sábado, 24 de março de 2012

Apesar de protestos, Dilma banca a ministra do Ecad à frente da Cultura

Desastrosa gestão da ministra da Cultura é marcada pela defesa do órgão de arrecadação de direitos autorais


Ag Brasil
Ana de Hollanda, a ministra do Ecad
Apesar das crescentes pressões e reclamações, a presidente Dima resolveu bancar a continuidade da ministra Ana de Hollanda à frente do ministério da Cultura. No último dia 21 de março, Dilma realizou um desagravo, elogiando publicamente a ministra durante cerimônia no Palácio do Planalto, e mais tarde mandou avisar a imprensa que Ana de Hollanda não sai.

Os problemas com a atual ministra começaram tão logo Ana assumiu a pasta, em janeiro do ano passado. Mandou retirar do site do Ministério da Cultura o selo do Creative Commons, uma licença de reprodução de conteúdo para fins não comerciais e provocou o ódio dos ativistas pela liberdade na Internet. A crise, porém, se aprofundou com o tema do Ecad, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, associação privada que detém o monopólio da administração de direitos autorais das músicas executadas no país.

Ana de Hollanda, que assim como o irmão famoso, é cantora, está sendo acusada de favorecer o escritório, que por sua vez vem se tornando cada dia mais odiado. E não é por menos, já que a piada sobre o sujeito que assobia uma música embaixo do chuveiro e é, inadvertidamente, abordado por um fiscal do Ecad, está se tornando cada dia menos ficção. A última da associação, criada por uma lei em 1973, foi começar a cobrar direitos autorais de blogs pessoais que incorporassem vídeos do Youtube (embora o Google, dono do sistema de compartilhamento de vídeos, já pague os direitos das músicas).

Foi o que aconteceu os administradores do blog Caligraffiti, sobre design, quando receberam, no começo de março, um boleto de R$ 352,59 do Ecad. Foram notificados simplesmente por incorporarem (embedar) um vídeo. Embora o escritório tenha divulgado nota afirmando que havia ocorrido um ‘erro’ na emissão do boleto, ao mesmo tempo afirmou que qualquer vídeo incorporado a qualquer blog está sim sujeito à cobrança. O comunicado recebido pelos autores do blog afirmava que “toda pessoa física ou jurídica que utiliza músicas publicamente, inclusive através de sites na Internet, deve efetuar o recolhimento dos direitos autorais de execução pública junto ao ECAD, conforme a Lei Federal 9.610/98”

Outro caso surreal aconteceu com o cantor Frank Aguiar, que afirma ter tido que pagar R$ 2.200 ao Ecad por uma festa de aniversário que deu aos amigos. Detalhe: na festa, Aguiar teria cantado apenas suas próprias músicas. O cantor disse ter recebido posteriormente apenas R$ 300 do escritório em direitos autorais. Há casos ainda de fiscais do escritório interrompendo festas de casamento para o recolhimento das taxas.

Os casos absurdos vão se avolumando junto às críticas recebidas pelo órgão e à falta de transparência com que atua. Apesar de ser uma associação de caráter privado, e por isso gozar de autonomia para definir os valores e a forma com que se dá a arrecadação e distribuição dos direitos autorais, o Ecad não passa por qualquer fiscalização e ainda é defendido pelo Ministério da Cultura.

Desde junho do ano passado funciona no Senado uma CPI para investigar o órgão, presidida por Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). A comissão, aberta após revelação de irregularidades como o repasse de R$ 128 mil a um motorista que sequer era músico, divulgará o resultado das investigações no final de abril e, segundo a revista Istoé, vai pedir o indiciamento de pelo menos quatro diretores por formação de quadrilha, cartel e apropriação indébita.

Apesar das denúnicas, Ana de Hollanda e o Ministério já se colocaram de forma incondicional ao lado do Ecad. Em um processo movido pela Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) contra o órgão no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o ministério emitiu um ‘parecer técnico’ justificando e defendendo a atuação do escritório.

Evidente que a ABTA não lutava em defesa da liberdade de expressão e do acesso à cultura, mas tão somente contra o pagamento de R$ 250 milhões que as empresas de TV pagam ao escritório em direitos autorais. O papel de advogado do MinC, porém, mostrou de forma clara a relação espúria entre poder público e o Ecad.


Uma ministra contra a Internet

Se o favorecimento explícito ao Ecad já era condenável, Ana de Hollanda chocou a muitos durante uma audiência pública da Comissão de Educação e Cultura nesse dia 21 de março na Câmara. A ministra disse o que pensava da Internet e de política de direitos autorais. “Hoje em dia a pirataria é feita assim. É copiado através da Internet, e isso se multiplica, está sendo distribuído e vendido pela Internet”, declarou, para depois arrematar: “isso vai matar a produção cultural brasileira se não tomarmos cuidado”.

Ou seja, para a ministra Internet e a ‘pirataria’ são os grandes algozes da cultura. A afirmação, além de embasar a atual política do ministério, traz graves preocupações. Não seria de se estranhar que o MinC apoiasse, por exemplo, projetos na linha do Sopa (Stop Online Piracy Ac) e do Pipa (Protect IP Act) nos EUA que, na defesa dos interesses da grande indústria de entretenimento, pretendem criminalizar quem compartilha conteúdos pela Internet. Para se ter uma ideia, Sopa propõe pena de cinco anos para quem baixa ou o compartilha conteúdo protegido por direitos autorais.

Por trás da campanha contra Ana de Hollanda estão muitos interesses. Desde grandes empresas de comunicação cansadas de gastar milhões com o Ecad até grupos do governo e do PT alijados do ministério com a nomeação da ministra e que trabalham na surdina contra ela. Mas há também ativistas em prol da liberdade na Internet e de defesa da Cultura. Em meio a tudo isso, uma coisa é certa. Sua gestão é desastrosa e marcada por retrocessos.

Enquanto isso a cultura segue à míngua e abandonada, ao mesmo tempo em que a Lei Rouanet, que garante financiamento a projetos culturais em troca de isenção fiscal e mantido pelos governos Lula e Dilma, coloca a política cultural do país nas mãos dos bancos e grandes empresas. E isso sim, pode 'matar a produção cultural brasileira'.


Retirado do Site do PSTU

Neonazistas presos em Curitiba: impunidade alimenta os crimes de ódio

Blog prega violência às mulheres, homossexuais e ativistas de esquerda
No último dia 22 foram presos em Curitiba dois ativistas neonazistas que planejavam realizar um ataque a alunos do curso de ciências sociais na Universidade de Brasília (UnB). Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello, foram presos após postarem em um blog ameaças contra os estudantes da universidade, contra o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e ao PSTU e o PSOL.

"Este provávelmente (SIC) é o último registro que irei deixar. Quanto acontecer, a mídia controlada pelos judeus e esquerdistas irá criar 1000 teorias em cima da merda toda. As palavras “bullying” e “psicopata” lógicamente estarão presentes.A cada dia que se passa fico mais ansioso, conto as balas, sonho com os gritos de vagabundas e esquerdistas chorando, implorando para viver.Vejo o sangue para tudo quanto é lado, manchando uma camiseta com o logotipo do PSOL/PSTU. O semestre já começou. A profecia irá ser cumprida.", ameaçava Emerson em seu blog.

De acordo com a Polícia Federal, foram apreendidos com os dois mapas e plano para a realização do massacre na universidade.

Há mais de um ano, o Blog de Emerson realizava pregações asquerosas e claramente nazistas, como o extermínio de gays, lésbicas, mulheres, nordestinos, judeus e negros. Em um dos post, chegou a “ensinar” a prática do estupro corretivo em mulheres lésbicas, para que deixassem a homossexualidade, intitulado “Penetração corretiva – Lésbicas: Como penetrar”. Em outro, ele defendia a misoginia afirmando que a mulher “era um pedaço de carne”. De maneira doentia, o blog ainda postava fotos de mulheres violentadas além de fazer alusões à pedofilia.

Em seu blog, Emerson chegou a apoiar Wellington Menezes de Oliveira que, em abril de 2011, matou 12 crianças em uma escola em Realengo, no Rio de Janeiro. Os dois acusados disseram à polícia que foram procurados por Oliveira, para orientá-lo sobre como proceder na ação criminosa.


Impunidade que alimenta o ódio

No entanto, apesar de quase 70 mil denúncias de conteúdo abusivo – um recorde na Internet brasileira – Emerson, continuava a publicar todo o tipo de conteúdo asqueroso sem a preocupação de ser punido.
Em várias notas, ele desafiava todos aqueles que denunciavam seu blog, confiando na total impunidade. A última nota postada era um claro exemplo disso: “Que todos estes movimentos esquerdistas façam coro, berrem, gritem, no fundo, não vai acontecer merda nenhuma. O mundo em que vocês vivem querendo ou não, é capitalista, e o dinheiro e o poder compram tudo”.

Marcelo e Emerson já tinham experimentado a impunidade por seus crimes. Com longa ficha de crimes de racismo, Marcelo publicou, em 2005, uma sequência de ofensas contra negros no site de relacionamentos Orkut. Estudante de Letras da UnB na época, Marcelo foi processado e condenado, em 2009, a um ano e dois meses de prisão. Recorreu da decisão e não passou um dia sequer na cadeia. Como se não bastasse, Marcelo era alvo de quase dez queixas na Polícia Civil do Distrito Federal, uma delas por agredir a mãe. Também responde a um segundo processo por racismo, aberto em 2011.

Seu comparsa, Emerson também tem histórico de agressão as mulheres e é investigado por participações em homicídios que ocorreram em Curitiba.

Como se vê, a impunidade seguiu encorajando os dois nazistas. Impunidade essa que também faz crescer o número de crimes racistas, agressões e assassinatos contra homossexuais e mulheres. Se não fosse a persistência de vários internautas, que continuaram denunciando persistentemente o blog fascista, uma grande tragédia poderia ter ocorrido.

Por outro lado, não há dúvidas de que as políticas higienização social, levadas a cabos pelos governos do PT e PSDB (e seus aliados), também alimentam o ódio racista e contra os pobres (vide os moradores de rua queimados por jovens no Distrito Federal). Ações do Estado como a covarde e brutal desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos, ou a operação da PM Cracolândia, “naturalizam” a ideia de que para erradicar com a miséria é preciso eliminar os pobres (negros, nordestinos, setores oprimidos etc.) da paisagem urbana. A política de higienização ganha mais força ainda com as remoções realizadas para as obras da Copa e das olimpíadas.

É preciso exigir punição exemplar para os dois neonazistas. Mais isso apenas não basta. É preciso exigir dos governos políticas efetivas de combate ao racismo, machismo e homofobia. Políticas que, infelizmente, o governo do PT sequer pensa em implementar, pois, para o governo o que importa é manter a aliança espúria com os setores mais conservadores e reacionários da política nacional.


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 22 de março de 2012

A última batalha de Aziz

Em seu último período de vida, geógrafo esteve engajado na luta contra as mudanças no Código Florestal.


A morte do geógrafo Aziz Ab’Saber, no último dia 17, representa a perda de um grande cientista que, como muitos articulistas ressaltaram, realizou estudos pioneiros sobre a diversidade paisagística de nosso país. Dono de um vasto conhecimento em vários ramos das ciências, o geógrafo chamou a atenção para a interação dos diversos elementos dessa paisagem (relevo, clima, vegetação, hidrografia, geologia, solo) que produzem e transformam as formas do relevo. Também é uma das maiores referências para aqueles que desejam se iniciar no estudo científico sobre a dinâmica da natureza e sua relação com o ser humano.

Mas Aziz também foi um arguto crítico das políticas envolvendo a questão ambiental, especialmente no que se refere ao conjunto dos projetos implementados pelos governos Lula e Dilma nesses últimos 10 anos, como a transposição do Rio São Francisco. Algo que, evidentemente, não foi recordado pelas muitas notas de pesar elaboradas pelos apoiadores do atual governo, como figuras de proa do PT e o PCdoB.

Sua última batalha foi travada contra as absurdas alterações - “a favor de classes sociais privilegiadas”, como dizia Aziz - do Código Florestal. Em carta escrita em 2010, dirigida aos parlamentares do Congresso Nacional (leia aqui), o geógrafo apelava “aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários”.

Na carta, Aziz alerta especialmente para os impactos ambientais e sociais que as mudanças exigidas pelos ruralistas terão na Amazônia. Explica que a floresta estará ameaçada, assim como sua enorme bacia hidrográfica, caso a taxa de preservação florestal das propriedades seja rebaixada de 80% para 20%. “Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada derruição, comparava.

Também denuncia o enorme poder dos latifundiários na região, que cometem inúmeros crimes, enquanto gozam de ampla impunidade: “Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exército paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação tem mais força do que governadores e prefeitos”, afirma numa passagem na qual revela um assombroso episódio ocorrido em Marabá (PA), quando um grupo de fazendeiros desfilou com seus cavalos pela cidade, enquanto a população fugia para suas casas.

Em alternativa a revisão do Código Florestal, Aziz sugere a criação de “um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território”. No entanto, como lembra o professor, Brasília qualificou a proposta como “inoportuna”.

Aziz nos deixou em momento delicado. O Congresso Nacional está prestes a realizar o maior desmonte da política ambiental brasileira – em acordo com o governo Dilma, diga-se passagem.

As mudanças do Código Florestal só interessam aos grandes capitalistas do campo, aqueles cujos interesses o governo do PT sempre zelou. Para estes senhores, é preciso desmatar para abrir pastagens, plantar soja (para reação de gado europeu), eucalipto, vender madeira e especular com a terra. A lei impede esse avanço.

A melhor forma de homenagear Aziz é dar continuidade a essa luta, a última que foi travada pelo incansável professor.


Retirado do Site do PSTU

Governo prepara novas desonerações à indústria

Ao mesmo tempo em que reclama do ‘rombo’ da Previdência, governo isenta empresários da alíquota do INSS


ABr
Ministro Mantega vai anunciar novo pacote de bondades a empresários
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve anunciar nos próximos dias uma nova rodada de isenções tributárias à indústria. Desta vez, os fabricantes de máquinas e equipamentos, de autopeças, os empresários da indústria naval e do setor têxtil, assim como a Embraer, se verão livres da alíquota de 20% sobre a folha de pagamento ao INSS.

Os empresários da construção civil estiveram reunidos com o governo nesse dia 20 de março e também podem ser incluídos nesse pacote de bondades. Gozam desse tipo de benefício hoje os setores de software, call centers, confecção, calçados e móveis. Em troca da isenção da alíquota patronal da previdência, têm o faturamente taxado em 1,5% ou 2,5%. As novas medidas do governo, porém, serão bem mais generosas e a taxação sobre o faturamento será de apenas 1%.

A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) apresentou estudo a Mantega em que ‘prevê’ a contratação de 50 mil novos trabalhadores nos próximos dois anos com a desoneração. A associação divulgou ainda que o governo prometeu ao setor a abertura de novas linhas de crédito do BNDES.


Crise na indústria

As novas medidas fazem parte das ações do governo Dilma para enfrentar a crise na indústria nacional, cujo dinamismo sofreu forte golpe no último período. O setor foi um dos principais responsáveis pelo parco crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no período de um ano) em 2011, de apenas 2,7%. A indústria de transformação, por exemplo, cresceu apenas 0,1% no ano passado. A produção industrial chegou a recuar 2,1% em janeiro último.

A acentuada desaceleração da indústria já vem se refletindo nos empregos. Em fevereiro, de acordo com levantamento do jornal Valor Econômico nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a criação de empregos caiu 63% em relação à 2011. Em alguns setores as demissões já superam as contratações, como na indústria de materiais de transporte em São Paulo, que demitiu 647 funcionários a mais que contratou, também em fevereiro.

A desaceleração industrial ocorre ao mesmo tempo em que o setor agropecuário continua acelerado, turbinado pelos altos preços das commodities (matéria-prima para exportação cotado no mercado internacional). Em 2011, o setor cresceu 3,9%. Reflexo disso, a participação da indústria no PIB ano passado chegou a14,6%, seu menor nível desde 1956, ano em que Juscelino Kubitschek iniciou o ‘Plano de Metas’.

O câmbio valorizado vem sendo apontado como o grande ‘vilão’ da indústria. Com o valor do Real mais próximo ao do dólar, as exportações são prejudicadas e os importados ficam mais baratos. Segundo a Confederação Nacional de Indústria, os importados em 2008 representavam 14,5% do consumo de produtos industriais no país, pulando em 2011 para 18,5%.

A inundação de importados no país, tanto produtos como insumos, é conseqüência da desvalorização forçada do dólar, medida dos EUA que funciona como uma espécie de protecionismo disfarçado. Aliado a isso, houve uma concentração das multinacionais nos mercados ‘emergentes’ (países semi-coloniais) após a crise internacional.


Porteira aberta às reformas

A tese da ‘desindustrialização’ do país ainda é controverso. Ao mesmo tempo em que a indústria sofre uma forte desaceleração e sua participação na economia declina, há novos investimentos e ampliação da capacidade produtiva em alguns segmentos, como na indústria automobilística.

A desoneração, por outro lado, mostra a forma seletiva com que o governo Dilma pratica o ‘ajuste fiscal’. Enquanto impõe um corte recorde no Orçamento, de R$ 55 bilhões (mais R$ 368 milhões anunciados nesse dia 20) atingindo Saúde e Educação, alivia impostos para os empresários a fim de manter seus lucros.

O outro grande problema é que o governo Dilma, ao promover mais uma farra de desoneração ao setor, além de prejudicar uma das fontes de financiamento da Previdência, admite a hipótese do ‘custo Brasil’. Ou seja, aceita o falacioso argumento de que a carga tributária e as leis trabalhistas impedem o crescimento da indústria e, conseqüentemente, dos empregos.

Desgraçadamente, conta com isso com o apoio das centrais sindicais, como CUT, Força Sindical e CTB. No final de fevereiro essas centrais assinaram um manifesto com a Fiesp e demais entidades empresariais que reivindica a “ desoneração integral do investimento produtivo de todos os tributos federais e estaduais”. (leia aqui)

Não é de se espantar que, no início de março, o atual ministro do Trabalho, Paulo Roberto dos Santos, tenha confidenciado ao jornal Estado de S. Paulo que o governo Dilma estaria preparando para enviar ao Congresso a ‘regulamentação’ do trabalho eventual ou por hora. A medida seria, na prática, uma reforma que substituiria o contrato tradicional de trabalho pelo modelo ‘eventual’ ou ‘por hora’.

A reação negativa à medida fez Dilma negar, nas palavras, a medida. A prática, porém, segue o sentido contrário.


LEIA MAIS

  • O pibinho de Dilma


  • Retirado do Site do PSTU

    terça-feira, 20 de março de 2012

    Ativistas da causa palestina lançam boletim

    Um grupo de ativistas da causa palestina e das revoluções que atingem o Norte da África e oriente Médio lançaram o boletim Al Thawra (A Revolução, em árabe). A proposta do boletim é construir uma rede de solidariedade a todas as revoluções (Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Iêmen e Bahrein) e à resistência palestina nas quis os ativistas estão envolvidos. Assim, o objetivo é discutir as perspectivas desse grandioso processo revolucionário e desfazer mitos. Leia abaixo a apresentação do boletim.

  • Leia o Boletim

  • Enquanto os levantes continuam a sacudir o mundo árabe, no fechamento deste boletim, o registro de mais um ataque por parte de Israel à faixa de Gaza. Segundo notícias veiculadas pela imprensa internacio¬nal, o saldo em apenas quatro dias (a partir de 9 de março) foi de 25 mortos e mais de 70 feridos. Na mesma semana, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, esteve em Washington para pedir apoio a invasão ao Irã. De olho no seu eleitorado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, contudo, prefere aguardar. Mas faz questão de declarar o sagrado apoio ao estado sionista. A solidariedade internacional faz-se fundamental.

    Enquanto isso, tendo protagonizado grandes revoluções em 2011, que resultaram na queda de quatro ditaduras, o mundo árabe permanece movimentado. No Egito, as massas voltam às ruas, assim como no Bahrein. Na Líbia, a população rechaça o governo interino do Conselho Nacional de Transição e o prenúncio é de que continue a se levantar para assegurar as necessárias transformações. Na Síria, a revolução atinge o ponto alto. Sem qualquer possibilidade de recuo diante de um ditador sanguinário, a situação avança para uma guerra civil.

    Peça chave no jogo geopolítico na região, a Palestina anseia por mudanças. Enquanto isso, seus cidadãos promovem suas próprias manifestações, seja em solidariedade às revoluções nos países vizi¬nhos, seja contra o apartheid a que estão submetidos. A resistência dentro e fora dos territórios ocupados segue. Em 25 de fevereiro último, 8 mil marcharam contra os assentamentos e a política segregacionista em Al Khalil (nome árabe da cidade de Hebron, na Cisjordânia). Em 30 de março, Dia da Terra para os palestinos, uma gran¬de marcha rumo a Al Quds (Jerusalém) está programada.

    Os palestinos expandem ainda o cha¬mado por BDS (boicotes, desinvestimentos e sanções) ao apartheid de Israel. Na contramão, o governo brasileiro tem firmado nos últimos anos acordos militares com Israel e universidades consagradas têm ampliado os convênios de cooperação com instituições que sustentam a ocupação de territórios palestinos. Diante desse cenário, intensificar a campanha de BDS em âmbito nacional é imprescindível. Programado para ocorrer em Porto Alegre, entre 28 de novembro e 1º de dezembro deste ano, o Fórum Social Palestina Livre reveste-se de grande importância para se amplificar essa iniciativa em todo o Brasil e na América Latina. Além de levantar essa bandeira, é o momento de a solidariedade internacional erguer suas vozes pelo direito de retorno, o fim da ocupação israelense e a liberdade aos presos políticos, entre outras demandas urgentes dos palestinos e palestinas.
    O ano de 2012 promete.

    Diante de toda essa movimentação, nós, que estivemos envolvidos em construir solidariedade a todas as revoluções (Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Iêmen e Bahrein) e à resistência palestina, decidimos lançar este boletim para discutir as perspectivas desse grandioso processo revolucionário e desfazer mitos. Não é um informativo acadêmico, é um boletim para os ativistas que estão diretamente envolvidos nos movimentos de solidariedade. Neste primeiro número, artigos sobre a Palestina, a Síria, o Egito, a Líbia e também sobre o protagonismo feminino nas revoluções, no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. E uma entrevista sobre documentário gravado em campos de refugiados palestinos situados na Jordânia. Boas lutas!


