O terremoto no Haiti comoveu todo o mundo. O governo haitiano já fala em mais de 200 mil mortes. A Conlutas, o Jubileu Sul e outras entidades estão fazendo uma campanha para arrecadar fundos e entregá-los diretamente aos trabalhadores haitianos.
A cobertura das TVs mostra o terremoto, mas esconde questões fundamentais, para justificar a crescente ocupação do Haiti por tropas estrangeiras. É preciso que os trabalhadores brasileiros saibam algumas verdades que as TVs não dizem.
A primeira é que o número absurdo de mortes poderia ter sido evitado se a situação social do país fosse outra. Caso o terremoto tivesse ocorrido a algumas centenas de quilômetros dali, nos EUA, não haveria tantos milhares de mortos. A brutal miséria haitiana se somou ao caos dos serviços do Estado (médicos, bombeiros), que já eram
quase inexistentes.
A outra verdade é que a responsabilidade dessa situação não é dos haitianos, mas dos Estados Unidos, que controlam a economia do país há quase dois séculos. As multinacionais usam o Haiti para produzir roupas ao mercado norte-americano, pagando R$ 115 por mês aos trabalhadores. Eles têm de aceitar esse salário miserável, pois até 80% da população está sem emprego. Ou seja, a miséria haitiana dá grandes lucros às multinacionais, como a Levis.
A ocupação das tropas brasileiras, que já dura quase seis anos, nada fez para melhorar a situação social do país. Não foram construídos hospitais, nem foi ampliada a rede de esgotos ou o abastecimento de água.
A terceira questão escondida pelas TVs é o fracasso, ao menos até agora, da “ajuda humanitária” dos governos. Dezenas de milhares de pessoas não foram resgatadas dos escombros a tempo e morreram. Foram os haitianos, com as próprias mãos, que tentaram socorrer as vítimas. Outras dezenas de milhares de feridos esperaram em vão pelo socorro médico, e morreram nas ruas. As TVs mostram os pouquíssimos resgates, sem explicar porque as estimativas de mortos sobe a cada dia.
Sobreviventes se amontoam nas ruas. A fome e a sede crescem, porque a “ajuda” não chega. Os caminhões da ONU param por alguns minutos, formam filas, despejam algumas cestas e fogem rapidamente, para evitar saques. Helicópteros norte-americanos lançam algumas cestas do ar. Mas a comida e os remédios não chegam até um milhão de pessoas, que esperam e esperam. Isso acontece porque o tamanho da ajuda é completamente insuficiente. Os mesmos governos que foram capazes de dar 25 trilhões de dólares a bancos e empresas no auge da crise econômica, agora reservam alguns poucos milhões ao povo do Haiti.
A ONU disponibilizou 100 milhões de dólares, quando gastou 3,5 bilhões com a ocupação militar nestes quase seis anos. O governo Lula gastou 600 milhões de dólares com as tropas e oferece agora de 10 a 15 milhões. Um desastre internacional, que a TV não mostra.
São os haitianos que devem controlar a reconstrução do país
Os EUA ocuparam de novo o país, enviando 15 mil soldados para o Haiti. Os marines tomaram o aeroporto haitiano, sem pedir licença a ninguém, decidindo os aviões que podem e os que não podem pousar no país.
As tropas brasileiras foram afastadas da condução do processo, como quem já cumpriu seu papel sujo. Não é verdade que elas estavam em uma “missão humanitária”. Seu papel era “manter a ordem”, a serviço das multinacionais. Isso independe da boa vontade de vários soldados, que viajaram para lá com boas intenções. Mas o papel das tropas é definido pelo comando e pelo governo brasileiro.
Foram as tropas brasileiras que reprimiram as mobilizações recentes dos haitianos. A greve dos operários têxteis, em agosto passado, em defesa de um salário mínimo de R$ 190, durou duas semanas e só foi derrotada pela repressão pelas tropas, terminando com duas mortes. As lutas estudantis de novembro contra a ocupação foram duramente reprimidas pelas tropas brasileiras, que prenderam 20 estudantes. E agora, que a situação ficou mais difícil, os EUA assumiram de novo a ocupação militar.
Os saques são usados para justificar a presença das tropas. Os haitianos estão sendo mortos pela polícia e pelos soldados. As tropas são incapazes de garantir comida e remédios. Mas são “necessárias” para reprimir o povo faminto que, sem alternativa, saqueia os supermercados. Tropas para garantir a propriedade privada e não a solidariedade necessária.
Nem soldados norte-americanos, nem brasileiros! Quem deve controlar a reconstrução são os próprios haitianos!
O governo brasileiro deve retirar imediatamente as tropas e mandar o dinheiro que gastaria em termos militares sob a forma de comida, remédios, pessoal de saúde e resgate.
Transformar a solidariedade em ação concreta
A Conlutas, Jubileu Sul e outras entidades lançaram a campanha de solidariedade ao povo haitiano, apontando a necessidade de entregar essas contribuições diretamente aos trabalhadores desse país, ao mesmo tempo em que denunciam a ocupação militar.
A Conlutas chama os sindicatos e entidades a conseguirem contribuições dos trabalhadores e estudantes nas escolas e locais de trabalho, em uma grande campanha de solidariedade. Para isso, já foi aberta uma conta bancária específica (Banco do Brasil: Coordenação Haiti, ag.4223-4, conta 8844-7).
