sábado, 8 de outubro de 2011

Amanda Gurgel participa de protestos hoje em SP pela Educação

Professora vai a protesto de professores estaduais e, à noite, de lançamento do comitê paulista da campanha dos 10% do PIB para a Educação.


A professora Amanda Gurgel, conhecida pelo vídeo com seu desabafo diante dos deputados do Rio Grande do Norte, participa de dois atos em São Paulo, nesta sexta-feira, dia 7. Por volta das 16h, Amanda leva o seu apoio aos professores estaduais, na Praça da República. Amanda deve falar aos professores, que exigem a volta das férias de 30 dias e o cumprimento da Lei do Piso, referente ao tempo destinado a preparação de aulas e correção de provas. "O tempo para essas atividades nunca é contado. A gente acaba trabalhando domingos e feriados. E agora, São Paulo divide as férias... Não é difícil entender o porquê de tantos professores doentes", avalia Amanda. Os professores pretendem entregar um abaixo-assinado na Secretaria Estadual de Educação, contra a perda de direitos.

A partir das 19h, a professora estará no lançamento do comitê paulista da campanha pelos 10% do PIB já para a Educação. O evento será na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco. Por coincidência, onde o ministro da Educação, Fernando Haddad, estudou e iniciou sua militância política.

A campanha pelos 10% do PIB reúne diversas entidades, como o ANDES-SN, a CSP-Conlutas e a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL). "Vamos fazer um grande plebiscito nacional, em novembro, para que a população opine sobre o investimento em Educação. O Plano Nacional de Educação prevê 7%, mas sabemos que isso não é suficiente", diz Amanda. "Não adianta os governos dizerem que respeitam os professores, sem aumentar o investimentos. Desse jeito, nada vai mudar, continuaremos tendo de dar aulas em duas, três escolas, para sobreviver, e os alunos continuarão sem o direito de aprender."

Além do plebiscito, a campanha prepara atividades no dia 15 de outubro, Dia do Professor. Em São Paulo, serão realizadas aulas públicas, com o tema "Investimentos na Educação Pública". Neste dia, Amanda Gurgel participa de um debate sobre o mesmo assunto, em sua escola, na periferia de Natal.

O dia 15 também será marcado por atos de rua, atendendo ao chamado dos jovens indignados da Europa, por um dia mundial de protestos. "Este ano, o Brasil vai dar R$ 950 bilhões para banqueiros. Como não tem dinheiro para a educação?", questiona a estudante Clara Saraiva, da ANEL. "Temos de tomar as ruas, como os jovens estão fazendo na Espanha e no Chile".


Retirado do Site do PSTU

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A greve dos bancários e a unidade entre governo, direções sindicais e capital financeiro

Greve dos bancários é a mais forte em anos
Na noite de 26 de setembro, bancários de todo o país ergueram seus braços em assembléia para deflagrar a greve da categoria por tempo indeterminado. Os trabalhadores rejeitaram a oferta de 8% de aumento (apenas 0,56% acima da inflação) apresentado pela FENABAN (Federação Nacional dos Bancos) e pelo governo Dilma, uma vez que esta proposta está muito aquém das reivindicações da categoria e dos altíssimos índices de lucratividade dos bancos brasileiros.

A greve dos bancários é uma luta duríssima. Trata-se de um embate entre uma parte da classe trabalhadora e o setor patronal mais poderoso do país. Entretanto, os bancários não somente têm enfrentado a truculência dos banqueiros, mas também a intransigência do governo Dilma, que é o patrão dos bancos públicos e, na relação entre os bancos, população e bancários, sempre tem se posicionado contra os interesses dos trabalhadores.


A relação entre os bancos, população e trabalhadores bancários

Antigamente, no início do desenvolvimento da atividade comercial, comerciantes viajavam para outros países para vender suas mercadorias. Eles tinham necessidade de trocar o seu dinheiro por um valor em moeda utilizado naquele território para, assim, conseguir realizar suas transações comerciais. Da mesma forma, precisavam guardar o dinheiro que acumulavam num lugar que fosse mais seguro que suas casas ou estabelecimentos. Foi assim que os bancos surgiram a partir dessas necessidades, com o objetivo de intermediar transações financeiras e proteger as economias das pessoas.

No entanto, essa imagem do banco do passado deixou de existir há muito tempo. Com o passar dos anos, os capitalistas perceberam que podiam ganhar dinheiro não apenas aumentando a produtividade dos seus trabalhadores, mas utilizando o dinheiro depositado nos bancos para realizar mais investimentos de grande proporção, através de empréstimos. Igualmente, os banqueiros perceberam que poderiam não somente realizar suas antigas funções, mas emprestar dinheiro a juros (tanto aos grandes, como aos pequenos proprietários), transformando dinheiro em mais dinheiro. Assim, o capital financeiro foi se aproximando do capital produtivo de modo cada vez mais profundo, até se transformarem em uma só coisa.

