sábado, 9 de abril de 2011

Estudantes ocuparam a copiadora Servgráfica na UFRN por 8 horas

Na manhã desta terça-feira (5), o Centro Acadêmico de Serviço Social (CASS) da UFRN, a Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL) e diversos estudantes realizaram um ato público no Setor V da universidade e fecharam a unidade da Servgráfica (empresa responsável pelo serviço terceirizado de cópia/xerox). O protesto “Pela UFRN que queremos!” reuniu dezenas de estudantes e teve como objetivo colher assinaturas para uma pauta de reivindicações.


Confira as reivindicações:

1. Resolução dos problemas relativos ao serviço de Xerox no campus: fim das filas e melhor estrutura;

2. Fim das privatizações na UFRN! Não queremos pagar pelo lucro de empresa nenhuma: que a Universidade ofereça o serviço da Xerox e do Restaurante Universitário;

3. Assistência estudantil de verdade: Xerox e Restaurante Universitário a preço de custo, rumo à gratuidade!

4. Nenhuma cobrança de taxas pelos projetos/programas de extensão: Universidade pública tem obrigação de atender à sociedade de forma acessível.


O protesto corria de forma tranquila, até que um dos gerentes da empresa Servgráfica procurou os manifestantes para pedir a abertura da sala. Segundo ele, os estudantes deveriam cobrar melhorias da professora Ana Lúcia, diretora do CCSA, já que “é ela que não libera uma sala maior para propiciar um melhor atendimento”, apesar dos vários pedidos feitos. Em seguida, o gerente da Servigráfica decidiu procurar a direção do CCSA a fim de expulsar os estudantes do local. O gerente ainda ameaçou chamar a guarda universitária.

“Mal sabe o gerente da Servgráfica que nossa luta não é somente para melhorar a qualidade do serviço oferecido, mas também pela expulsão de qualquer empresa privada que atue dentro da UFRN. Queremos a Servgráfica fora do campus e que a universidade ofereça o serviço a preço de custo, rumo à gratuidade!”, disse Micaela Costa, militante da ANEL.

Dessa forma, os estudantes continuaram suas reivindicações na porta da copiadora, quando, por volta do meio-dia, receberam uma resposta da diretoria do CCSA através de um documento, que se mostrava à disposição para discutir no próximo dia 07 (quinta-feira), às 15 horas. Mesmo com a sinalização por parte da direção do CCSA em negociar, os estudantes decidiram continuar sua manifestação, com o objetivo de mostrar a seriedade e a força do movimento estudantil, fazendo o balanço da atividade realizada e organizando outra manifestação no dia da reunião.

A ANEL e o CASS-UFRN se orgulham do sucesso da manifestação e parabenizam todos os estudantes presentes pela força e perseverança que demonstraram nessas muitas horas de reivindicação.







Retirado do Blog do Centro Acadêmico de Serviço Social/UFRN

terça-feira, 5 de abril de 2011

Militantes rompem com o PSOL no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Maranhão

Em diferentes cidades do país, militantes começam a romper com o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). As críticas vão de falta de democracia interna, recebimento de dinheiro de empresas nas eleições (como na campanha de Luciana Genro), até a priorização dos parlamentares em detrimento das lutas.

Abaixo, publicamos duas notas que explicam bem essa situação. A primeira é da Alternativa Socialista, do Rio Grande do Sul, e do Coletivo Paulo Romão, que reúne principalmente educadores do Rio de Janeiro. A segunda é de um grupo de sindicalistas do Maranhão.



Comunicado aos militantes da esquerda socialista

Somos um grupo de ativistas que militávamos na Alternativa Socialista (RS) e no Coletivo Marxista Revolucionário Paulo Romão (RJ). No último final de semana, reunidos em conferência, decidimos por unificar nossas correntes e estaremos, através de um novo agrupamento político, denominado “Construção Socialista – CS”, nos colocando a serviço da reorganização da Esquerda Socialista Brasileira.

A conferência da CS definiu também pela nossa saída do PSOL, partido que ajudamos a construir, mas que avaliamos não ser mais o espaço para disputarmos o programa e a concepção de partido que defendemos. Neste sentido, queremos fazer algumas considerações:

O PSOL surgiu como resultado da total falência do PT e do enfrentamento de um amplo setor do movimento com as políticas neoliberais impostas por Lula. Com a degeneração completa do PT, muitos que não tinham abandonado a estratégia do socialismo, mas que permaneciam filiados a este partido, se jogaram na tarefa de construir uma nova ferramenta política para defender a classe trabalhadora.

Já no início desta construção, os problemas começaram a surgir. A prática conspirativa da direção – baseada nas grandes correntes e seus parlamentares – onde os acordos se sobrepunham ao trabalho de base foi afastando o PSOL dos movimentos sociais, tornando este jovem partido simplesmente em uma sigla eleitoral.

Vários episódios conflitantes com a estratégia socialista marcaram negativamente a trajetória do PSOL. Nestes seis anos de vida, a pressão eleitoral e a luta pela sobrevivência política das principais figuras foram as principais bandeiras do partido.

A cada eleição, o partido mostra táticas desastrosas: aliança com PV, dinheiro de empresas para campanhas eleitorais, apoio à Marina, voto em Paim e tantos outros exemplos. Tudo isso comprova que o PSOL está longe de defender um programa de ruptura com o capitalismo, ao contrário, demonstra cada vez mais a sua perda de independência.

Sabíamos, desde a fundação, que não seria este o partido estratégico, mas que deveria cumprir o papel de agregar os lutadores de esquerda e servir de “abrigo” aos militantes revolucionários. Isto não aconteceu.

Por isso não podemos aceitar que os militantes da nossa corrente se eduquem num partido que se diz socialista, mas que se contenta em levantar consignas radicais mínimas e democráticas, que não se enfrenta com a propriedade e a dominação capitalista e resume a questão do poder a eleger parlamentares e disputar por dentro da democracia burguesa.

Também para ativistas sindicais e do movimento popular como nós, não é possível admitir estar num partido que nunca teve uma política de orientar os seus militantes para a construção de uma organização sindical – ferramenta imprescindível para reorganizar a classe trabalhadora diante da degeneração da CUT. Pelo contrário, as grandes correntes do PSOL, ou se omitiram, ou tentaram criar mecanismos para enfraquecer a CONLUTAS.

Estamos saindo do PSOL com a tranqüilidade de quem, durante seis anos, não mediu esforços para construir o partido. Disputamos todos os espaços, elegemos delegados para os congressos, ocupamos postos na direção e nunca tivemos política de desgastar os dirigentes e, muito menos, as figuras públicas.

Estamos rompendo porque não abrimos mão de preparar a CS – organização política que ora estamos construindo – para ser parte de um partido que tenha como objetivo estratégico dirigir a luta dos trabalhadores e dos setores explorados para realizar a revolução socialista.

Por fim, afirmamos que não nos renderemos ao discurso das dificuldades da conjuntura e a falta de ascenso do movimento, para nos acomodarmos nas saídas vistas como mais fáceis na construção das ferramentas da classe trabalhadora. Pelo contrário, a CS continuará totalmente a serviço do fortalecimento da CSP-CONLUTAS e da ANEL.


