sábado, 23 de junho de 2012

Golpe da direita depõe presidente do Paraguai

É necessário exigir que o governo Dilma não reconheça o novo governo golpista


População vai às ruas contra o golpe
Após uma votação relâmpago, o Senado do Paraguai aprovou, por 39 votos a 4 (eram necessários 30 votos de 45), o impeachment do presidente do país Fernando Lugo, no final da tarde desse dia 22 de junho. A destituição do presidente já havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados por 73 votos a um. No Parlamento, o presidente teve apenas duas horas para se defender, o que foi feito por seus advogados.

Confirma-se assim o golpe branco desatado pelos partidos de direita e consumado em menos de 48 horas. O golpe foi travestido por uma capa de legalidade através de um “julgamento político” realizado pelo Legislativo.

A esdrúxula acusação contra Lugo foi de “fraco desempenho de suas funções presidenciais”. Formalmente, o golpe se embasava em cinco "acusações": responsabilidade no massacre de Curuguaty, o suposto financiamento a uma manifestação no Comando de Engenharia das Forças Armadas em 2009, o uso de tropas militares por sem-terra e a "falta de vontade política" para tratar a "violência" no campo. Ou seja, a direita acusa Lugo de não reprimir com mais violência, além da que já vem reprimindo, a luta dos sem-terras no campo.


Povo resiste, Lugo capitula

Tão logo foi anunciado o resultado, o comando das Forças Armadas reconheceu o impeachment e o novo presidente. Jornais do país já anunciavam uma movimentação de tropas do Exército nos quartéis nesses dois dias de preparação do golpe. Em tempo recorde, o vice de Lugo, Federico Franco, do PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico), recebeu a faixa presidencial. O partido, de direita, fez parte da coalização que apoiou Fernando Lugo nas eleições de 2008. Nos últimos dias, rompeu com o governo se aliou ao Partido Colorado, antecessor de Lugo que governou o país por 61 anos.

Do lado de fora do Parlamento, a polícia reprimia uma manifestação que ocorria na Plaza de Armas. Policiais investiram contra os manifestantes com balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos d’água.

Tal heroísmo, porém, não foi seguido pelo próprio presidente deposto que, num discurso vergonhoso que surpreendeu até mesmo seus partidários, acatou o golpe. Enquanto milhares de pessoas eram reprimidas nas ruas, um sorridente Fernando Lugo afirmava às câmeras de TV que se tratava de “um golpe contra a democracia”, mas que acatava a decisão do Parlamento. “Hoje eu me despeço como presidente da República, mas não como cidadão paraguaio”, afirmou, já reconhecendo sua condição de presidente destituído.

Lugo se limitou a exortar que a população proteste de “forma pacífica” e chegou a agradecer as Forças Armadas no esforço de “consolidar a democracia” no país.




Não ao golpe!

A deposição de Fernando Lugo se configura num clássico golpe de Estado, a exemplo do que ocorreu em Honduras em 2009. Um golpe articulado e implementado pela direita oligárquica, os latifundiários e os partidos tradicionais de direita do país, que se aproveitaram do massacre de Curuguat para destituírem Lugo.

Apesar de Fernando Lugo não fazer um governo em nada parecido a um governo de esquerda, ou voltado à maioria da população, não ter avançado na reforma agrária, uma das principais necessidades e reivindicações dos trabalhadores do país (ao contrário, apoiou a repressão contra os movimentos sem-terras), o golpe representa uma ofensiva da direita e seus partidos e como tal deve ser combatido.

É necessário conclamar e apoiar a resistência dos trabalhadores e da juventude paraguaia nas ruas e, no Brasil, exigir do governo Dilma que não reconheça e rompa relações com o governo golpista.


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Nota do PT, seção da LIT-QI no Paraguai sobre o golpe


Retirado do Site do PSTU

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Em uma grande marcha, uma resposta ao fracasso da Rio+20

Marcha na Cúpula dos Povos reuniu cerca de 25 mil no Rio


Fotos Gustavo Speridião
Marcha também reuniu os servidores em greve
Nesta quarta-feira, 20 de março, o Rio assistiu à maior manifestação de rua dos últimos anos, quando um mar de gente ocupou a Avenida Rio Branco, no centro da cidade. A Marcha dos Povos reuniu pelo menos 25 mil manifestantes. Enquanto as últimas expectativas em torno à Rio+20 se dissolviam, a marcha foi um símbolo da polarização conquistada pela Cúpula dos Povos nas ruas cariocas.