A proposta é entregar todo o valor arrecadado para a organização Batay Ouvriye (Batalha Operária), maior organização do movimento operário e popular do Haiti.
PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
A cobertura das TVs mostra o terremoto, mas esconde questões fundamentais, para justificar a crescente ocupação do Haiti por tropas estrangeiras. É preciso que os trabalhadores brasileiros saibam algumas verdades que as TVs não dizem.
A primeira é que o número absurdo de mortes poderia ter sido evitado se a situação social do país fosse outra. Caso o terremoto tivesse ocorrido a algumas centenas de quilômetros dali, nos EUA, não haveria tantos milhares de mortos. A brutal miséria haitiana se somou ao caos dos serviços do Estado (médicos, bombeiros), que já eram
quase inexistentes.
A outra verdade é que a responsabilidade dessa situação não é dos haitianos, mas dos Estados Unidos, que controlam a economia do país há quase dois séculos. As multinacionais usam o Haiti para produzir roupas ao mercado norte-americano, pagando R$ 115 por mês aos trabalhadores. Eles têm de aceitar esse salário miserável, pois até 80% da população está sem emprego. Ou seja, a miséria haitiana dá grandes lucros às multinacionais, como a Levis.
A ocupação das tropas brasileiras, que já dura quase seis anos, nada fez para melhorar a situação social do país. Não foram construídos hospitais, nem foi ampliada a rede de esgotos ou o abastecimento de água.
A terceira questão escondida pelas TVs é o fracasso, ao menos até agora, da “ajuda humanitária” dos governos. Dezenas de milhares de pessoas não foram resgatadas dos escombros a tempo e morreram. Foram os haitianos, com as próprias mãos, que tentaram socorrer as vítimas. Outras dezenas de milhares de feridos esperaram em vão pelo socorro médico, e morreram nas ruas. As TVs mostram os pouquíssimos resgates, sem explicar porque as estimativas de mortos sobe a cada dia.
Sobreviventes se amontoam nas ruas. A fome e a sede crescem, porque a “ajuda” não chega. Os caminhões da ONU param por alguns minutos, formam filas, despejam algumas cestas e fogem rapidamente, para evitar saques. Helicópteros norte-americanos lançam algumas cestas do ar. Mas a comida e os remédios não chegam até um milhão de pessoas, que esperam e esperam. Isso acontece porque o tamanho da ajuda é completamente insuficiente. Os mesmos governos que foram capazes de dar 25 trilhões de dólares a bancos e empresas no auge da crise econômica, agora reservam alguns poucos milhões ao povo do Haiti.
A ONU disponibilizou 100 milhões de dólares, quando gastou 3,5 bilhões com a ocupação militar nestes quase seis anos. O governo Lula gastou 600 milhões de dólares com as tropas e oferece agora de 10 a 15 milhões. Um desastre internacional, que a TV não mostra.
São os haitianos que devem controlar a reconstrução do país
Os EUA ocuparam de novo o país, enviando 15 mil soldados para o Haiti. Os marines tomaram o aeroporto haitiano, sem pedir licença a ninguém, decidindo os aviões que podem e os que não podem pousar no país.
As tropas brasileiras foram afastadas da condução do processo, como quem já cumpriu seu papel sujo. Não é verdade que elas estavam em uma “missão humanitária”. Seu papel era “manter a ordem”, a serviço das multinacionais. Isso independe da boa vontade de vários soldados, que viajaram para lá com boas intenções. Mas o papel das tropas é definido pelo comando e pelo governo brasileiro.
Foram as tropas brasileiras que reprimiram as mobilizações recentes dos haitianos. A greve dos operários têxteis, em agosto passado, em defesa de um salário mínimo de R$ 190, durou duas semanas e só foi derrotada pela repressão pelas tropas, terminando com duas mortes. As lutas estudantis de novembro contra a ocupação foram duramente reprimidas pelas tropas brasileiras, que prenderam 20 estudantes. E agora, que a situação ficou mais difícil, os EUA assumiram de novo a ocupação militar.
Os saques são usados para justificar a presença das tropas. Os haitianos estão sendo mortos pela polícia e pelos soldados. As tropas são incapazes de garantir comida e remédios. Mas são “necessárias” para reprimir o povo faminto que, sem alternativa, saqueia os supermercados. Tropas para garantir a propriedade privada e não a solidariedade necessária.
Nem soldados norte-americanos, nem brasileiros! Quem deve controlar a reconstrução são os próprios haitianos!
O governo brasileiro deve retirar imediatamente as tropas e mandar o dinheiro que gastaria em termos militares sob a forma de comida, remédios, pessoal de saúde e resgate.
Transformar a solidariedade em ação concreta
A Conlutas, Jubileu Sul e outras entidades lançaram a campanha de solidariedade ao povo haitiano, apontando a necessidade de entregar essas contribuições diretamente aos trabalhadores desse país, ao mesmo tempo em que denunciam a ocupação militar.
A Conlutas chama os sindicatos e entidades a conseguirem contribuições dos trabalhadores e estudantes nas escolas e locais de trabalho, em uma grande campanha de solidariedade. Para isso, já foi aberta uma conta bancária específica (Banco do Brasil: Coordenação Haiti, ag.4223-4, conta 8844-7).
A proposta é entregar todo o valor arrecadado para a organização Batay Ouvriye (Batalha Operária), maior organização do movimento operário e popular do Haiti.
PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado