sábado, 26 de maio de 2012

Nota do PSTU sobre as prévias do PT em Recife (PE)

“Capaz de pisar no pescoço da mãe”..., “mau-caráter”... ”corrupto”..., “comprador de voto”... Com essas expressões vulgares trocadas mutuamente, os principais dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) estadual e municipal retratam o que é este partido hoje.

O lamentável espetáculo das prévias com a guerra de liminares, agressões físicas entre os militantes, ameaças e agressões até contra a imprensa que cobriam o evento, deixa a população de Recife com uma pergunta no ar: é essa gente que governa a cidade?


O PT de ontem

Toda uma geração de ativistas sérios e abnegados dedicou parte de suas vidas à construção de um partido que representasse os interesses da classe trabalhadora no país. Homens e mulheres que enfrentavam a Ditadura Militar e buscavam um instrumento de luta contra a exploração e opressão a que eram submetidos nas fábricas, nos canteiros de obra, nas escolas e no campo acreditaram no projeto do PT nos anos de 1980.

Nesse percurso o PT teve um papel fundamental para a construção de uma consciência de classe em determinada época da história recente do Brasil. O jargão “trabalhador vota em trabalhador” resumia esta postura que se difundiu entre uma grande parcela dos trabalhadores. Era um tempo em que ser do PT significava ser um ativista consciente, um lutador de classe, um militante sério. Tinha-se orgulho de erguer a bandeira desse partido nas mobilizações e nos atos públicos.


O PT de hoje

Como todos podem perceber esse tempo já se foi. Hoje o PT abriga em suas fileiras o que existe de pior na política brasileira e suas bandeiras quase não são vistas nos protestos. Não foi o PT que inventou a corrupção, a má administração do dinheiro público, a troca de favores na política. Mas o PT rapidamente se adaptou a tudo isso ao chegar ao poder e hoje comanda o Estado brasileiro seguindo à risca a cartilha escrita pelas velhas oligarquias da direita tradicional (DEM/ex-PFL, PMDB, PSDB e tantas outras siglas de aluguel).

Antes os filiados contribuíam com suas cotizações para a manutenção do partido e tinham direito a decidir sobre os rumos da sigla, hoje o PT se sustenta com dinheiro de grandes empresário (muitos deles acusados de corrupção), de parlamentares (muitos deles envolvidos em escândalos) e de relações questionáveis com o Estado. Tudo é decidido pelos caciques em negociatas das quais os filiados sequer tomam conhecimento.

Dilma, Eduardo, João da Costa e Rands trabalham intensamente para derrotar toda e qualquer mobilização independente dos trabalhadores nos últimos anos, não apenas com o uso tradicional da repressão, mas, principalmente com a cooptação das lideranças sindicais, populares e estudantis.

Essa situação deixa evidente que o imenso nível de investimento público em Suape, através de isenções fiscais, empréstimos e subsídios especialmente para empresas multinacionais, não serviu para alterar em nada a situação da classe trabalhadora no estado. Isso aparece nos níveis baixíssimos de saúde, escolaridade, na precariedade das moradias e no aumento absurdo da barbárie que atinge principalmente os jovens negros e mulheres trabalhadoras, especialmente na cidade de Recife.

Se para os empresários há todo tipo de incentivos, para os trabalhadores o governo de frente popular reserva a truculência e a repressão. Assim tem sido com as mobilizações estudantis contra o aumento das passagens, com a luta dos camelôs pelo direito de comercializarem nas ruas de Recife e com as lutas dos operários de Suape.


As Prévias em Recife

Com essa trajetória, fica fácil entender que nas prévias do PT de Recife não há uma disputa de projetos para governar a cidade. Há uma batalha pelo comando do aparato da prefeitura com seus milhares de cargos comissionados, os contratos milionários com empreiteiras e prestadoras de serviço terceirizado, pelas verbas do PAC e tantos outros recursos federais que nunca são investidos em benefício do povo.

João da Costa, que atuou no passado no movimento estudantil e depois assumiu o controle do Orçamento Participativo indicado por João Paulo, acostumou-se no poder e decidiu que não iria largar o osso, mesmo sendo tão questionado pela população em geral. O povo credita a ele com toda razão os sérios problemas na saúde, na educação e no saneamento da cidade, enquanto aumenta sem parar a arrecadação e os envios de verbas federais nos cofres da prefeitura.

Maurício Rands, que já foi advogado trabalhista do movimento sindical em outra época, acompanhou também o retrocesso do PT e da CUT e não vacilou em ser vanguarda na reforma da previdência que atingiu duramente os servidores públicos, hoje é o agente direto de Eduardo Campos no PT, que o lançou na disputa, com o intuito de intervir diretamente na prefeitura.

Rands cumpriu o lamentável papel de ter sido o relator da reforma da previdência, que acabou com a aposentadoria integral, com a isonomia de reajuste entre ativo e inativo e aumentou o tempo para a aposentadoria de milhares de trabalhadores. Também fez o serviço sujo de ser o chefe da tropa de choque que defendeu os deputados do PT envolvidos no escândalo do mensalão. Não se pode esquecer que Rands é um os defensores fiéis da privatização da COMPESA.