É por esse motivo que hoje os patrões sempre recorrem aos bancos para tomar cada vez mais dinheiro e, assim, otimizarem seu processo produtivo. É também por isso que os bancos, como precisam cada vez mais de dinheiro para financiar toda a economia, estão sempre buscando maneiras de, com dinheiro, produzir mais dinheiro através de altas tarifas e cobranças de serviços; além de redução de gastos com salários de funcionários.

Esta é a razão pela qual os bancos sempre são os que se dão bem, na relação com a população e os bancários. Enquanto a população sofre com as pesadas tarifas, com as longas filas e com o péssimo atendimento; os bancários sofrem com os baixos salários, o ritmo de trabalho intenso e uma violenta pressão por metas. Os bancários são obrigados a cobrar tarifas e vender produtos aos clientes (quando estes muitas vezes sequer precisam), para aumentar o lucro do banco. Da mesma forma, o banco investe em automação e intensifica a exploração sobre o bancário para que não seja necessário contratar mais trabalhadores. Como o objetivo é sempre cada vez mais bater metas de vendas e reduzir os gastos em salários, cliente e bancário sofrem mutuamente: faltam trabalhadores para atender com qua lidade e sobram cobranças de serviços e tarifas para os clientes; enquanto que a corrida pelo lucro impõe cada vez mais exploração do bancário no cumprimento dessas metas, ou seja, no trabalho de extorsão e agiotagem da população.

Não há, portanto, nenhum compromisso dos bancos com a população trabalhadora em geral, nem com os bancários em particular. Ambos são, para os banqueiros, meros instrumentos de obtenção de capital. Os interesses desses parasitas estão sempre voltados para a ampliação de sua acumulação financeira, que servirá para financiar toda a economia capitalista e para a alavancagem de seus próprios lucros.


O poder econômico dos bancos e a submissão de Dilma

Com o desenvolvimento do capitalismo, o setor financeiro fundiu-se com o setor produtivo e adquiriu poderes para controlar toda a economia, mas não se limitou a isso. Visando a garantir as condições para seguir com este controle inalterado, os bancos passaram também a influenciar diretamente na política, financiando partidos e candidatos que aspiram chegar ao poder pelas eleições, de modo que estes fiquem comprometidos a implementar políticas que possibilitem a ampliação dos lucros dos banqueiros.

Como é o poder econômico que define o resultado das eleições não é raro que seja o setor financeiro o responsável por determinar as políticas dos governos. Foi assim com FHC e também com Lula. Em 2008, para salvar os banqueiros da crise econômica, Lula decretou um pacote de socorro financeiro aos bancos, expresso principalmente na transferência de recursos e numa lei (Medida Provisória 443) que deu liberdade aos principais bancos estatais (Caixa e Banco do Brasil) para comprar ações podres das instituições financeiras que estavam à beira da bancarrota. Isto foi o que possibilitou a utilização de dinheiro público para salvar o Banco Votorantim e o Panamericano. À época, Lula liberou mais de 160 bilhões ao sistema financeiro, transformando o PROER de FHC (que custou mais de 20 bilhões) numa verdadeira bagatela. Além disso, segundo dados do próprio Banco Central, as 100 maiores instituições financeiras do país acumularam lucros de aproximadamente 128 bilhões entre 2003 a 2009.

Com Dilma, nada se modificou. Durante sua campanha eleitoral, Dilma recebeu aproximadamente 10 milhões de reais (valores declarados) do setor financeiro. Esta parece ser uma cifra gigantesca para nós trabalhadores, mas, na verdade, foi um investimento muito rentável dos banqueiros. Somente no primeiro semestre de 2011, os cinco maiores bancos do país lucraram mais de 21 bilhões de reais. Se esta média de lucratividade se mantiver, ao final do governo Dilma esses bancos lucrarão mais de 170 bilhões, ou seja, 25% a mais do que praticamente todos os bancos do país lucraram durante o governo Lula.


Por que a estatização do sistema financeiro é uma necessidade

Não é somente o lucro dos bancos que aparece como resultado da submissão dos governos à burguesia financeira. A própria natureza do sistema financeiro se mostra na medida do seu caráter privado.

Quando um governo (como o do PT) opta por não se enfrentar com o setor financeiro, mas, ao contrário, busca integrar-se a ele, o que acaba ocorrendo é que os bancos públicos, que poderiam cumprir outro papel na sociedade, mergulham de cabeça na ciranda de exploração dos bancários e extorsão da população.

