sábado, 27 de agosto de 2011

Militante do PSTU lança livro sobre direito na UFRN

Na noite da próxima terça-feira, dia 30 de agosto, o militante do PSTU e diretor do Sindicato dos Bancários no Rio Grande do Norte, Juary Chagas, estará realizando o segundo evento de lançamento do seu livro “Sociedade de Classe, Direito de Classe”, publicado pela editora Sundermann. O livro traz uma abordagem sobre o conceito de Direito na perspectiva marxista, sua relação com a troca de mercadorias e como ele é usado para assegurar a exploração dos trabalhadores. O lançamento do livro será às 18h30, no auditório “C” do CCHLA, próximo à Biblioteca Central Zila Mamede, na UFRN/Campus Natal.

O evento será promovido pelo Programa de Pós-graduação em Serviço Social da UFRN e na ocasião haverá uma palestra seguida de um debate com o autor, com participação do professor de Direito da UFRN, Zéu Palmeira. A professora Amanda Gurgel já confirmou presença. “O livro de Juary é fundamental para entender porque na greve dos professores do RN, por exemplo, nossa greve foi julgada ilegal e ainda fomos ameaçados de demissão, enquanto o Estado e os patrões rasgam todo dia a Constituição Brasileira com a conivência da Justiça.”, comentou Amanda.

O autor do livro faz o convite ao lançamento: “Trata-se de uma humilde contribuição teórica, trabalhada em perspectiva marxista, a respeito do papel e do caráter do direito ao longo do desenvolvimento das sociedades. Será um prazer contar com a presença de todos os companheiros, colegas de trabalho e estudo, professores, intelectuais, estudantes, militantes políticos e ativistas dos movimentos sociais.”, destacou Juary.


Perfil do autor

O jovem potiguar Juary Chagas tem apenas 30 anos, mas já acumula uma intensa história militante em defesa dos trabalhadores e do socialismo. Em 2000, entrou para o movimento estudantil da UFRN e passou a lutar contra as reformas neoliberais na universidade. Quatro anos depois, começou a trabalhar no setor bancário e em 2006, participou da fundação da Conlutas (hoje Central Sindical e Popular - Conlutas). Posteriormente, ingressou no PSTU e foi eleito para a direção do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte. O autor já foi candidato a vice-prefeito de Natal (2008) e a Deputado Federal (2010). Bacharel em Direito e pós-graduando em Serviço Social (ambos pela UFRN), Juary Chagas está lançando seu livro Sociedade de Classe, Direito de Classe pela editora Sundermann. O livro traz uma abordagem marxista sobre o conceito de direito, sua relação com a troca de mercadorias e como ele é usado para assegurar a exploração dos trabalhadores.

ANEL articula Manifesto do Movimento Estudantil Brasileiro de apoio ao Chile

Depois de sua viagem ao Chile, a ANEL está articulando um MANIFESTO em apoio à luta dos estudantes chilenos. Queremos coletar assinaturas de todo o movimento estudantil brasileiro para fortalecer a luta no Chile, que nesse momento enfrenta uma forte repressão das forças policiais do governo Piñera. Ao mesmo tempo, tem ganhado cada vez mais adesão da população e levado o governo a uma grave crise política.

A entidade está recolhendo assinaturas de centro acadêmicos, DCEs, grêmios e Executivas de Curso, que devem ser enviadas para o e-mail anelonline@gmail.com.


Segue abaixo o texto do Manifesto:

MANIFESTO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL BRASILEIRO DE APOIO A LUTA DOS ESTUDANTES CHILENOS

As entidades abaixo-assinadas vêm por meio deste MANIFESTO declarar seu apoio irrestrito à luta dos estudantes chilenos, assim como um enorme repúdio à truculenta repressão realizada pelo governo de Sebastian Piñera.

A partir de maio deste ano, o movimento estudantil do Chile vem protagonizando as maiores mobilizações do país desde a época da ditadura, chegando a reunir até meio milhão de pessoas nas ruas. Sua reivindicação é a educação gratuita, num país que possui altos índices de privatização e cobrança de taxas nas universidades públicas. A cada 10 estudantes chilenos, 7 têm que estudar na rede privada, e aqueles que conseguem chegar no ensino público são reféns de altas taxas para se matricular, o que acaba por resultar num enorme número de endividados e de inadimplentes.

