sábado, 4 de fevereiro de 2012

Horror no Pinheirinho: moradores acusam policiais por estupro e torturas

Aos poucos, histórias de horror e dos abusos praticados pela polícia na desocupação do Pinheirinho no último dia 22 veem surgindo à tona. Nesta sexta-feira, dia 3, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou em discurso no plenário que testemunhou denúncias de estupro por parte de policiais militares na ação de desocupação. O senador acompanhou o depoimento das vítimas ao Ministério Público do Estado de São Paulo, no último dia 1º.

No depoimento (veja abaixo o fac-símile), as vítimas disseram que na noite de 22 de janeiro, no início da desocupação, vários policiais militares entraram em uma casa do Pinheirinho de modo “abrupto e violento”, rendendo agressivamente um jovem de 17 anos e sua mulher, de 26 anos. Segundo o depoimento, havia seis pessoas na casa, inclusive um senhor de 87 anos.

A jovem de 26 anos foi rendida, isolada dos demais moradores da casa e estuprada durante quatro horas pelos policias. No depoimento, ela afirma que “durante o ataque foi retirada da casa e, segundo ela própria, mais uma vez seviciada no interior de uma viatura cinza, que identificou como sendo do grupamento Rota”.

A Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) é a tropa da PM amplamente conhecida por seus inúmeros abusos contra a população pobre, além de outros assassinatos sem explicação realizados.





Os soldados da Rota, segundo o depoimento, também torturaram barbaramente o jovem de 17 anos que teria sido “agredido fisicamente e psicologicamente” e ameaçado pelos policiais de “empalação com um cabo de vassoura untado de creme e pomada”.

Além disso, os policiais “comeram a comida da casa, danificaram diversos objetos que guarneciam o imóvel, além de terem levado pertences e dinheiro que nada teriam a ver com qualquer atividade ilícita”.

Segundo o depoimento, “ao final da seção de horrores, o policiais teriam elegido apenas os rapazes para autuação deixando o idoso e as moças na moradia” , ressaltando, porém, segundo as vítimas, “ameaças de morte dos ficantes, em troca do silêncio”.

A denúncia dos moradores é um tapa na cara do governo Alckmin (PSDB), do Prefeito Eduardo Cury, da PM e da “Justiça”, que tentavam passar a população a imagem de uma “desocupação ordeira e tranquila” . Entre os moradores, há inúmeros relatos de abusos cometidos pela polícia, que a grande imprensa tenta esconder. Mas aos poucos a verdade da criminosa operação vai surgindo em meio a nevoa de mentiras ventiladas pelo governo assassino de Geraldo Alckmin.


Trecho do discurso de Suplicy no Senado denunciando relatos




Retirado do Site do PSTU

Ato em solidariedade ao Pinheirinho reúne cerca de 600 pessoas nas ruas de Natal

Ato em Natal
Na tarde desta terça, dia 31, cerca de 600 pessoas tomaram as ruas de Natal para demonstrar solidariedade aos moradores do Pinheirinho, que foram brutalmente massacrados pela PM a mando do prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury; e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

A atividade contou com a participação de diversas entidades do movimento popular, como a ocupação do Leningrado, o Movimento de Luta nos Bairros (MLB) e o MST. Vários sindicatos, centrais sindicais e entidades estudantis estiveram presentes, a exemplo da CSP-Conlutas, da Intersindical, ANEL, Centro Acadêmico de Serviço Social/UFRN e DCE/UFRN. Partidos políticos, como PSTU, PSOL, PCB, POR e PT, além de diversas outras organizações, como ABEPSS e CRESS, também compareceram ao ato de solidariedade.

A manifestação se iniciou no cruzamento das avenidas Salgado Filho e Bernardo Vieira, com um bloqueio das ruas, seguido de uma caminhada ao longo da BR-101. Durante o trajeto, os manifestantes denunciaram o massacre promovido pelo PSDB, além do papel de classe da justiça e da polícia diante não apenas do Pinheirinho, mas de todas as lutas em defesa do direito à moradia.

Pré-candidato do PSTU a prefeito, o professor Dário Barbosa reforçou esse coro. “O direito de moradia é o mínimo que um governo deve garantir à população. Mas lá no Pinheirinho os governos do PSDB estão mais preocupados em garantir os interesses dos barões da especulação imobiliária, como o bandido Naji Nahas. Por isso, é legítima a ocupação daqueles trabalhadores e nossa obrigação é de estar ao seu lado”, defendeu.

