sábado, 12 de fevereiro de 2011

LIT-QI: Mubarak caiu! Grande Triunfo da Revolução no Egito! Contra a transição impulsionada pela burguesia e o imperialismo, continuar as mobilizações!

Declaração da Liga Internacional dos Trabalhadores sobre a revolução no Egito que derrubou o ditador Hosni Mubarak


A gloriosa revolução egípcia deu um exemplo histórico a todos os povos do mundo e um novo e decisivo passo na expansão da revolução árabe. Hosni Mubarak, o ditador odiado e o mais importante agente do imperialismo e de Israel na região foi obrigado a sair pela ação determinada das massas durante 18 dias consecutivos. A derrubada desse ditador é, por isso, um enorme triunfo das massas egípcias e árabes.


Comemoração nas ruas do Cairo após a queda de Mubarak


A revolução colocou o regime contra a parede

O centro desse gigantesco processo esteve na Praça Tahrir (ou Libertação) no centro da capital, Cairo, que se converteu no centro dos protestos que percorreram todo o país. Milhões de egípcios exigiram “Fora Mubarak” e o regime. A ocupação da praça se tornou a expressão do poder do povo mobilizado, , em oposição ao regime e a suas instituições que não conseguiam mais governar. O governo mandava acabar com a ocupação da praça e ninguém obedecia; decretou toque de recolher, mas as massas não lhe davam ouvidos. O processo galvanizou o país inteiro, e pudemos ver as massivas manifestações nas grandes cidades como Alexandria, Suez, Port Said e se estendendo a todos os cantos do país.

Com o país paralisado, o governo orquestrou uma tentativa contra-revolucionária de ataque violento contra os manifestantes, com o objetivo de derrotá-los e esvaziar a Praça Tahrir. Apesar da passividade do Exército e da covardia de um ataque de bandos armados contra manifestantes desarmados, os ocupantes da Praça Tahrir não se deixaram intimidar e expulsaram corajosamente os bandos do regime, compostas por policiais e mercenários.

Ao mesmo tempo em que perpetrava este ataque contra o movimento revolucionário, o governo chamou ao diálogo as forças de oposição toleradas e com a participação dos seguidores de El Baradei e da Irmandade Muçulmana. Apesar de estas forças não terem chegado a acordo com o regime, a sua participação significou de fato a legitimação de uma tentativa de transição negociada. Como resultado foram apenas anunciadas "reformas constitucionais" até as eleições de setembro e promessas de "concessões" vazias. As massas não acreditaram nessas manobras e continuaram exigindo a imediata saída de Mubarak, mantendo a ocupação da Praça no Cairo e principais cidades do país.

Já nos últimos dias a classe operária e os trabalhadores começaram a intervir de forma decisiva com sua mais poderosa arma: a greve. Expressão disso foi a entrada em cena dos trabalhadores do canal de Suez, dos trabalhadores da saúde e dos transportes no Cairo, bem como dos trabalhadores das telecomunicações. Até mesmo os trabalhadores de órgãos de imprensa como o Al Ahram resolveram parar contra o regime. Esta onda de greves que juntava reivindicações por melhores condições de vida, com a exigência de saída de Mubarak, foi paralisando a economia egípcia de forma cada vez mais comprometedora para os interesses da burguesia nacional e internacional. Os trabalhadores demonstravam assim, que enquanto Mubarak estivesse no poder eles iriam até o limite para conseguir o que queriam.

Frente a tudo isto, o Exército foi incapaz de reprimir diretamente as mobilizações e se manteve assistindo as marchas massivas e a ocupação da Praça. O contato constante dos soldados e baixa oficialidade com os manifestantes aprofundaram os elementos de crise no Exército, o que foi tornando cada vez mais perigosa uma possível ordem da cúpula de repressão em massa, que poderia ter como resultado imediato a divisão do Exército frente à força revolucionaria do povo egípcio.


Ativista egípcio carrega bandeira manchada de sangue


Mubarak é obrigado a renunciar

Frente à insustentável manutenção de Mubarak, o imperialismo começou a procurar articular uma "transição segura", que garantisse um "governo leal", cuja tarefa fosse "estabilizar" o país, mantendo as instituições centrais do regime, com algumas concessões democráticas. O imperialismo apostou na cúpula do Exército para levar a cabo essa tarefa, tendo em conta a sua ligação orgânica ao imperialismo, a sua importância como pilar fundamental do regime e força repressiva, e também pelo certo prestígio que ainda mantinha entre as massas.

Após vários anúncios que apontavam no sentido da renúncia na noite de 10 de fevereiro, Mubarak fraudou a expectativa da nação com um discurso que, em que em vez de anunciar seu retiro, anunciava a sua manutenção no poder com a transmissão de alguns poderes para Suleiman.

A reação furiosa da população na Praça Tahrir no Cairo e em todo o país apontava a uma radicalização dos protestos que se esperavam ainda maiores para o dia 11. Na mesma noite, os manifestantes cercaram espaços centrais como o palácio presidencial e estação estatal de TV, que estavam protegidos pelo Exército. Esta situação se foi tornando cada vez mais alarmante, particularmente para a cúpula das Forças Armadas, pois colocava a possibilidade real de enfrentamentos dos manifestantes com os organismos de segurança. Tendo em conta os importantes elementos de crise no Exército, não havia qualquer garantia que uma tentativa de tomada destes edifícios pela população pudesse ser freada pelos soldados.