De acordo com pesquisas, a luta dos estudantes já conta com o apoio de cerca de 80% da população chilena. Já se incorporaram na luta pais e mães dos alunos, professores, trabalhadores da saúde, dos transportes, e também mineiros do Cobre, principal setor da economia do Chile. Ocupados na maioria dos colégios e universidades e promovendo gigantescas manifestações, os estudantes têm se utilizado de diversos métodos de luta com muita criatividade, inspirados pelas mobilizações no mundo árabe e na Europa.

Nos últimos protestos, o governo Piñera intensificou a repressão sobre o movimento estudantil. Utilizando-se de um decreto da ditadura de Pinochet, avançou as forças policiais contra os manifestantes, deixando centenas de feridos e quase mil presos políticos. Hoje, o governo vive uma grave crise política, chegando a seu pior índice de aprovação de cerca de 20% da população, mudança em 8 ministérios e muito desgaste.

O movimento estudantil brasileiro quer transmitir através desse Manifesto toda a solidariedade e força para que os estudantes e trabalhadores sigam a sua luta até o fim, além de exigir que o governo Piñera liberte imediatamente os presos políticos e pare com a repressão. A educação pública, gratuita e de qualidade é um direito de todos os chilenos, e não uma mercadoria. Estamos no Brasil comprometidos com essa luta e, por isso, damos todo o incentivo para que o movimento estudantil chileno siga e fortaleça seus protestos.


Assinam este MANIFESTO:

ANEL, Assembléia Geral dos Estudantes da UFPR, DCE UFRJ, DCE USP, DCE UFF, DCE-UEPA, DCE UNIFAP, DCE UFMS, DCE UEM, DCE UNESC, ENESSO, DA FAFICH-UFMG, DA FAFIL-FSA, CASS-UFRJ, CAMMA-UFRJ, CACO-UFRJ, CAELL-USP, CAHIS-USP, CEGE-USP, CAMMA-UFRJ, CABAM-UFRGS, DA ICB-UFMG, DA FACE-UFMG, DAENG-UFMG, CAPSI-UFMG, CACISO-UFBA, CACH-UNICAMP, CACETE-UNICAMP, CALing-UFSCAR, CA de Letras-UNESC, Coletivo “O novo pede passagem”-UFBA


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Marcha em Brasília reúne 20 mil manifestantes e pede investimentos em saúde, educação e reforma agrária

Trabalhadores também exigiram o fim da corrupção no governo, e prisão e confisco dos bens dos corruptos e dos corruptores


A Marcha em Brasília, atividade convocada pela Jornada Nacional de Lutas, reuniu cerca de 20 mil pessoas, segundo os organizadores, com início por volta das 10h e encerramento às 13h30. Trabalhadores de diversas categorias do país participaram da iniciativa, entre eles, metalúrgicos, petroleiros, professores universitários, trabalhadores dos Correios, servidores públicos federais, mineradores, bancários, rodoviários, estudantes, além de integrantes de movimentos populares. Os manifestantes saíram do estádio Mané Garrincha e percorreram as ruas do centro de Brasília finalizando o protesto em frente ao Congresso Nacional.

Audiências - Às 11h houve audiência com o secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho; às 11h30, a audiência foi com o presidente da Câmara Federal, Marco Maia. Às 19h será com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Aires Brito. Nesses encontros os representantes da Jornada Nacional de Lutas levam suas reivindicações a cada um dos órgãos.

Após o encerramento do ato pelo dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luis Carlos Prates, o Mancha, os estudantes se dirigiram para o Ministério da Educação, onde fizeram um ato; os integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) foram para o Ministério das Cidades realizar um protesto contra os despejos que vêm ocorrendo no país devido à construção de obras da Copa do Mundo e da Olimpíada. A Via Campesina foi para o Ministério da Comunicação. Cada setor em luta, categorias em campanha salarial, está promovendo uma atividade específica por suas pautas de reivindicações. Às 15h acontece uma plenária pelos 10% do PIB para a Educação já!

De acordo com o dirigente da Secretaria Executiva nacional da CSP-Conlutas, Paulo Barela, a presença diversificada de categorias em luta mostrou que é possível organizar mobilizações unitárias que denunciem e apresentem alternativas à política do governo Dilma Rousseff. “É preciso que o governo deixe de governar para empresários, banqueiros e empreiteiros e atenda aos interesses dos trabalhadores do país, direcionando verbas para saúde, educação e transporte públicos, verbas para a reforma agrária”.

O protesto também exigiu o fim da corrupção no governo, e prisão e confisco dos bens dos corruptos e dos corruptores.

Segundo Barela, haverá continuidade dessa iniciativa. Nas próximas semanas acontece nova reunião das entidades que participaram a organização da Jornada Nacional de Lutas, que acontece de 17 a 26 de agosto em todos os estados do país. “O ponto alto da jornada foi a marcha em Brasília, mas antes foram realizadas passeatas, paralisações, assembléias, ocupações de terrenos e de terras e outras atividades em diversas categorias”.

O protesto nacional foi organizado pela CSP-Conlutas e diversas entidades. Entre elas, MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, COBAP – Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas, Via Campesina, MTL – Movimento Terra, Trabalho e Liberdade, Resistência Urbana, Intersindical, CNESF – Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Federais, CONDSEF – Confederação Nacional dos Servidores Federais, ANDES – Sindicato Nacional, FENASPS – Federação Nacional dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social, SINASEFE – Nacional, ASSIBGE – Sindicato Nacional, CPERS – Sindicato, ANEL – Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre e várias outras entidades de base de vários estados do país.

As bandeiras da Jornada Nacional de Lutas:
- Defesa da aposentadoria e da previdência pública / fim do Fator previdenciário;
- Aumento geral dos salários;
- Redução da Jornada de trabalho sem redução salarial;
- Contra os cortes do orçamento / defesa do serviço público e dos direitos sociais do povo brasileiro / Combate à corrupção;
- Suspensão dos pagamento da dívida externa e interna aos grandes especuladores;
- Em defesa da educaç ão e da saúde pública;
- Em defesa dos servidores públicos;
- Em defesa do direito à moradia digna / Terra para quem nela trabalha, reforma agrária já;
- Nenhum direito a menos / Contra a terceirização e a precarização do trabalho;
- Contra as privatizações / Defesa do patrimônio e dos recursos naturais do Brasil;
- Contra a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais;
- Contra o novo Código Florestal / Em defesa do meio ambiente;
- Contra toda forma de discriminação e opressão.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Contra a crise, a melhor defesa dos trabalhadores é a luta!

Você, trabalhador, está ouvindo a TV falar da crise econômica internacional. Dá para sentir que é grave pelas notícias que envolvem o rebaixamento dos títulos dos EUA, a possibilidade de falência de países como a Grécia.

Agora, deve estar participando da campanha salarial de sua categoria. Tem vontade de brigar pelo seu aumento. Mas, agora, começa a ouvir ministros do governo Dilma afirmar, por causa da crise, que “o momento não é o ideal” para pedir aumentos.
A maioria dos trabalhadores confia no governo Dilma. Mas será que os ministros estão falando é verdade?

Vocês sabem que as grandes empresas estão tendo fortes lucros, produto do crescimento econômico. É a hora em que os trabalhadores devem lutar para conseguir aumentos salariais, sua parte no crescimento.


Qual é o momento ideal?

Mantega fala do “momento ideal”. Para ele, quando existe crescimento econômico , como agora , os trabalhadores não devem brigar por salários para não reduzir os lucros dos patrões.

Por outro lado, se a crise se estender ao Brasil, também não será a hora, porque “é preciso entender” a situação dos patrões. Nunca será o “momento ideal” para lutar pelos salários, se depender do governo.

Alguém já ouviu um alerta do governo exigindo que as grandes empresas reduzam seus lucros? Já escutaram Mantega dizer aos patrões que “não é o momento ideal” para ter lucros tão gigantescos? Não ouviu. E sabe por que? Porque a preocupação fundamental do governo Dilma é garantir os lucros das empresas, e não o salário dos trabalhadores.