Neida Porfírio de Oliveira – Dirigente do CPERS/Sindicato – Porto Alegre/RS
Érico Corrêa – Dirigente do Sindicaixa – Porto Alegre/RS
Danilo Garcia Serafim – Dirigente do SEPE – Valença/RJ
Ludimilla Fagundes – Dirigente do CABAM/DCE-UFRGS – Porto Alegre/RS
Marivete M. de Melo – Militante do CPERS/Sindicato – São Luiz Gonzaga/RS
Laura Marques da Silveira – Militante do CPERS/Sindicato – Santa Maria/RS
Maria da Glória Sampaio – Dirigente do Sindicaixa – Santa Maria/RS
Maria de Fátima Vieira Contreira – Dirigente do CPERS/Sindicato – São Borja/RS
Paulo Sérgio Rolim – Militante do Movimento Popular – Caxias do Sul/RS
Joaquina Gladis R. Freitas – Dirigente do CPERS/Sindicato – São Gabriel/RS
Maria Aparecida Portela Prado – Representante de base na CNTE – Palmeira das Missões/RS
Miguel Chagas – Dirigente do Sindicaixa – Porto Alegre/RS
Mari Andréa Andrade – Militante do CPERS/Sindicato – Cruz Alta/RS
Maria Norma Dumer – Dirigente do CPERS/Sindicato – Camaquã/RS
Izaura Osório Sales – Dirigente do CPERS/Sindicato – Carazinho/RS
Carlos Alberto da Silva – Militante do Movimento Popular – São Leopoldo/RS
Astor Henrique Nagel – Representante de base do CPERS/Sindicato – Crissiumal/RS
Luzia R. P. Herrmann – Dirigente do CPERS/Sindicato – Taquari/RS
Delci Quevedo – Dirigente do Sindicaixa – Alegrete/RS
Ana Lúcia Xavier Cabral – Dirigente do CPERS/Sindicato – Bagé/RS
Michela Scherer Vieira – Dirigente do CPERS/Sindicato – Tapera /RS
Marli Aparecida de Souza – Dirigente do CPERS/Sindicato – Torres/RS
Salete Possan Nunes – Dirigente do CPERS/Sindicato – Passo Fundo/RS
Maira Iara de Farias Ávila – Dirigente do CPERS/Sindicato – Guaíba/RS
Albina Trindade – Dirigente do CPERS/Sindicato – Porto Alegre/RS
Terezinha Bullé da Silva – Dirigente do CPERS/Sindicato – Passo Fundo/RS
Neiva Moreno – Dirigente do CPERS/Sindicato – Porto Alegre/RS
Armindo Lajas dos Santos – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ
Telma Luzemi de Paula Souza – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ
Valdir Vicente de Oliveira – Dirigente do SEPE – Nova Iguaçu/RJ
Maria Oliveira da Penha – Dirigente do SEPE – Seropédica/RJ
Mario Sérgio Martins – Dirigente do SEPE – Cachoeira de Macatu/RJ
João Batista da Silva – Dirigente do SEPE – São Pedro da Aldeia/RJ
Marcelo Ferreira de Sant’Anna – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ
Vivianne Santos – Dirigente do SEPE – Mesquita/RJ
Mônica Valéria Affonso Sampaio – Dirigente do SEPE – Mesquita/RJ
Dulcinéa de Lima Pereira – Dirigente do SEPE – Rio de Janeiro/RJ

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O processo de degeneração do PSOL

“É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos: acredite neles”.
[Vladimir Ilich Ulyanov, Lenin]

Os que subscrevem este documento são os que construíram o PSOL em nosso Estado. Alguns, desde o primeiro instante; outros, engrossando nossas fileiras ao longo da caminhada; alguns, hipotecando vidas familiares, profissionais, carreiras; outros, trocando suas comodidades pessoais pelas agruras das nossas exigências partidárias. Mas todos firmemente decididos a fazer triunfar não um projeto político qualquer, mas o projeto político do socialismo. Por isso, em 2004, quando do seu momento inicial, escolhemos um programa socialista e um estatuto que definiria o perfil de um partido de esquerda, autêntico e revolucionário, para superar a lógica perversa do capital e implantar o socialismo.

Nestes sete anos de trajetória, nos quais inúmeros militantes deram sua contribuição à construção do PSOL em vários municípios maranhenses, buscamos levar o partido à classe trabalhadora no campo e na cidade, cumprindo fielmente nosso papel pedagógico de instrumento de educação das massas, agregando-as conscientemente às lutas pelo socialismo. Não nos esqueçamos que o Maranhão, historicamente, permanece no estado de pobreza extrema e por isso mesmo tem os piores indicadores sociais e econômicos do País.

Aqui, com o patrocínio escancarado do governo do PT, a mais longeva oligarquia regional não somente sobrevive, mas dá sinais de longa sobrevida. Por isso mesmo, é imperioso ser firme no caminho traçado e não se deixar confundir. Persistir no combate à oligarquia sarneísta, mas combater igualmente suas ramificações travestidas de “libertação”.

Infelizmente, o PSOL traiu o seu projeto original. Em menos de uma década, degenerou completamente. Não o dizemos por dizer. Basta olhar o que aconteceu nos congressos nacionais nesse período. Limitaram-se às disputas em torno do poder interno, pelo controle da direção, pelo aparato partidário e pelas definições eleitorais. A discussão que de fato interessava, em torno da intervenção do Partido nas lutas sociais, passou longe e despercebida. De um partido de base, organizado em núcleos, transformou-se em um partido loteado entre chefetes que pensam ser donos das vontades e das inteligências dos seus militantes. Organizado em tendências, é de fato uma federação de “potências soberanas”, na expressão de Lênin, incapaz de superar a eterna luta interna que o paralisa diante das exigências da luta concreta diária. Paralisado, reduziu-se ao papel de mero espectador. Paralisado, assiste impotente ao recebimento de ajuda financeira em campanha eleitoral proveniente dos cofres de grandes empresas capitalistas tais como a Gerdau e a Taurus que financiaram a campanha de Luciana Genro no Rio Grande do Sul. Paralisado, vê estarrecido sua Presidente, à época, Heloisa Helena fazer campanha para candidato de outro partido. Paralisado vê o Senador eleito pelo Amapá Randolfe Rodrigues ter recebido apoio político do grupo do Senador José Sarney. Os escândalos internos sucedem-se sem que nada aconteça.

Nada acontece porque, em primeiro lugar, a base partidária está excluída de toda participação concreta, efetiva, nos rumos do partido; e, depois, porque em razão dos acordos internos, os grupos ou outros nomes que lhes queiramos dar, num eterno traçar de alianças, evitam o necessário enfrentamento dessas questões. O partido anulou-se. Não existe. Existem os grupos, as tendências, as subtendências, os chefes, os parlamentares, mas não o Partido. Existem as preocupações eleitorais, mas não a preocupação com a democracia interna, com a compreensão do País, com a construção da necessária autoridade moral sem a qual jamais será possível aspirar a, um dia, ajudar na revolução brasileira.

Em 7 anos o PSOL transformou-se numa caricatura do PT, uma vez que repete e aprofunda as práticas políticas daquele partido, práticas estas que o transformaram num partido corrupto e agente da ordem capitalista, destruidor dos direitos da classe trabalhadora e favorecedor dos interesses burgueses.

Ao contrário do que a classe trabalhadora esperava, o PSOL rebaixou o seu programa e rapidamente caducou, frustrando as enormes esperanças das massas e tornando-se um partido meramente eleitoral sem um conteúdo de classe ou de ferramenta de superação da ordem burguesa.

No Maranhão, da Direção Nacional jamais recebemos qualquer tipo de ajuda. De nenhuma natureza. Para tornar este ponto claro: do fundo partidário, por exemplo, nunca um único centavo ajudou a luta do PSOL no Estado. Talvez porque sempre nos recusamos a participar da política rasteira, conservadora e autoritária que hoje domina o Partido.

Não bastasse isso, temos sofrido, na prática, intervenções sucessivas, não apenas nas nossas instâncias estaduais, mas, sobretudo, nas decisões democráticas dos nossos filiados, como no caso da escolha dos candidatos ao Senado, agora repetida com filiações decididas sem sequer uma consulta. Querem empurrar-nos goela abaixo figuras como Haroldo Saboia e Franklin Douglas, que, conforme documentos públicos, há menos de 5 meses, defendiam o governo Lula e todas as suas políticas de ataque aos trabalhadores, sucateamento dos serviços e órgãos públicos, privatizações, pagamento exorbitante da dívida pública, reforma da previdência em desfavor dos aposentados e assalariados e aliança com a burguesia (aliás, ao amparo de recente Resolução da própria Executiva Nacional do Partido). Mais ainda: essas pessoas legitimaram e participaram do corrupto governo Jackson Lago que atacou violentamente os trabalhadores e professores com a chamada Lei do Cão, além de inúmeros casos de improbidade e nepotismo amplamente divulgados.

Querem desmoralizar-nos. Não o conseguirão. Ao tomar essa atitude vertical, antidemocrática e desrespeitosa com toda a construção e compromisso que firmamos nesses 7 anos de muito trabalho em todo o Maranhão, a executiva nacional do PSOL mostra a cara de um partido que já pode ser chamado de “novo PT” pelas práticas e conteúdo que passa a tomar na cena política do Brasil e do Maranhão.