Pela Frente de Esquerda, com um programa socialista

Não basta ficarmos enojados diante desse espetáculo, nossas vidas (salários, empregos, direitos) estão em jogo se esses senhores se perpetuam no poder. A classe trabalhadora da cidade de Recife precisa entrar em cena e se definir por uma alternativa a tudo isso, no campo das lutas e das eleições também.

Nós, do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) aceitamos o desafio de desmascarar o governo de frente popular em Pernambuco e em Recife. Como já afirmamos, nosso compromisso é unicamente com trabalhadores. Afirmamos sem medo de errar que os governos de Dilma (PT), Eduardo Campos (PSB) e João da Costa (PT) estão a serviço dos grandes empresários, banqueiros, latifundiários e políticos corruptos. Chamamos os militantes sérios e honestos do PT a romperem com esse partido que nada mais tem a ver com suas origens.

Achamos que tanto os representantes da velha direita (Mendonça do DEM, Henry do PMDB, Jungman do PPS) como os candidatos governistas (João da Costa e Maurício Rands do PT) fazem parte de um mesmo projeto de governar para os ricos e contra os trabalhadores.

Por isso, estamos apresentando o companheiro Jair Pedro como pré-candidato do partido à prefeitura do Recife. Jair é uma alternativa da classe trabalhadora, comprometido com as lutas populares e disposto a governar apenas para os trabalhadores e povo pobre da cidade.

Desde muito antes das eleições temos feito um insistente chamado aos partidos de oposição de esquerda no estado, especialmente ao psol, ao PCB e também ao PCR, para que formemos uma frente de esquerda. Uma frente que se expressasse nas eleições e nas lutas dos trabalhadores em Pernambuco. Uma frente de oposição de esquerda aos governos de Dilma, Eduardo e João da Costa; vinculada ao processo de reorganização do movimento sindical, estudantil e popular no estado como reflete hoje a CSP/CONLUTAS, com uma clara postura classista, um compromisso com a classe trabalhadora, suas lutas e reivindicações, sem qualquer relação ou apoio financeiro de setores patronais, ou com partidos de aluguel e da direita tradicional no estado.

Esse chamado está mais atual do que nunca.


Retirado do Site do PSTU

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Todo apoio à greve nacional da Educação

Unir estudantes, professores e funcionários contra os ataques do governo Dilma!


Greves se espalham pelo país
“É ou não é piada de salão: tem dinheiro para a Copa, mas não tem pra Educação?”. Esse era um dos vários cartazes carregados pelos estudantes que se manifestaram pelas ruas de Ouro Preto (MG), em defesa da Educação. Essa grande manifestação foi uma das expressões do apoio à greve dos professores das Instituições Federais de Ensino, que começa a sacudir o país. É uma greve histórica, que começou dia 17 de maio com muita força. Entre 59 universidades e institutos ligados ao Governo Federal, já são 46 os que aderiram à greve nacional. Além dos docentes, os funcionários já apresentam um indicativo de greve para o dia 11 de junho. Os estudantes já votaram apoio à luta dos professores em diversas universidades, além de greve estudantil em 18 delas. Estes são dados de quando fechávamos esse texto, dia 24 de maio, mas os números não paravam de crescer.

A partir desse fato, queremos falar com você, jovem brasileiro, que acredita que nosso país tem mudado nos últimos anos. Você, como a maioria da classe trabalhadora, acredita que, na esteira do crescimento econômico brasileiro dos últimos anos, a vida melhorou, com mais universidades, mais emprego e oportunidades. De fato, o crescimento econômico do último período possibilitou um clima de melhorias no país. Mas quem se beneficiou desse crescimento?

O crescimento econômico se deu à custa de um aumento brutal do ritmo de trabalho e de péssimas condições de vida. Isso é o que explica, por exemplo, as diversas greves da construção civil em todo o país. No que se refere à Educação, o crescimento econômico possibilitou uma expansão das universidades, mesmo que discreta e completamente insuficiente. E mesmo essa expansão do ensino superior, necessária à qualificação de mão-de-obra para sustentar o crescimento econômico, não foi para beneficiar os estudantes e trabalhadores da educação, ou mesmo a população em geral.

Infelizmente, essa pequena expansão não foi acompanhada do aumento de verbas suficiente. O governo hoje investe em torno de 3,9% do PIB em Educação, enquanto gasta quase 50% do Orçamento para pagamento da dívida pública, ou seja, para financiar os banqueiros, verdadeiros beneficiados pela onda de crescimento econômico. Dilma se recusa a investir 10% do PIB na educação pública, pauta histórica do movimento. Promete apenas 7% em 2020! Além disso, não pára de fazer cortes no orçamento destinado às áreas sociais: este ano, a pasta da Educação perdeu 2 bilhões de reais. É por isso que, mesmo o jovem que consegue passar pelo funil do vestibular e entrar na universidade, não tem garantida uma boa formação. Perde a juventude brasileira, mas ganham os seus futuros empregadores, que se apoiam na precarização do ensino público para pagar salários menores, não garantir boas condições de trabalho e direitos trabalhistas.


Por quais motivos lutam nossos professores?