Quando é necessário, o governo entrega dinheiro para as grandes empresas (Lula deu R$ 300 bilhões), para que elas mantenham seus lucros. Mas... não é correto dar dinheiro do governo para as empresas? Afinal, não melhora a vida de todo o mundo, se as empresas estão bem? Não, não melhora.

As grandes empresas recebem essa “ajuda” dos governos e aplicam na especulação financeira. Ou então, aplicam na produção com um ritmo de trabalho infernal e salários de miséria. O governo poderia ter implementado um plano de obras públicas financiado com esses 600 bilhões de reais, empregando muito mais trabalhadores e pagando salários decentes.

A melhor defesa dos trabalhadores contra uma possível crise está nas campanhas salariais. Conseguir agora um reajuste, que será mais difícil amanhã. A economia cresceu, eu também quero o meu.

E para enfrentar ou evitar uma futura crise, é preciso encará-la de frente. Você trabalhador, que vai lutar junto conosco por aumentos salariais, deve também exigir de Dilma que pare de pagar a dívida pública para garantir investimentos na economia. E que estatize os bancos para que se possa financiar esses investimentos necessários ao país, e reduzir ou anistiar as dívidas dos trabalhadores.


Retirado do Site do PSTU

Copa do Mundo já tem seus derrotados

Leia artigo do dirigente do MTST, publicado no blog do Juca Kfouri


As primeiras reações à escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo 2014 foram de festa.

De certo modo justificada: depois de mais de 60 anos, o país que tem o futebol como uma marca de cultura popular, com centenas de milhares de campos de várzea espalhados por todos os cantos, poderia voltar a ver de perto o maior evento futebolístico do planeta.

O menino da favela poderia, quem sabe, ir ao estádio ver seus maiores ídolos, que costumam se exibir apenas nos campos europeus. Um sonho…
Que não tardou muito em gerar desilusão.

De início, apareceu o incômodo problema de quem iria pagar a conta.
E veio a resposta, ainda mais incômoda, de que 98,5% do gordo orçamento do evento seriam financiados com dinheiro público, segundo estudo do TCU.
Boa parte do BNDES, é verdade.

Mas o capital do BNDES é alimentado pelo Orçamento Geral da União, portanto, dinheiro público, apesar dos malabarismos explicativos do Ministro dos Esportes.
Dinheiro que deveria ser investido no SUS, na educação, em habitação popular e tantos outros gargalos mais urgentes do país.

A questão torna-se ainda mais grave quando, motivado pelo argumento do tempo curto até 2014, o controle público dos gastos corre sério risco.

A FIFA impõe contratos milionários com patrocinadores privados. E o presidente do todo-poderoso Comitê Local é ninguém menos que Ricardo Teixeira, que dispensa comentários quanto à lisura e honestidade no trato com dinheiro.
Estes temas têm sido amplamente tratados pela grande imprensa.

No entanto, há uma outra dimensão do problema, infelizmente pouco abordada. E não menos grave.

Trata-se das consequências profundamente excludentes dos investimentos da Copa nas 12 cidades que a abrigarão.

Três anos antes da bola rolar, esta Copa já definiu os perdedores. E serão muitos, centenas de milhares de famílias afetadas direta ou indiretamente pelas obras.
Somente com despejos e remoções forçadas já há um número de 70 mil famílias afetadas, segundo dossiê de março deste ano produzido pela Relatora do Direito à Moradia na ONU, Raquel Rolnik.

E estes dados foram obtidos unicamente através de denúncias de comunidades e movimentos populares.

O que significa que os números tendem a ser muito maiores.

A Resistência Urbana – Frente Nacional de Movimentos solicitou a representantes governamentais do Conselho das Cidades um dado estimado de famílias despejadas e recebeu a resposta de que este levantamento não existe. O Portal da Transparência para a Copa 2014 tampouco fornece qualquer informação. Há uma verdadeira caixa-preta entorno dos números.

Isso facilita que qualquer processo de remoção receba o carimbo da Copa e, deste modo, seja conduzido em regime de urgência, sem negociação com a comunidade e passando por cima dos direitos mais elementares.