    Retirado do Site do PSTU

    Itajubá (MG): metalúrgicos da CSP-Conlutas derrotam a CUT com 71,79% dos votos

    Chapa da CSP-Conlutas
    A Chapa 1, da CSP-Conlutas e da Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos, obteve grande vitória e se reelegeu na direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá, Paraisópolis e Região, com 71,79% dos votos válidos, para o triênio 2012-2015. A apuração terminou às 3h30 da sexta-feira, dia 16, no ginásio do bairro Santa Rosa, em Itajubá-MG. A Chapa 2, da CUT/CSD, alcançou apenas 28,21% dos votos, com uma campanha pautada pela despolitização e falsas promessas. A nova diretoria toma posse no dia 30 de maio.

    Na apuração, a torcida da CSP-Conlutas estava muito agitada, com metalúrgicos, trabalhadores da saúde, professores e militantes do movimento popular entoando palavras de ordem de independência política frente aos patrões e os governos. O clima de euforia tomou conta quando o resultado foi anunciado pelo metalúrgico Giba Gomes, da Federação.

    A Chapa 1 saiu vitoriosa na ampla maioria das fábricas, sobretudo na Delphi e na Mahle, uma das maiores da região. Foram 1555 votos para a Chapa 1 contra 611 para a Chapa 2. Ao todo, registrou-se 26 votos brancos e 52 votos nulos.

    Com o resultado, a Federação Democrática e a CSP-Conlutas se fortalecem para seguirem travando a luta em defesa das conquistas e por novas vitórias, a exemplo da recente campanha salarial da categoria. Os metalúrgicos da região, que participaram em peso do processo, agora podem ter a certeza de que Sindicato dos Metalúrgicos seguirá no caminho das lutas, sem se vender às empresas e aos governos e firme na defesa dos direitos.

    “Essa eleição foi uma vitória da categoria e não só dos que se dedicaram a construir a Chapa 1. Tenho certeza de que a categoria acredita que com essa nova diretoria poderemos alcançar um futuro de grandes conquistas. Saudamos a toda os metalúrgicos e metalúrgicas pela forte participação no processo eleitoral. Felizmente tudo ocorreu da forma mais democrática e limpa possível. Agradecemos a todos pelo alto índice de votos na nossa chapa. Agora o desafio é seguir adiante, fortalecendo o sindicato” disse o dirigente do Sindicato, José Carlos dos Santos, o Carlinhos.


    Retirado do Site do PSTU

    O racismo nada sutil dos tucanos

    Deputado do PSDB, Carlos Alberto Leréia
    O verdadeiro ódio que o tucanato do PSDB tem em relação à maioria da população deste país (ou seja, os trabalhadores, os mais pobres, os negros e demais oprimidos e explorados) tem sido demonstrado em vários episódios: do massacre de Eldorado de Carajás ao Pinheirinho, do tratamento dispensado aos professores ao

    No dia 15 de março, contudo, um dos membros do bando, o deputado Carlos Alberto Leréia, de Goiás, colocou em evidência outra faceta dos tucanos: o racismo. Como consta no boletim de ocorrência registrado na Polícia do Senado, Leréia chamou um policial negro de "macaco" e mandou que ele "procurasse um pau para subir".

    Não que isso seja novidade. Afinal, foi um dos principais representantes da “espécie”, o ex-presidente Fernando Henrique, que, em 1994, nos brindou com uma pérola racista ao afirmar que também era “mulatinho” e, portanto, “tinha o pé na cozinha”. Opinião típica dos habitantes da “casa-grande” acostumados a ver negros e negras somente nos espaços destinados a servi-los.

    A única “novidade” na história é que o deputado Leréia não fez o mínimo esforço para mascarar seu preconceito. E teve o “azar” de ter sido pego em flagrante.


    Arrogância de classe e elitismo racista

    O episódio ocorreu quando o deputado se dirigia ao local mais concorrido do Congresso, a sala do cafezinho, e o policial pediu para que ele se identificasse. Assumindo uma postura típica da elite brasileira (o asqueroso “você sabe com quem está falando?”), Leréia respondeu que o servidor deveria saber quem era ele ou que, então, "procurasse na internet porque ele não iria se identificar".

    A cena foi testemunhada por dois outros congressistas, Antonio Carlos Valadares, do PSB sergipano, limitou-se a dizer que acho aquilo tudo muito “feio”. Já o senador peemedebista Eunício Oliveira, do Ceará, não titubeou em se solidarizar com seu “colega”, acrescentando que, se fosse ele, teria "dado voz de prisão" ao policial.

    Segundo soube-se, a arrogância (além de puro mau-caratismo) de Leréia já tinha sido registrada em uma ocorrência anterior em que ele mandou outro servidor do Congresso ir "tomar no c...".


    Basta de racismo! Chega de impunidade!

    O episódio é apenas o mais recente, numa lista de lamentáveis ataques racistas que têm ocorrido país afora. Do caso da Ester, a estagiária de um colégio em S. Paulo que perdeu o emprego por se recusar a alisar os cabelos, ao ataque aos quilombolas dos Rio dos Macacos, na Bahia.

    Ataques sintonizados e alimentados pela crescente onda de higienização social e criminalização da pobreza, que também tem profundas raízes no ninho tucano. Como ficou lamentavelmente evidente no ataque ao Pinheirinho e sua população, majoritariamente negra, vale lembrar.

    Demonstrações asquerosas de racismo que, em grande medida, continuam se repetindo em função impunidade que acoberta gente da laia do deputado tucano. Algo que, lamentavelmente, conta com a cumplicidade do PT e do PCdoB, que apesar de terem construído suas histórias com um discurso anti-racista, hoje, no governo, pouco ou nada fazem para combater o racismo, em todas suas esferas. Basta lembrar a mutilação do Estatuto da Igualdade Racial.

    Exemplo absurdo de como esta impunidade alimenta a fúria dos racistas é o fato de que o deputado Leréia declarou que pretende processar sua vítima através de uma declaração que ultrapassa o ridículo: "Uma expressão usada para reprimir o dedo em riste [do policial] jamais toma conotação racista. Não cometemos nenhuma falta ou crime. Ofendida está a nossa honra".

    A verdade é que, se houvesse o mínimo de “justiça” neste país, ou sequer a lei fosse aplicada, o deputado é que deveria ser processado e colocado atrás das grades.


    21 de março: dia de gritar contra o racismo

    Diante do aumento dos ataques racistas e do silêncio cúmplice do governo, o movimento negro tem apontado o caminho: a mobilização em unidade com outros oprimidos e explorados, como nas mobilizações promovidas pelo “Comitê Contra o Genocídio da Juventude”, em Higienópolis (SP), ou na rede de solidariedade que se formou em torno do Quilombo Rio dos Macacos.

    Numa demonstração da disposição de continuar trilhando este caminho, estes mesmos setores e outros tantos, do Norte ao Sul do país, irão voltar às ruas no próximo dia 21 de março, Dia Internacional de Combate ao Racismo.

    Esta data foi instituída em homenagem às vítimas do “Massacre de Shaperville”, um bairro de Johannesburgo, capital da África do Sul, onde, em 1960, o exército atirou brutalmente contra uma multidão indefesa, matando a 69 pessoas e ferindo outras 186, em um protesto contra a "Lei do Passe", um documento criado pelo apartheid que transformava os negros em estrangeiros dentro de seu próprio país.

    Criada para que o sacrifício daqueles jovens, a maioria deles estudantes, não caísse no esquecimento, a data será uma excelente oportunidade para lembrar a todos que o racismo continua firme e forte no Brasil. E que continuaremos nas ruas até que racistas como o deputado tucano não se vejam no “direito” de destilar seu racismo impunemente.


    Retirado do Site do PSTU