A forte greve que estamos assistindo hoje tem como pano de fundo os cinco anos de aplicação do Reuni, um projeto que o governo Lula, com o apoio vergonhoso da UNE, passou goela abaixo de todo o movimento seis anos atrás. O governo do PT, diante de uma fortíssima mobilização contrária, com dezenas de ocupações de reitoria por todo o país, usou da falta de democracia e da repressão para aplicar sua política educacional. Esse projeto é o responsável pelas péssimas condições de trabalho e de estudo nas universidades federais, motivações da atual greve. O movimento avisou há 5 anos atrás que a expansão da universidade pública, que reivindicamos muito, se não fosse acompanhada de aumento de verbas, causaria um brutal ataque à qualidade do ensino superior. Não deu outra: o governo hoje vende expansão e entrega precarização.

Não é à toa que, em todas as grandes assembleias que definiram a paralisação das atividades, os professores falavam das péssimas condições de trabalho. Uma realidade de salários baixos, salas lotadas, falta de tempo para pesquisa e extensão, tendo que se dedicar quase que exclusivamente ao ensino. Toda essa situação também afeta o cotidiano dos estudantes, que tentam estudar em laboratórios muito limitados para o tamanho das turmas, que não têm moradia estudantil, bandejão, bolsas ou creche universitária.

O Reuni faz parte de um projeto global do imperialismo para a educação nos países periféricos. É isso mesmo: a nossa educação por aqui é comandada pelos países ricos e pelo FMI. Eles querem transformar as nossas universidades em fábricas de mão-de-obra barata e especializada, na lógica de manter o Brasil na mesma posição que ocupa hoje na divisão internacional do trabalho, a de exportador de commodities (metais, café, soja, etc...) para o mundo. Não querem que a universidade seja um centro formador de tecnologia, ciência e conhecimento a serviço dos trabalhadores e do avanço do país, rumo a uma maior independência.


No Brasil, os problemas não são exclusividade da educação

Infelizmente, não é só a educação que está mal das pernas em nosso país... Vivemos em meio a uma grande injustiça social. Enquanto existe uma “Cachoeira” de dinheiro para a corrupção, o governo só corta verba das áreas sociais. Enquanto as empreiteiras não param de ganhar dinheiro com as obras para a Copa do Mundo, a juventude e o povo pobre são expulsos de suas casas pela especulação imobiliária. O povo e a juventude não poderão assistir aos jogos de futebol nos estádios que nós mesmos estamos construindo, em virtude dos altos preços dos ingressos e da restrição da meia-entrada. Enquanto o agronegócio e o latifúndio se beneficiam da construção de Belo Monte e do novo Código Florestal, a natureza e a população só sofrem... Enfim, quem sempre se dá bem nesse país são os ricos.

O governo Dilma adora alardear por aí com orgulho a sexta posição do Brasil no ranking mundial da economia. Mas esquece de dizer que ocupamos o 84o lugar em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, que mede a qualidade de vida da população), atrás de países como a Bósnia, Líbano e de nossos vizinhos Chile e Argentina. E esquece também que ocupamos a 88ª posição no ranking da UNESCO sobre educação, com uma taxa de 10% de analfabetismo, fora os 30% de analfabetos funcionais.

Se a nossa educação não tem qualidade em um momento de crescimento econômico, podemos imaginar o que ocorrerá se a tendência à desaceleração de nossa economia permanecer. O Banco Central aponta crescimento de apenas 0,15% no primeiro trimestre desse ano, ou seja, praticamente crescimento zero. Temos que nos preparar para que as consequências da crise econômica mundial, chegando com peso ao Brasil, não sejam todas despejadas nas costas dos trabalhadores e da juventude. Isso é o que a burguesia vem tentando fazer na Europa. Mas não sem resistência.


Aqui e no mundo, a juventude mostra o caminho

Na Espanha, no dia 22, cerca de 100 mil pessoas foram às ruas contra os cortes no orçamento da educação e votaram greve nacional geral da educação, que abarca todos os níveis de ensino. No dia 15 de maio, os indignados espanhóis já haviam voltado à Praça Porta do Sol para comemorar o aniversário de 1 ano do movimento 15M e mostrar que os trabalhadores e a juventude europeia não vão aceitar sofrer as consequências de uma crise que não é de sua responsabilidade. No dia 19 de maio, foi a vez dos alemães. Em uma manifestação em Frankfurt, chamada pelo “Blockupy”, uma vertente dos indignados, foram 400 detidos apenas por lutarem contra a política econômica europeia e as entidades financeiras. Ou seja, os jovens da Europa, lutando contra os efeitos da crise econômica e os chamados planos de ajuste aplicados pelos governos europeus e orquestrados pela Troika (FMI, Banco Central Europeu e União Europeia), não se intimidam com a repressão e não param de se manifestar.

E não é só na Europa que encontramos exemplos de luta e disposição da juventude. Exemplos ao redor do mundo não faltam. A juventude do Oriente Médio e norte da África foi uma grande aliada dos trabalhadores na heroica derrubada de ditaduras da região. No Chile, na última quarta feira, cerca de 100 mil estudantes tomaram as ruas de Santiago, contra os planos de precarização e privatização do ensino, em uma luta que já dura mais de 1 ano. E por aqui, já estamos assistindo a maior greve dos docentes da educação superior nos últimos 10 anos, com amplo apoio dos estudantes.




Expansão com qualidade só com 10% do PIB

Os jovens de todo o mundo mostram o caminho: só com muita luta conseguiremos resistir aos duros ataques que estão sendo promovidos. E os jovens não estão sozinhos. Nós, da juventude do PSTU, estamos permanentemente ao lado dos trabalhadores da educação e de toda a classe trabalhadora do país e do mundo, que se levantam contra as injustiças do capitalismo, pois temos a convicção de que só assim os jovens podem resolver seus problemas. Com ampla unidade entre os estudantes e trabalhadores poderemos ser vitoriosos na luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade.