E, o que é pior, na maioria dos casos não há qualquer alternativa para as famílias despejadas. Quando há, são jogadas em conjuntos habitacionais de regiões mais periféricas, com infra-estrutura precária e ausência de serviços públicos.
Não é demais lembrar que, na África do Sul, milhares de famílias continuam hoje vivendo em alojamentos após terem sido removidas para a realização da Copa 2010.
Quem sorri de orelha a orelha é o capital imobiliário.

As grandes empreiteiras e, principalmente, os especuladores de terra urbana se impõem como os grandes vitoriosos. Nunca ganharam tanto.

Levantamento recente do Creci-SP mostra que em 2010 houve uma valorização de até 187% de imóveis usados em São Paulo e um aumento de até 146% no valor dos aluguéis. A rentabilidade do investimento imobiliário superou a maior parte das aplicações financeiras Para este segmento a Copa é um grande negócio.

Quem perde com isso é a maior parte do povo brasileiro. O trabalhador que ainda podia pagar aluguel num bairro mais central é atirado para as periferias. E mesmo nas periferias, os moradores são atirados para cidades mais distantes das regiões metropolitanas.

As obras da Copa desempenham um papel chave neste processo de segregação. O exemplo de Itaquera não deixa dúvidas: os preços de compra e aluguel dos imóveis dobraram após o anúncio da construção do estádio. Aliás, não se trata de um fenômeno apenas nacional: as Olimpíadas de Barcelona (1992), por exemplo, foram precedidas de um aumento de 130% no valor dos imóveis; em Seul (1988) 15% da população sofreu remoções. A conta costuma ficar para os mais pobres.

Isso quando não se paga com a liberdade ou a vida. Na África do Sul, durante a Copa 2010, foi criada por exigência da FIFA uma legislação de exceção, com tribunais sumários para julgar e condenar qualquer transgressão. O Pan do Rio foi precedido de um massacre no Morro do Alemão, com dezenas de mortos pela polícia, supostamente “traficantes”. Despejos arbitrários, repressão ao trabalho informal, manter os favelados na favela e punir exemplarmente qualquer “subversão”, eis a receita para os mega-eventos. Receita que mistura perversamente lucros exorbitantes, gastos públicos escusos e exclusão social.


Retirado do Site do PSTU

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Após seis meses, insurreição líbia derruba ditadura Kadafi

Presença da Otan e caráter conciliatório do governo provisório, porém, podem colocar tudo a perder


Manifestantes anti-Kadafi comemoram em Benghazi
Seis meses após o início da insurreição popular contra a ditadura de Muamar Kadafi, finalmente os rebeldes ocupavam as ruas da capital Trípoli nesse dia 21 de agosto. Ainda que Kadafi não tivesse sido encontrado e que combates estivessem sendo travados em alguns locais isolados da cidade, enquanto fechávamos esse texto a situação parecia já completamente definida.

Foi um desfecho rápido que surpreendeu a muitos. Nos últimos dias antes da queda da capital, os rebeldes tiveram um rápido impulso, avançando em poucas horas o que não conseguiram por meses. Com o apoio aéreo da Otan, conquistaram a cidade petrolífera de Brega, cujo controle havia mudado de mãos sucessivas vezes durante a guerra. Tomaram também a cidade estratégica de Zawiya, o que isolou a capital e as forças pró-Kadafi, enquanto outras cidades mais próximas também caíam e o cerco se acirrava.

Tão surpreendente quanto o rápido avanço rebelde foi a facilidade com que os combatentes entraram em Trípoli. Houve pouca resistência às tropas anti-kadafi até mesmo quando os combatentes tomaram o quartel da então temida brigada Khamis, formada por soldados de elite de Kadafi, que fugiram. Os poucos combates que ainda continuavam no decorrer do dia 22, limitavam-se a alguns locais, incluindo a fortaleza de Kadafi, Bab al-Azizya, onde se acreditava que o ditador ainda estivesse. Combatiam ainda pela própria vida e não mais pelo regime.