Com a presença de diversas centrais sindicais, partidos políticos, sindicatos, entidades da causa ambiental, ONGs, organizações indígenas e ativistas de vários países, o tamanho da marcha impactou até mesmo seus participantes. A animação tomou conta dos manifestantes e não poderia ser diferente.

Igualmente, não faltou irreverência para expressar a luta pela preservação ambiental. Cartazes e faixas, fantasias, maquiagem e bonecos gigantes deram o colorido à manifestação. Um dos maiores retrocessos ecológicos do Brasil no período de governos do PT, o Código Florestal, foi amplamente denunciado na manifestação. Segundo cartazes distribuídos no ato, “o jogo ainda não acabou”.

Em uníssono, a marcha foi uma crítica contundente ao discurso do “capitalismo verde” proposto pela Rio+20. O fracasso da reunião de cúpula impulsionou a denúncia da hipocrisia dos governos de todo o mundo.


A presença da greve das universidades

Professores, funcionários e estudantes em greve nas universidades federais marcaram presença. Os ativistas da educação concentraram-se em frente a ALERJ, na rua Primeiro de Março, e se dirigiram à Candelária, onde se juntaram à passeata – compondo uma bela coluna, de pelo menos 2500 manifestantes.

As palavras de ordem mais cantadas na greve foram ouvidas na marcha. Entre elas, “Cadê o dinheiro? A Dilma deu tudo para o banqueiro e o bicheiro” ou “A greve unificou. É estudante, funcionário e professor!”. A precarização imposta pelo REUNI também esteve clara no conteúdo políticos das intervenções.

ANEL e CSP-CONLUTAS emprestaram suas forças a engrossar a coluna da greve. A ausência da UNE na coluna, além de ilustrar a incapacidade da velha entidade em dar rumo à greve dos estudantes, foi seguidamente denunciada nas palavras de ordem.


Socialismo ou barbárie ambiental

O PSTU esteve presente no ato, onde denunciou as conseqüências da exploração predatória da natureza promovida pelo capitalismo ao redor do mundo. Para o partido, conferências como a Rio+20 não podem oferecer saída à crise ambiental, porque os governos de todos os países estão subordinados ao interesse das empresas que poluem.



Nesse sentido, a marcha foi mais um espaço importante para a defesa do socialismo. Para Cyro Garcia, pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo PSTU, “a situação do meio ambiente e a falência de mais uma reunião de cúpula do imperialismo para tratar da questão reforçam a atualidade da causa socialista. Quando nos deparamos com a destruição do planeta, vemos que o mercado e a sanha por lucros estão conduzindo a humanidade, literalmente, à destruição. Essa compreensão é parte fundamental de nossa convicção de lutar pela planificação da exploração dos recursos naturais, como parte da construção de um mundo socialista”.


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Atingidos pela Vale protestam durante a Cúpula dos Povos


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Em meio à greve das federais, ANEL realiza sua maior assembleia nacional

Assembleia Nacional realizada no Rio reúne 500 estudantes de 18 estados e o Distrito Federal, e marca avanço da entidade


Plenária de abertura da ANEL
A Assembleia Nacional dos Estudantes Livre, a ANEL, realizou no final de semana dos dias 16 e 17 de junho, sua maior assembleia nacional, que reuniu cerca de 500 estudantes de 18 estados e do Distrito Federal. A assembleia, instância de decisão máxima da entidade após o congresso, contou com 162 delegados eleitos pelas entidades de base, como CA’s e DCE’s, representando cerca de 55 mil estudantes.

Além da grande representatividade, a assembleia marcou um importante avanço da ANEL em diferentes lugares como Rio de Janeiro e Minas Gerais, e em estados onde a entidade ainda não havia chegado, como é o caso do Espírito Santo e Tocantins.


As lutas passam pela ANEL

Expressando uma das maiores greves das universidades federais dos últimos anos, a assembleia nacional teve a participação, na abertura, de entidades como o ANDES, Fasubra e Sinasefe. Um dos destaques foi a participação ativa dos vários comandos de greve articulados nas universidades. A paralisação das federais também foi tema de debate durante os grupos de discussão, que discutiram ainda “métodos de luta” e a reorganização do movimento estudantil.

Em meios aos debates, emergiam consensos como a falência da UNE. “As discussões apontaram que essa greve é claramente identificada como um movimento que se enfrenta com a UNE, que apoiou a aprovação do Reuni em 2007 que, por sua vez, é responsável por essa situação de precarização das universidades, e ao mesmo tempo, o debate apontou a necessidade de uma entidade nacional que realmente expresse as lutas dos estudantes”, afirma Clara Saraiva, da Executiva Nacional da ANEL.

Na plenária final, os estudantes aprovaram uma pauta unificada que foi posteriormente apresentada durante a primeira reunião do Comando Nacional de Greve, realizada no dia seguinte, sendo incorporada à pauta do comando. O comando de greve foi formado após o protesto que reuniu milhares de estudantes em Brasília no dia 5 de junho e aglutina praticamente todas as correntes políticas presentes no movimento estudantil hoje. Sua articulação foi um importante avanço para o fortalecimento da luta dos estudantes, especialmente nessa greve.

A pauta aprovada pela ANEL e pelo comando traz reivindicações como a revogação imediata do Reuni pelo governo Dilma, a rejeição do PNE (Plano Nacional de Educação) do governo e a adoção de um PNE que realmente atenda às necessidades dos trabalhadores, a exigência da aplicação de 10% do PIB na Educação e a negociação por parte do governo para os graves problemas causados pelo Reuni, como a infra-estrutura precária das universidades, a falta de professores e a necessidade de abertura de concursos públicos.

Além das entidades já filiadas, essa assembleia nacional também teve a participação de setores da esquerda da UNE, que foram convidados a falar aos estudantes presentes. “Fizemos um chamado sincero aos companheiros da esquerda da UNE, para que rompam com essa entidade e construam conosco a ANEL; na assembleia eles puderam ver o funcionamento democrático das instâncias da entidade que, assim como o atual comando de greve, funciona com representantes eleitos na base e mandatos revogáveis”, explica Clara.




Contra as opressões e internacionalista

Seguindo sua marca que já virou tradição, de conferir importância à luta contra as opressões, a assembleia teve plenárias de mulheres, negras e negros e LGBT. A plenária de mulheres contou com a participação do Movimento Mulheres em Luta, filiado à CSP-Conlutas, e discutiu a confecção de uma cartilha sobre a questão da opressão às mulheres e o tema das creches nas universidades, a exemplo da cartilha que a ANEL já publicou sobre a temática LGBT. Proposta semelhante foi discutida na plenária de negras e negros, sobre a questão do racismo.

A plenária LGBT, por sua vez, aprovou, para o dia 28 de junho, dia de luta contra a homofobia e que marca o aniversário do levante de Stonewall, um dia de “beijaço” contra a opressão, nos estados.

Outra tradição da ANEL que não foi deixada de lado nessa assembleia foi seu caráter internacionalista. A assembleia debateu as lutas que envolvem a juventude em todo o mundo e contou com saudações de estudantes da Federação de Estudantes da Colômbia, além de estudantes de Quebec, do Canadá.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Maluf e o PT provam que pior do que está pode ficar sim

Foto de Maluf com Haddad e Lula causaram indignação até mesmo em quem já está acostumado com as alianças do PT


Foto de Lula, Haddad e Maluf estampou os jornais
Quando ninguém mais acreditava que pudesse se surpreender com o jogo das alianças espúrias na política, eis que algo novo sempre aparece para desafiar esse limite. Nesse dia 18 de junho, a foto do ex-presidente Lula e seu candidato Fernando Haddad, empurrado goela abaixo da militância petista, com ninguém menos que Paulo Maluf, foi um desses momentos de consternação.

A aliança do PT com o PP de Maluf foi selada oficialmente na própria casa do ex-prefeito de São Paulo. As conversas e articulações, porém, já estavam adiantadas. Em troca do apoio de Maluf e do 1min35 de tempo de TV de seu partido, o PT ofereceu uma secretaria do Ministério das Cidades a um de seus apadrinhados. Mas, num tempo em que a imagem predomina, Maluf não se fez de rogado e exigiu que Lula fosse pessoalmente à sua casa, para registrar o momento histórico em uma foto. E assim foi.

A imagem do candidato do PT com uma das figuras símbolo da corrupção no país, dono de bordões como "estupra, mas não mata" e presente na lista de procurados da Interpol causou indignação até mesmo entre os petistas já acostumados à política de alianças "pragmáticas" de seu partido. A foto com Maluf deu a impressão até mesmo a esse setor de que, desta vez, o partido "passou do limite". O apoio de Maluf a Marta em 2004, por exemplo, reduzira-se a uma declaração de voto e não a poses para retratos.