Com a ampliação massiva dos protestos e a perda definitiva do controle por parte do regime, Suleiman foi obrigado a vir à televisão para anunciar telegraficamente a renúncia de Mubarak e a entrega da condução do país ao Comando Central do Exercito. A saída de Mubarak foi uma conquista enorme, imposta pelas mobilizações das massas e por isso sentida com enorme alegria e emoção.


O centro do acordo é a estabilização burguesa através do Exército

Compartilhamos a enorme e justa alegria que perpassa as massas egípcias e de todo o mundo por haver se livrado de um ditador assassino e corrupto. Mas queremos fazer um alerta: o Comando do Exército egípcio que assumiu o poder, aparecendo como uma suposta mudança frente à liderança de Mubarak, sempre foi a espinha dorsal da ditadura egípcia.

Na verdade, o alto comando do Exército é proprietário de várias empresas em diferentes setores da economia (controlando cerca de 30 a 40% da economia do país), tendo-se enriquecido à sombra da ditadura, à custa da fome e miséria do povo.

Além disso, o Exercito é o pilar central do regime de Mubarak e cumpre um papel fundamental como aliado estratégico dos EUA e Israel na região, que se expressa diretamente na ajuda militar de cerca de 2 bilhões de dólares anuais dos EUA a esta instituição.

Pôde se ver esse papel das Forças Armadas quando deram cobertura às hordas pró-Mubarak, ao permitir que entrassem na praça para espancar manifestantes nos dias 2 e 3 de Fevereiro. Com a crise provocada pelo curso da revolução, a cúpula militar tenta agora assumir diretamente o processo, livrando-se da figura incômoda de Mubarak para manter seus privilégios e nenhuma mudança significativa no país. A maior expressão disso é a indicação de Mohamed Hussein Tantawi, Ministro da Defesa dos últimos 20 anos de Mubarak, para encabeçar o novo governo até as próximas eleições.

A política que o imperialismo em conjunto com o Exército quer impor àqueles que se mobilizaram durante 18 dias para tirar Mubarak e acabar com a ditadura é a aceitação uma abertura democrática controlada, em que os principais pilares do regime repressivo se mantêm, e que se garante o cumprimento dos acordos políticos, econômicos e militares com o imperialismo e particularmente com Israel.

Nesse processo de abertura controlada, os setores da oposição burguesa preparam-se para cumprir um papel fundamental. Nesse sentido, o setor encabeçado por El Baradei e a Irmandade Muçulmana já deram declarações favoráveis para compor com os militares um governo de unidade nacional que permita uma transição negociada até as próximas eleições e aceitam que se mantenham os acordos com o imperialismo e Israel.


Manifestante sobe em tanque de guerra durante protesto


Só a mobilização independente das massas pode levar adiante a revolução egípcia!

A grande vitória alcançada pela revolução egípcia com a derrubada de Mubarak é apenas o começo e não o fim da luta contra opressão do povo daquele país.

O imperialismo e a burguesia egípcia estão tentando impedir que o povo alcance uma vitória maior do que aquela que já conseguiu, evitando que a ruptura com o anterior regime se estenda. A maior expressão disso é que a proposta de novo governo é encabeçado por um homem estreitamente ligado a Mubarak e de plena confiança do imperialismo americano. A cúpula do exército, comprometida em todos esses anos de ditadura, não vai querer que se punam os crimes, que se julguem e prendam os repressores e torturadores, nem que se firam os interesses econômicos dos grupos que floresceram à sombra de Mubarak. Não vai querer a liberdade para que se possam denunciar os crimes da ditadura nem para que os trabalhadores tenham liberdade sindical e direito de greve que ameaçariam os lucros fabulosos desses grupos aos que a eles são vinculados. Um governo integrado pelos homens de Mubarak é um obstáculo à revolução!

A ditadura matou e torturou milhares de opositores. Durante os 18 dias de mobilizações, 300 manifestantes perderam a vida. Para romper de vez com a era Mubarak é preciso, por isso, dissolver os aparatos repressivos que mantiveram pelo terror 30 anos de ditadura e punir os responsáveis pelas prisões, torturas e mortes daqueles que lutaram pelos seus direitos. Pela dissolução de todos os aparelhos repressivos! Punição a todos os responsáveis pelas torturas e mortes.

É necessário também continuar a mobilização para garantir imediatamente a libertação de todos os presos políticos e totais liberdades de associação sindical, de organização partidária e imprensa.

Sabemos que há uma divisão de classe nas fileiras do Exército. A confraternização e a incapacidade dos soldados e oficialidade média para reprimir as mobilizações são expressão disso. É necessário que os soldados e a oficialidade média tenham as mais amplas liberdades democráticas para se organizarem de forma independente das suas cúpulas, e se juntar às reivindicações e anseios da classe trabalhadora egípcias que não são os do imperialismo nem os dos generais de Mubarak.

Pela dissolução imediata do Parlamento fraudulento! Para acabar com o regime de Mubarak, não basta fazer reformas parciais na Constituição, como estão propondo o novo governo e a oposição burguesa! Pela convocatória de uma Assembleia Constituinte soberana com plenos poderes, sem ninguém que tenha sido parte dos organismos do regime de Mubak! Assembleia constituinte para romper os acordos com o imperialismo, para expropriar os bens de Mubarak e do conjunto do antigo regime, e construir um Egito socialista ao serviço dos trabalhadores e do povo!

A opressão do povo egípcio não se resume à ditadura e está ancorada na exploração e desemprego que condenam à fome e à miséria a maioria da população. A revolução não coloca em causa somente o atual regime, mas afeta diretamente o imperialismo dominante, sendo objetivamente uma revolução operária e socialista.