Ao que parece, o avanço da insurgência sobre Trípoli se deu inicialmente através da infiltração de rebeldes na capital. Lá dentro, teriam apoiado a sublevação do povo contra o ditador. O porta-voz dos rebeldes, Ahmed Omar Bani descreveu à imprensa, ainda no dia 20, o ânimo da população das cidades vizinhas à Trípoli. “Os moradores quebraram a barreira do medo e começam a nos ajudar, com coquetéis Molotov, bombas caseiras e armas”, disse. Apoio popular e o esgotamento das forças militares de Kadafi podem ter sido decisivos para a tomada da capital, minando por dentro a resistência do ditador.

Em Benghazi, centro da rebelião líbia, e na histórica Praça Verde, onde Kadafi realizava seus comícios na capital, rebeldes e a população se encontravam para comemorar a queda do ditador.


Mais um capítulo da revolução árabe

A revolta popular na Líbia irrompeu na esteira das revoluções árabes que agitaram o Norte da África no início do ano e que derrubaram as ditaduras da Tunísia e do Egito, se espalhando pela região. No país de Kadafi, a realidade não era distinta às dos demais países sublevados. Uma população majoritariamente jovem, índices de pobreza alarmantes e desemprego que superam os 30%. E que encontravam pela frente uma ditadura sanguinária que praticamente anulava qualquer perspectiva de melhoria das condições de vida.

Tendo Benghazi como epicentro, as manifestações logo tomaram conta do país, atingindo inclusive a capital. A resposta de Kadafi foi rápida e brutal. A repressão do ditador incluiu bombardeios em cidades e até mesmo bairros de Trípoli. A intensidade da repressão rachou o exército líbio e conferiu um caráter de guerra civil ao conflito. A disputa passava ao terreno militar.

Baseados em Benghazi, os manifestantes improvisaram um exército composto por uma maioria de civis. Mesmo armados de forma precária, com AK 47 e pistolas, conquistaram várias cidades até esbarrarem no poderio bélico de Kadafi. Contando com soldados de elite e mercenários bem treinados, além de grande poder aéreo, o ditador recrudesceu a repressão à revolta e conseguiu barrar o avanço rebelde. Chegou a encurralar a oposição em Benghazi e preparava um ataque arrasador, quando entrou em cena a intervenção da Otan.


O papel da Otan

Nas primeiras semanas de guerra civil, os rebeldes rechaçavam qualquer tipo de intervenção estrangeira. Manifestações em Benghazi, por exemplo, se mostravam contrárias à ação das potências imperialistas. Seis soldados britânicos chegaram a ser detidos pelos rebeldes enquanto sobrevoavam zonas controladas pela insurgência. Com o passar dos dias, no entanto, a superioridade bélica do ditador mudou a correlação de forças na guerra civil.

Os imperialismos norte-americanos e europeus se aproveitaram dessa mudança para impor uma intervenção armada. A famigerada autorização concedida pelo Conselho de Segurança da ONU, para a imposição de uma “zona de exclusão aérea”, foi o sinal verde que se traduziu em armas, apoio aéreo e bombardeios contra Kadafi.

Sob a desculpa da “proteção de civis”, a intervenção da Otan tinha um sentido claro: controlar a revolução líbia e cooptar o Conselho Nacional de Transição, a direção política dos rebeldes.


Uma revolução em aberto

A queda de Kadafi foi uma vitória da insurreição popular que, assim como nos outros países árabes, contava com um caráter democrático. Trata-se ainda de uma rebelião que derrubou uma ditadura pró-imperialista.

O ditador líbio, antes um representante do nacionalismo árabe, há muito não tinha qualquer posição contrária ao imperialismo. Desde a década de 1990, o país se abriu ao Ocidente e escancarou o caminho para as multinacionais do petróleo. Sob Kadafi, a produção de petróleo era totalmente controlada pelas multinacionais petroleiras como a Shell e a BP.

Durante todo o conflito, parte da esquerda, representada principalmente por Chávez, Fidel e Ortega, e no Brasil pelo PCdoB, se colocaram de forma incondicional ao lado de Kadafi. Desenharam o fantasioso cenário de um governo antiimperialista sendo atacado pelos EUA, responsável, por sua vez, por insuflar uma revolta artificial contra o ditador. Escondem de forma deliberada o caráter pró-imperialista de Kadafi nos últimos vinte anos. Vão afirmar agora, como já vem fazendo Chávez, que a insurreição não passa de um “massacre imperialista”, a fim de negar que a sua posição acabou derrotada, junto com Kadafi.

