terça-feira, 2 de março de 2010

Cultura: Deadly Fate lança novo disco e contesta mazelas do capitalismo

Formada em 1989, a banda potiguar Deadly Fate nasceu com a proposta de tocar heavy metal, algo bastante ousado em uma capital cuja cultura musical de massas praticamente se restringe a ritmos regionais (forró, axé music, etc.).

Passados mais de vinte anos, esses talentosos músicos continuam fieis ao seu estilo, embora tenham também incorporado outras influências no seu repertório, sobretudo da música clássica. Durante sua trajetória, a banda participou de uma coletânea em vinil (“Whiplash Attack Vol. I”), lançou uma demo ("Outside of your World", de 1993) e um álbum ("Shine Again", de 2000).

Em que pese todas as dificuldades de uma banda que se formou em Natal, uma capital completamente fora do circuito comercial da música, o talento e a espantosa evolução musical do Deadly Fate renderam excelentes críticas em revistas nacionais e internacionais, além de indicações para dividir o palco com ícones do heavy metal, como Paul Di’anno, Blaze Bailey (ambos ex-Iron Maiden) e os alemães do Blind Guardian. Em 2009, a banda lançou seu segundo álbum, “Secret Land”, e nesta semana realizará o show oficial de divulgação do disco na capital potiguar.


Mother Nature’s Cry: um grito de socorro do planeta

Além da notável musicalidade, Deadly Fate se destaca pelas letras de suas composições, sempre bem trabalhadas e carregadas de sentido, principalmente nas temáticas épicas.

No entanto, em “Secret Land” a banda nos reservou uma bela surpresa. A música “Mother Nature’s Cry” (Choro da Mãe Natureza), de autoria de Onofre Neto e Jucian Carlos, revela também um espírito de contestação a uma das maiores mazelas do capitalismo: a destruição do meio ambiente.

A música, que tem um fantástico instrumental, não fica por baixo nem beleza das letras e nem no peso da crítica, já na primeira estrofe:

Can you see the situation that the world has been? [Você pode ver a situação em que se encontra o mundo?]
Can you tell me what's going on around here? [Você pode me dizer o que está acontecendo ao nosso redor?]
Gradually mankind's future's going unforeseen [Pouco a pouco o futuro da humanidade vai se tornando uma incógnita]
Blinded by their own technology [Encoberta pela própria tecnologia deles]


O capitalismo continuará conduzindo a humanidade à destruição

Em um dos trechos de “Mother Nature’s Cry”, Deadly Fate questiona:

The men sentence the world to die [O homem sentencia o mundo à destruição]
Is there any change for us to survive? [Existe alguma chance de sobrevivermos?]

As chances de acabar com a destruição do planeta se relacionam com a necessidade de superar o capitalismo. A lógica predatória e de concorrência entre os capitalistas inviabiliza qualquer tipo de “desenvolvimento sustentável”, pois no capitalismo as relações de produção estão relacionadas com o lucro e não com as necessidades da humanidade.

Por isso, a luta pelo meio ambiente não pode estar dissociada da luta pela superação completa do regime de exploração capitalista. Ou o capitalismo é superado , ou os seres humanos continuarão caminhando para a barbárie.

Nesse sentido, o papel que cumpre os “headbangers” do Deadly Fate é extremamente progressivo. Além de brindar os fãs e os apreciadores do heavy metal com uma música de altíssima qualidade, os músicos potiguares utilizam o também o seu talento a serviço da contestação e da denúncia de uma das facetas mais cruéis do modo de produção capitalista.


Confira o vídeo de “Mother Nature’s Cry”:




Ficha Técnica do Deadly Fate

Oruam – Guitarra e voz;
Onofre Neto – Guitarra solo e voz;
Wilberto Amaral – Bateria;
Marcos Flávio – baixo

Show oficial de divulgação do disco Secret Land.

Data: 06/03/2010
Local: Galpão 29, Ribeira
Hora: 22h