Para uma ruptura de fundo com o antigo regime é, por isso, fundamental romper os pactos militares e políticos com o imperialismo e Israel. Fora o imperialismo do Egito! Pela imediata e plena abertura da fronteira com a Faixa de Gaza!

Por um aumento imediato e geral dos salários que corresponda ao custo da cesta básica! Por um plano econômico de emergência e a redução imediata da jornada de trabalho sem redução de salário de forma a garantir trabalho para todos! Pela expropriação das grandes empresas nacionais e multinacionais e do sistema financeiro!




A única forma de garantir os anseios da juventude é a continuidade da revolução

A condição indispensável para cumprir os anseios das massas de construir um novo Egito, é que as mobilizações independentes continuem. Foram as mobilizações das massas e não o Exército que derrubaram Mubarak. Chamamos por isso as massas egípcias a não depositarem o destino da sua revolução nas mãos do Exército e a confiarem nas suas próprias forças.

A juventude, que cumpriu um papel extraordinário na vanguarda dessa mobilização e mostrou um heroísmo ao permanecer na praça todos esses dias apesar da repressão, deve continuar organizada e exigir as conquistas! A classe trabalhadora, além de estar no centro do combate contra Mubarak, já mostrou que pode parar o país.

A partir da vitória dos que ocuparam e mantiveram a Praça Tahir, está colocada a necessidade de continuar e impulsionar a mobilização e organização independente dos trabalhadores e jovens, de chamar um encontro urgente dos trabalhadores e do povo que discuta um programa o serviço das massas, oposto ao da cúpula militar e ao da oposição burguesa, e tome o poder em suas mãos para levá-lo a cabo.


É preciso desenvolver a revolução árabe!

Depois da Tunísia, a revolução árabe teve um grande triunfo com a derrubada de Mubarak. Vamos estendê-la a toda a região! Pela derrubada das demais ditaduras e monarquias reacionárias do mundo árabe e do Oriente Médio!

Mubarak foi um esteio da ordem imposta pelo imperialismo na região, cujo centro é o Estado de Israel. A revolução árabe não será triunfante enquanto o Povo Palestino estiver sob o tacão de Israel. Todo apoio ao Povo Palestino! Pela destruição do Estado de Israel!

Esse processo revolucionário tem também como desafio enfrentar os regimes ditatoriais teocráticos, como o Irã, que reprimiu durante as mobilizações contra a fraude ano retrasado e que mantém a exploração do seu povo, apesar do choque eventuais com o imperialismo.

A revolução árabe coloca na ordem do dia recuperar a unidade da nação árabe na perspectiva de construir uma grande Federação das Repúblicas Socialistas Árabes!


Retirado do Site do PSTU

Egito: Quem é o homem no poder agora?

Militar que comandará o país era conhecido como o poodle de Mubarak


A cara nova do velho regime
O ditador Hosni Mubarak e seu vice Omar Suleiman caíram, mas o regime continua de pé. Prova disso é o homem escolhido pelo governo para substituir o ditador egípcio. Ao passar o poder ao Conselho Supremo Militar, Mubarak pôs no comando o ministro da Defesa do país, Mohamed Hussein Tantawi, um general de 75 anos visto como leal ao agora ex-ditador, a ponto de ser conhecido como “o poodle de Mubarak”.

Ministro desde 1991, Tantawi também é visto como homem de confiança dos Estados Unidos. A agência de notícias Reuters revela que esteve em contato direto com o secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates, construindo a saída de Mubarak do poder nessas últimas semanas.

Tantawi é reconhecido pelos próprios EUA como um dirigente de perfil extremamente conservador. Sua escolha para dirigir o país sinaliza uma transição controlada pelo imperialismo e pelo próprio regime do ex-ditador, alicerçada pelas Forças Armadas que, no Egito, fazem parte da burguesia local. Acredita-se que a instituição controle de 30% a 40% da economia, através das empresas que generais e demais membros de alta patente possuem.

O Exército chegou a endossar o pronunciamento de Mubarak realizado nesse dia 10, quando o então ditador se recusou a deixar o poder. Durante as mobilizações, às 12h, a cúpula das Forças Armadas emitiu um comunicado conclamando o povo a voltar para casa. Além disso, é acusado de inúmeras torturas e abusos contra o povo egípcio durante o levante.

Apesar do alívio com a saída de Mubarak e do justo sentimento de vitória, a saída para uma junta militar é a continuidade do regime de opressão da ditadura Mubarak, assim como a continuidade de uma vida de pobreza e desemprego para a população egípcia. O coro de "civil, civil, não militar", entoado pela multidão na Praça Tahir durante o pronunciamento do ditador, pode indicar que a revolução não terminou com Mubarak.


Retirado do Site do PSTU

Povo egípcio derruba Mubarak

Milhões de pessoas comemoram pelas ruas do Egito a queda de Mubarak


Povo comemora nas ruas a deposição do ditador
O ditador do Egito, Hosni Mubarak, que comandava o país há 30 anos, acaba de renunciar. O anúncio foi realizado pelo seu vice, Omar Suleiman, que também deixa o seu posto. Dezoito dias após o começo da revolução que sacudiu o país e atraiu a atenção de todo o mundo, finalmente cai o ditador que por anos comandou um regime opressivo aliado dos EUA e Israel.

