Deputado do PSDB, Carlos Alberto Leréia |
No dia 15 de março, contudo, um dos membros do bando, o deputado Carlos Alberto Leréia, de Goiás, colocou em evidência outra faceta dos tucanos: o racismo. Como consta no boletim de ocorrência registrado na Polícia do Senado, Leréia chamou um policial negro de "macaco" e mandou que ele "procurasse um pau para subir".
Não que isso seja novidade. Afinal, foi um dos principais representantes da “espécie”, o ex-presidente Fernando Henrique, que, em 1994, nos brindou com uma pérola racista ao afirmar que também era “mulatinho” e, portanto, “tinha o pé na cozinha”. Opinião típica dos habitantes da “casa-grande” acostumados a ver negros e negras somente nos espaços destinados a servi-los.
A única “novidade” na história é que o deputado Leréia não fez o mínimo esforço para mascarar seu preconceito. E teve o “azar” de ter sido pego em flagrante.
Arrogância de classe e elitismo racista
O episódio ocorreu quando o deputado se dirigia ao local mais concorrido do Congresso, a sala do cafezinho, e o policial pediu para que ele se identificasse. Assumindo uma postura típica da elite brasileira (o asqueroso “você sabe com quem está falando?”), Leréia respondeu que o servidor deveria saber quem era ele ou que, então, "procurasse na internet porque ele não iria se identificar".
A cena foi testemunhada por dois outros congressistas, Antonio Carlos Valadares, do PSB sergipano, limitou-se a dizer que acho aquilo tudo muito “feio”. Já o senador peemedebista Eunício Oliveira, do Ceará, não titubeou em se solidarizar com seu “colega”, acrescentando que, se fosse ele, teria "dado voz de prisão" ao policial.
Segundo soube-se, a arrogância (além de puro mau-caratismo) de Leréia já tinha sido registrada em uma ocorrência anterior em que ele mandou outro servidor do Congresso ir "tomar no c...".
Basta de racismo! Chega de impunidade!
O episódio é apenas o mais recente, numa lista de lamentáveis ataques racistas que têm ocorrido país afora. Do caso da Ester, a estagiária de um colégio em S. Paulo que perdeu o emprego por se recusar a alisar os cabelos, ao ataque aos quilombolas dos Rio dos Macacos, na Bahia.
Ataques sintonizados e alimentados pela crescente onda de higienização social e criminalização da pobreza, que também tem profundas raízes no ninho tucano. Como ficou lamentavelmente evidente no ataque ao Pinheirinho e sua população, majoritariamente negra, vale lembrar.
Demonstrações asquerosas de racismo que, em grande medida, continuam se repetindo em função impunidade que acoberta gente da laia do deputado tucano. Algo que, lamentavelmente, conta com a cumplicidade do PT e do PCdoB, que apesar de terem construído suas histórias com um discurso anti-racista, hoje, no governo, pouco ou nada fazem para combater o racismo, em todas suas esferas. Basta lembrar a mutilação do Estatuto da Igualdade Racial.
Exemplo absurdo de como esta impunidade alimenta a fúria dos racistas é o fato de que o deputado Leréia declarou que pretende processar sua vítima através de uma declaração que ultrapassa o ridículo: "Uma expressão usada para reprimir o dedo em riste [do policial] jamais toma conotação racista. Não cometemos nenhuma falta ou crime. Ofendida está a nossa honra".
A verdade é que, se houvesse o mínimo de “justiça” neste país, ou sequer a lei fosse aplicada, o deputado é que deveria ser processado e colocado atrás das grades.
21 de março: dia de gritar contra o racismo
Diante do aumento dos ataques racistas e do silêncio cúmplice do governo, o movimento negro tem apontado o caminho: a mobilização em unidade com outros oprimidos e explorados, como nas mobilizações promovidas pelo “Comitê Contra o Genocídio da Juventude”, em Higienópolis (SP), ou na rede de solidariedade que se formou em torno do Quilombo Rio dos Macacos.
Numa demonstração da disposição de continuar trilhando este caminho, estes mesmos setores e outros tantos, do Norte ao Sul do país, irão voltar às ruas no próximo dia 21 de março, Dia Internacional de Combate ao Racismo.
Esta data foi instituída em homenagem às vítimas do “Massacre de Shaperville”, um bairro de Johannesburgo, capital da África do Sul, onde, em 1960, o exército atirou brutalmente contra uma multidão indefesa, matando a 69 pessoas e ferindo outras 186, em um protesto contra a "Lei do Passe", um documento criado pelo apartheid que transformava os negros em estrangeiros dentro de seu próprio país.
Criada para que o sacrifício daqueles jovens, a maioria deles estudantes, não caísse no esquecimento, a data será uma excelente oportunidade para lembrar a todos que o racismo continua firme e forte no Brasil. E que continuaremos nas ruas até que racistas como o deputado tucano não se vejam no “direito” de destilar seu racismo impunemente.
Retirado do Site do PSTU
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