O ato seguiu até o local onde se localizava o antigo estádio do Machadão, demolido no ano passado e em seu lugar está sendo construído outro estádio de futebol para a Copa do Mundo. Lá, a professora Amanda Gurgel, pré-candidata do PSTU à Câmara Municipal, denunciou o ocorrido no Pinheirinho e exigiu do governo Dilma uma posição clara em defesa do Pinheirinho. “Aquelas pessoas, que construíram suas casas e lá estavam há oito anos, estão agora sem ter onde morar. É preciso que Dilma saia do discurso e se coloque de fato ao lado dos trabalhadores, desapropriando o terreno do Pinheirinho para entregá-lo aos moradores”, declarou.

Ao final, os manifestantes deliberaram por realizar uma plenária dos movimentos e organizações que compõem o Comitê Potiguar em Defesa do Pinheirinho, para seguir com atividades e manifestações de solidariedade aos moradores desalojados.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ato nacional 'somos todos Pinheirinho' reúne 4 mil em São José dos Campos

Kit
Manifestação ocupou o centro de São José dos Campos
Nem mesmo o calor abrasador de 35° afugentou os manifestantes que participaram do Ato Nacional de Solidariedade ao Pinheirinho, nesta quinta-feira, dia 2. Com muita disposição, cerca de 4 mil pessoas cobriram as ruas de São José dos Campos com suas faixas, bandeiras, escudos, cartazes e, sobretudo, muita solidariedade a todos os trabalhadores pobres do Pinheirinho que foram brutalmente desalojados pela ação covarde do governo paulista de Geraldo Alckmin.

O protesto, um dos maiores protestos já realizados na cidade, contou com um grande reforço nacional. Caravanas vindas dos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul se juntaram aos moradores do Pinheirinho. Também participaram outras inúmeras caravanas de ativistas da capital paulistas, Campinas, cidades da região do Vale do Paraíba, entre outros municípios do interior do estado.

O ato contou com a participação e apoio de várias entidades do movimento sindical e popular. Entre elas, a CSP- Conlutas, MTST, MST, CMP, dezenas de sindicatos de vários estados, além de partidos políticos como PSTU, PSOL, PCB e PT.

Um dos destaques foi a presença de uma coluna de ativistas do MST, que trouxe aos moradores do Pinheirinho quatro caminhões carregados de mantimentos para as famílias desabrigadas.

Concentrados na Praça Afonso Pena, os manifestantes realizaram um ato político antes de dar início a passeata. O primeiro a discursas foi Guilherme Boulos, do MTST.

“Hoje realizamos um ato, uma passeata. Amanhã vamos ocupar prédios, rodovias. Essa é a nossa única alternava para enfrentar o capital”, discursou.

Na sequência, o dirigente nacional do MST, Gilmar Mauro, criticou de forma contundente a Justiça, lembrando casos onde ricos foram rapidamente absolvidos pelos seus crimes, enquanto trabalhadores pobres sofrem com covardes ações de despejo e repressão.“O poder Judiciário brasileiro é uma merda!”, sentenciou Gilmar, arrancando aplausos da multidão.

O dirigente também cobrou uma solução por parte do governo Dilma. “O governo federal tem que tomar coragem e desapropriar o terreno do Pinheirinho. Isso é o mínimo”, completou.

A cobrança ao governo federal foi repetida enfaticamente por Cosme Vitor, da CMP (Central de Movimentos Populares). “Dilma, não adianta lamentar, queremos desapropriar”, cobrou.

Serginho, do MUST, falou representando os moradores do Pinheirinho. Emocionado, o ativista expressou “orgulho e satisfação” pela ampla unidade expressada pelo ato. “Só unidos os trabalhadores poderão transformar esse país”

O deputado federal, Chico Alencar (PSOL-RJ), também cobrou uma ação concreta do governo federal e prometeu levar o massacre do Pinheirinho aos trabalhos da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. “A única reparação da presidência da República é a desapropriação do Pinheirinho”. Já o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), acusou o executivo por omissão nas semanas que precederam a desocupação.