Mas qual será o futuro da Líbia? Apesar da ação da Otan, concretamente estão sendo os rebeldes que ocupam Trípoli. A direção do Conselho de Transição já informou que não permitirá a permanência de bases da Otan no país pós-Kadafi. Por outro lado, as multinacionais já se articulam. Em negociação com o governo provisório, a italiana Eni já enviou técnicos ao país para restabelecer plenamente a produção de petróleo.

Com Kadafi fora de cena, abrem-se duas perspectivas ao país. Continuar com um governo pró-imperialista, ou avançar a revolução, superando a atual direção do conselho e expulsando a Otan do país para tornar a Líbia de fato independente.

A queda da ditadura Kadafi pode jogar um peso decisivo na revolução árabe em marcha, tantos nos países onde as ditaduras já foram derrubadas, como no Egito e na Tunísia, como em países em que a população ainda luta contra um regime ditatorial, como na Síria de Bashar Al Assad, ou no Iêmen. Pode ainda dar novo impulso à luta do povo palestino contra Israel.


Retirado do Site do PSTU

Jornada Nacional de Lutas tem protesto de trabalhadores e estudantes em Natal

Manifestação exigiu do Governo Dilma a aplicação de 10% do PIB para a educação e pediu a saída de Micarla de Sousa da Prefeitura da cidade


Protesto na capital potiguar
Na tarde deste dia 19 de agosto, cerca de 90 pessoas, entre estudantes, trabalhadores e dirigentes sindicais, protestaram no Centro de Natal. O ato público teve início com uma caminhada pela Avenida Rio Branco, uma das mais movimentadas da cidade, seguindo em direção à sede da Prefeitura. Organizada pela Central Sindical e Popular - Conlutas, Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL) e diversas outras entidades, a manifestação criticou a política econômica do Governo Dilma (PT) e exigiu a aplicação imediata de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) na educação pública. O movimento #foramicarla, que pede a saída da prefeita Micarla de Sousa (PV) do comando do executivo municipal, também participou do protesto. Além dos Sindicatos dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde) e da Educação (Sinte) de São Gonçalo do Amarante, estiveram presentes ainda partidos de esquerda, entre eles o PSTU. O ato foi parte da Jornada Nacional de Lutas, que ocorre entre os dias 17 e 26 de agosto em todo o país.

Durante toda a manifestação, com faixas, cartazes, panfletos e um carro de som, trabalhadores e estudantes denunciaram os cortes de verbas nos serviços públicos, as privatizações e a ameaça de retirada de direitos por parte do governo com o retorno da crise econômica. Os manifestantes ainda defenderam o aumento geral nos salários dos trabalhadores e o congelamento dos preços para enfrentar a inflação e combater a farra dos lucros dos empresários. O diretor do Sindicato dos Bancários e militante do PSTU, Juary Chagas, lembrou a importância das campanhas salariais neste momento. “Os bancários estão em plena campanha salarial, assim como outras categorias de trabalhadores pelo país. Os bancos lucraram fortunas nos oito anos de governo Lula e continuam lucrando agora com Dilma. Por isso, é mais do justo que os trabalhadores lutem por melhores salários”, disse Juary.


A estudante Bárbara Figueiredo, representante da ANEL, destacou os protestos da juventude no Chile em defesa da educação. “Nesse momento, os estudantes no Chile estão realizando grandes mobilizações e enfrentamentos contra o governo para defender a sua educação. Nesse sentido, nós aqui no Brasil devemos seguir o mesmo exemplo. A campanha pelos 10% do PIB já para a educação pública é o primeiro passo”, afirmou a estudante.

Na próxima quarta-feira, dia 24, uma Marcha de trabalhadores e estudantes irá a Brasília cobrar da presidente Dilma o investimento de 10% do PIB para a educação pública.


Retirado do Site do PSTU