Como o sistema financeiro privado é um verdadeiro campo de guerra entre capitalistas que buscam ganhar o mercado do concorrente e como os bancos privados têm total liberdade para realizar as ações mais ofensivas, os bancos públicos terminam também se sentindo obrigados a fazer o mesmo, sob pena de “perderem espaço” em razão da feroz concorrência sobre os clientes. Esta é a razão pela qual a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e demais bancos públicos cada vez mais se transformam em bancos de mercado, que reproduzem uma lógica crescente de mais exploração sobre o trabalhador bancário; e mais pilhagem da população através da cobrança de taxas, juros e serviços. Esses bancos públicos, que poderiam estar a serviço de políticas voltadas para a classe trabalhadora e para a maioria da população, simplesmente não podem fazê-lo, pois o ritmo de suas operações e o caráter dos seus negócios é determinado pela concorrência na qual estão inseridos dentro do sistema financeiro.

Por isso que estatizar o sistema financeiro e colocá-lo sob controle social dos trabalhadores não é um delírio, mas uma necessidade urgente. Esta é a mais importante luta no que toca o combate ao alto grau de exploração, ao assédio moral, à pressão por metas e ao adoecimento entre os bancários. É também a única reivindicação séria no que tange a luta contra as taxas, tarifas e juros abusivos.

A estatização do sistema financeiro deveria, portanto, encabeçar a pauta de reivindicação da categoria, tanto pela necessidade dos bancários, quanto pela sua importância no que se refere às demandas e objetivos sociais. Mas, para isso é preciso muita luta para enfrentar os banqueiros e os governos.


O papel de colaboração da CUT no movimento

Além de lutar contra os banqueiros e o governo, os bancários nos últimos anos têm sido obrigados a enfrentar mais inimigo: as direções sindicais governistas, que insistem em não levar adiante a luta pelas reivindicações dos trabalhadores, em nome da defesa de Dilma Roussef.

A CONTRAF/CUT, Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (ligada à Central Única dos Trabalhadores), não só tem total ciência da realidade vivida pelos bancários e pela população, mas elabora estudos que demonstram a dinâmica crescente de lucros dos bancos e da exploração sofrida pela categoria. A CONTRAF/CUT, que dirige mais de 90% dos sindicatos de bancários do país, poderia, sem maiores problemas, organizar a categoria nacionalmente ao redor de reivindicações importantes como a reposição de perdas da categoria, a estatização do sistema financeiro, a estabilidade no emprego, etc., inclusive articulando com outros sindicatos e categorias (empregados dos Correios, petroleiros, trabalhadores dos Institutos Federais, etc.) que agora também agora se colocam em luta contra a polí tica do governo Dilma.

Entretanto, o governismo da CUT os impede de se chocar com Dilma, e, na medida em que a política do governo está em consonância com as aspirações dos banqueiros, as mobilizações da categoria passam a ser mediadas, limitadas pelo interesse da direção em preservar o governo que apóiam politicamente. Isto faz com que, na prática, uma organização de trabalhadores que deveria ser independente sirva de escudo do governo, e, conseqüentemente, dos banqueiros; justamente num momento em que os trabalhadores bancários estão em luta.

Isso tem se expressado, por exemplo, na postura do Sindicato dos Bancários de São Paulo (o maior do país), que é ligado à CUT e sequer chamou assembléia para definir a pauta de reivindicações da categoria. O Sindicato simplesmente determinou que a reivindicação salarial dos trabalhadores consistiria num índice de 12,8% a ser negociado numa Mesa Única da FENABAN, quando as perdas da categoria já somam cerca de 26% no setor privado, 86% no Banco do Brasil, 98% na Caixa e 107% no BNB!

Além disso, o Governo Dilma tem assumido uma postura truculenta com relação aos grevistas. A exemplo do que está ocorrendo em outras greves de categorias nacionais, o governo tenta de todas as formas criminalizar a luta dos trabalhadores, seja utilizando de instrumentos da justiça burguesa (como o interdito proibitório) para desmontar a greve, seja sinalizando que irá impor o desconto dos dias parados, como é o caso do Banco do Brasil. Os sindicatos ligados à CUT, mesmo diante desse fato, têm se negado a denunciar o governo Dilma e há o risco de se reeditar episódios como o recente acordo fechado no TST entre o governo e a federação cutista dos trabalhadores dos Correios (FENTECT/CUT), no qual a representação da categoria aceitou defender em assembléia uma proposta que aceita o desconto do s dias de paralisação.


MNOB/CSP-Conlutas defende a ampliação da greve e unificação das lutas

Desde 2004, a luta nacional dos bancários construiu o MNOB (Movimento Nacional de Oposição Bancária, hoje vinculado à CSP-Conlutas), que surgiu como uma necessidade de organização para fazer frente à política de colaboração com os banqueiros e o governo, por parte da direção majoritária da categoria, a CONTRAF/CUT.

Neste ano, no mês de julho, o MNOB/CSP-Conlutas – juntamente com os sindicatos de Bauru, Maranhão, Rio Grande do Norte e diversas oposições – realizou um Encontro Nacional que construiu uma pauta de reivindicações e definiu uma atuação para a Campanha Salarial, exigindo, entre outras coisas, 26% de reajuste para toda a categoria, negociações específicas com os bancos públicos pela reposição integral das perdas, jornada de 6h para todos sem redução de salário, fim das metas e do assédio moral, democracia nas assembléias, eleição de comando de negociação na base, etc.