Defendemos a estatização do ensino privado, o fim do vestibular e o investimento de 10% do PIB para a educação pública, além da democratização das universidades para que elas sejam controladas pelos que nelas estudam e trabalham. Enfim, por uma educação que atenda aos interesses da juventude e da classe trabalhadora, e não das empresas. Uma educação que sirva à construção de um mundo melhor, mais justo e igualitário. É isso o que a juventude do mundo inteiro merece. E é isso que conquistaremos com a nossa luta.


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O sorriso de Cachoeira

“Muito a dizer, nada a declarar”. Foi essa a postura do bicheiro Carlinho Cachoeira, diante dos senadores e deputados da CPI. Alegando que pretende se manifestar antes na Justiça, onde teria "muito a dizer", o bicheiro saiu sem responder as mais de 60 perguntas feitas pelos parlamentares neta terça-feira, 22.

"Fui advertido pelos advogados a não dizer nada e não falarei nada aqui", disse. "Somente depois da audiência que terei com o juiz, se achar que posso contribuir. Podem me chamar que responderei a qualquer pergunta."

Acompanhado por Marcio Thomas Bastos, ex-ministro da Justiça do governo Lula, Cachoeira sorriu várias vezes quando era questionado e chamado por integrantes da CPI de "bandido", "marginal", "arrogante" e "criminoso". O ex-ministro Bastos, aliás, se revela cada vez mais um especialista em defender criminosos. Para quem não lembra, foi ele que “aconselhou” os petistas envolvidos no escândalo do mensalão a tratá-lo como apenas dinheiro “não contabilizado” de caixa dois. Durante a CPI, Bastos foi homenageado por deputados e senadores com um buquê de cumprimentos reverentes, elogios derramados e outras cenas de servilismo explícito.


Deboche e alívio

Apesar da postura de Cachoeira ter provocado declarações de fúria entre os parlamentares, muitos deles, sem dúvida alguma, ficaram bastante aliviados com a opção do bicheiro manter sua boca fechada.

Por outro lado, a patética cena vista na CPI mostra sua total incapacidade de ir até o fim nas investigações. O deboche de Cachoeira é resultado de um acordo entre o governo e a oposição burguesa, que decidiu não convocar os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) para depor. Todos eles estão relacionados com as negociatas do bicheiro. Também escapou de ter que prestar depoimento o jornalista Policarpo Junior, redator-chefe da revista Veja, que na maior cara-de-pau se advoga como a paladina da ética.

Como todos os grandes partidos estão de alguma forma envolvidos no escândalo, o acordão seria uma troca mútua entre governo e oposição para livrar do desgastes nas eleições muitas de suas figuras. É velho enredo já cantado por outras CPI destinadas a uma investigação parcial e controlada.

Outro pivô do escândalo, a construtora Delta, também está se livrando de qualquer investigação. A manobra de não chamar a construtora veio do Governo Federal, que deseja preservar seu aliado, o governador Sérgio Cabral, contra quem foram levantadas suspeitas sobre sua relação com Fernando Cavendish, ex-dono da Delta.

O compromisso em preservar Cabral é publico e notório. O deputado Cândido Vaccarezza (PT) chegou a ser flagrado pela câmara de uma emissora de TV, quando enviava uma mensagem de texto de seu celular de Cabral, diretamente da sessão da CPI, assegurando-o de sua blindagem. No texto da mensagem, um verdadeiro ultraje ao povo, Vacarreza dizia ao governador: “A relação com o PMDB vai azedar na CPI, mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu”.

Por outro lado, o desejo em preservar os numerosos contratos da Delta também pode estar relacionado com o interesse de compra da empresa por parte do grupo J&S, que controla o frigorífico JBS e tem participação do BNDES. Caso se concretize o acordo, teremos um desfecho emblemático para o caso. A empresa envolvida em incontáveis irregularidades seria objeto de um grande negócio de compra e venda, com participação de dinheiro público.

Enquanto a sujeira corre solta na CPI, Cachoeira continuará dando seus risinhos cínicos, diante dos holofotes, como quem sabe que tudo não passa de um grande circo.


Retirado do Site do PSTU

Forte greve no metrô de São Paulo faz governo Alckmin recuar e arranca conquista

Trabalhadores do metrô fazem greve histórica e desmascaram governo paulista


Sindicato dos Metroviários -SP
Assembleia que determinou o fim da greve
Após uma forte greve que durou cerca de 15 horas e que praticamente parou o metrô de São Paulo desde as 0h desse dia 23, a direção da empresa e o governo de São Paulo finalmente recuaram da intransigência que marcava as negociações e, durante reunião de conciliação no TRT, avançaram nas propostas aos trabalhadores.

Embora considerassem a proposta ainda muito insuficiente diante das reivindicações, os metroviários reconheceram o recuo diante da força do movimento. “A proposta da empresa não é a melhor, ainda é muito insuficiente, mas é um conquista e isso não porque Alckmin gosta dos metroviários, mas é o resultado da nossa luta”, afirmou Altino de Melo Prazeres, presidente do sindicato dos metroviários.

Entre as medidas aprovadas pelos metroviários estão o reajuste de 6,17% nos salários (reposição de 4,15% e aumento real de 1,95%), Vale Alimentação de R$ 218 (era de R$ 150, reajuste de 45,3%), Vale Refeição de R$ 23 (era de R$ 19,88, reajuste de 21% ). Já o adicional de periculosidade pago aos seguranças e funcionários da bilheteria subiu de 10% para 15%.

Altino destacou a ampla adesão à greve: “Foi uma das maiores greves de todos os tempos, parando 100% dos operadores de trens e inclusive funcionários de setores que não costumam aderir”, afirmou. A última greve havia sido em 2007


Governo Alckmin mostra a sua cara

Além de quebrar a intransigência da direção do metrô, a greve dos metroviários mostrou a verdadeira cara do governo paulista. Durante a campanha salarial, o sindicato dos metroviários reafirmou que, caso o governo e a empresa aceitassem liberar as catracas para a população, os funcionários trabalhariam normalmente. O desafio do sindicato, porém, foi rejeitado pela direção do metrô e o governador Geraldo Alckmin, que preferiram prejudicar milhões de trabalhadores.

Além de não aceitar a liberação das catracas, o governo foi responsável por imagens grotescas, como a da Polícia Militar reprimindo a população revoltada na estação Itaquera. Centenas de usuários se indignaram com o não funcionamento do metrô e fecharam a Radial Leste gritando “o povo na rua/Geraldo a culpa é sua”, antes de serem dispersos e agredidos por balas de borracha e gás lacrimogêneo.

Com o caos instalado na cidade, o sindicato reafirmou a proposta de liberação das catracas, mas o governo se manteve intransigente. A direção da empresa colocou os supervisores para trabalhar e tentar furar a greve, mas o máximo que conseguiu foi abrir algumas estações mais centrais.




Exemplo de força dos trabalhadores

Os metroviários enfrentaram a truculência do governo paulista, a pressão da direção da empresa e a manipulação sistemática de grande parte da imprensa para protagonizarem uma greve histórica. Mobilização que trouxe à luz não apenas as reivindicações dos funcionários do Metrô, mas a situção precária do transporte público.

“Colocamos em pauta a nossa luta em defesa da revitalização do setor metroferroviário no país, nossa luta contra a superlotação do metrô de São Paulo, que faz com que a população seja transportada como sardinha em lata”, disse Altino durante a assembleia que determinou o fim da greve. O presidente da entidade ponderou ainda que a luta não termina aqui, mas prossegue, inclusive contra a privatização no Metrô e pela equiparação salarial, reivindicação histórica da categoria.

A vitoriosa greve no metrô de São Paulo deve ainda ser um alento às greves que ocorrem hoje, especialmente a dos trabalhadores da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) que estão parados em Belo Horizonte, João Pessoa, Maceió, Natal e Recife. A greve da CBTU ganhou a solidariedade dos metroviários de São Paulo. “Não mporta se é um governo do PSDB ou do PT, atacou os direitos dos trabalhadores aqui ou em qualquer outro lugar, nós vamos defendê-los”, disse Altino.


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  • Quem faz São Paulo parar?


  • Retirado do Site do PSTU

    quarta-feira, 23 de maio de 2012

    Metroviários aprovam greve em São Paulo

    É a resposta dos trabalhadores à intransigência do governo Alckmin e sua política de sucateamento e privatização do transporte; Metrô não aceita catracas livres


    Metroviários aprovam greve em São Paulo
    Assembleia dos metroviários realizada na noite desse 22 de maio reuniu cerca de 2 mil trabalhadores e aprovou por quase unanimidade greve por tempo indeterminado a partir desse dia 23, quarta-feira. Foi uma resposta dos trabalhadores ao descaso e intransigência da direção da empresa e do governo Geraldo Alckmin.

    Antes mesmo do início da assembleia, era visível a disposição de luta dos metroviários, com cartazes dizendo “Greve”, “Mais salários, menos tarifa”, “Mais investimentos nos metrôs”, fazendo coro à campanha impulsionada pelo sindicato “Chega de Sufoco, mais metrô! Menos tarifa!”, que une a luta pelas reivindicações trabalhistas à campanha em defesa do transporte público.

    No início da assembleia, os metroviários deram uma salva de palmas ao maquinista Rogério Fornaza que evitou que o acidente ocorrido no último dia 16 na Linha Vermelha se transformasse em uma tragédia. Na ocasião, ele acionou o freio de emergência assim que percebeu a falha que causou a colisão entre os dois trens. Da mesma forma, os trabalhadores aplaudiram os metroviários e os seguranças que deram suporte aos passageiros acidentados na Estação Carrão.


    Intransigência e greve

    O atraso no início da assembleia apenas serviu para agitar ainda mais o ânimo dos metroviários. Mas era preciso esperar o término da reunião de conciliação entre os representantes do sindicato e da empresa no Tribunal Regional do Trabalho, que começara horas antes. A reunião, porém, não avançou devido à intransigência da direção do metrô, que propõem apenas 4,15% de reajuste e 1,5% de aumento real. Os trabalhadores, por sua vez, reivindicam a reposição da inflação pelo Índice de Custo de Vida do Dieese, de 5,37%, e aumento real de 14,99%, além de Vale Alimentação de R$ 280,45 (a empresa propõe apenas R$ 158,57).

    Uma das principais reivindicações da categoria é a equiparação salarial, mas que também não teve nenhuma resposta por parte do governo. A campanha salarial também conta com bandeiras como 2% do PIB para o transporte público, a redução da tarifa e o fim do processo de privatização imposto pelo governo tucano ao sistema público de transporte.

    O presidente do sindicato dos metroviários, Altino Melo dos Prazeres, apresentou as propostas do metrô na reunião, prontamente vaiadas pelos trabalhadores. Em seguida colocou em votação a greve, aprovada por quase todos os dois mil funcionários presentes no local. Em seguida os metroviários já começaram a organizar as comissões de convencimento para garantir a greve. “Esperamos que a direção do metrô não seja irresponsável e não coloque gente despreparada para operar os trens, colocando a segurança da população em risco”, alertou Altino.


    Governo e Justiça não aceitam catracas livres

    A direção do Metrô rechaçou a proposta dos metroviários de alternativa à greve, de liberar as catracas para a população. Os funcionários do metrô argumentaram que esta seria uma forma de marcar o protesto da categoria e ao mesmo tempo não prejudicar a população, o que sempre é utilizado como justificativa pelo governo e pela Justiça para atacarem o direito de greve no setor. O metrô, porém, não aceitou a medida e chegou, em nota à imprensa, ameaçar a chamar a polícia caso os funcionários liberassem as catracas. desembargadora Anélia Li Chum, do TRT, por sua vez, também proibiu a liberação das catracas.

    A Justiça ainda determinou a manutenção de 100% do efetivo trabalhando durante o horário de pico e 85% nos demais horários, sob risco de multa de R$ 100 mil por dia ao sindicato. A entidade, porém, afirmou que não irá cumprir.


    “Importante para todos os trabalhadores”

    A dirigente do PSTU em São Paulo e pré-candidata à prefeitura da cidade, Ana Luiza, esteve presente à assembleia prestando apoio e solidariedade aos metroviários. “Estou aqui para parabenizar os trabalhadores do metrô e a sua disposição de luta, é uma inspiração para todos os trabalhadores”, afirmou.

  • Sindicato dos metroviários desafia governo Alckmin a abrir catraca


  • Retirado do Site do PSTU

    terça-feira, 22 de maio de 2012

    Em São Paulo, milhares marcham pela legalização da maconha

    Fotos Diego Cruz
    Imagens da marcha
    No sábado, 19 de maio, cerca de 5 mil pessoas tomaram as ruas de São Paulo contra a criminalização do uso das chamadas “drogas”. Atos semelhantes estão ocorrendo em outras 36 cidades do país. Na capital paulista, a manifestação teve início com uma aula pública.

    Palco para a concentração das mais importantes manifestações em São Paulo, o vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) foi sacudido, por volta das 17 horas do último dia 19 por uma palavra-de-ordem cantada por milhares de pessoas, que certamente fez estremecer o coração dos mais conservadores.

    Naquele momento, com a empolgação de quem sabia que estava celebrando uma importante conquista, jovens na sua maioria (mas também muita gente que cresceu embalada pelos anos 1960) começaram a tomar a Avenida Paulista ritmando com palma e bumbos um uníssono grito: “eu sou maconheiro, com muito orgulho, com muito amor” .

    Sem esconder um misto de mal-estar e raiva, centenas de policias não puderam fazer nada mais do que acompanhar a saída da marcha, contendo a visível vontade de partir para a violenta repressão que é característica da forma como a PM persistentemente trata os usuários.

    Uma contenção imposta por uma importante vitória arrancada do Supremo Tribunal Federal que, recentemente (depois do criminoso ataque da polícia à Marcha de 2011), foi obrigado a votar que é constitucional sair às ruas para defender a descriminalização e legalização das drogas.


    A irreverência como marca

    Apesar de caracterizada por uma participação um tanto despolitizada por parte dos manifestantes, a marcha também mantém a tradição de ser recheada por palavras de ordem que mesclam irreverência com reivindicações políticas.

    A maior bandeira agitada na passeata era um exemplo disto. Verde, “cor de erva”, nela podia se ler: “Legalize. Dilma vez!”. O mesmo tipo de humor politizado ecoava em palavras de ordem como “Contra a ganância do Capital, vou plantar maconha no meu quintal”, “Quem mata é o Capital, maconha não faz mal”, “Que contradição, maconha é crime, homofobia não”, “Dilma Roussef, legaliza o beck” e “Arroz, feijão, maconha e educação”.

    Particularmente inspirada, contudo, foi o canto entoado em frente de uma loja do MacDonald’s na Paulista: “Maconha é natural, Big Mac é que faz mal”. No meio de tudo isso, Raul Seixas, obviamente, tinha que se fazer presente. Enquanto faziam o longo percurso, de mais de duas horas, sempre havia um grupo com disposição para entoar, aos berros, “Sociedade Alternativa”, do “maluco beleza” por excelência.