Pelas ruas de São José o encontro de muitas histórias

Logo após o ato, os manifestantes seguiram em passeata pelas ruas centrais de São José. Durante a passeata, sob um sol inclemente, muitas histórias sobre os abusos policiais foram relatadas à reportagem. Histórias de horror que ainda ocorrem nos alojamentos para os desabrigados.

Na noite do dia 1° de fevereiro, Valdir Martins, o Marrom, dirigente do Pinheirinho, foi cercado por um grupo de policiais militares que tentar prendê-lo. A ação da PM se deu no alojamento Marumbi, um dos locais pra onde foram levados os moradores após a desapropriação. Marrom só não foi preso pelos policias porque os moradores agiram rapidamente e impediram a ação da polícia.

Um funcionário da Urban, empresa municipal que realizou a coleta dos pertences dos moradores após a desapropriação, disse a reportagem que foi obrigado a trabalhar na "limpeza" do Pinheirinho. Também relatou que muitos pertences foram furtados, inclusive por policiais. “Quem escolhia o que seria levado ou não no caminhão era um oficial de justiça e não os moradores”, revelou o funcionário que prefere não se identificar. Segundo ele, foram roubados, principalmente, câmeras e eletrônicos. Ele também revelou que toda a comida nas casas, inclusive nas geladeiras, foi jogada fora.




Verdadeiros bandidos

Depois de quatro horas de caminhada, a passeata chegou ao seu objetivo, a Prefeitura de São José, onde foi realizado um ato final.

Toninho Ferreira, advogado dos moradores, fez uma saudação a ampla solidariedade ao povo do Pinheirinho. “É magnífico saber que um trabalhador rural pegou parte de sua colheita para trazer aqui ao povo do Pinheirinho” , disse. Também reafirmou a disposição de luta do movimento. “Eles não conseguiram quebrar a nossa espinha, o movimento continua” .

Falando em nome do PSTU, José Maria de Almeida, o Zé Maria, provocou aplausos quando defendeu os moradores e dirigentes do Pinheirinho, que são vítimas de uma forte campanha de calúnias na grande imprensa. “O verdadeiro bandido está ocupando essa prefeitura. É quem massacra o povo do Pinheirinho para defender Naji Nahas”, disse.

Também cobrou uma ação concreta do governo sobre a situação dos moradores. “Do governo a gente não quer só apoio, a gente quer é solução”, finalizou.

O protesto ainda continuou pela tarde. Após o ato, muitos ativistas e delegações de todo país visitaram o terreno onde era o Pinheirinho, arrasado pelo PSDB. Também visitarão os alojamentos onde estão os moradores desabrigados.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Pela retirada imediata das tropas brasileiras do Haiti

Neste dia 1°, a presidente Dilma visita o Haiti. A presidente pretende encontrar Michel Martelly, o novo presidente do país. O principal tema em pauta no encontro será o prazo de permanência das tropas brasileiras que ocupam o país. Desde 2004, o exército brasileiro chefia a chamada MINUSTAH, cujo contingente militar é de 7.340 soldados. Mais de 15 soldados brasileiros já passaram pelo Haiti, e hoje cerca de 2.000 homens fazem parte da MINUSTAH.

Dados oficiais mostram que nesse período foram gastos R$ 1 bi com a “missão brasileira”. Mas enganam-se aqueles que pensam que todo esse dinheiro foi para “melhorar” as condições de vida do povo haitiano ou para “trazer a paz”. Desde 2004, a MINUSTAH foi alvo de inúmeras denúncias e acusações. Desde inúmeros casos de estupros e assassinatos até a responsabilidade de levar ao país uma epidemia de cólera.

Após o terremoto, que atingiu o país em 2010 matando mais de 200 mil pessoas, o governo e imprensa tentaram mostrar as tropas brasileiras realizando supostas ações humanitárias. Contudo, o que se viu foi mais repressão.

A ocupação militar não permite ao povo ter sequer o direito à livre manifestação, pois a Minustah atua, junto com a polícia local, como agente repressor, como aconteceu em greves realizadas pelo movimento operário, que defendiam reajuste no salário mínimo, ou ainda em atos do 1º de Maio.

Quem agradece a presença das tropas brasileiras são as multinacionais, especialmente as do setor têxtil, que tem lucrado muito com a mão-de-obra mais barata das Américas. Nos últimos anos, foram instaladas zonas francas no Haiti para abrigar as empresas, a maioria norte-americana.

Desde 2004, governo brasileiro garante a paz que as multinacionais precisam para superexplorar o povo haitiano. Isso significa garantir que os trabalhadores não se revoltem e não se mobilizem contra a situação a eles imposta.

Nas últimas semanas, porém, caiu a máscara da suposta “preocupação” que o governo brasileiro tem com os haitianos. Recentemente, o governo decidiu limitar o numero de vistos aos haitianos que fogem para o Brasil. O colapso do país e a situação de miséria obrigaram milhares de haitianos a fugirem para nosso país. Algo que mais uma vez comprova que a prometida reconstrução do Haiti, necessária após o terremoto, não aconteceu. Por outro lado, a medida discriminatória lembra as famosas restrições a imigrantes praticadas pelos países imperialistas, como os EUA e as nações ricas da Europa. Não bastasse a absurda intervenção militar, agora o governo toma essa atitude que só reforça a discriminação contra o já sofrido povo haitiano.

A ocupação do Haiti é uma mancha na história brasileira. É preciso dar uma basta à ocupação. É preciso exigir do governo Dilma a retirada imediata das tropas brasileiras. Como pode haver liberdade em nosso país enquanto o governo insiste em uma ocupação militar a serviço da opressão? Os trabalhadores haitianos precisam ter liberdade para se organizar e lutar em defesa dos seus interesses e por um país justo. Também tem direito de lutar por um governo que realmente atenda os interesses do povo pobre e não aos interesses da burguesia entreguista e associada ao capital internacional.

Por isso, neste dia em que Dilma visita o Haiti, chamamos as entidades sindicais, estudantis, populares, partidos políticos, organizações de defesa dos direitos humanos, para construir a mais ampla unidade possível para exigir a retirada imediata das tropas do Haiti.


Retirado do Site do PSTU

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Matarazzo, o dedo na cara e o ódio da burguesia contra os trabalhadores

Um grupo de estudantes aproveitou a inauguração do museu do MAC-USP e a presença de autoridades do governo paulista para protestar contra o violento despejo do Pinheirinho. A imagem do secretário de Cultura de Alckmin, Andrea Matarazzo, batendo boca com uma estudante teve ampla repercussão na imprensa


Protesto repercutiu na imprensa
Pela Internet nesse dia 28 de janeiro e nos jornais do dia 29, o rosto de uma jovem mulher virou o rosto da juventude indignada com o massacre do Pinheirinho. Na foto, vemos essa jovem sozinha e, em volta dela, Andrea Matarazzo e seus cabos eleitorais. Andrea Matarrazzo é o nome mais cotado para candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo nas próximas eleições.

O nome dessa jovem é Arielli Tavares, da ANEL e juventude do PSTU. O evento era a inauguração do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo. Além de Andrea Matarazzo, também estariam presentes o reitor da Universidade de São Paulo e o governador do estado, Geraldo Alckmin. Rodas, percebendo que havia estudantes no local, foi embora. Alckmin, avisado da possibilidade de ter que enfrentar os estudantes, não apareceu.

O governo do PSDB queria dar ares de civilização para a sua política inaugurando o Museu. O que vemos, ao contrário, é a barbárie. A barbárie de 400 policiais sitiando o campus da USP contra aqueles que lutam pela educação, a higienização da área conhecida como cracolândia e o que já é comparado ao massacre desde Eldorado dos Carajás, a truculenta desocupação do Pinheirinho.

O visível ódio com que Matarazzo investiu contra Arielli não pode ser de forma alguma comparado àquele que seu chefe Alckmin utilizou contra os moradores do Pinheirinho, mas é, sim, exemplar da trajetória da família do Secretário da Cultura. Longe de nós afirmarmos que truculência e o prazer pela higienização social sejam genéticos. Isto tem muito a ver com classe e consciência. Mas é inegável que, no caso de Matarazzo, a história corre nas veias.


Matarazzo; os primeiros grandes burgueses

Andrea Matarazzo é sobrinho neto do conde Francesco Matarazzo (1854 – 1937). O agricultor italiano Francisco Matarazzo imigrou para o Brasil em 1881 e fez fortuna criando o maior império industrial do Brasil, tendo morrido em 1937 como o homem mais rico do país e acumulando 10 bilhões de dólares.

Não esquecendo a sua terra natal e não renegando a sua nova classe, burguesa, enviou dinheiro para a Itália em tempos de guerra, o que lhe rendeu o título de Conde em 1917. Em 1926, quando Mussolini já se tornara o Primeiro Ministro da Itália, o título de conde passou de pessoal a hereditário como reconhecimento e agradecimento dos fascistas aos serviços prestados pela família Matarazzo.


Por volta de 1900 Francesco consegue crédito junto ao London and Brazilian Bank para construir um moinho na capital: Moinho Matarazzo. Começou vendendo banha no interior de São Paulo e acabou por fundar as Indústrias Matarazzo Fábricas Reunidas, ramificada em vários setores de produção.

A história de Francesco Matarazzo é contada pela elite como exemplo de ascensão social, de como pode se enriquecer no capitalismo. Na verdade, a história da família Matarazzo está ligada à transformação do Brasil cafeicultor em Brasil industrializado e urbanizado e à formação da classe operária do país. A ligação entre a produção industrial e o crédito bancário já inaugurava a tendência do capital financeiro no Brasil. Os Matarazzo foram os primeiros grandes burgueses que fizeram fortuna às custas do suor e sangue da classe trabalhadora brasileira. Uma história nada bonita...


Ainda hoje, os burgueses Marazzo

Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo, foi um dos herdeiros da fortuna Matarrazo. Ciccilo, mecenas das artes, está ligado à fundação do Museu de Arte Moderna de São Paulo, a Bienal Internacional de Arte de São Paulo e ao Teatro Brasileiro de Comédia. É também do acervo particular de Ciccillo boa parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea que Andrea Matarazzo inaugurava neste último sábado.

Dentre tantos museus, há um que está ligado ao nome dos Matarazzo, mas dessa vez, um museu inexistente: o Museu do Trabalhador. Este museu estava previsto para ser instalado na antiga mansão Matarazzo, na Av. Paulista. A casa que faria parte do patrimônio histórico da cidade e que seria destinada às instalações do acervo da memória dos trabalhadores em 1989 foi criminosamente demolida pela família para que não amargassem a vergonha de ter o seu nome ligado à memória dos trabalhadores no lugar que hoje é símbolo do capital, a AV. Paulista.

Esse episódio só demonstra o ódio de classe da burguesia contra qualquer iniciativa que preserve a história e a vida dos trabalhadores. Nesta lógica, a arte serve como ornamento de civilização destinado às altas classes para dourar a barbárie da exploração da classe trabalhadora, que lhes permite tempo o suficiente de desfrutar a arte em “seus” museus.

Outra coincidência envolvendo o nome dos Matarazzo é o moinho que enriqueceu Francesco e seus familiares. Este é o mesmo onde recentemente houve um incêndio onde antes moravam 1.656 pessoas, segundo o censo do IBGE. Este moinho é o da Favela do Moinho, lugar da tragédia de centenas de famílias pobres.


Mas afinal, quem é Andrea Matarazzo?

Andrea Matarazzo vem ocupando diversos cargos públicos ao longo de sua trajetória, a maioria ligados diretamente ao setores industriais. Dois desses cargos são emblemáticos da aplicação de seu projeto higienista de extermínio físico da pobreza, significativos de seu ódio burguês contra pobres e trabalhadores.

O primeiro, durante a gestão da Companhia Energética de São Paulo, CESP. Andrea Matarazzo foi responsável pela inundação do lago artificial Porto Primavera para criar a hidroeltrica de mesmo nome, a terceira mais ineficiente do mundo. Derrubou em novembro de 1998 a liminar do Ministério Público de Presidente Prudente contra a realização do projeto e, sem licença do IBAMA, levou a cabo o projeto que matou por afogamento centenas de espécies em extinção, arruinando a flora e o ecossistema local. Centenas de famílias ribeirinhas foram expulsas de suas casas

Por trás da destruição ambiental e humana estava o interesse de Andrea Matarazzo de realizar o processo a tempo de incluir Porto Primavera no pacote de usinas de Jupiá e Ilha Solteira que foram privatizadas nas mãos de Fernando Henrique Cardoso. A obtenção para o enchimento do lago artificial aconteceu dois anos depois de sua efetiva inundação e dois dias antes de ir à leilão na Bovespa.

Assim como no Pinheirinho, se repete a farsa da justiça burguesa que sempre defende o “direito” daqueles que não têm escrúpulos na hora de acumular os seus milhões, mesmo que isso signifique a destruição da natureza e de vidas humanas. Mais uma tragédia na já extensa lista do PSDB.

Quando, exercendo o cargo de subprefeito da Sé na gestão Kassab, acumulou ainda o de Coordenação das Subprefeituras. Coordenando os dois cargos, foi cabeça do projeto Nova Luz. O pacote prevê reintegrações de posse de prédios ocupados por integrantes do movimento dos sem-teto , intensificação da fiscalização contra comerciantes informais, tentativa de transferir catadores de lixo para fora do centro, desapropriação de imóveis na área conhecida como Cracolândia e concessão de incentivos fiscais às empresas que lá se instalarem.

As várias “fases” do projeto envolveram jatos d’água na calada da noite contra moradores de rua, remoção de moradores de rua para outros municípios, calçadas “antimendigo” na Paulista. A desocupação violenta de prédios onde mora a população sem-teto também faz parte do ~~~script~~~. A mais recente fase da “Nova Luz” é a remoção forçada dos dependentes químicos da região central de São Paulo.

Mais uma vez Andrea Matarazzo se mostra servo fiel dos interesses dos especuladores imobiliários que roubam para si terrenos de interesse social. Não é demais lembrar que o CDHU, em 2006, mostrava que 620 mil pessoas em São Paulo não tinham onde morar. Além disso, segundo levantamentos, há 1.500 favelas com 1,5 milhão de moradores, além das pessoas que vivem em cortiços.


O sempre burguês Matarazzo

Estive na inauguração do MAC junto com Arielli Tavares que colocou o dedo na cara do Secretário de Cultura, questionando sobre o massacre do Pinheirinho. Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Na entrega do prêmio Governador do Estado, corajosamente os cineastas Marcos Dutra e Juliana Rojas leram o manifesto “Política do Coturno” denunciando a crueldade e truculência do governo. O secretário respondeu dizendo que endossa a operação.

Apesar de ser o rosto de Arielli que apareceu, essa era mais uma das diversas manifestações protagonizadas por jovens que não se calam frente à higienização da pobreza, a criminalização dos movimentos sociais e ao massacre do Pinheirinho.

Sobre o ato do MAC, Andrea lançou nota dizendo que "lamenta a agressão sofrida durante a entrega do maior museu de arte contemporânea da América Latina". "Era um momento de festa para a cidade, (...) jamais esperava que politizassem o evento e não há como encarar o que ocorreu de outra forma: foram atos de truculência".

Truculência é jogar 400 PMs em cima dos estudantes que lutam contra a privatização do ensino. Truculência é o dado de que a ROTA matou mais do que nos últimos cinco anos. Truculência é a política higienista e racista da remoção dos moradores de rua e dos usuários da cracolândia. E principalmente, truculência é a desocupação do Pinheirinho que jogou 9.000 pessoas nas ruas depois de oito anos de construção daquele bairro.

Andrea Matarazzo já se mostrou fiel lacaio da burguesia em diversos momentos de sua vida política. Hoje, pré-candidato à prefeitura de São Paulo, mostra a essa mesma burguesia que seguirá com a política racista de extermínio da pobreza, relembrando o passado fascista de Fanscesco Matarazzo.

Diz ainda em sua nota: “Fui agredido fisicamente durante a manifestação e esse é o limite da democracia, ninguém pode tirar o direito do outro de ir e vir, era apenas isso que eu tentava fazer". Andrea Matarazzo, que têm as mãos sujas de sangue, fala no seu direito de ir e vir. Fala de sua democracia. De que democracia fala afinal Andrea Matarazzo? A democracia de Naji Nahas, dos especuladores imobiliários, dos privatistas que acabam com a vida humana e a natureza para lucrarem com a morte.