Por tudo isso e coerentes com a nossa posição política, decidimos, coletivamente, sair do PSOL. Esta última intervenção foi a gota que fez transbordar o copo. Sair representa manter a nossa coerência e não nos tornar cúmplices dessa virada ideológica, como faz a CST que, entre nós, omitindo-se sempre, apóia, na prática, a política intervencionista e antidemocrática da Direção Nacional; ou como a APS que, desde sua entrada no Partido, jamais moveu uma palha na luta cotidiana dos trabalhadores maranhenses, limitando-se à já conhecida política cupulista em que busca substituir sua absoluta falta de identidade com um projeto revolucionário-socialista por tentativas de alianças eleitorais à margem do projeto partidário; ou ainda como o MES e ENLACE, eternos ausentes da vida partidária do Estado. O PSOL, já a partir de algum tempo, desprezando a luta social e política, privilegia o mero pragmatismo eleitoreiro. O nosso combate é outro: ele está nas trincheiras e nos embates, o verdadeiro ambiente de constructo de um projeto revolucionário.

Não deixaremos de fazer a luta social e política permanentemente em defesa da classe trabalhadora, através das entidades sindicais e organizações sociais em que cada um de nós atua. No momento certo debateremos e decidiremos qual rumo partidário será tomado por nós. Aproveitamos para convidar todos aqueles que, ainda no PSOL, possam erguer suas vozes e dizer não a esse processo acelerado de degeneração para que nos juntemos para continuar sonhando com um futuro socialista e libertário.

VIVA O SOCIALISMO!
São Luís, 31 de março de 2011


01)Aldecy Moraes Ribeiro – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
02) Antônia de Jesus Santos Soares – Professora e Municipal de Caxias
03) Antônia Raimunda Alves dos Santos-Professora e Municipal de Caxias
04)Antonísio Furtado – Diretório municipal de São Luís e oposição de professores
05)Carlos Lopes- Profissional liberal e do Diretório Municipal de Imperatriz
06)Claudio Lopes- Marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
07) Cordeiro Marques- Diretório Municipal de São Luís e do Sintes/MA
08)David Sá Barros – Bancário e Presidente do Sindicato dos Bancários
09)Diogo Cabral – Advogado popular e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA
10)Emanoel Chaves – Comerciante e do Municipal de Imperatriz
11)Felix Lima e Silva – Pedreiro
12) Francinete Soares da Silva-Professor e Municipal de Caxias
13)Heliomar Barreto- Estudante e do Diretório Estadual do PSOL
14)Irmão Walter – marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
15) Irisnete Galeno da Silva – dona de casa
16)Joel Silva Costa – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
17)Jorge Luis Pinheiro Ferreira – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
18)José Cláudio Siqueira Mendes – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
19)José de Ribamar Novaes – Médico, previdenciário e do Núcleo Mário Alves
20)Kátia Ribeiro- Oposição dos professores e advogada
21)Lailton Nunes – autônomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo
22)Lenilson filho – estudante e do Núcleo Tecendo o Socialismo
23)Luis Carlos- Diretor do Sindicato dos Bancários
24)Luis Fernando Teixeira Coqueiro – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves
25)Márcio André – Advogado e militante dos movimentos de pessoas com deficiência
26)Marco Aurélio- Urbanitário e oposição Urbanitária
27)Marcos(cabelo fino) – marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
28) Maria da Conceição Dias Carneiro – Professora e Municipal de Caxias
29) Maria de Nazaré Almeida Lima – Professora, Diretora do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Caxias Professora e Municipal de Caxias
30) Maria do Carmo Alves Avelino – Professora e Municipal de Caxias
31) Maria dos Santos Gomes de Freitas – Professora e Municipal de Caxias
32) Maria Honorina – Dona de casa e do Núcleo Tecendo o Socialismo
33)Marlon Câmara Freire – Diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal-Sintrajufe/MA
34)Maria Dolores da Silva – Diretório Estadual do PSOL e oposição dos professores
35) Naziel silva – Autonomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo
36)Nemeziano Carvalho Loura – Servidor Federal e oposição dos federais
37)Paulo Rios- Ex-candidato a Prefeito de São Luís em 2008, Diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal/MA, Membro suplente do Diretório Nacional do PSOL e Professor Universitário
38)Rezzo Júnior- Diretório Estadual do PSOL e oposição de professores
39)Ribamar Arouche – Vigilante e do Núcleo Tecendo o Socialismo
40)Ricardo de Aguiar – Pedreiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo
41)Rogério Costa- Presidente do Diretório Estadual do PSOL, Professor Universitário e do Núcleo Tecendo o Socialismo
42)Saturnino Moreira- Ex-candidato a Governador pelo PSOL em 2006, Diretório Estadual do PSOL, Professor Universitário e do Núcleo Tecendo o Socialismo
43)Saulo Arcangeli- Ex-candidato a Governador pelo PSOL em 2010, Presidente do Diretório Municipal de São Luís, Coordenador Geral do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e MPU-Sintrajufe/MA e da Fenajufe, Membro da Executiva Nacional da CSP CONLUTAS- Central Sindical e Popular
44) Silvana Maria de Oliveira Moura – Professora, Dirigente Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Caxias e Diretório Municipal de Caxias
45)Sonia Maria Silva Santos – Previdenciária e do Núcleo Mário Alves
46) Wagner Sabóia – autônomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo
47) Zé pombo – Funcionário publico municipal de São Luís
48)Wellyngton Chaves – Office-Boy e Diretório Municipal de Imperatriz
49)Wilson Leite – Trabalhador assalariado e Presidente do Diretório Municipal de Imperatriz.


Retirado do Site do PSTU

A relação entre sindicatos e partidos e a democracia operária

Fatos recentes deixaram perplexos os ativistas sindicais brasileiros que lutam pela transformação social e a libertação de nosso país da exploração capitalista e do imperialismo.

Na visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil, a CUT-RJ divulgou uma nota na qual afirmava que não podia “ignorar a importância política e comercial da visita do presidente Obama ao Brasil (...) visando seu desenvolvimento e dias melhores para sua gente” [grifo nosso].

Alguns dias depois, a CUT divulgou uma nota de pesar pela morte do ex-vice-presidente do Brasil, José de Alencar, onde dizia que a aliança de Alencar com Lula somou “a força dos trabalhadores e o capital produtivo na luta pela transformação social e econômica do Brasil”, e a “defesa permanente das grandes causas nacionais”.

O que leva uma central de trabalhadores a defender dessa maneira o principal representante do imperialismo mundial e o proprietário da maior empresa do ramo têxtil do Brasil?

Somente sua submissão e atrelamento ao governo Lula, anteriormente, e ao governo Dilma, agora, podem explicar tal atitude. Ao perder totalmente sua independência frente a um governo burguês de aliança de classes, termina por defender um membro da própria burguesia. Ao perder sua independência frente a um governo pró-imperialista, termina por defender o próprio imperialismo.

Isso nos leva a pensar, mais uma vez, em qual deve ser a posição dos sindicatos frente aos governos e partidos. Os sindicatos devem ser totalmente independentes dos partidos e governos? Existem diferenças na relação dos sindicatos com partidos burgueses, por um lado, e operários, por outro?

Publicamos, abaixo, um texto apresentado ao Congresso de 2007 do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, pelo Coletivo de Metalúrgicos da Conlutas, onde estas questões são discutidas.


A relação entre sindicatos e partidos e a democracia operária

A discussão sobre a relação sindicatos-partidos envolve muitos aspectos importantes que influenciam diretamente nossa vida sindical. Os militantes partidários devem participar dos sindicatos? Os sindicatos devem discutir política partidária? Os partidos devem fazer propostas nas reuniões dos sindicatos? Qual deve ser a relação dos sindicatos com os governos e partidos governistas?

Para responder a estas perguntas, é necessário levar em conta, primeiro, uma diferença importante, que distingue a relação dos sindicatos com os governos e patrões, por um lado, e com os partidos, por outro. É a diferença entre independência e autonomia.

Assim, defendemos a independência dos sindicatos em relação ao governo, aos patrões e ao Estado. Isto é, não pode haver qualquer relação política, financeira ou organizativa com as entidades patronais e seus governos. Os sindicatos não devem receber quaisquer recursos financeiros vindos do Estado ou de empresários e deve proibir seus dirigentes de ocupar cargos de confiança em qualquer instância governamental.