    Igualmente bem-humorados foram muitos dos adereços, fantasias e cartazes exibidos pelos manifestantes. Enquanto “baseados” gigantes (um deles expelindo fumaça colorida) passavam de mão em mão sobre a cabeça das pessoas, vários circulavam envoltos em “sedas” improvisadas, vestidos de “folhas”

    Irreverência à parte, o Manifesto da Marcha, amplamente distribuído durante o percurso até a Praça da República, no centro da cidade, deixava bastante claro os objetivos do protesto: "O debate está em jornais, revistas, redes de televisão. Tomou ruas, internet, livros, personalidades, políticos e campanhas eleitorais (...) e mostra cada vez mais a falência da política proibicionista em termos humanos, de segurança, de direitos, liberdades e saúde pública. O Brasil se tornou um dos mais sangrentos campos de batalha da guerra às drogas, um sistema racista, antigo e ineficiente para lidar como uma questão complexa e urgente. Uma lei que redunda em morte e gastos públicos elevados e de nenhuma forma ataca o consumo entre jovens e adultos, muito menos o abuso: apenas desloca-o para uma esfera ainda mais intocável."


    Direito ao corpo versus os interesses do Capital

    A Marcha da Maconha foi antecedida por uma aula-pública, proferida no vão livre do museu, que contou com a participação do professor de História da Universidade de São Paulo e militante do PSTU Henrique Carneiro e do presidente da Associação de Juízes para a Democracia, José Henrique Rodrigues Torres.

    Explorando os muitos prejuízos provocados pela política repressiva e proibicionista do Estado, Carneiro lembrou que a negativa em legalizar as drogas “não é só um atentado ao direito ao próprio corpo, mas também significa a cooperação com o tráfico e a cumplicidade com todos os setores do Capital que lucram com a ilegalidade, movimentando um negócio de cerca de US$ 400 bilhões”.

    Em sua fala, Carneiro também lembrou dos muitos benefícios que particularmente a legalização da canabis poderia proporcionar. Além de servir de base para a fabricação de fibras e tecidos e milhares de outros produtos, a planta é reconhecidamente importante no tratamento terapêutico de várias enfermidades, inclusive a AIDS e o câncer o que, como lembrou o professor, “é mais um exemplo da conivência do Estado (e contra os interesses e necessidades da população) com outro lucrativo setor do mercado: a indústria farmacêutica”.


    Liberdade e justiça

    Em sua fala, o juiz José Henrique Rodrigues Torres apresentou uma série de princípios jurídicos que fazem da própria criminalização das drogas um ato ilegal. Lembrando que as lutas devem se dar nas ruas, mas não podem menosprezar as conquistas que podem ser feitas nos tribunais, o juiz começou afirmando que “nenhum crime existe como realidade, mas, sim, é sempre uma criação dos legisladores, pautados em suas convicções políticas e seus interesses econômicos”.

    Ainda segundo o juiz, no caso específico das drogas, a criminalização, além de estar a serviço da militarização do Estado, fere princípios básicos de qualquer Estado de Direito, a começar pela própria eficiência da legislação criada, já que está mais do que comprovado que a “guerra às drogas”, baseada na legislação repressiva e proibicionista, não tem resultado em nada mais do que na prisão de milhões, assassinato de uns tantos outros e no gasto inútil de trilhões de dólares.

    A fala do juiz foi particularmente festejada quando ele lembrou que a proibição rompe inclusive com o direito da igualdade, ao criar a distinção entre drogas lícitas e ilícitas, quando se sabe que muitas das que pertencem à primeira categorias (como o álcool e o tabaco) são reconhecidamente danosas à saúde e, no caso das bebidas, estão na raiz de inúmeros e sérios problemas sociais.

    Como ressaltou em uma entrevista concedida ao Portal do PSTU, o principal argumento tem a ver com a própria liberdade. “Minha participação aqui se deve ao fato de que acredito que a criminalização fere até mesmo a liberdade de pensamento. Mesmo depois da resolução do STF, ainda há repressão, mas só a liberdade, que só pode ser garantida pela discriminalização, pode permitir que o debate aconteça, única forma possível para a construção de uma verdadeira e justa política para as drogas".




    O PSTU também está nessa luta

    Marchando ao lado das faixas da Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (Anel), militantes do partido agitavam as bandeiras vermelhas enquanto outros distribuíam o panfleto preparado pela Juventude do PSTU.

    Logo em sua abertura o texto deixa claro o porque o partido, desde de sua fundação, apoia a legalização das drogas: “A ilegalidade permite a lavagem de dinheiro, a criminalização da pobreza, a militarização das favelas e todas as consequências nocivas do tráfico. Além disso, a política proibicionista dos governos impede o avanço nos estudos das finalidades terapêuticas de várias substâncias”.

    Lembrando que “declarar guerra às drogas” só tem significado “declarar guerra à juventude negra e pobre”, o panfleto do partido também destaca que a luta pela legalização tem que ser acompanhada de um programa que se volte contra aqueles que, até hoje, tem lucrado com a ilegalidade.

    Defendendo a “estatização da grande produção e do comércio, sob o controle do Estado”, o texto ainda propõe “uma política democrática de nacionalização para todas as drogas” (lícitas e ilícitas” e que ”o dinheiro arrecado deve ser destinado a fundos de investimentos sociais, ao orçamento da Saúde e, inclusive, ao tratamento de dependentes” .


    LEIA MAIS

  • Entrevista com o professor e pesquisador da USP, Henrique Carneiro


  • Retirado do Site do PSTU

    Grécia mergulha na crise

    População rejeitou política de cortes, que levou o país ao caos social
    Os resultados das eleições na Grécia mostram o imenso repúdio da população contra os partidos que implementaram os planos de austeridade no país. Foram punidos os dois principais partidos, de direita (Nova Democracia) e a social-democracia (Partido Socialista), que sustentaram os governos que jogaram a Grécia em um abismo econômico e social.