O acordo com Maluf pegou até mesmo Luiza Erundina (PSB) de surpresa. Balançada, a pré-candidata a vice de Haddad criticou a aliança, ainda que, ao contrário do que chegou a noticiar alguns veículos, aceite permanecer na chapa do PT.


O coro dos hipócritas

Mas não foi só parte da militância petista que comentou a foto de Lula com Maluf. Os maiores veículos da imprensa paulista, como a Veja, Estadão e Folha de S. Paulo, estamparam com destaque a imagem, como forma de desgastar a imagem de Haddad em prol da candidatura Serra.

Menor destaque dão, porém, ao recente apoio prestado por Valdemar da Costa Neto ao candidato tucano. Valdemar, presidente do PR (então PL), foi um dos protagonistas do escândalo do mensalão. Na época, em 2005, o então deputado renunciou para não ser cassado. O apoio a Serra em São Paulo seria uma forma de vingança pelo PR ter sido preterido pelo Governo Federal na distribuição de cargos e ministérios.

O PSDB, também de olho no tempo de TV do PR, prefere esquecer por hora o mensalão, cujo julgamento no STF está marcado para agosto. Questionado sobre a "incoerência", Serra deu sua contribuição ao rol de frases esdrúxulas afirmando que faz aliança "com partidos, não com pessoas".


Diga-me com quem andas...

A foto de Maluf e Lula de fato choca. Porém não chega a ser exatamente uma novidade, já que o PP sempre esteve na base aliada do governo Lula, e agora no de Dilma. A coerência e o discurso da “ética na política” já foi há muito abandonado a favor da chamada “real politik”, que já produziu imagens como a do hoje senador Lindbergh Farias (PT) apertando as mãos do colega Fernando Collor de Melo, vinte anos após as mobilizações dirigidas pelo então presidente da UNE.

Há tempos o PT se lançou de corpo e alma ao mais puro fisiologismo. Com as fronteiras de classe dissolvidas, vale tudo, e qualquer preço nunca é caro o bastante para chegar e se manter no poder. De ruralistas a mais conservadora bancada evangélica. Os poucos militantes petistas que ainda se vêem obrigados a justificar tais alianças, costumam apontar o dedo para o PSTU “que não se alia com ninguém, mas também não elege”. Nessa lógica, faria sentido abrir mão de alguns princípios para chegar ao poder. Mas seria mesmo assim?

Passada uma década de governo petista, nenhuma mudança estrutural foi realizada. Velhas oligarquias regionais, como a família Sarney, assim como políticos como Sérgio Cabral no Rio, são eternizados pelo próprio PT. Medidas como a reforma do Código Florestal, há anos parada no Congresso, são retomadas. Até mesmo medidas aparentemente tão simples e básica, como uma cartilha anti-homofobia nas escolas para combater a violência contra homossexuais, são vetadas em nome das alianças conservadoras.

Na política, ou você luta contra a direita, os ricos e poderosos, ou se alia a eles. O PT, há muito, já escolheu o seu lado. Ingenuidade é achar que, abraçado a Paulo Maluf, é possível mudar alguma coisa.

Nota: No final desse dia 19, o PSB finalmente anunciou a desistência de Luiza Erundina de ser vice da chapa de Haddad


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Convenção lança alternativa socialista à prefeitura de São Paulo


Retirado do Site do PSTU

Grécia: direita vence eleições, mas pode perder nas ruas

Dirigente da Nova Democracia, Antonis Samaras
O partido conservador pró-ajuste, Nova Democracia (ND), sagrou-se vitorioso nas eleições gregas realizadas no último domingo, dia 17. A Nova Democracia foi o mais votado nas eleições legislativas gregas, com 29,7% dos votos, o que lhe conferiu 129 cadeiras no parlamento, em função de um critério totalmente antidemocrático que garante ao primeiro colocado mais 50 vagas no parlamento. Já o Syriza (Coligação de Esquerda Radical) obteve o segundo lugar, com 26,9% (conquistando 71 cadeiras no parlamento); o PASOK (social-democracia) obteve 12,3% (33 cadeiras).

Completando as demais vagas no parlamento, a coligação Gregos Independentes ficou com 7,5% dos votos (20 cadeiras); a Aurora Dourada (fascista) conquistou 6,9% (18 vagas); a Esquerda Democrática obteve 6,2% (17 vagas) e do Partido Comunista (KKE) ficou com 4,5% (12 cadeiras).