Já os sindicatos devem ser autônomos em relação aos partidos. Isto é, as decisões dos sindicatos devem ser soberanas, mas devem permitir que seus membros participem de partidos políticos e vice-versa. Mas os sindicatos não podem ser apolíticos, é sua obrigação se posicionar sobre os acontecimentos políticos na sociedade e receber, em suas instâncias, todos os trabalhadores filiados, ou não, a partidos políticos.

A diferença entre independência e autonomia decorre do fato de que o governo, os patrões e seu Estado são defensores do capitalismo. Isto também acontece com o atual governo Lula que, embora tenha um presidente operário, é um governo que defende a ordem capitalista, isto é, a exploração dos trabalhadores, e não podemos ter qualquer relação com ele. Por isso dizemos que a CUT, ao ter membros seus no governo, receber dinheiro do governo – através do FAT – e dos patrões para organizar o Primeiro de Maio, transformou-se em Central chapa branca e subordinada aos interesses do capital.

Por outro lado, os sindicatos e os partidos operários são organizações construídas pelos trabalhadores, mas não são a mesma coisa. A relação entre eles não é de independência, mas de autonomia mútua. Para que essa relação possa ser bem estabelecida, é necessário conhecermos as diferenças entre os dois tipos de organização, seu papel e suas limitações.

Os sindicatos são instrumentos da classe operária, criados para defender seus interesses. São organizações de massa dos trabalhadores. Deles participam todos que querem lutar contra seu patrão, sem diferenciações ideológicas, de raça, religiosas, de orientação sexual etc. e surgiram naturalmente, devido à necessidade de trabalhadores de uma mesma fábrica se unirem contra seu patrão para reivindicar melhorias salariais ou nas condições de trabalho. No início, a burguesia não admitia qualquer organização sindical, pois estas criavam dificuldades a seus negócios e à livre concorrência. Várias leis foram criadas para proibir os sindicatos, e várias lutas foram travadas até que os trabalhadores conseguissem o direito à existência de suas organizações. As mais famosas foram as lutas pela jornada de oito horas, que aconteceram em todo o mundo e deram origem ao “1° de Maio” e a luta das mulheres por igualdade salarial com os homens, que tem o “8 de Março” como data de luta.

No entanto, nem sempre os patrões atacam os sindicatos tentando destruí-los. É o que presenciamos atualmente. Nesta época imperialista, em que a centralização do capital e a exploração dos trabalhadores chegam ao máximo, destruir os sindicatos não é a melhor opção. É mais útil para a burguesia ter os dirigentes sindicais a seu lado, para poderem convencer a classe trabalhadora a deixar-se explorar com mais facilidade, ou para desmoralizá-la. Por exemplo, a Força Sindical foi criada por Collor com este objetivo, e a CUT foi se burocratizando aos poucos, com seus dirigentes recebendo cada vez mais privilégios (carros, salários maiores, viagens, liberações do trabalho), até transformarem-se num corpo estranho em relação à base dos trabalhadores.

Por isso, os sindicatos de hoje estão frente a uma encruzilhada: podem servir de ferramentas secundárias do capitalismo para a domesticação dos operários, ou podem converter-se em ferramentas de luta do proletariado. No primeiro caso, são sindicatos atrelados, submissos, pelegos e autoritários em relação aos trabalhadores. No segundo, são sindicatos independentes, de luta, que querem mudar a ordem social e que praticam a democracia operária.

Mas, independentemente de ser um sindicato pelego ou de luta, existe uma limitação insuperável à sua atuação: os sindicatos são organizações de luta contra a exploração patronal, mas, ao mesmo tempo, existem em função dessa mesma exploração. Isto é, são organizações que lutam para que os trabalhadores vendam sua força de trabalho por um preço mais alto, mas não para suprimir a própria venda. Não conseguem, por si só, destruir o sistema capitalista e construir o socialismo.

Nesse sentido, ganha muita importância a construção dos partidos operários, e, dentre eles, os partidos revolucionários. Fazemos essa distinção porque podem existir partidos operários que não lutam pela destruição do sistema capitalista. É o caso do Partido Trabalhista inglês.

O PT, que foi construído pela base com o objetivo de enfrentar os patrões (na primeira eleição do PT, sua palavra de ordem era “Nem patrões nem generais”), e cumpriu um papel muito importante na organização dos trabalhadores, não defende mais o fim do sistema capitalista, mas, no máximo, melhorias dentro do sistema capitalista. Infelizmente, o governo Lula nem isso tem feito, já que se aliou à burguesia e ao imperialismo para atacar as conquistas dos trabalhadores.

Já os partidos revolucionários, embora minoritários entre os trabalhadores, defendem a revolução socialista. Enquanto os sindicatos são organizações de massa, os partidos são organizações de vanguarda e são, em geral, compostos por aqueles trabalhadores que têm uma identidade ideológica, expressa no programa de cada partido.

Neste ponto, podemos voltar à questão da autonomia dos sindicatos em relação aos partidos. A concepção de luta sindical puramente econômica leva as amplas massas trabalhadoras a um beco sem saída, pois nunca ultrapassarão o sistema capitalista e viverão sob a exploração perpétua. Por isso, a luta política também deve ser travada nos sindicatos e neste caso os partidos, que são uma parte dos trabalhadores, têm um papel importante de politização dessa luta. Quando aprovamos em nosso sindicato a luta contra a Reforma da Previdência e contra as reformas que retiram direitos, esta é uma luta política da classe trabalhadora e não só por aumento de salário.

Neste sentido, a participação de militantes partidários nas assembleias e nas diretorias dos sindicatos é fundamental para que possam apresentar suas posições políticas e sejam apreciadas de forma autônoma pela categoria.

As posições dos partidos operários são sempre bem vindas, mas não podem aparelhar as decisões dos sindicatos. Um partido não pode, por ter maioria na diretoria de um sindicato, impor suas posições para a categoria. Na verdade, nenhum grupo organizado, mesmo que não seja partidário, pode fazer isso.

E para que não ocorra o aparelhamento do sindicato por partidos ou qualquer grupo organizado, os sindicatos devem adotar a mais ampla democracia operária, para que a base decida sobre todos os assuntos, desde o emprego do dinheiro do sindicato até as decisões políticas mais importantes.

Para efetivar a democracia operária, os sindicatos devem ser fanáticos em aumentar o número de sócios e ver a melhor forma de estabelecer relações com a base.

É com base nisso que a Conlutas estabelece em seus estatutos:

“Art. 5º – São princípios basilares da Conlutas:

Parágrafo Primeiro – A independência de classe. A atuação da Conlutas deverá basear-se no pressuposto de que a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores. Para não fugir aos seus objetivos a Conlutas deve se pautar pela mais completa independência política, financeira e administrativa em relação à classe empresarial, à burguesia classicamente considerada, aos governos e ao Estado.

Parágrafo Quarto – A autonomia frente aos partidos políticos. A Conlutas, sendo uma organização de natureza sindical, popular e de classe, sem caráter partidário, é autônoma em relação aos partidos políticos e deverá sempre preservar sua autonomia em relação a eles, o que significa que todas as suas decisões – políticas, administrativas e financeiras – serão tomadas de forma soberana nas suas instâncias de deliberação.

Parágrafo quinto – A democracia e a unidade na ação. A Conlutas deve pautar todo o seu funcionamento em formas e processos que assegurem a democracia e um rico e saudável debate interno, respeitando a diversidade política existente em seu interior. Os processos de decisões de suas políticas devem basear-se em ampla participação das entidades e organizações a ela filiadas. Consequentemente, as decisões tomadas de forma coletiva e democrática devem assegurar a unidade na ação de todos os seus componentes, fortalecendo a capacidade de luta do conjunto”.


Podemos dizer, então, que os trabalhadores podem e devem construir suas organizações sindicais – os sindicatos e centrais sindicais – e suas organizações políticas – os partidos e correntes políticas – onde exista uma relação mútua baseada na autonomia das decisões dos sindicatos frente aos partidos (e vice-versa), com independência de classe frente ao governo e os patrões e sob a condição da mais ampla democracia operária, que garanta o direito de participação das várias opiniões partidárias e daqueles trabalhadores sem partido, mas que seja a base do sindicato que decida tudo em assembleia.