Evidente que a luta por essas reivindicações não é fácil, uma vez que esbarra na truculência dos banqueiros e do governo, no governismo da CUT e na necessidade de fortes mobilizações. Entretanto, mesmo com todos os entraves, os bancários estão construindo uma greve com forte nível de paralisação e que já foi capaz de conquistar importantes avanços. A greve obrigou o BANPARÁ a apresentar uma proposta de reajuste de 10%, concessão de cinco dias de licença-prêmio e anistia dos dias parados. O BRB (Banco Regional de Brasília) também avançou para uma proposta de 17,45% sobre o piso salarial e 24,17% de reajuste na função de caixa. Considerando que esses bancos regionais não possuem os mesmos níveis de lucratividade dos gigantes do sistema financeiro, fica muito evidente que é possíve l conquistar todas as reivindicações da categoria.

Por isso que este é o momento de intensificar e ampliar a greve dos bancários, além de unificar as lutas com as demais categorias em greve ou que irão iniciar processos de mobilização. Bancários, trabalhadores dos Institutos Federais, dos Correios, petroleiros, etc., unificados em luta, podem desencadear ações mais incisivas que não apenas possibilitem a conquista das reivindicações imediatas dessas categorias, mas, sobretudo, a tirada de conclusões políticas por parte de um setor importante da classe trabalhadora, em relação à necessidade de enfrentar os patrões, os governos e a dinâmica exploratória da sociedade capitalista.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Trabalhadores dos Correios atropelam direção e mantém greve

Em uma histórica rodada de assembleias em todo o país, trabalhadores em greve rejeitaram orientação da Fentect. A greve continua


Ato dos trabalhadores dos Correios nesse dia 4 em Brasília
Uma verdadeira rebelião de base. Foi isso o que aconteceu nesse dia 5 de outubro em todo o país durante a greve dos trabalhadores dos Correios. Enquanto fechávamos esse texto, pelo menos 25 dos 35 sindicatos que compõem a Fentect (Frente Nacional dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos) haviam rejeitado o acordo firmado entre a maioria do Comando Nacional de Greve e a direção da empresa. Para a proposta ser aprovado, teria que passar por pelo menos 18 sindicatos.

A proposta de acordo havia sido firmada entre a maioria do Comando de Greve (5 dos 7 membros) e a direção da empresa durante audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho nesse dia 4 de outubro em Brasília. O acordo reafirmava o desconto dos dias parados, o grande entrave das negociações nos últimos dias. Pela proposta, seis dias seriam descontados em 2012 e os 15 dias restantes através de trabalho extra nos finais de semana.

Mesmo se comprometendo a não negociar os dias parados, a maioria da direção da Fentect aceitou o acordo e orientou os sindicatos a aprovarem o final da greve. Ligada à CUT e à CTB, esse setor queria acabar com a paralisação a fim de não desgastar ainda mais o governo. Mas não contavam com a força do movimento e o sentimento de indignação da base da categoria.

Dos 7 integrantes do Comando Nacional de Greve, só José Gonçalves de Almeida, o ‘Jacó’, da FNTC e Evandro Leonir da Silva, do MRL (corrente do Rio Grande do Sul) rejeitaram a proposta e orientaram os sindicatos a votarem a continuidade da greve.


Os trabalhadores dizem ‘não’

Após a audiência do TST, grande parte da imprensa já comunicava o final da greve. No entanto, nesse dia 5, uma a uma, as assembleias foram rejeitando o desconto nos dias parados e aprovavam a continuidade da paralisação. ”Na assembleia de São Paulo o pessoal começou a gritar ‘a greve continua, a greve continua’ antes mesmo de começar, não queriam nem deixar os diretores falarem, para aprovarem logo a continuidade da greve”, relatou Geraldo Rodrigues, o Geraldinho, membro da FNTC e da CSP-Conlutas.

“Hoje foi um dia histórico, porque mostrou a força da categoria e dessa greve, e mostrou que mesmo com todos os ataques do governo , os trabalhadores não vão se curvar”, disse Geraldinho. A greve dos Correios começou com a intransigência do governo em negociar e a truculência, descontando os dias parados pela primeira vez na história da empresa e entrando na Justiça contra o movimento. Agora é a força do movimento que se impõe, rejeita o acordo rebaixado e atropela a direção majoritária da Fentect.

“O desafio agora é a categoria se manter unida e fortalecer ainda mais a nossa greve, para que o governo se veja forçado a abrir negociação e para que tenhamos nossas reivindicações atendidas”, finaliza o dirigente.


LEIA MAIS

  • Acordo do TST mantém desconto dos dias parados


  • Retirado do Site do PSTU

    Grécia tem novo dia de greve geral e repressão

    Crise se aprofunda em meio ao anúncio da demissão de 30 mil funcionários públicos até o final do ano


    Detalhe do protesto desse dia 5, em Atenas
    Esse dia 5 de outubro foi um dia de mais uma greve geral que parou a Grécia e levou milhares às ruas, contra os efeitos da crise econômica e os sucessivos ajustes anunciados pelo governo do socialista George Papandreou (Pasouk). A greve foi convocada pela central que reúne os sindicatos dos trabalhadores do setor público, a Adedy e a GSEE, que representa os trabalhadores privados.

    Bancos, escolas, aeroportos e trens pararam nessa quinta greve de 24 horas realizada só em 2011. Hospitais públicos atendiam somente os casos de emergência. Profissionais liberais como advogados e farmacêuticos também engrossaram as mobilizações. Transporte público, como acontece nesses dias de greve geral, funcionou apenas para transportar os manifestantes.

    Demonstrando cada vez mais indignação em relação ao caos social em que o país mergulhou nesses últimos dois anos de ajustes, o povo grego mais uma vez foi às ruas. A principal manifestação ocorreu na capital Atenas. Quando os manifestantes, na praça Sintagma, marcharam para o prédio do Parlamento grego, foram violentamente reprimidos pela polícia com bombas de gás de lacrimogêneo e cassetetes. Ao menos 12 pessoas foram presas e várias outras ficaram feridas.


    Crise se aprofunda
    A quinta greve geral do país heleno ocorre no momento em que se aprofunda a crise fiscal e o governo anuncia planos de cortes ainda mais radicalizados. Nesse dia 2 de outubro, em pleno domingo, o gabinete do governo se reuniu para anunciar que o país não cumprirá as metas de redução do déficit acertadas com o Banco Central Europeu, a União Europeia e o FMI, em troca da ajuda para fechar suas contas.

    O governo refez seus cálculos ao perceber que a recessão agravada pelos pacotes de austeridade seriam muito mais severas do que se esperava. Não tendo como evitar uma perda na arrecadação, o governo grego, pressionado pela troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI) espera aumentar os cortes para economizar ainda mais e continuar pagando a dívida pública, que chega o equivalente a 145% do PIB.

    Ao mesmo tempo, parte do processo de aprofundamento dos cortes, anunciou um plano para cortar os salários e demitir 30 mil servidores públicos até o final do ano. Até 2015, o governo espera mandar para rua 500 mil funcionários públicos. O desemprego já atinge 16% da população grega.

    A demonstração de combatividade do povo grego, porém, esbarra na direção das principais centrais sindicais. Do mesmo partido de Papandreou, elas se negam a empreender uma greve geral por tempo indeterminado contra a política recessiva do governo, limitando-se às greves de 24 horas.


    LEIA MAIS

  • Grécia pode abrir novo momento da crise econômica internacional


  • Retirado do Site do PSTU

    quarta-feira, 5 de outubro de 2011

    O que é crise econômica?

    O que determina uma crise econômica?
    Toda vez é a mesma ladainha. Quando explode uma crise, os trabalhadores são chamados a dar sua cota de sacrifício para que o país volte a crescer e produzir, como se os ônibus lotados, o ritmo de trabalho e os salários de fome não fossem sacrifício suficiente. Agora começou de novo: a crise econômica internacional ainda nem chegou no Brasil, e a burguesia, o governo e os dirigentes sindicais vendidos já se uniram para convencer os trabalhadores de que não é hora de pedir aumento. Exibem uma infinidade de gráficos, tabelas e projeções sobre o déficit do orçamento, o movimento das bolsas e a inflação.

    Mas ninguém explica para os trabalhadores: Por que ocorrem as crises? Por que elas são tão repentinas? Porque se dão sempre em momentos de grande crescimento da economia? Nossos inimigos nos tratam como crianças. Montam um verdadeiro teatro de sombras, onde dedos retorcidos aparecem como se fossem lindas gaivotas e coelhinhos saltitantes. E assim explicam as crises para os trabalhadores. Querem nos distrair enquanto enroscam a corda em nosso pescoço. Já está mais do que na hora de acabar com esse espetáculo de mentiras, acender as luzes e subir o pano.


    O que é a riqueza e de onde ela vem?

    No meio de tantos números que a burguesia apresenta diariamente, existe um que é mais importante que os outros. Quando ele é divulgado, os burgueses pedem silêncio e escutam atentamente: é o PIB. O Produto Interno Bruto é a soma de todas as mercadorias e serviços produzidos no país durante o ano. A burguesia quer saber duas coisas: 1) qual o valor absoluto do PIB e 2) se ele cresceu ou diminuiu em relação ao ano anterior. Se cresceu, é sinal de que o país está mais rico. Se diminuiu, é porque o país está mais pobre do que estava há um ano atrás.