O ‘apocalipse europeu’

A campanha eleitoral foi marcada por uma enorme e violenta campanha de demonização do Syriza, dentro e fora da Grécia. Alexis Tsipras, líder, do Syriza, foi taxado com um “perigoso ideólogo” que ameaça arrastar o país para fora do euro e levar o "dracmagedom" não só à Grécia, mas para toda União Europeia (UE).

O dracma é a antiga moeda do país antes da adoção do euro. "Dracmagedom", portanto, seria um expressão, para a direita europeia, do “apocalipse” que a Grécia enfrentaria (e causaria na UE de conjunto) caso declarasse a moratória de sua dívida ou abandonasse a união cambial europeia. Segundo os defensores dos programas pró-ajustes, a Grécia mergulharia num abismo se optasse por tal caminho. O ‘Financial Times Deutschland’, jornal do mercado financeiro alemão, chegou a publicar um artigo (em grego e alemão), poucos dias antes das eleições, intitulado "Combatam os demagogos" para “evitar o desastre”, no qual atacou duramente o Syriza e recomendou voto ao partido da Nova Democracia.

Esses senhores, porém, esquecem (ou fingem esquecer) que a Grécia já mergulhou no “apocalipse” há muito tempo, desde que os partidos que se revezaram no governo (Nova Democracia e PSOK) aplicaram os planos de ajuste exigidos pela “Troika” (Banco Central Europeu, FMI, Comissão Europeia). O resultado não poderia ser outro: a taxa de desemprego supera os 21% (e de mais de 50%, entre os jovens); direitos sociais foram varridos, empregos públicos eliminados, enquanto se implementava um programa massivo de privatizações. Os aposentados viram as suas pensões cortadas em média 15%. E um dos trágicos resultados de tudo isso foi o aumento de suicídios. Segundo o Ministério da Saúde grego, houve um aumento de 40% desses casos, como foi o caso dramático do aposentado Dimitris Christoulas, de 77 anos, que suicidou-se na Praça Syntagma, próximo à entrada do parlamento grego.

O “apocalipse” grego é produto das políticas desenvolvidas pela troika e aplicadas pelos governos da Nova Democracia e do PSOK, e não, como disse recentemente a presidente do FMI, Christine Lagarde, porque os “gregos são preguiçosos que “não pagam seus impostos”.

E são essas mesmas políticas que estão arrastando conjunto da Europa para o “armagedom”, que pode ser visto no brutal crescimento do desemprego, desmantelamento dos direitos sociais e cortes de salários.

Como se não bastasse à humilhação a qual a Grécia é submetida, a campanha de demonização também evidencia uma enorme ingerência dos representantes do capital financeiro europeu nas eleições do país. Mais uma vez, tentaram impor um governo submisso aos banqueiros.

Cenas de autoritarismo financeiro aberto no continente, porém, não representam nenhuma novidade, nem na Grécia nem na União Europeia. Em 2010, Angela Merkel e a troika impediram que gregos realizassem um plebiscito sobre um novo pacote econômico que previa mais ataques. Como se não bastasse, os gregos tiveram que aturar um governo de “emergência” imposto pela troika - chefiado por Lucas Papademos, ex-vice -presidente do Banco Central Europeu – para liderar uma nova rodada de ajustes. Algo semelhante ocorre hoje na Itália com o governo de Mario Monti (ex-funcionário Comissão Europeia), agente direto do capital financeiro europeu que aplica com todo o rigor o receituário dos banqueiros. Assim, a crise vai derrubando a máscara da “Europa democrática”, que vê seus governos reduzidos à simples agências de cobrança de uma oligarquia de especuladores e parasitas.


Um governo frágil

Apesar da vitória da Nova Democracia, o desfecho que decorre das eleições ainda é incerto. O partido conservador não obteve sozinho uma maioria parlamentar. O mais provável é que se forme um governo de “unidade nacional” com o PASOK para garantir a aplicação do memorando econômico exigido pela troika e, assim, efetivamente levar o país para o “amargedom”.