A queda da ditadura de Mubarak ocorre em meio aos massivos protestos que se seguiram ao pronunciamento em que o ditador se recusava a deixar o posto, na noite desse dia 10 de fevereiro. Ocorre também poucas horas após o próprio Exército ter anunciado apoio ao processo de transição defendido por Mubarak e conclamado a população a voltar para casa.

A população, porém, desafiando o governo e as próprias Forças Armadas, continuou nas ruas do país. Milhares marcharam e cercaram os principais prédios públicos do Cairo, além da sede da TV estatal, e sitiaram o palácio presidencial.

Além das massivas manifestações, várias greves estouravam pelo país, exigindo além de reivindicações como aumento salarial, a queda do governo. Os trabalhadores anunciavam também uma greve geral a partir desse dia 12 pela saída do ditador.




Comemoração

Milhões de egípcios comemoram nas ruas a queda do ditador. O correspondente do PSTU no Cairo, Luiz Gustavo Porfírio, relatou o momento em que o povo egípcio foi informado da renúncia de Mubarak. ”Há uma euforia coletiva nas ruas, as pessoas cantam, pulam, os mais religiosos gritam Alah Mabak (Deus é grande), é o momento mais emocionante da minha vida”



Ao que tudo indica, as mobilizações não devem terminar com a saída de Mubarak. ”As pessoas estão mobilizadas, há muita reclamação sobre os baixos salários, o nível de pobreza, há muita insatisfação da juventude, e as pessoas não vão parar, o espírito revolucionário invadiu o coração de todos”, relatou Luiz Gustavo em meio às comemorações nas ruas do Cairo.


Nenhuma confiança no Exército; assegurar as mudanças

Durante a sua declaração, Suleiman afirmou que Mubarak repassava o poder ao Conselho Supremo das Forças Armadas. O homem forte do governo agora, Mohamed Hussein Tantawi, é conhecido como "poodle de Mubarak", e militar de confiança dos EUA. O Exército, que ficou até o último momento ao lado do ditador, já sinalizou claramente que fará tudo para manter a essência do regime.

A insurreição do povo egípcio não visava somente a ditadura de Mubarak, mas mirava também o desemprego, a fome, e principalmente a falta de perspectiva da juventude no país. Os EUA e a saída militar visam controlar uma transição do governo, mas mantendo as atuais condições do país, fazendo com que a população volte para casa se sentindo vitoriosa, mas sem qualquer tipo de mudança em suas condições de vida.

“As massas egípcias foram um grande exemplo para o mundo todo, mas essa mobilização não pode parar agora” , opina José Maria de Almeida, o Zé Maria, presidente do PSTU , afirmando que o povo deve seguir mobilizado até o desmantelamento de todo o aparato repressivo, a destituição da cúpula militar e a punição de todos os envolvidos na repressão, exigindo ainda o fim dos acordos com o Israel e o Imperialismo.

“Só um governo dos trabalhadores pode assegurar o atendimento das reivindicações das massas egípcias, como emprego e salário digno” , finaliza Zé Maria.


Retirado do Site do PSTU

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ditadura no Egito está prestes a cair

Massas egípcias já comemoram a queda do ditador


Povo comemora queda de ditador
A revolução egípcia tomou novo impulso nos últimos dias e em especial nas últimas horas. Quando as mobilizações no país pareciam caminhar para um refluxo e a ditadura ensaiava uma nova ofensiva repressiva, a revolução no Egito ganhou nova força. Às manifestações de centenas de milhares de pessoas no centro do Cairo, que se irradia para outras áreas do país, juntaram-se várias greves e mobilizações de trabalhadores por melhores salários e pela queda do ditador que há 30 anos está no poder.

A situação chegou a um nível insuportável para o governo, Nesse dia 10 a cúpula das Forças Armadas se reuniu e, pela primeira vez desde o início do levante, sem a presença do ditador Hosni Mubarak. O Conselho Supremo das Forças Armadas se reuniu para definir a posição do Exército egípcio. Segundo a Al Jazeera, foi a terceira vez que ele se reuniu em 44 anos: em 1967, 1973 e agora.

As informações ainda são desencontradas. A expectativa é que o ditador anuncie sua saída nas próximas horas. O jornal britânico Guardian afirmou que Mubarak teria deixado gravado seu pronunciamento ao país e já estaria deixando o Egito. As pessoas estão agora se dirigindo à Praça Tahrir, rebatizada de Praça da Libertação.

O correspondente do PSTU no Cairo, Luiz Gustavo Porfírio, acaba de relatar que uma enorme multidão se encaminha ao centro da cidade. O clima em toda a cidade já é de comemoração pela derrubada do ditador. O comércio está fechado e filas imensas se formam para a revista das pessoas que entram na Praça. Por toda a parte, as pessoas dançam e cantam.


Povo comemora na Praça Tahrir, que significa 'Praça da Liberdade'

Já se discute a sucessão de Mubarak. É pouco provável que o vice-presidente, Suleimán assuma o poder, já que os manifestantes não aceitariam alguém tão ligado ao antigo regime. Fala-se em um governo de transição dirigido por uma cúpula militar. Segundo a CNN, já surgiu o coro de "civil, civil, não militar", diante da possibilidade de que o Exército assuma o poder.


Nenhuma confiança no Exército

O Exército egípcio já se mostrou intimamente ligado à ditadura. Inicialmente tentando parecer neutro, as Forças Armadas deram cobertura às hordas pró-Mubarak espancarem os manifestantes. Também agiram para perseguir jornalistas estrangeiros e, agora, descobre-se que torturaram ativistas contra a ditadura.