Arielli Tavares, estudante da USP, conheceu a polícia dentro de sua universidade e conheceu nas assembleias da Praça Quilombo dos Palmares o povo do Pinheirinho. Os jornais não sabiam seu nome e de onde ela era. Ninguém viu no seu peito o broche roxo, feminista, escrito ‘PSTU’. Essa lutadora virou a cara da juventude indignada contra essa política de massacre do PSDB. Junto de seu broche, levava no peito toda a população do Pinheirinho consigo e a indignação dos jovens que país afora têm protagonizado atos de solidariedade ao Pinheirinho. A juventude escolheu um lado e não se cala diante da barbárie. Enquanto isso, Andrea Matarazzo sujo de sangue dos trabalhadores representa essa podre classe burguesa que posa de civilizada inaugurando seus museus.


Retirado do Site do PSTU

Dois programas do Ministério da Saúde e uma só lógica: a privatização

O Ministério da Saúde anunciou há poucas semanas, com alarde, o lançamento de dois novos programas de saúde. O primeiro foi chamado de “Melhor em casa”, com o subtítulo de “a segurança do hospital no conforto do seu lar”. O segundo programa é o “S.O.S. Emergências”.

O “melhor em casa” é voltado a pessoas com necessidade de reabilitação motora, idosos, pacientes crônicos ou em situação pós-cirúrgica. A proposta é que sejam atendidos gratuitamente em seus lares, por equipes multidisciplinares, formadas prioritariamente por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e fisioterapeuta. O plano é implantar 1000 equipes de atenção domiciliar, em todo o país. Cada equipe cuidará de 60 pacientes.

Em tese, parece uma boa idéia, porém lendo com atenção o texto do próprio ministério da saúde, aparecem aspectos bastante preocupantes, que acendem um sinal de alerta em qualquer militante da saúde pública de nosso país.

Assim, o texto fala que “...O Melhor em Casa representará avanços...já que ajudará a desocupar os leitos hospitalares...”. Em outro parágrafo consta que “...pacientes submetidos a cirurgias e que necessitam de recuperação poderão ser atendidos em casa e terão redução dos riscos de contaminação e infecção.” Continua com “Estima-se...que com a implantação da Atenção Domiciliar obtém-se economia de até 80% nos custos de um paciente, quando comparado ao custo deste mesmo paciente internado em um hospital.”

Esta leitura leva a uma conclusão óbvia: o verdadeiro objetivo do programa é o de esvaziar leitos hospitalares e os serviços de emergências, além de reduzir custos com pacientes crônicos. Os paradoxos vão aumentando: será que as condições sanitárias dos bairros das periferias das grandes cidades e das favelas realmente justificam a idéia de que “haverá redução dos riscos de contaminação e infecção nos pacientes pós-cirúrgicos”? Este conceito vai de encontro a uma visão mais social da busca da causa das doenças, pois parece ignorar a noção do ambiente como agente causador de agravos à saúde.

Se casarmos o programa “melhor em casa” com o processo de privatização da saúde pública brasileira, fica bem mais fácil de entender: a iniciativa privada não quer pacientes crônicos, idosos e com pouca autonomia atravancando o fluxo dos leitos pós-cirúrgicos e diminuindo a rentabilidade e lucratividade dos hospitais.

Par piorar, devemos registrar que a forma contratação dos profissionais das equipes multiprofissionais mantém os vícios neoliberais de não haver garantia que sejam por concurso público e sem estabilidade no emprego.


O “S.O. S Emergências”

É no segundo programa que a lógica privatista fica mais evidente. O “S.O.S Emergências” tem como objetivo “ ..promover o enfrentamento das principais necessidades desses hospitais, melhorar a gestão, qualificar e ampliar o acesso aos usuários em situações de emergência, reduzir o tempo de espera e garantir atendimento ágil, humanizado e com acolhimento”. Nobres objetivos, mas como serão implementados?

O programa terá início em 11 hospitais de grande porte, sendo alguns privados, como é o caso dos dois hospitais escolhidos da cidade de São Paulo, a saber, Santa Casa de Misericórdia e Hospital Santa Marcelina (ambos “filantrópicos”). Cada um dos onze hospitais escolhidos pelo Ministério receberá um incentivo anual de R$ 3,6 milhões para ampliação e qualificação da assistência nos pronto socorros. A isso se somarão mais R$ 3 milhões para realização de obras e aquisição de equipamentos.