Para satisfazer a voracidade dos parasitas do mercado financeiro, o novo governo terá que fazer duros cortes orçamentários até o próximo ano, estimados em 11,5 bilhões de euros. No entanto, não há dúvidas de que o atual governo encontra-se numa situação de maior fragilidade. Os principais partidos defensores dos ajustes tiveram juntos pouco mais dos 40% dos votos. Esses partidos, que governavam o país até dois meses atrás, são considerados responsáveis pelo estado catastrófico da economia grega. Ambos aplicaram os planos de austeridades exigidos pela troika. Ambos sustentaram o governo Papademos, agente do capital financeiro europeu no país. Ou seja, nas eleições a grande maioria da população, de uma forma ou de outra, rejeitou os planos de ajustes, apesar da enorme campanha midiática da burguesia. Hoje um gabinete pró-memorando terá que enfrentar novas mobilizações em uma situação de maior fragilidade.

É importante lembrar que os governos chefiados por esses partidos foram alvos dos inúmeros protestos contra a crise. O governo de Costa Karamanlis (ND) caiu diante dos primeiros protestos contra a crise. Já o de Papandreu (PASOK), que sucedeu a direita conservadora, aprofundou os ataques aos trabalhadores e foi alvo das 18 greves gerais realizadas até cair. Por ter radicalizado na implementação dos planos de austeridade, o PASOK acumulou um desgaste maior, amargando um dos piores resultados eleitorais de sua história.


O programa do Syriza

Se posicionando contra novos ataques previstos no memorando, o Syriza capitalizou boa parte da insatisfação popular. A coligação chegou a conquistar parte do eleitorado do Partido Comunista Grego (KKE), que chegou ao extremo sectarismo de atacar mais o Syriza do que a ND ou o PASOK. Dos 8,4% que conquistou nas eleições realizadas em maio, o KKE ficou reduzido à metade (4,5%).

O Syriza, por sua vez, apresentou claras limitações no programa apresentado nas eleições. Ao mesmo tempo em que prometia o fim do ajustes, Alexis Tsipras afirmava que um governo do Syriza não levaria a Grécia a romper com a UE ou a saída da Zona do Euro. Nem mesmo uma clara perspectiva de suspensão do pagamento da dívida - ilegítima criada para salvar os barões do sistema financeiro – foi mencionada.

A questão chave é que não há nenhuma possibilidade de se opor ao memorando, ao mesmo tempo em que defende a permanência do país na zona do euro. A realidade se apresentava de outra forma: ou a Grécia sede ao memorando e fica na zona do euro, ou recusa novos planos de ataque. Na reta final da campanha, Tsipras chegou a falar em “renegociação” do memorando.

Tais vacilações expressam uma grande contradição entre a vontade daqueles que votaram no Syriza, que rejeitam a aplicação de qualquer memorando exigido pela troika, e a política eleitoralista adotada pela direção da coligação. Assim, o Syriza tentou passar uma imagem mais “confiável” , na qual deixou as lutas e ações diretas de lado para tentar se afastar a imagem de "radicalismo ideológico".


Mudança vai sair das ruas

As verdadeiras mudanças saíram das ruas, da luta dos trabalhadores e da juventude grega. Serão produtos das novas greves massivas, ocupações e lutas sociais daqueles que rejeitam as ameaças dos representantes do sistema financeiro europeu. Por isso, os sindicatos dos trabalhadores e as organizações da juventude têm a responsabilidade de continuar sua luta, chamar novas greves até a derrota total do memorando da troika e do novo governo que vai tentar aplicá-lo.

Pela grande votação que obteve, o Syriza tem uma grande responsabilidade com essa tarefa. Após as eleições, Tsipiras declarou que o Syriza realizará uma “forte oposição contra um governo fraco.” Mas a “forte oposição” não pode ficar apenas no terreno institucional apostando na realização de novas eleições. A coligação deve romper com o eleitoralismo, chamar a resistência e a mobilização contra novos ataques que o novo governo pró-austeridade vai tentar aplicar, e não apenas aguardar o calendário eleitoral para tentar “derrotar a Troika”.

A derrota do governo Nova Democracia/PASOK mostraria para todos que é possível vencer a troika, reverter os ataques e fortalecer a resistência dos trabalhadores da Europa.


Retirado do Site do PSTU

terça-feira, 19 de junho de 2012

PSTU e PSOL formam frente de esquerda em Natal

Chapa será alternativa socialista nas eleições


Robério Paulino Rodrigues (PSOL), pré-candidato da Frente de Esquerda
No dia 12 de maio, PSOL e PSTU anunciaram oficialmente a aliança em Natal (RN), após reuniões, plenárias e conversas entre os partidos e com ativistas da cidade. O pré-candidato a prefeito será o professor da UFRN Robério Paulino Rodrigues, do PSOL. Seu vice será o professor Dario Barbosa, do PSTU, cuja pré-candidatura à prefeito chegou a ser apresentada nas discussões da frente. A aliança se repetirá na chapa de vereadores, que buscará romper o bloqueio eleitoral, que estabelece cerca de 15 mil votos para eleger um vereador na cidade.