    Aqui temos uma importante pista para entender a economia: para contar a riqueza do país, a burguesia não se preocupa com a quantidade de dinheiro que circula, mas sim com a quantidade de bens e serviços produzidos. Isso quer dizer: a verdadeira riqueza não está no dinheiro. O dinheiro é apenas uma forma de contar a riqueza. A verdadeira riqueza está nas mercadorias e serviços que o país produz. Essa é a primeira conclusão.

    Mas falta saber: de onde vem essa riqueza? Olhe à sua volta e preste atenção nos objetos que o rodeiam. O que eles têm em comum? Certamente não é a sua utilidade, nem a matéria-prima de que são feitos. Isso é particular de cada objeto. Uma caneta serve para escrever; uma camiseta, para se vestir. A caneta é feita de plástico; a camiseta, de tecido. Nesse sentido, são absolutamente diferentes. O que todos os objetos têm em comum é o fato de que são fruto do trabalho humano. Os objetos úteis produzidos pelo trabalho humano constituem a riqueza da sociedade. Portanto, toda riqueza vem do trabalho humano. Não há um único objeto útil ou serviço que não tenha sido feito pelo trabalho humano. Essa é a segunda conclusão.

    Pode-se argumentar que hoje em dia há vários objetos que são feitos por robôs ou serviços totalmente informatizados, sem a participação do homem. Isso não é verdade. Os robôs, máquinas e computadores apenas tornam o trabalho humano mais eficaz. O robô solda o capô com perfeição. Mas quem faz o robô? O homem. Voltamos então ao início: as máquinas apenas ajudam o homem – toda riqueza vem do trabalho humano.

    Sendo assim, o que faz o capitalista? Ele se apropria da riqueza produzida pelo trabalho do trabalhador e a vende no mercado, obtendo com isso o lucro. Quanto mais riquezas os operários produzirem, maior será o lucro do capitalista. Quanto menos riquezas, menor o lucro.


    Quanto vale uma mercadoria?

    Mas como contar a riqueza produzida? Como saber o valor de uma mercadoria? Ora, se a única coisa comum a todas as mercadorias é o fato de conterem trabalho humano, então o valor de uma mercadoria será determinado pela quantidade de trabalho que ela contém. Se uma mercadoria contem mais trabalho, ela vale mais. Se contém menos trabalho, vale menos. O que vale mais, um Fiat uno ou uma Ferrari? Instintivamente, qualquer pessoa responderia: uma Ferrari! Correto, mas por quê? Porque uma ferrari contem mais trabalho humano. Ela é mais complexa, seu motor é mais potente, utiliza materiais melhores, mais tecnologia. Tudo isso “dá muito trabalho para fazer”. Por isso, de fato, uma Ferrari vale mais que um Fiat Uno, que utiliza materiais simples, pouca tecnologia, ou seja, contem menos trabalho. Mas como medir esse trabalho? Ora, da única forma possível: pelo tempo. Se uma mercadoria leva mais tempo para ser produzida, vale mais. Se leva menos tempo, vale menos.

    Recapitulemos então estes três princípios básicos: 1) a verdadeira riqueza não está no dinheiro, mas nas mercadorias e serviços produzidos; 2) toda mercadoria é fruto do trabalho humano e 3) o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho necessário para produzi-la e esse trabalho é medido em tempo.


    A origem das crises

    Para entender o mecanismo básico das crises econômicas, visitemos uma fábrica qualquer e vejamos como se comporta o seu dono. Digamos que a fábrica em questão produz celulares e o dono se chama Sr. Smith.

    O Sr. Smith emprega várias pessoas e possui várias máquinas. O salário pago aos trabalhadores e o dinheiro que o Sr. Smith gastou nas máquinas constituem o capital do Sr. Smith. É o investimento que ele fez. Ele, como todo burguês, não produz para o bem da sociedade, mas sim para o seu próprio bem. Ele gastou muito dinheiro com máquinas e salários e agora quer ter lucro. Mas não é só isso. Ele quer ter o maior lucro possível com o menor investimento possível. Ou seja, ele busca uma determinada taxa de lucro. Um lucro de R$ 100 mil é bom ou ruim? Depende. Se eu investi R$ 200 mil, é um ótimo resultado porque significa um lucro de 50%. Mas se eu investi R$ 1 milhão, então meu resultado não foi tão bom assim: apenas 10%. Dessa maneira, a preocupação do Sr. Smith será sempre a mesma: como produzir mais com menos investimento?


    O ciclo de crescimento

    O Sr. Smith produz bons celulares e os vende por um bom preço. Com isso, tem o seu lugar assegurado no mercado. Mas o Sr. Smith não é o único fabricante de celulares do mundo. E é aí que começam os problemas...

    Ao lado da fábrica do Sr. Smith existe outra fábrica de celulares quase do mesmo tamanho e praticamente com os mesmos equipamentos, produzindo aparelhos muito similares aos do Sr. Smith e pelo mesmo preço. É a fábrica do Sr. Yakamoto.