Essa prática deve ter um objetivo claro de colocar as entidades sindicais a serviço da mobilização dos trabalhadores e, quando em unidade com outras categorias e setores sociais, a serviço dos explorados do campo e da cidade na luta por uma sociedade sem exploração do homem pelo homem, a luta pelo socialismo.


Retirado do Site do PSTU

Declaração da LIT-QI: Chamamos a rodear de solidariedade os trabalhadores e o povo cubano

Diante dos salários de US$ 18 mensais, as demissões em massa, o desmonte da saúde e da educação e o perigo de uma brutal repressão


Os trabalhadores, a juventude e o povo cubano – que protagonizaram a primeira e única revolução socialista vitoriosa na América – vivem hoje uma situação desesperadora. Eles passam fome porque não conseguem sobreviver com um salário de 18 dólares mensais. E essa situação tende a se agravar de forma qualitativa, pois o governo anunciou, para os próximos meses, novos ataques ao seu nível de vida, entre eles a demissão de um milhão e trezentos mil trabalhadores estatais.

Uma parte dos trabalhadores cubanos consegue sobreviver à custa de algum familiar que lhe envia dinheiro do exterior. Mas a maioria não tem essa ajuda. Por isso, são obrigados a se humilhar diante dos turistas (dois milhões e meio em 2010), a assediá-los pedindo gorjetas por qualquer tipo de serviço (real ou inventado), a vender os famosos charutos cubanos roubados, a pedir um sabão, um xampu ou uma simples bala, ao mesmo tempo em que crescem, de forma impressionante, dois flagelos que tinham desaparecido com a revolução: a mendicância e a prostituição.

Até agora, diferentemente do que ocorreu nos países do Leste Europeu, quando os partidos comunistas restauraram o capitalismo, em Cuba não houve grandes mobilizações contra o governo. O prestígio da direção cubana, por haver estado, no passado, à frente da revolução contra o capitalismo e o imperialismo, foi um importante freio à ação das massas contra o governo e contra o Partido Comunista. Mas a paciência dos cubanos parece estar chegando ao fim. Atualmente, o descontentamento com a situação e com o governo dos irmãos Castro é generalizado e não está descartado que, a curto ou médio prazo, aconteça em Cuba uma explosão similar à que ocorreu nos países do Leste Europeu no fim da década de 1980, ou às que estamos presenciando agora nos países árabes.

O governo e o Partido Comunista Cubano sabem desse perigo, por isso não permitem que chegue, por meio da televisão ou da rádio (ambas controladas pelo governo), qualquer tipo de informação sobre o que as massas estão fazendo nos países árabes. Além disso, é necessário lembrar que o povo cubano não tem acesso à Internet e que em Cuba não existem jornais nem revistas (a não ser os do Partido Comunista).

No entanto, diante de tanta exploração e humilhação, é muito difícil que a censura do governo para impedir que os cubanos saibam o que está ocorrendo no resto do mundo tenha sucesso.

De uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, os trabalhadores cubanos vão se rebelar contra essa situação, e quando isso acontecer, uma nova e grande ameaça vai se colocar sobre suas cabeças: a repressão. Por isso é que chamamos, desde já, a “rodear de solidariedade os trabalhadores e o povo cubano”.


Dizer a verdade, por mais dura que seja

Há milhares e milhares de trabalhadores, camponeses e estudantes em todo o mundo que consideram que Cuba e a sua direção, em especial Fidel Castro, são referência para todos aqueles que lutam pelo socialismo. Também são muitos os críticos à direção cubana, mas que consideram que em Cuba, ao contrário do que ocorreu nos outros ex-Estados operários (URSS, China e Leste Europeu), o capitalismo não foi restaurado.

Para esses milhares de companheiros, chegar à conclusão de que o capitalismo foi restaurado em Cuba seria uma grande desmoralização. Mas temos a obrigação de dizer a verdade para os trabalhadores, camponeses, estudantes e intelectuais de todo o mundo, por mais dura que ela seja. Porque só a verdade é revolucionária, e há duas grandes verdades que todos têm que saber e que explicam o drama vivido pelos trabalhadores e pelo povo cubano: a primeira é que a fome, o desemprego, os salários miseráveis, os mendigos e as prostitutas não são mais que as consequências de algo que já aconteceu na nossa querida Cuba: a volta do capitalismo. E a segunda verdade, que não pode continuar sendo ocultada, é que o odiado capitalismo não foi restaurado nem pelos gusanos1, nem por uma invasão ianque. Em Cuba, assim como na ex-URSS ou na China, o capitalismo foi restaurado, em nome do socialismo, pelo governo e pela direção do Partido Comunista.

Em Cuba, em 1959, as forças guerrilheiras, comandadas por Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Che Guevara, derrotaram as forças do ditador Batista. Pouco tempo depois, a Revolução Cubana enfrentou todos os capitalistas, nacionais e estrangeiros, e pôs os seus recursos econômicos a serviço do desenvolvimento do país. Para isso, foram tomadas três importantes medidas no terreno econômico: a expropriação e nacionalização de todos os meios de produção (fábricas, terras, comércio, bancos etc.), o monopólio do comércio exterior e a planificação centralizada da economia. Foi com base nessas medidas que os trabalhadores conseguiram uma série de conquistas, a maioria das quais não existia nem existe em outros países do continente (nem sequer nos EUA): o pleno emprego, moradia para todos, saúde pública gratuita e de alta qualidade (também para todos), o fim do analfabetismo, o fim da prostituição, altos índices de escolaridade (até hoje, 50% dos trabalhadores cubanos completam 12 anos de estudos) e, finalmente, os cubanos conquistaram o orgulho de ser um povo que foi capaz de mostrar, para os trabalhadores de todo o continente, que é possível enfrentar e derrotar o capitalismo e o imperialismo.

No entanto, essas três medidas (nacionalização dos meios de produção, monopólio do comércio exterior e planificação centralizada da economia) foram eliminadas no início dos anos 1990 pelo governo e pela direção do Partido Comunista, a tal ponto que a própria Constituição foi alterada para permitir a propriedade privada dos meios de produção. Assim, os “direitos” do capital, que tinham sido eliminados com a revolução, foram restabelecidos, e com a volta do capitalismo, as velhas mazelas do período do governo Batista voltaram.

Os defensores do governo cubano dizem que o capitalismo não foi restaurado, que o que se fez foi simplesmente permitir a atuação de empresas estrangeiras no país, mas respeitando as leis cubanas e que, além disso, a maioria das empresas é do Estado, que continua sendo “socialista”.

Mas não é assim. É verdade que as empresas estrangeiras são obrigadas a respeitar as leis cubanas, mas também é verdade que novas leis foram aprovadas, entre elas a Lei de Investimentos Estrangeiros, para possibilitar que as empresas estrangeiras tenham muito mais direitos do que teriam em qualquer outro país do mundo. Por outro lado, as empresas que existem no país, sejam estatais, mistas ou de capital cubano ou estrangeiro, não trabalham para uma economia socialista (para um plano econômico central), mas para o mercado nacional e internacional. Também é necessário esclarecer que os cubanos que trabalham nas empresas internacionais não têm a proteção do Estado “socialista” cubano. Ao contrário, o trabalhador cubano não recebe o mesmo salário que essas empresas pagam em outras partes do mundo. Os cubanos só ganham os seus miseráveis 18 dólares mensais, sendo que a maioria dessas empresas é de propriedade mista (associadas com o Estado) Qual é, portanto, o papel do Estado cubano? Não só garantir os direitos do capital internacional para explorar cruelmente os trabalhadores cubanos, mas também ser sócio nessa exploração, que é qualitativamente superior àquela imposta na maioria dos países da América Latina e do mundo.


Cuba, o país das desigualdades

Os cubanos vivem no pior dos mundos. Trabalham, assim como os seus irmãos dos outros países, para uma economia de mercado, mas, em função dos seus salários, praticamente não têm acesso a esse mercado.

Talvez a cena mais triste para quem visita a Ilha seja ver as belas crianças cubanas sem brinquedos. Não com poucos brinquedos. Sem brinquedos. É que os brinquedos são proibidos. São artigos demasiado supérfluos para um pai ou uma mãe que ganham 18 dólares mensais.