Não é difícil entender a razão. Na ditadura egípcia, o alto comando do Exército faz parte da burguesia local, proprietário de várias empresas em diferentes setores da economia. Com a crise provocada pelo curso da revolução, tentam agora dirigir o processo para manter seus privilégios e nenhuma mudança significativa no país.

É necessário que os manifestantes, o povo e os trabalhadores egípcios não depositem nenhuma confiança no Exército e tomem para si a tarefa de dirigir o país após a queda do ditador Mubarak.


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Deu na imprensa: Estudantes fazem protesto contra aumento da passagem de ônibus

Estudantes de diversos níveis e instituições de ensino em Natal realizaram na manhã desta quarta-feira (9) uma passeata contra o aumento da passagem de ônibus, ocorrido no último mês. O aumento que elevou a tarifa de R$ 2 para R$ 2,20 ganha proporções reais no bolso do consumidor com o início das aulas.

Estudantes tumultuaram o trânsito no protesto contra aumento nas passagens

O protesto causou lentidão no trânsito na avenida Prudente de Morais, no trecho entre a praça Pedro Velho até a Associação dos Subtenentes e Sargentos do Exército Em Natal (Assen), onde demonstraram apoio a assembleia dos professores do município sobre a paralisação das aulas.

Segundo o estudante de Filosofia Jan Clefferson Covas, o movimento busca não só a redução da tarifa, como a extensão do passe livre para outros usuários. “Vamos organizar um boicote ao uso dos ônibus como forma de pressionar também os empresários”.

O estudantes seguiram para frente da Prefeitura, onde realizaram protestos.


Retirado do Site da Tribuna do Norte

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Manifestantes lançam manifesto com exigências e anunciam marcha até o palácio

Ida ao palácio será na sexta-feira. No texto amplamente distribuído hoje na Praça Tahrir, ativistas e afirmam que “aquele que faz uma revolução pela metade cava a sua própria cova”


Wael-Ghonim, executivo do Google, libertado hoje no Cairo
No início da tarde desta terça-feira, 8, a Praça Tahrir está mais cheia do que os outros dias e calculo que 1,5 milhão de pessoas estejam aqui agora. Muitas vieram comemorar a libertação de Wael Ghonim, executivo do Google, preso desde 27 de janeiro. Ele foi preso por incentivar a revolta, a partir da pagina We are all Khaled Said, que homenageia o jovem morto por policiais, símbolo desta revolução. Hoje voltou a escrever no Twitter, pedindo “liberdade”.

A grande e crescente concentração parece colocar em xeque os que apostam no gradual esvaziamento. Aproveitando esse grande público, a coordenação do movimento na Praça Tahrir fez circular um manifesto intitulado “Por que continuamos aqui. Por que não fomos para casa”. O texto apresenta nove motivos para continuar a luta, como a exigência da revisão da Constituição, a saída de Mubarak e a punição dos responsáveis pelas mortes na Praça Tahrir até a criação de um salário mínimo no país. E conclui chamando a continuidade da luta e alertando que não se faz uma “revolução pela metade”. Veja ao final a íntegra do manifesto.

Os manifestantes também discursaram anunciando uma marcha na sexta-feira. Desde domingo, dirigentes do movimento já alertavam para uma surpresa no final desta semana. A confirmação da marcha foi feita oficialmente hoje, através dos equipamentos de som. No entanto, os discursos esclareciam que não se tratava de uma grande marcha, com todos os que estiverem na Praça Tahrir, mas uma “delegação”, com “apenas” 10 mil pessoas.


MANIFESTO

Porque continuamos aqui. Porque não fomos para casa.
1 – A Constituição ainda não foi revisada.
2 – O Parlamento ainda não foi dissolvido.
3 – Os saqueadores, agentes e bandidos que assassinaram nossos irmãos na Praça Tahrir e em outras cidades não foram julgados. Permanecem impunes.
4 – Ainda há muita corrupção e existem muitas autoridades corruptas
5 – O governo ainda é o mesmo. E no governo ainda estão muitos corruptos, como os ministros das Comunicações, TV e Rádio; do Trabalho e Imigração; do Petróleo e o ministro da Relações Externas.
6 – Ainda existem presos políticos nas cadeias.
7 – A Lei de Emergência e o toque de recolher ainda estão em vigor.
8 – Ainda não temos liberdade para criar partidos políticos. E a direção corrupta dos partidos atuais permanece intacta.
9 – Ainda não temos o salário mínimo no país.

Sabemos que nos foi prometido que todas as reivindicações seriam atendidas, e que levariam algum tempo para isso. Mas quem nos vai garantir isso?
A única garantia é ficar aqui e nos mantermos firmes até termos nossas reivindicações atendidas e cumpridas.
Temos de fazer isso. Porque aquele que faz uma revolução pela metade está cavando a sua própria cova.

O regime não aceita ouvir, entender ou negociar.
O regime está brincando conosco.
As nossas exigências estão claras agora.