Estes hospitais farão parcerias com seis hospitais de “excelência” (entre eles Sírio Libanês, Albert Eistein, Osvaldo Cruz e outros) que, entre outras atribuições, farão “capacitação dos profissionais ...e apoio à elaboração do planejamento estratégico de cada unidade hospitalar. Incluem-se gestão administrativa, financeira e protocolos clínicos, assistenciais e operacionais.”

É fácil concluir daí que a lógica que norteia este programa é privada. Tanto no interesse pouco disfarçado de “otimizar os fluxos” dos pronto-socorros e leitos hospitalares, na escolha dos hospitais que serão apoiados financeiramente pelo programa e, principalmente nas parcerias estabelecidas pelo ministério com os hospitais de excelência. Estes hospitais funcionam totalmente com a lógica do lucro na saúde, tanto é assim que tem custos proibitivos até para quem tem planos de saúde privados mais baratos. Aliás, são os hospitais preferidos pelos políticos, aonde Dilma, Lula e a maioria dos políticos da burguesia buscam seus tratamentos.

Assim, por trás de dois programas do ministério da saúde “cheios de boas intenções”, mais uma vez encontramos o programa político para a saúde pública do governo Dilma: Privatização!


Retirado do Site do PSTU

Todos ao grande ato unitário de solidariedade ao Pinheirinho

Nesta quinta, dia 2, entidades organizam grande ato em São José dos Campos (SP)


A CSP-Conlutas, em conjunto com outras centrais sindicais, Sindicatos e organizações do Movimento Popular, está convocando um grande ato em solidariedade aos desalojados do Pinheirinho. A manifestação será nesta quinta-feira (2), às 9h, na Praça Afonso Pena, em São José dos Campos (SP). Caravanas da capital Paulista, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro já confirmaram presença.

Os ex-moradores do Pinheirinho sofrem com o descaso do prefeito Eduardo Cury (PSDB) que, após a desocupação do terreno, mantém essas pessoas em abrigos sem o mínimo de infraestrura e sem condições de se reerguerem. Os alojamentos não são apropriados para receber crianças, idosos e deficientes físicos.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), após a violenta desocupação consentida por ele, tenta posar de bom moço para a grande imprensa e sociedade. Alckmin garantiu que terrenos serão disponibilizados para atender essas famílias no período de 18 meses. Porém, a pergunta que fica é: essas pessoas ficarão nessa situação alarmante e precária durante todo esse período?

O mesmo posicionamento vemos por parte de Eduardo Cury (PSDB) que alardeia estar dando todo o suporte aos desalojados. Ao contrário disso, o que vemos são famílias vivendo em condições sub-humanas.


Todos acompanharam o massacre do governo do PSDB durante a desocupação do Pinheirinho, no último domingo (22). A violência mudou de forma, mas é tão devastadora quanto os cassetes, gás e pimenta e bombas de gás lacrimogêneo utilizados durante a ação da polícia. Agora, essas pessoas enfrentam a violência da falta de alimento, água, roupas remédios e moradia.


“Diante da situação de abandono por parte do poder publico aos desalojados, é muito importante que façamos uma grande manifestação em São José, para expressar a solidariedade de todo país aos moradores do Pinheirinho e protestar contra essa desocupação por parte do PSDB”, enfatiza o membro da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas e metalúrgico de São José dos Campos, Luiz Carlos Prates, o Mancha.

Vamos todos à luta, fazer um grande ato em São José dos Campos. Vamos denunciar a situação precária em que se encontram os desalojados do Pinheirinho. Exigir do governo do PSDB e da presidente Dilma, em caráter de urgência, que desaproprie o terreno onde existia a ocupação e que este local seja destinado para programas habitacionais destinados às famílias que ali moravam.

Durante toda a semana passada, especialistas formadores de opinião, representantes dos Direitos Humanos e artistas demonstraram seu apoio ao Pinheirinho. Manifestações também ocorreram em diversas regiões do país em repúdio a ação truculenta da polícia e em solidariedade aos desalojados.

Vamos continuar demonstrando nosso total e irrestrito apoio ao Pinheirinho. Além das manifestações que continuarão ocorrendo no decorrer desta semana, a CSP-Conlutas está promovendo uma campanha financeira e de arrecadação de donativos.

A Luta continua! Somos Todos Pinheirinho!


Retirado do Site do PSTU