Os salários dos trabalhadores cubanos, comparados com os dos trabalhadores do resto do mundo, sempre foram baixos, mas, como produto das medidas econômicas tomadas depois da revolução, o salário social era muito alto. O povo gastava muito pouco com a alimentação porque os trabalhadores comiam gratuitamente nas empresas e as crianças nas escolas, e os produtos básicos para a alimentação (e também para a limpeza) eram entregues pelo governo, a preços simbólicos, por meio da caderneta de abastecimento.

Hoje a realidade é oposta. Com a restauração da economia de mercado, os salários são mais baixos que antes e uma grande parte do salário social já desapareceu ou tende a desaparecer. Na maioria das empresas os refeitórios foram fechados, os novos planos do governo pretendem acabar com o período integral nas escolas e, finalmente, a maioria dos produtos que faziam parte da caderneta de abastecimento foi eliminada, ao mesmo tempo em que se anuncia o fim da própria caderneta.

Como produto da revolução, foi feita uma profunda reforma urbana que garantiu moradia a baixo custo para todos os cubanos. A partir daí, era responsabilidade do governo cuidar da manutenção das fachadas e responsabilidade dos moradores garantirem a manutenção da parte interna. No entanto, atualmente (há pelo menos duas décadas), nem o governo garante a manutenção das fachadas e nem os moradores dos bairros operários e populares, com os seus 18 dólares de salário, têm condições para garantir a manutenção interna. O resultado são bairros inteiros onde as casas estão cheias de vidros quebrados, goteiras, infiltração de água, paredes e andares semidestruídos, instalações elétricas expostas e em péssimas condições, buracos no lugar onde algum dia houve uma porta ou uma janela, inclusive casas mais antigas, que são demolidas pela falta de manutenção. Dessa forma, as condições de vida dessas famílias de trabalhadores cubanos são muito similares, ou até piores, às das famílias argentinas que vivem nas Villas Miseria ou das brasileiras que moram em favelas.

Mas nem tudo é miséria em Cuba. Existem bairros cheios de antigas mansões, muito bem conservadas, onde vivem os novos burgueses, os burocratas do governo e os representantes das empresas estrangeiras. Também existem vilas militares com casas muito boas, tão bem conservadas que, apesar de antigas, parecem que foram recém construídas. Existem milhões de turistas estrangeiros que lotam os hoteis, restaurantes e bares de Havana e de outras cidades, das quais o povo cubano não pode nem se aproximar, a não ser para oferecer serviços sexuais ou a sua bela música, para, ao final, sair pedindo, de mesa em mesa, uma gorjeta para poder comer, porque os artistas, que não se alimentam só da arte, não recebem nenhum tipo de pagamento pela sua atuação.

A partir da revolução, Cuba transformou-se no país mais igualitário da América, mas hoje é exatamente o contrário. A desigualdade social é tão chocante que cria uma mistura de surpresa, indignação e até mal-estar nos revolucionários que visitam a ilha. É triste escutar da boca de muitas pessoas desse admirado povo cubano, culto, alegre e musical, frases tão chocantes como estas: “Quando nos vestimos não comemos, e quando comemos não nos vestimos” ou “Nós, cubanos, dizemos que somos como os palhaços: rimos por fora e choramos por dentro.”


Argumentos falsos

Aqueles que, fora de Cuba, defendem o governo e o regime castrista (dentro de Cuba é muito difícil encontrar alguém que o faça), argumentam que o governo teve que abrir as portas para o capitalismo internacional para defender o “socialismo”, porque Cuba estava isolada após o fim da URSS e, portanto, não tinha alternativa.

Esse argumento é duplamente mentiroso. Em primeiro lugar, não é verdade que o governo cubano apelou ao capitalismo para defender o socialismo. Apelou ao capitalismo internacional para restaurar o capitalismo. Não foi para defender o socialismo que se acabou com a eliminação da propriedade estatal dos meios de produção, com a supressão do monopólio do comércio exterior e com o fim da planificação centralizada da economia. Da mesma maneira que não é uma medida socialista colocar na rua mais de um milhão de trabalhadores, ou desabastecer as farmácias populares para que os trabalhadores tenham que comprar remédios nas farmácias dos hoteis internacionais.

Em segundo lugar, cabe a pergunta: por que Cuba estava isolada quando ainda era um Estado operário? Foi por que os trabalhadores e os povos do resto do continente e do mundo não lutavam ou não faziam revoluções? Não. Não foi por isso, mas, sim, porque a direção cubana implementou a mesma política que tiveram as direções da URSS, China, Alemanha Oriental etc.: a coexistência pacífica com o imperialismo, ao invés da revolução latino-americana e mundial.

O exemplo mais evidente dessa política é o da Revolução Sandinista na Nicarágua. A direção sandinista, depois de derrotar o exército de Somoza e tomar o poder, dirigiu-se a Cuba para encontrar-se com Fidel Castro, que lhe deu o seguinte conselho: “Não façam da Nicarágua uma nova Cuba”. Isto é, não expropriem a burguesia nacional nem o imperialismo. E aí estão os resultados. A Nicarágua, governada pelo ex-comandante guerrilheiro e atual multimilionário Daniel Ortega, não só é um Estado capitalista como também é um dos países do mundo onde reina a maior desigualdade social.

Foi justamente essa política, de coexistência pacífica com o imperialismo em um mundo dominado por ele, que levou todas as economias dos ex-Estados operários à crise, e a todas as burocracias dirigentes a procurar, no fim da década de 1980, o apoio das potências imperialistas para sair dessa crise. Não só na forma de empréstimos, como tinham feito há alguns anos, mas também com a restauração dos direitos do capital para superexplorar os trabalhadores desses Estados. Cuba, por ser governada por uma burocracia, com interesses muito diferentes aos dos trabalhadores, não foi uma exceção.


A “democracia” em Cuba

Os defensores do governo cubano, de fora de Cuba, dizem que nesse país há democracia. Afirmam que é verdade que não há democracia para os gusanos, mas que há democracia para os trabalhadores e para o povo.

Em Cuba ninguém diz isso porque se arriscaria, no melhor dos casos, a receber como resposta uma sonora gargalhada. Quem diz que em Cuba há democracia para os trabalhadores tem que dizer: que organismo dos trabalhadores votou o salário de 18 dólares? Que organismo votou que um milhão e trezentos mil trabalhadores tinham que ser demitidos? Que organismo dos trabalhadores votou que os cubanos não podem ler nenhum jornal, a não ser o Granma, o órgão oficial do Partido Comunista? Que organismo dos trabalhadores votou que o povo cubano não pode acessar a Internet?

Mas sobre esse tema da democracia operária também é necessário dizer a verdade, por mais dura que ela seja. E a verdade é que nunca houve democracia para os trabalhadores e o povo cubano, nem mesmo na “época dourada” da revolução, quando estavam expropriando os capitalistas e o imperialismo, e isso explica muito do que está acontecendo atualmente.

Cuba era um Estado operário porque, a partir da expropriação da burguesia, o direito do capital de explorar os trabalhadores foi eliminado, mas nunca foram os trabalhadores, por meio dos seus organismos, que controlaram os destinos do país.

O que existia e existe em Cuba é um regime idêntico ao que existia na ex-URSS e ao que existe na China: um regime baseado em um partido único, o Partido Comunista, apoiado nas Forças Armadas. Mas, na realidade, seria errado afirmar que o Partido Comunista dirigia ou dirige Cuba. Quem está à frente do Estado cubano é um pequeno grupo em torno de Fidel e de Raúl Castro, porque, para que o Partido Comunista pudesse dirigir, deveria ter algum tipo de democracia interna, e isso não existe. O Partido Comunista Cubano praticamente não realiza congressos. Agora, no mês de abril, vão realizar um após 16 anos, mas, na verdade, esse “Congresso” será uma reunião de burocratas, pois os delegados, segundo informa o Granma, serão eleitos por uma plenária de secretários-gerais.

A restauração do capitalismo na Ilha, combinada com a total falta de democracia, teve como resultado a existência de uma ditadura muito similar às piores e mais sanguinárias ditaduras do mundo. Na realidade, em alguns aspectos é uma ditadura muito pior que aquelas. Por exemplo, durante a ditadura de Mubarak, no Egito, havia alguns partidos legais de oposição, havia vários jornais submetidos à censura, mas havia. Havia pleno acesso à Internet e havia alguns poucos sindicatos independentes. Tudo isso é impensável em Cuba.