Manifesto distribuído amplamente na terça, 8 de fevereiro de 2011, na Praça Tahrir

  • Siga a cobertura no www.twitter.com/diretodoEgito e no blog http://umbrasileironoegito.wordpress.com


  • Retirado do Site do PSTU

    Lula chama sindicalistas de ‘oportunistas’ e Dilma mantém mínimo sem reajuste

    Acordo assinado entre governo e centrais como CUT e Força Sindical vai deixar salário mínimo sem aumento em 2011


    Agência Brasil
    Estudantes protestam em Brasília contra aumento dos deputados
    Do Senegal, Lula mandou seu recado aos dirigentes das centrais sindicais envolvidas nas negociações do valor do salário mínimo com o governo Dilma. Foi durante o Fórum Social Mundial, realizado este ano na cidade de Dacar. Acusando os sindicalistas de quererem romper o acordo estabelecido com o seu governo em 2007, o ex-presidente chegou a chamar os sindicalistas de “oportunistas”. ”Ou você tem uma regra e todo mundo fica tranqüilo, ou você fica com o oportunismo, declarou à imprensa.

    Mesmo longe, do Brasil e da presidência, Lula indica que não abandonará a política e que continuará dando o rumo do novo governo. Neste caso, tenta defender o que seria uma das principais realizações de seu mandato, ou segundo as palavras do governo, a “política de valorização do salário mínimo”. Ou seja, o acordo estabelecido entre governo e as centrais sindicais como CUT e Força Sindical em 2007, segundo o qual o salário mínimo teria um reajuste anual baseado na inflação do período e no crescimento do PIB de dois anos antes.


    Centrais validaram aumento zero

    Longe de permitir uma real valorização do salário no que se refere às necessidades de uma família, por exemplo, essa regra tem o objetivo de “amarrar” o debate sobre o mínimo, vinculando seu reajuste ao crescimento da economia e impedindo que ele tenha um aumento significativo. A lógica é fazer com que o valor do salário acompanhe o incremento nos lucros das empresas e na arrecadação do governo. Ou seja, não permite que a proporção do orçamento paga aos salários aumente.

    O aspecto mais perverso desse acordo, porém, é o que estamos vendo agora. Se em 2009 e 2010 houve um aumento real, ainda que irrisório, a regra aplicada em 2011 não prevê qualquer reajuste, já que o PIB em 2009 recuou 0,6%, resultado da crise econômica que pegou o país em cheio no final do ano anterior. Isso faz com que cheguemos a essa esdrúxula situação: enquanto a economia do país cresceu de 7% a 8% no ano passado, o salário mínimo não vai ter nenhum reajuste real. E o pior, isso baseado num acordo com a assinatura das principais centrais sindicais do país, como lembrou Lula em Dacar: "Seria prudente que os nossos companheiros soubessem que a proposta foi combinada entre todos nós".


    Negociação

    No início do ano, governo e representantes da CUT, Força Sindical, CTB e demais entidades próximas do poder, chegaram a encenar um arremedo de negociação. O Secretário-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou que o máximo que seria possível conceder seria R$ 545, um arredondamento da reposição da inflação de 2010, ou R$ 543. As centrais pediram R$ 580, mostrando claramente ser um blefe, já que pouco depois afirmaram aceitar um valor bem abaixo disso, que poderia ser até um adiantamento do reajuste do ano que vem.

    A declaração de Lula, porém, azedou a discussão entre governo e sindicalistas. O dirigente da CTB, Wagner Gomes respondeu ao ex-presidente em entrevista à imprensa. “Ajudamos quando ele estava no governo e ajudamos a eleger a candidata dele à presidência; ele perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado” , afirmou, lembrando que, durante as eleições quando Serra havia prometido aumentar o mínimo para R$ 600, Lula e Dilma anunciaram em comício em São Miguel Paulista que o salário mínimo teria aumento real. ”Portanto, os oportunistas foram eles e não nós”, declarou. Realmente, difícil perceber quem é o mais oportunista nessa história.

    No meio dessa briga, o recém-reeleito presidente do Senado José Sarney declarou seu apoio ao mínimo de R$ 545. Mostrando sua preocupação com o bem-estar dos trabalhadores, o decano do Congresso afirmou que “não podemos arbitrar um valor sem condições orçamentárias. Se desestabilizarmos a economia isso repercutirá de imediato na classe trabalhadora” . Só mesmo uma cara de pau treinada durante três décadas poderia proferir tal frase em nem mesmo corar.

    O Congresso acaba de aprovar um aumento nos salários dos parlamentares de 62%, ou R$ 10 mil no caso dos deputados. Um reajuste que representará um impacto de R$ 860 milhões às contas públicas, chegando a R$ 1,8 bi com o efeito em cascata nos estados. Nenhum parlamentar se preocupou com qualquer “desestabilização” da economia que esse aumento poderia provocar.

    Fato é que, enquanto parlamentares terão um aumento exorbitante, o trabalhador que recebe o mínimo não terá qualquer reajuste. Isso num momento em que a inflação dos alimentos corrói o poder de compra, especialmente de quem ganha menos. Segundo cálculo do Dieese, quem recebe o mínimo teria que trabalhar o equivalente a 86 horas para comprar uma cesta básica em janeiro de 2010. Em 2011, seriam necessárias 95 horas.


    Não em nosso nome

    ”Nós não assinamos esse acordo rebaixado, não é verdade dizer que é um acordo com os sindicatos ou os trabalhadores, esse é um acordo entre o governo e as próprias centrais governistas”, afirma Atnágoras Lopes, dirigente da CSP-Conlutas. A central organiza, junto com outros setores como a Cobap (entidade que representa os aposentados), Fórum Sindical dos Trabalhadores e demais organizações um ato público no próximo dia 24 de fevereiro, no Congresso Nacional.

    “Vamos lá defender que o salário mínimo ao menos tenha o mesmo aumento que tiveram os deputados, ou seja, de 62%”, afirma o dirigente.


