cá é asfalto, se você sai o carro pega. Pra lá é jagunço, se você entra a bala vem. A gente fica na beira da estrada, cuidando um do outro. Até quando vai ser assim? Quando o governo vai parar pra pensar que a gente é ser humano? A gente está lá dessa forma. É triste a nossa vida de viver na beira do caminho.


Como está a luta dos Guarani -Kaiowá diante do iminente despejo?

O meu povo não vai sair da aldeia. Vamos permanecer. Se querem tirar a gente da terra, o governo decreta logo uma lei, mata todo mundo e enterra lá. E acaba de vez a dor de cabeça pra eles. Mas parece que o mundo não-índio está entendendo de outra maneira. Parece que a gente vai se enforcar, morrer todo mundo e pronto. A gente está resistindo e vai resistir até o fim. Não vamos sair de lá. Aquelas terras são sagradas pra nós. Em cima daquelas terras que vamos sobreviver, que o futuro vai viver. Nossos filhos, nossos netos vão viver lá e é pra isso que estamos lutando.




No dia 24, uma Kaiowá-Guarani foi violentada por pistoleiros. Esse tipo de violência tem sido comum na região?

O estupro ocorreu em uma das reservas ameaçadas de despejo, a Pyelito Kue. A gente recebeu essa notícia que é chocante e é dessa forma que tem acontecido. Porque estamos acampados, e em volta da gente tem muitos jagunços que circulam vigiando o índio pra não sair, matando, estuprando. É assustador.


Os governos de Lula e da Dilma representaram algum avanço na luta pela demarcação das terras indígenas?

 Nenhuma. No governo do Lula aumentou a matança das lideranças indígenas e nada de demarcação de terras. Então, pra nós, não é suficiente o trabalho que o Lula fez. Não alcançamos nada com este governo. Praticamente, Lula não fez nada pelos Guarani-Kaiowá.


Como estão as negociações em relação à reintegração de posse de Pyelito Kue?

A justiça de Naviraí (MS) diz que não tem nenhuma ação contra Pyelito Kue. Mas a Justiça Federal diz que os índios têm que sair de lá. É essa a situação. Coloca o índio em pânico. A polícia aparece lá e os índios ficam pintados aguardando a polícia entrar. É desse jeito. Parece brincadeira, um juiz diz que sim e o outro diz que não.


A luta dos Guarani-Kaiowá tem recebido solidariedade de todo o país. Como vocês têm recebido esse apoio?

Agradeço muito ao Tribunal Popular que já esteve na expedição e sentiu de perto o nosso sofrimento. E agora também esse pessoal aqui [CSP-Conlutas] e vários outros lugares que estão fazendo o movimento. Eu fico agradecido. Hoje, qualquer coisa que acontece, a gente coloca na Internet e se espalha.

Lá a gente é proibido de tudo. Não pode ter celular nem Internet. Somos vigiados 24h. Tanto pelos pistoleiros quanto pelo pessoal da FUNAI. Se vacilar, eles mandam prender. Agora, com o avanço das denúncias, eu espero que eles fiquem caladinhos porque a coisa vai pegar. A coisa está feia pro lado deles agora. Eu creio também que daqui pra frente o governo deva acelerar a demarcação. Tudo que queremos é viver em paz, de igual pra igual, com a demarcação das nossas terras e a prisão dos assassinos das nossas lideranças.


O alto índice de suicídios entre os jovens está relacionado com a falta de perspectivas dentro das reservas?

A gente tem visto muitos jovens cometendo suicídio. A gente está hoje lutando pela demarcação das terras porque com a terra a gente vai trazer essas pessoas para a área e vai dizer ‘esse é seu pedaço, trabalhe aqui, plante aqui’. Na nossa aldeia Taquara hoje, estamos com 88 famílias em 90 hectares. Pra cada uma, a gente deu um pedacinho pra plantar. A nossa área é pequena, ainda estamos acampados e sendo vigiados. Ainda não é uma aldeia de fato. Mas temos alternativa para os jovens. Falamos pra plantar, fazer uma horta, artesanato. Em várias outras áreas que é demarcada é muito grande o suicídio por falta de trabalho. Muitos jovens têm filhos cedo e não tem como se sustentar. Nas áreas que estamos ocupando temos incentivado estudar, a primeiro se capacitar para depois de casar. Kaiowá não é pra fazer uma coisa precipitada, tem que se pensar primeiro. Mas, em outras aldeias não tem esse incentivo porque é muita gente e é difícil se reunir. Mas o foco principal é a luta pela terra. Sem a terra, não vai ter uma educação melhor, não vai ter moradia, não vai ter formação. A gente precisa da terra, pois é dela que vamos tirar o nosso sustento. Sem terra, não temos como viver.


Explique o que é o Aty Guasu? É um espaço de organização dos indígenas?

O Aty Guassu é uma assembléia dos Guarani- Kaiowá onde se discute a luta e, em primeiro lugar, a luta pela terra. Onde se discute a cultura, tradição, crença, religião, língua, educação e saúde indígenas. Esse é o papel da Aty. É onde sentamos e discutimos como vão ser as coisas, como queremos viver, defendendo nossos direitos, a luta pela terra, a nossa sobrevivência e cultura.

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