    Mas o Sr. Yakamoto resolveu inovar: ele comprou uma nova máquina, ultramoderna, totalmente computadorizada. Com essa máquina ele consegue produzir muito mais celulares em muito menos tempo. Em consequência, os celulares do Sr. Yakamoto inundaram o mercado e ameaçam os negócios do Sr. Smith.

    Qual a reação do Sr. Smith? Se ele for esperto, vai comprar uma máquina idêntica à do Sr. Yakamoto para produzir também muito mais celulares em muito menos tempo. Com a compra da nova máquina pelo Sr. Smith, ocorre uma mudança em sua fábrica: aumenta a quantidade de capital investido na produção. Agora o Sr. Smith tem mais e melhores máquinas.

    Tudo parece muito bem. Mas lembremos o que foi dito mais cima: apenas o trabalho humano gera novas riquezas! A máquina que o Sr. Smith comprou para imitar o Sr. Yakamoto não gera novas riquezas. Ela apenas torna o trabalho humano mais produtivo. Assim, o Sr. Smith investiu dinheiro na produção, mas o valor total das riquezas produzidas na fábrica continua o mesmo. É claro que agora o Sr. Smith produz mais celulares, mas cada celular é produzido em menos tempo do que antes. Portanto, cada celular tem uma quantidade menor de trabalho humano contida nele. Portanto, cada celular vale menosdo que valia antes, quando não havia a máquina ultra-moderna. O resultado é que a taxa de lucro do Sr. Smith caiu: ele fez um enorme investimento, mas a quantidade total de riqueza produzida na fábrica permanece igual, já que os operários continuam trabalhando a mesma quantidade de horas.

    Mas o Sr. Smith é muito inteligente e percebeu uma coisa: se ele aumentar ainda mais a produção (acelerando o ritmo de trabalho, por exemplo, ou criando um turno extra), ele poderá equilibrar essa perda momentânea de lucratividade. Ele vai tentar compensar a queda na taxa de lucro com um aumento da massa total de lucro. Ora, se cada celular vale menos do que valia antes (porque é produzido em menos tempo e tem, portanto, menos trabalho humano), vou produzir então mais celulares para tirar daí a diferença. Começa assim uma “fuga para frente” dos capitalistas.

    Todos os capitalistas que investiram em maquinário para concorrer com seus vizinhos, perceberam que a margem de lucro que eles podem obter em cada celular diminuiu (porque o maquinário custou dinheiro). E todos eles resolveram o problema da mesma forma: aumentaram ainda mais a produçao para compensar a diferença! Alguns até contrataram mais trabalhadores, abriram um terceiro turno etc.

    Como se vê, as coisas começam a ficar tensas, mas ainda não há crise. Ao contrário, esse é o período em que a economia vai de vento em popa. Como estão todos fugindo para frente, a vida parece maravilhosa: o PIB aumenta sem parar, o desemprego diminui, os trabalhadores consomem, os bancos abrem grandes linhas de crédito, tanto para os capitalistas, que não param de investir, quanto para os trabalhadores, que não param de viajar de avião e de se divertir.

    E como a concorrência não para, a fuga para frente continua: cada vez mais máquinas, mais investimentos, mais produção. Cada vez que a margem de lucro cai no celular individual, o capitalista responde com um aumento da quantidade total de celulares produzidos. Estes, por sua vez, ficam cada vez mais baratos para o consumidor, que já não tem mais bolsos para tantos “não-sei-o-quê-phones”.


    A explosão da crise

    Mas chega um determinado momento em que a quantidade de capital investido na produção (máquinas modernas para vencer a concorrência) é tão grande e a margem de lucro em cada celular individual é tão pequena, que nenhuma quantidade de mercadorias compensa tal investimento. Investem-se bilhões, para uma margem de lucro cada vez menor. A única solução seria aumentar os preços. Mas acontece que as vendas já começaram a cair porque o mercado já está inundado de celulares baratos e qualquer capitalista que aumente os seus preços agora vai perder a concorrência para os outros.

    Assim, a única saída que resta ao Sr. Smith é a mais dolorosa: cortar investimento! Nenhuma máquina a mais, fechar o terceiro turno, demitir parte dos funcionários, cortar benefícios e vantagens, produzir menos. Com isso, o Sr. Smith busca diminuir os custos da produção para aumentar pelo menos um pouquinho a margem de lucro que ele pode tirar de cada celular individualmente, já que as vendas começaram a cair e produzir mais seria jogar dinheiro fora. O exemplo do Sr. Smith é seguido pelo Sr. Yakamoto e por todos os outros capitalistas do setor: cortar investimento!