    Retirado do Site do PSTU

    terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

    Reunião nacional da CSP-Conlutas prepara resistência contra anunciados ataques do governo Dilma

    Nesses dias 4, 5 e 6 de fevereiro, a reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, em São Paulo, reuniu 194 pessoas entre representantes e observadores credenciados de todo o país. Eram representações de sindicatos, minorias sindicais, oposições, movimentos populares, de lutas contra opressão e estudantes.

    A manhã de domingo foi dedicada à apresentação e votação dos relatórios das reuniões setoriais de trabalho, além da aprovação das resoluções referentes aos temas debatidos nos dois dias anteriores.

    A reunião foi palco de ricos debates. Entre eles a situação internacional a partir da crise econômica, os ataques aos trabalhadores, assim como sua resistência; além do apoio à revolução democrática que vem ocorrendo no Egito e em diversos países árabes.

    No ponto nacional o centro do debate foram os ataques que o governo Dilma Roussef pretende fazer aos trabalhadores brasileiros em decorrência da crise e a organização da resistência a esses ataques por meio da unidade dos setores que querem lutar. Entre as atividades organizadas há a abertura da campanha salarial dos servidores públicos federais, em 16 de fevereiro, em Brasília, e o ato conjunto de diversas entidades em defesa dos direitos e da aposentadoria no dia 24 de fevereiro em Brasília também. Além dessas atividades já há um calendário de lutas que será divulgado juntamente com as resoluções da reunião.

    A Coordenação aprovou ainda a continuação da Campanha de Solidariedade Classista às Vitimas das Enchentes, assim como o repúdio à presença da Polícia Militar, as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) nos morros cariocas.

    A reunião também fez uma avaliação de sua implantação nos estados e aprovou a realização as plenárias ou reuniões de Coordenação Estadual para eleger suas respectivas secretarias e conselhos fiscais nos estados que ainda não o fizeram. Também será discutida a data para o próximo congresso nacional da Central.

    Houve ainda informe da reunião sobre a reorganização com setores de esquerda, Intersindical, Unidos pra Lutar e TLS, com respectivos pontos de acordo para debate.

    A reunião debateu e aprovou o relatório do Conselho Fiscal e de finanças, assim como os relatórios decorrentes dos debates das setoriais de trabalho – Mulheres, Negros e Negras, GLBT, Aposentados, Saúde, Servidores Públicos Federais - e inúmeras moções.

    Todas as resoluções serão publicadas em breve na página da CSP-Conlutas e enviadas pela rede.


    Retirado do Site do PSTU

    domingo, 6 de fevereiro de 2011

    T de Trabalhador?

    Aumento nos salários dos parlamentares, ministros e presidente daria para aumentar R$ 6 no salário mínimo


    É de dar náuseas assistir aos malabarismos mentais dos defensores do reajuste salarial de mais de 60% para os senadores e deputados federais e mais de 130% para os ministros e presidente da república, aprovados em regime de urgência pelas duas casas do Congresso Nacional no dia 15 de dezembro. O projeto de decreto legislativo eleva em R$ 1,8 bilhão as despesas com salários só na esfera federal ao igualar os salários do presidente, vice-presidente, ministros de Estado, deputados e senadores aos dos ministros do Supremo. Foi aprovado com parecer favorável de todos os partidos, com exceção do PSOL, que defendia a reposição da inflação dos últimos três anos aos salários em questão, um aumento ainda absurdo de 20%, muito longe das melhores perspectivas de aumento do salário mínimo para 2011, muito distante dos principais acordos coletivos de 2010.

    Na Câmara, com um quórum relativamente baixo, os deputados tiveram de aprovar o regime de urgência para votação. O placar registrou 279 votos favoráveis, 35 contrários e três abstenções. Depois de obtido o regime de urgência, o projeto foi votado simbolicamente, sem o registro dos votos no painel eletrônico, numa clara intenção de blindar os deputados dos olhos de quem os sustenta. No Senado, o vexame foi ainda pior, até o regime de urgência foi aprovado simbolicamente e, em menos de 4 minutos, houve parecer favorável da comissão de assuntos econômicos através do Senador Romero Jucá (PMDB – RR) e, na sequência, o presidente da casa, o senador Jose Sarney (PMDB – AP), declarou o projeto aprovado sem sequer abrir espaço para os oradores contrários ao projeto se pronunciarem.

    O projeto por si só é infame visto que só com o impacto nas contas federais já seria possível aumentar o salário mínimo em R$ 6,00. É um ultraje à inteligência do povo brasileiro defender tal projeto alegando defasagem dos salários dos parlamentares no mesmo momento em que foi anunciado um corte de R$ 8 bilhões no Orçamento e um aumento miserável de R$ 30,00 ou R$ 35,00 ao salário mínimo, algo em torno de 6% que mal compensam a inflação em 2010.

    Mais infames que o projeto são as tentativas desonestas e falaciosas de muitos governistas e petistas de defender o indefensável. Além da reposição inflacionária e equiparação dos salários entre os três poderes, os poucos petistas e lulistas que tiveram coragem de se pronunciar sobre os aumentos arquitetaram justificativas rasas tais como: ninguém critica os salários dos executivos das grandes empresas, o salário dos famosos da televisão, são os dirigentes do país merecem ser bem remunerados.