    A social-democracia (Pasok) amargou um dos piores resultados de sua história, um quarto lugar, conquistando apenas 41 vagas do parlamento grego. Já a Nova Democracia, apesar de conquistar o primeiro lugar das eleições (o que lhe garantiu mais 50 vagas extras por ser o partido mais votado), ficou longe de obter uma maioria para formar um novo governo.

    Por outro lado, houve um crescimento de todas as outras forças que, de algum modo, eram opostas as políticas da “troika”. Um deles foi da coalizão de esquerda Syriza (frente anticapitalista grega) que obteve o segundo lugar nas eleições. A extrema-direita também apresentou um crescimento preocupante. O partido “Amanhecer Dourado”, com características claramente neonazistas, obteve 6,9% dos votos.

    O resultado levou o país a uma enorme crise política. Nenhum partido obteve maioria suficiente para formar um novo governo. Diante disso, novas eleições foram convocadas para 17 junho.


    “Plano B”

    O mercado financeiro reagiu à instabilidade política na Grécia e a possibilidade de uma saída do país da zona do euro. Um setor da burguesia já fala abertamente em uma “saída ordenada” do país da UE. Uma possibilidade que foi exposta pelo próprio ministro das Finanças de Alemanha, Wolfgang Schäuble. Mas isso significaria uma saída que possa evitar a solvência dos bancos – sobretudo, da Alemanha e França – e impedir uma “contaminação” de toda a União Europeia. Ou seja, um acordo que permitisse ao capital financeiro espremer a Grécia até arrancar suas últimas gotas de riqueza.


    Esquerda anticapitalista pode vencer eleições

    O repúdio aos partidos da troika e aos planos de ajustes coloca, pela primeira vez em toda Europa, a possibilidade de vitória eleitoral de um partido anticapitalista. As pesquisas mostram a possibilidade de vitória do Syriza nas eleições de junho. Pesquisas dão à frente entre 20% e 27% das intenções. Na região metropolitana de Atenas, o Syrisa tem 30% das intenções dos votos.

    Logo depois que a Nova Democracia se viu impossibilitada de formar uma maioria no parlamento, coube ao líder do Syrisa, Alexis Tsipras tentar compor um novo governo. Recusando-se a compor com uma maioria da social-democracia, Tsipras chamou um governo unitário das esquerdas (basicamente Syriza, Partido Comunista e outros partidos de esquerda).

    Em seu comunicado, o Syrisa chamava a composição do novo governo com base em cinco eixos: 1) cancelamento de todos os memorandos e leis impostas pelas troika; 2) cancelamento das leis que acabam com os direitos trabalhistas; 3) reformas na legislação eleitoral estabelecendo a proporcionalidade plena; 4) controle público sobre o sistema financeiro; e 5) Auditoria Pública para a dívida pública e moratória do seu pagamento.

    Diante da clara possibilidade do Syrisa vencer as próximas eleições, consideramos necessário debater alguns pontos deste programa.


    Romper com o UE e suspender o pagamento da dívida

    Apesar de conter medidas extremamente importantes, opinamos que há duas claras limitações no programa apresentado pelo Syrisa. Não há nenhuma menção sobre a necessidade da ruptura da Grécia com a UE e sua saída da Zona do Euro, nem mesmo uma clara perspectiva de suspensão do pagamento da dívida ilegítima criada para salvar os barões do sistema financeiro.

    Sem estas duas medidas, não há nenhuma possibilidade de construir um governo dos trabalhadores. Isso porque a União Européia é um bloco econômico neoliberal e todas suas instituições ameaçam os trabalhadores, pois estão a serviço do capital financeiro na Europa.

    O avanço no desmonte das conquistas sociais nos últimos anos é o maior indício da função do bloco. Assim como é também os “planos de austeridade”, aplicados em todos os países do bloco graças às instituições da UE. Também é impossível a manutenção do Euro como moeda da Grécia. O Euro é totalmente controlado pelo Banco Central Europeu (em última instância pela Alemanha), e serve como um instrumento dos países centrais para amarrar as mãos de países periféricos do bloco nas suas decisões monetárias e econômicas em geral.

    A ruptura com o bloco e o fim do pagamento da dívida são, portanto, condições necessárias para construção de um governo dos trabalhadores. Tais medidas devem ser acompanhadas pela nacionalização do sistema financeiro para colocar os mais de 160 bilhões de euros destinados aos banqueiros e reverter os cortes nos direitos, salários e aposentadorias. Aliás, esse é única medida que poderá salvaguardar as pequenas economias da população depositada nos bancos, ameaçadas pelos grandes bancos. Também é preciso reverter as privatizações, nacionalizar as grandes empresas e colocá-las sob o controle dos trabalhadores.

    Contra a UE é preciso propor outra unidade europeia, sob a base anticapitalista, socialista e de classe, o que não tem nada a ver com o atual bloco neoliberal que só oferece miséria para os povos. Um governo dos trabalhadores e do povo deve levar essas medidas a cabo, apoiado nas organizações que sustentam a mobilização dos trabalhadores e da juventude.


    Retirado do Site do PSTU