Seria possível argumentar, contra o que dizemos, que naquelas ditaduras, de Mubarak no Egito, Pinochet no Chile ou de Videla na Argentina, havia milhares de presos políticos, de sequestrados, torturados e assassinados, e que isso não existe em Cuba. É verdade. Mas o que vai acontecer em Cuba quando surgirem greves, mobilizações, grupos guerrilheiros e confrontos com a polícia, como ocorreu naqueles países? O que a ditadura cubana vai fazer? Vai se retirar do poder? Vai abandonar os seus fabulosos privilégios obtidos com a restauração do capitalismo? Ou vai reprimir violentamente as ações das massas quando questionarem seus privilégios?

Para dar só um exemplo, vejamos o que está acontecendo na Líbia. Nesse país, como nos demais países árabes, as massas saíram para se mobilizar contra a miséria e contra o ditador, o coronel Kadafi. Diante disso, Kadafi, assim como a direção cubana no passado, teve sérios confrontos com o imperialismo (hoje é seu sócio), mas hoje está reprimindo sanguinariamente essas mobilizações a tal ponto que provocou uma guerra civil. De que lado Fidel Castro está nesta guerra? Do lado do genocida Kadafi.

Não é a primeira vez que Fidel adota uma posição desse tipo. Quando, em 1967, os tanques soviéticos esmagaram a revolução tchecoslovaca contra a burocracia (que acabou levando esse país à restauração do capitalismo), Fidel se pôs do lado dos tanques soviéticos contra os trabalhadores e o povo da Tchecoslováquia. Mas, em relação à guerra civil na Líbia, não se trata somente de uma nova posição equivocada. Trata-se de uma ameaça às futuras e inevitáveis mobilizações das massas em Cuba.

Fidel disse que não é o povo líbio que está querendo derrubar Kadafi, mas o imperialismo. Para isso, usa como argumento os bombardeios da OTAN e dos Estados Unidos, ocultando que o objetivo do imperialismo é retomar o controle do país (do petróleo), o que foi questionado não por Kadafi, mas pelas massas insurretas que se levantaram contra ele.

Ao se colocar do lado de Kadafi, Fidel não está só anunciando que fará o mesmo em Cuba quando as massas questionarem o seu poder. Já está adiantando os argumentos que usará para justificar a repressão contra os trabalhadores e a juventude. Dirá que tudo é obra dos gusanos e da CIA.


Não havia nem há outro caminho?

Não é verdade que Cuba não tinha ou não tem outra alternativa a não ser cair nos braços do capitalismo mundial. Se os impressionantes recursos gerados pela indústria turística, pela produção e reservas de níquel, pela produção de açúcar, café e tabaco estivessem novamente nas mãos do Estado, e se este voltasse a funcionar com base em uma economia planificada, seria suficiente, no mínimo, para que os cubanos tivessem acesso aos alimentos e aos medicamentos.

Claro que, por mais que expropriasse a nova burguesia nacional e as empresas imperialistas, seria impossível para Cuba, de forma isolada, superar os países capitalistas da região e muito menos as grandes potências imperialistas. Mas por que Cuba teria que continuar isolada? Explodiram dezenas de revoluções em todo o mundo contra o capitalismo. O que aconteceria se a direção cubana apoiasse essas revoluções para que triunfassem? Cuba não ficaria isolada. Por exemplo, na Líbia, as massas estão levando a cabo uma revolução armada contra o ditador Kadafi muito similar à que os cubanos fizeram contra o ditador Batista no fim da década de 1950. O que aconteceria se a direção cubana apoiasse essa revolução? As possibilidades de vitória seriam muito superiores e, dessa forma, Cuba ficaria cada vez menos isolada. Mas, lamentavelmente, já faz muitos anos que a direção cubana não quer “novas Cubas”, por isso foi contra a expropriação da burguesia na Nicarágua e em El Salvador, e agora é contra a expropriação dos fabulosos bens do Coronel Kadafi. Pior ainda, está a favor do genocida.

Não é verdade que Cuba não tinha outro caminho a não ser abraçar o capitalismo. Quem não tinha outro caminho é a direção cubana por não ter defendido, há várias décadas, o caminho da revolução internacional e, sim, o da coexistência com o capitalismo.


Rodear os trabalhadores e o povo cubano de solidariedade

Chamamos os operários, os camponeses, os estudantes e os intelectuais, da América Latina e do mundo, a ser solidários com um povo cubano que está passando fome, suportando uma brutal ditadura, e que está sendo ameaçado de ser massacrado quando começar a se levantar contra os seus exploradores e opressores.

Essa solidariedade deve começar por conhecer e divulgar o que realmente acontece em Cuba. Isso será uma barreira importante para evitar que os futuros lutadores cubanos sejam acusados de agentes da CIA e, com esse pretexto, sejam feridos, presos ou fuzilados, como está fazendo o amigo dos irmãos Castro, o coronel Kadafi, na Líbia.

Estendemos este chamado ao conjunto das direções das organizações de esquerda, inclusive àquelas que são defensoras do atual regime. Fazemos isso porque acreditamos que essas organizações, que estão sendo cúmplices da brutal exploração a que estão submetidos os trabalhadores cubanos, ainda não mancharam suas mãos com o sangue desses trabalhadores.

Chamamos, em especial, os milhares de ativistas honestos que em toda a parte do mundo, sem conhecer bem a realidade cubana, acreditam que Cuba é o bastião do socialismo.

Pode ser que não confiem no que dizemos, porque, embora sempre estivemos do lado da revolução cubana, nunca defendemos o regime dos irmãos Castro. Por isso, insistimos em que se informem pelos seus próprios meios e que, se for possível, viajem a Cuba para ver como vivem e o que pensam os trabalhadores e o povo cubano, para assim verificar se o que estamos dizendo nesta declaração corresponde à verdade ou não. A partir daí, a única coisa que pedimos é que contem a verdade aos seus companheiros de trabalho ou estudo.


O regime cubano está manchando as gloriosas bandeiras do socialismo

Talvez o mais nefasto de tudo o que acontece em Cuba é o fato de que o governo justifica todo o seu projeto contrarrevolucionário (restauração do capitalismo por meio de uma brutal ditadura) em nome do socialismo, porque isso provoca estragos na consciência das massas, em primeiro lugar das próprias massas cubanas.

Em Cuba, resta muito pouco, ou quase nada, da revolução. A revolução agora só pode ser encontrada nos museus, e os seus símbolos – os retratos de Che, de Fidel e de Camilo Cienfuegos – transformaram-se em suvenires, mas só para os turistas, porque, por mais que se procure, é praticamente impossível encontrar um jovem cubano com uma camiseta com o retrato de Che Guevara, com uma bandeira cubana e menos ainda com o retrato de Fidel.

Assim, os cubanos mostram, não só pelo que dizem, a toda hora e em todo momento, como também em suas próprias roupas, que não querem saber nada do governo. Mas, além disso, a nefasta política do governo e do Partido Comunista faz com que muitos se afastem não só do governo, mas também do socialismo, porque é inevitável que, lamentavelmente, muitos pensem: “se isto é o socialismo, eu não sou socialista,” ou, pior ainda, que digam: “se isto é socialismo, sou a favor do capitalismo”.

No entanto, não temos o direito de ser pessimistas. As revoluções que derrubaram as ditaduras dos partidos comunistas do Leste Europeu, as mobilizações de massas da Europa e a revolução árabe não nos dão esse direito. Nem mesmo em Cuba, porque, embora seja verdade que a Revolução de 1959 só possa ser encontrada nos museus, também é verdade que está se gestando uma nova e poderosa revolução, contra o atual regime ditatorial e restauracionista. Por enquanto, ela se expressa em descontentamento contra a ditadura, mas não vai demorar muito tempo para que esse descontentamento, que já está se transformando em ódio em muitos setores, se transforme em ação. E, quando isso acontecer, se entenderá por que os cubanos têm tanto orgulho de seu povo e do seu país, apesar das humilhações diárias a que são submetidos.


Comitê Executivo Internacional da LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhadores – IV Internacional)
São Paulo, 19 de março de 2011


Nota:
1.
Gusanos significa literalmente vermes. Assim é conhecida a burguesia reacionária de Cuba que se exilou na Flórida, EUA.