    Ora, as várias carreiras do serviço público de extrema importância para o funcionamento do Estado e do país convivem com defasagens salariais que, em muitos casos, superam os 100%, fruto dos últimos 20 anos de política neoliberal de sucateamento e privatização do Estado iniciada por Collor e continuada por FHC e Lula. Tratam-se de carreiras técnicas da mais valiosa importância nos três poderes em todos os órgãos da Administração Pública, sem contar os professores que tiveram que engolir um piso nacional de menos de R$ 1000,00 como uma conquista histórica durante o governo Lula.

    Os nobres deputados que trabalharam quatro meses no ano de 2010 devido às campanhas e que possuem auxílio moradia, auxílio vestuário, auxílio deslocamento, verba pra contratar mais de 20 apadrinhados políticos e lotar seus gabinetes se acham merecedores de um aumento de mais de 60%, mas se recusam a votar a PEC que cria o piso salarial dos policiais que ganham em média menos dois mil reais por mês numa profissão de altíssimo risco, numa sórdida manobra política montada por Lula, pelo PT, apoiada pela base aliada e pelos partidos de oposição burguesa: DEM e PSDB. Os nobres deputados que, não raras vezes são flagrados em negociatas sujas nos esgotos de Brasília, alegam que um aumento real ao salário mínimo pode quebrar estados e municípios, mas aumentam seus salários em 61% sabendo do efeito cascata que tal medida acarreta para os mesmos Estados e Municípios, uma vez que várias assembléias legislativas e câmaras municipais de todo o país têm seus salários atrelados aos da câmara federal. O fato é: a dificuldade financeira só existe como ladainha para legislar em benefício próprio e parasitar os trabalhadores.

    Enquanto os prefeitos da região serrana do Rio, profundamente afetada pela maior tragédia climática da história do país, tentam enganar a população culpando os pobres e as chuvas em grande volume pelos estragos na região e alegando falta de recursos para amparar as vítimas, com os R$ 1,8 bilhões do impacto do aumento aos cofres da União, seria possível financiar reconstrução das áreas afetadas pelas enchentes em Teresópolis, estimada pela Prefeitura do município em cerca de R$ 545 milhões, mais de três vezes. Esse é o país de todos de Lula, de Dilma e dos partidos burgueses: as vítimas das enchentes abandonadas esperando durante meses por um aluguel social miserável de R$ 400 enquanto os que ganham auxílio moradia, alimentação, verba para comprar roupas, carro oficial e não precisa gastar quase nada de seus salários para sobreviverem aumentam seus próprios salários em 61% em menos de quatro minutos.

    Tais orgias com dinheiro público há tempos vêm sendo patrocinadas com o apoio dos deputados de vários partidos e com leniência do Poder Executivo que se utiliza de tais expedientes para comprar sua base de bajulação no Congresso. No entanto, cabe uma observação especial à atuação do PT no último dia 15 de dezembro. Cumprindo fielmente mais um capítulo da traição histórica que promove contra a classe que dá nome ao partido: OS TRABALHADORES os parlamentares do PT, em sua grande maioria, votaram a favor do aumento, com destaque ao deputado Jose Genoino (PT – SP) que rendeu elogios empolgados ao então presidente da sessão o Deputado Inocêncio Oliveira (PR – PE) que conduziu a lambança com maestria.

    O PT nasceu das lutas dos trabalhadores por salários, condições de trabalho, se construiu dentro dos movimentos sindicais e populares de todo o país e, neles, ainda encontra grande apoio, inclusive das principais categorias do país. Bancários, metalúrgicos, químicos têm a maior parte de seus sindicatos filiados à CUT (que apóia entusiasticamente o atual governo) e são dirigidos pela Articulação, ala do PT. Durante todo o ano, a CUT e estes sindicatos rifaram greves e mobilizações em prol de interesses governistas, e defenderam que durante o governo Lula a política de valorização do salário mínimo foi extraordinária e que os acordos coletivos foram históricos, com aumentos que variam entre 8% e 11 %. Agora se calam diante da nojenta artimanha que o PT e Dilma lideram para dar um aumento achatado ao salário mínimo em 2011 e, pior, em suas páginas na internet não pronunciam uma só palavra em oposição ao aumento imoral de salários patrocinada pelas lideranças do PT no Congresso.

    Mais um triste episódio que desqualifica o PT e a CUT como representantes das massas e dos trabalhadores. Como parlamentares, muitos deles ex-sindicalistas eleitos com apoio da CUT, que aumentam seu próprio salário em 61% em menos de quatro minutos podem ser considerados representantes das massas que têm que lutar em longas greves para garantir aumentos de cerca de 10%? O “T” das siglas PT e CUT ainda fazem referência a trabalhadores? Quem realmente eles representam? São os verdadeiros papéis do PT e da CUT sendo desnudados em menos de quatro minutos.

    O aumento salarial foi aprovado na forma de decreto legislativo e, portanto, não é objeto de sansão ou veto presidencial, o que blindou o ex-presidente Lula e o permitiu até fazer piadinhas de mau gosto durante o evento de balanço de seu governo, no entanto, ainda existe uma pequena chance de revogação do decreto caso haja uma articulação em tal direção por parte do Congresso. Como o aumento vale a partir da próxima legislatura e o Legislativo brasileiro se comporta como extensão do Palácio do Planalto, caberá a presidente Dilma Roussef coordenar tal manobra, afinal R$ 6,00 compram mais de duas horas de trabalho de quem ganha um salário mínimo, muita coisa para ser roubada covardemente em quatro minutos. É a atitude minimamente digna que se espera da presidente que se elegeu sob a bandeira da erradicação da miséria.


    Retirado do Site do PSTU