Independência de classe

A construção da Frente Ampla de Esquerda durou vários meses. Ao final, o acordo entre os partidos garante a independência política, ao rechaçar doações de empresas e aliança com partidos dos patrões. Foi formada uma coordenação e respeitado o peso de cada partido nos programas de TV para prefeito e vereador.

Um ponto decisivo para a frente foi o programa, que permitirá oferecer uma alternativa para os trabalhadores, e seu perfil, claramente socialista. É parte do programa da frente a denúncia do capitalismo e de sua crise econômica e a defesa do socialismo com democracia e a oposição aos governos que implementam o modelo neoliberal, como o de Dilma Rousseff.


Rio Greve do Norte

As eleições desse ano devem expressar a situação política na capital e no Estado. Em 2011, a cidade viu uma série de greves e lutas, como a dos professores, que teve a professora Amanda Gurgel como símbolo, e a ocupação da juventude pelo Fora Micarla, que durou 11 dias. Neste ano, as lutas continuam, em greves da educação municipal, da saúde, dos rodoviários e dos operários das obras do Arena das Dunas, estádio que sediará jogos da Copa.

De outro lado, há crises nas alturas. A primeira, no Judiciário. O esquema de corrupção envolve presidentes do Tribunal de Justiça, que recebiam dinheiro em envelopes na garagem do tribunal. “Esse judiciário, cujos desembargadores roubaram mais R$ 12 milhões, é o mesmo que condenou como ilegal as greves daqui, como a dos operários do estádio da Copa, que recebem R$ 800”, condena Amanda Gurgel.

A outra crise é da prefeita Micarla de Souza (PV), que enfrenta um desgaste recorde. Pesquisas chegam a apontar que 80% rejeita seu governo. “Se é verdade que Micarla deixou a cidade em um caos político e organizativo, essa situação também é fruto de governos anteriores, como os de Carlos Eduardo Alves (PDT) e Wilma de Faria (PSB), em governos que contaram com o apoio do PT”, lembra Dario Barbosa. Nas pesquisas para prefeito, Carlos e Wilma lideram, mostrando que o desgaste de Micarla pode deixar apenas uma troca de cadeiras.


Natal para os trabalhadores

Para o PSTU, hoje há duas cidades, a do cartão postal, com suas belezas naturais, e outra, com graves problemas sociais, na periferia, onde dois de cada três moradias não têm saneamento básico. A cidade vem crescendo de forma desordenada, pressionada pelo turismo predatório, pelos empresários dos transportes e pela especulação imobiliária, setores ligados aos partidos que governaram a cidade. A prioridade a estes setores só aumentou, com as obras para receber a Copa.

A Frente de Esquerda propõe governar para a maioria, para os trabalhadores, com um programa que defende prioridade para a Educação, fim da privatização da Saúde, taxação de terrenos voltados à especulação imobiliária, um plano de moradia popular, o combate a corrupção e a não submissão à Lei de Responsabilidade Fiscal, usada pelos governos como desculpa para não aumentar salários ou investir nas áreas sociais.


Educação será prioridade na campanha do PSTU

Partido reúne ativistas para debater com Amanda Gurgel o caos no ensino e o programa para o setor

Exatamente um ano depois do discurso da professora Amanda Gurgel na Assembleia Legislativa e do vídeo na internet, o caos na Educação continua, com salários baixos e péssimas condições de ensino. Uma situação que levou novamente os professores municipais a ir à greve neste ano, enfrentando a intransigência do governo e as ameaças do Judiciário.

Por conta disso, a educação será um dos temas prioritários na campanha do PSTU. Desde março, o partido vem realizando reuniões e encontros com ativistas e moradores, debatendo as propostas para o setor e recolhendo sugestões.

Dezenas de encontros foram feitos, em média com 15 a 20 pessoas, de diferentes bairros e regiões de Natal. Em todos, os militantes também apresentam o partido e suas diferenças em relação aos demais partidos. Em especial, o programa do partido contra o machismo e a opressão às mulheres, outro tema prioritário na campanha.