Retirado do Site do PSTU

Governo prepara mais arrocho para conter a inflação

Diante do aumento nos preços das commodities, Dilma dá carta branca para o Banco Central aumentar os juros


O discurso otimista esbanjado pela então candidata Dilma Roussef no ano passado não durou muito. Tão logo pendurou a faixa presidencial, o futuro deixou de ser tão radiante. Logo na primeira ação do governo, a nova mandatária realizou um corte recorde no Orçamento, tirando R$ 50 bilhões dos gastos previstos para 2011.

O governo anunciou sua política de arrocho para conter a inflação, seguindo o argumento de que o aumento dos preços seria causado pelo crescimento econômico e o aumento desenfreado do consumo. No entanto, o primeiro Relatório de Inflação do Banco Central, divulgado no último dia 30, refuta esse discurso.


Inflação

O documento do próprio governo reconhece que não será possível atingir a meta de 4,5% de inflação para 2011, devido ao aumento nos preços das commodities (produtos para exportação, cotados no mercado internacional) e seu impacto sobre os alimentos. Segundo o relatório do banco, a inflação este ano deve ficar em 5,6%, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Já o mercado acredita numa inflação de 6%. Ou seja, mesmo com uma política agressiva de contenção fiscal para segurar a economia, o governo não deve cumprir sua meta de inflação.

Na apresentação do relatório, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, explicou à imprensa as razões do aumento da inflação: “No segundo semestre de 2010, o mundo e nós fomos apanhados de surpresa por um gigantesco choque de commodities. Em nove meses, os preços subiram 70% e isso tem mais impacto no Brasil do que em outros países”, relatou.

O Banco Central trabalha agora com uma “margem de manobra” para o teto da inflação de 6,5%, mas mesmo isso está ameaçado. Para conter o aumento de preços, Dilma deu carta branca ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini fazer “o que for preciso”. E isso significa juros mais altos, mais cortes, e arrocho. As medidas do governo Dilma já reduziram as expectativas de crescimento para 2011 para 4%.


O ‘sacrifício’ do governo

Representantes do mercado financeiro e analistas econômicos, apesar dos sucessivos cortes anunciados, não se satisfazem e pedem mais sangue. Afirmam ser necessária uma demonstração de “sacrifício” maior por parte do governo. O governo Dilma, por sua vez, atende aos apelos do mercado e passa a bola para o Banco Central elevar ainda mais os juros.

O sacrifício exigido pelo mercado financeiro, porém, não será do governo. Os verdadeiros sacrificados serão os trabalhadores que, além de sofrerem com o aumento da inflação dos alimentos, que atinge em maior proporção os mais pobres, encontrarão pela frente uma economia em desaceleração e serviços públicos cada vez mais sucateados.


Retirado do Site do PSTU

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Eleitor pergunta: Como combater o desemprego?

No último dia 29/03, recebi um questionamento de um eleitor, o Sr. Pedro Aparecido, sobre a questão do desemprego. Confiram:

"Sr. Juary,

Tudo bem?

Votei em você nas últimas eleições porque gosto de suas propostas e de seu posicionamento político. Gostaria de conhecer melhor suas ideias sobre o desemprego. O que o governo de nosso Estado deve fazer para combatê-lo? Já ouvi diversas opiniões e estou bastante confuso.

Muito Obrigado,

Pedro Aparecido
"


Prezado Pedro,

Tudo bem?

Agradeço a sua atenção e fico contente de saber que você depositou sua confiança no PSTU, que é uma alternativa classista e socialista, em defesa dos trabalhadores.

Essa sua pergunta sobre desemprego também foi feita por outros companheiros que votaram na nossa candidatura nas eleições de 2010, de modo que irei expor basicamente o que tenho dito a esses companheiros que nos procuram com dúvidas/questionamentos semelhantes.

Primeiro, temos que encarar o desemprego como ele realmente é: uma mazela social. A última pesquisa do PNAD (2008) informa que aproximadamente 8% dos trabalhadores do RN estão desempregados. Isso significa algo em torno de 120 mil trabalhadores sem emprego. Além disso, quase 65% dos trabalhadores, o que totaliza quase 1 milhão de trabalhadores, estão em empregos informais, ou seja, com baixos salários, sem carteira assinada, relações de emprego precarizadas, sem direitos trabalhistas, etc.

Por outro lado, os patrões lucram muito. Só no Governo Lula, os grandes empresários lucraram 400%, nos últimos oito anos. Também é inaceitável que o Governo Lula tenha gasto 380 bilhões só em 2009 (mais de 35% do orçamento nacional) para salvar os banqueiros e especuladores da crise econômica e não tenha apresentado um projeto, uma emenda, nada que beneficiasse os trabalhadores.

Para solucionar esse problema e necessário, antes de qualquer coisa, ter clareza que este não é um problema localizado somente no RN. O governo local, se fosse controlado pelos trabalhadores e se governasse para eles, poderia fazer muita coisa, principalmente se acabasse com as terceirizações e com a entrega do patrimônio público às empresas. Mas, não se pode atacar de fato o desemprego (que é um fenôneno estrutural do capitalismo) sem parar imediatamente a sangria de recursos (que são dos trabalhadores, recolhidos através dos impostos que vêm sendo destinados a pagar juros e amortizações ao capital especulativo. Se utilizássemos esses mais de 300 bilhões que estão sendo gastos com os banqueiros para custear políticas públicas que garantam emprego, terra, saúde, educação, salário, moradia e vida digna para os trabalhadores, viveríamos em outra situação. Para isso, é necessário estatizar o sistema financeiro e utilizar os recursos em benefício da população. Com esses recursos seria possível financiar um grande plano de obras públicas de saneamento, infra-estrutura, transporte, construção de hospitais e escolas, absorvendo a mão de obra ociosa que hoje existe no país. Uma medida como essa criaria aproximadamente 21 milhões de empregos e poderia perfeitamente garantir o pleno emprego no RN, que precisa e muito desse plano de obras.

E a outra coisa não menos importante é a redução da jornada de trabalho para 36h semanais, sem redução de salário. Isso garantiria a abertura de mais postos de trabalho para absorver os trabalhadores desempregados e os jovens que buscam o primeiro emprego. Os patrões dizem que isso é impossível, mas sabemos que o progresso tecnológico ao longo do tempo propiciou um aumento descomunal na produtividade, ou seja, os trabalhadores produzem em muito menos tempo aquilo que antes levava 8, 10, 12 horas. Significa que os trabalhadores estão produzindo mais, os patrões estão lucrando mais, mas nem o salário e nem os postos de trabalho aumentam na mesma proporção. Pelo contrário, quanto mais o trabalho é mecanizado e automatizado, mais os empresários lucram e mais eles demitem os trabalhadores. Por isso, a redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, é a única medida séria que pode avançar na resolução do problema do desemprego.

Entretanto, sabemos que essas políticas não podem ser simplesmente conseguidas através dos governantes eleitos e, muito menos, do parlamento. Evidente que a nossa presença na Câmara Federal (ou de qualquer outro camarada do PSTU, em qualquer outro posto de representação política) significaria uma postura de denúncia de todas as aberrações que existem no seio do regime da “democracia representativa”, bem como uma luta sem tréguas por essas propostas e por todas as outras que atendem aos interesses dos trabalhadores. Mas, sabemos que os representantes eleitos correspondem sobretudo a um interesse de classe, de modo que a classe dominante (os grandes empresários, os banqueiros, os latifundiários, etc.), enquanto persistir esse modelo de sociedade, sempre terá vantagens para eleger seus próprios tribunos. São as grandes empresas, os bancos, as multinacionais, etc. que financiam as campanhas da gigantesca maioria dos partidos e dos candidatos e não por acaso, quando são eleitos esses governam igualmente para seus financiadores. Portanto, nós do PSTU entendemos que para além da luta para eleger trabalhadores, socialistas e defensores da nossa classe, temos também a obrigação de defender e impulsionar as lutas, as greves, as mobilizações, afinal, os trabalhadores unidos e em luta por suas aspirações podem conseguir coisas que, em tempos de marasmo e descrédito, podem parecer impossíveis.

Espero que tenha respondido a contento suas perguntas. Me coloco à disposição para qualquer dúvida.

Um forte abraço,

Juary