A professora Amanda tem participado dos encontros, expressando o impacto do seu discurso na cidade e o alcance do vídeo na internet. As reuniões acontecem principalmente nos bairros mais pobres, onde vivem os trabalhadores das indústrias e os pais e mães de alunos da rede pública. Muitas dessas reuniões ocorreram na Zona Norte, no bairro de Nova Natal, onde Amanda leciona. “Tem sido muito importante esse diálogo com as pessoas. E a receptivade é enorme. De cada reunião, as pessoas propoem fazer outras, com amigos, vizinhos...”, conta Amanda.

Além da educação, as conversas também têm ocorrido sobre temas específicos, envolvendo grupos de artistas, ligados à literatura de cordel, ativistas LGBT, estudantes, jovens e professores universitários.

Acesse o Blog da Amanda Gurgel


Retirado do Site do PSTU

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O que esperar da Rio+20?

Leia o boletim especial divulgado pelo PSTU durante as atividades da Rio+20 e a Cúpula dos Povos


Boletim distribuído durante atividades da Cúpula dos Povos
Vinte anos após uma das maiores conferências ambientais do mundo, a ECO-92, os resultados não poderiam ser piores para o meio ambiente. A cada dia, 25 espécies desaparecem da Terra. Até o fim deste século, a temperatura média na Terra deve subir entre 1,8º e 4ºC. Seguem o aquecimento global e o derretimento das geleiras. Os governos tentam jogar a culpa dos problemas ambientais na população, quando apenas 4% da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa estão ligados ao desperdício ou lixo individuais. Os outros 96% estão relacionados, principalmente, com a grande produção industrial.

Nós, trabalhadores, somos vitimas dessa situação. Sofremos as consequências do desmatamento e da contaminação de rios e mares; ingerimos agrotóxicos e peixes contaminados. Por sua vez, os mais pobres são os mais expostos a enchentes e deslizamentos. Os reais responsáveis pelo dano ambiental são as grandes corporações, bancos, latifúndios e governos - que financiam e lucram com a degradação. Enquanto não atacarmos o problema em sua raiz, seguiremos rumo à barbárie.

A Rio+20, como todas as conferências ambientais organizadas pela ONU, será um verdadeiro fracasso. Os governos são financiados em suas milionárias campanhas eleitorais pelas grandes empresas poluidoras e, depois, atuam na defesa dos lucros dessas mesmas empresas. Uma conferência realizada pela ONU, que é formada por esses governos, não pode solucionar os problemas ambientais. Barack Obama e Angela Merkel sequer participarão do evento. Por tudo isso, durante a conferência, participaremos com outros movimentos sociais do mundo na Cúpula dos Povos, evento paralelo e crítico à Rio+20. A direção da Cúpula não assume com clareza um programa socialista para o meio ambiente. É essa a proposta que o PSTU oferece aos ativistas presentes.


Contra a injustiça social e a crise ambiental, a nossa luta é pelo socialismo!

As condições de vida da humanidade estão ameaçadas. Hoje todos os países do mundo têm governos obedientes ao poder econômico das grandes empresas, dos bancos e dos latifundiários. Estes buscam aumentar cada vez mais o seu lucro, mesmo que ao custo do esgotamento dos recursos naturais do nosso planeta.

No capitalismo, a competição e o mercado é que determinam o que vai ser produzido, e em que quantidade. Não importa a necessidade da maioria e nem a capacidade da Terra de sustentar tal produção. Ou seja, a lógica capitalista é inconciliável com uma verdadeira preservação do meio ambiente. Uma empresa que supostamente colocasse a preservação ambiental acima do lucro seria logo ‘devorada’ por todas as outras, porque a competição sempre leva a uma concentração cada vez maior de riquezas nas mãos dos que lucram mais. Não podemos crer que os governos possam regular esse mecanismo, porque esses mesmos governos, em todo o mundo, são financiados pelas empresas.

É por isso que o PSTU defende o socialismo. Para que tudo que se produz esteja de acordo com as necessidades da maioria das pessoas, o que inclui a preservação do meio ambiente e da vida no planeta. Através de comitês democráticos de direção das empresas, por parte dos trabalhadores, a produção seria controlada a serviço do bem-estar de todos. Desta forma, a humanidade não seria mais refém de um punhado de capitalistas e de seus políticos de aluguel que destroem nossas condições de vida e nos ameaçam com uma catástrofe ambiental cada vez mais iminente.

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