    Assim, a economia capitalista, que viajava a 160 km/h em uma autoestrada de oito pistas, dá um cavalo-de-pau em direção oposta. Agora todos vão dimunir drasticamente a produção, todos vão demitir, todos vão cortar salários e pessoal. O PIB cai abruptamente. A fuga para frente se transforma em uma fuga de verdade: para trás. A abundância se transforma em penúria. O emprego, em desemprego. O otimismo, em medo. O gasto, em poupança. É óbvio que o carro capota. É a explosão da crise. E isto é só o começo...



    Cenas inéditas: o capital especulativo

    Vamos agora analisar outra variante das crises econômicas, as chamadas crises “financeiras”, descobrir como se dá a recuperação da economia rumo a uma nova fase de crescimento e expansão e, por fim, como se gesta uma nova crise, ou seja, vamos entender o seu caráter cíclico.

    Hoje em dia está na moda, quando um filme faz muito sucesso, os produtores lançarem na internet ou em DVD, cenas inéditas que não foram para o cinema quando o filme foi lançado. Digamos que nossa história também possui algumas cenas inéditas, cortadas do primeiro episódio, e que revelaremos agora.

    Em um determinado momento do primeiro episódio, o Sr. Smith, nosso burguês imaginário, percebeu que a taxa de lucro de sua empresa começou a cair, fruto dos gigantescos investimentos que ele era obrigado a fazer para lutar contra seus concorrentes. Como todos nós lembramos, era o momento em que tudo ia aparentemente bem, e a crise apenas se desenhava no horizonte. Naquele momento, na reunião de diretoria da empresa, alguns acionistas propuseram cortar investimento, demitir pessoal e diminuir a produção logo de cara, para evitar maiores problemas. Mas um outro setor de acionistas, com maior “visão empresarial”, propôs uma outra saída: Não fechar nenhuma planta, nem demitir ninguém por enquanto. Mas pegar o dinheiro que deveria ser utilizado em novas máquinas e tecnologia, e aplicar tudo no mercado financeiro! Era a saída perfeita: ninguém perderia seu emprego e a queda da lucratividade da empresa seria compensada com os juros fáceis dos fundos de investimento.

    Descobriram um ótimo fundo de investimento que dava até 25% de juros ao ano e se jogaram de corpo e alma no novo negócio. A vida novamente sorriu para o Sr. Smith. A cada R$ 1 milhão que ele investia na produção, ganhava apenas R$ 100 mil, ou seja, tinha uma taxa de lucro relativamente baixa de 10%. Mas em compensação, a cada R$ 1 milhão que ele investia no mercado financeiro, ganhava nada menos do que R$ 250 mil! O departamento financeiro da fábrica se transformou no verdadeiro coração da empresa, em uma fonte de lucros muito mais importante do que a linha de produção.

    Mas como vimos, todos os capitalistas tendem a agir da mesma maneira. Assim, tal como o Sr. Smith, também o Sr. Yakamoto resolveu compensar a queda da lucratividade de sua fábrica especulando no sistema financeiro. E com ele, outros milhares e dezenas de milhares de capitalistas fizeram a mesma coisa. Dessa forma, uma enorme quantidade de capital, que deveria ser investido na produção, começa a migrar para o sistema financeiro. A quantidade de capital girando na ciranda especulativa é tão grande que começa a superar a quantidade de capital investido na produção real. Em um primeiro momento, isso não causa nenhum problema. Ao contrário, a quantidade de crédito disponível para a população aumenta, os bancos oferecem rendimentos cada vez maiores, inventam novas modalidades de aplicações e a economia se aquece ainda mais.


    As bolhas especulativas

    Mas lembremos o que foi dito no primeiro artigo e que estabelecemos como um princípio básico para entender a economia: somente o trabalho humano gera novas riquezas. O dinheiro é apenas uma forma de contar a riqueza. A riqueza está nos bens e serviços reais e não no dinheiro. Esse princípio está em evidente contradição com a situação que descrevemos. O que está acontecendo? Ora, o que está acontecendo é que os burgueses, ao deslocarem seus capitais para o mercado financeiro, começam a multiplicar uma riqueza que não existe de verdade, que não tem nenhuma base real. A quantidade de dinheiro que se multiplica como um milagre na conta dos especuladores deixa de corresponder à quantidade de bens e serviços produzidos. Um abismo se abre perante os capitalistas e eles caminham alegremente em direção a esse abismo, arrastando consigo toda a sociedade.

    Como nos desenhos animados, os capitalistas continuam andando no ar sem cair no abismo. Só caem quando percebem que não existe mais chão. Enquanto todos acreditam na ciranda financeira, tudo vai bem. Mas chega um momento em que as pessoas se dão conta que a distância entre a riqueza real produzida e aquilo que os bancos oferecem é grande demais. Começam os boatos sobre falências e calotes. Se apenas dois ou três especuladores retiram seus investimentos do mercado financeiro, nada acontece. Mas se um número excessivamente grande de “investidores” perder a “confiança” nos bancos e no mercado, e decidir retirar seus investimentos, os bancos não terão como devolver o dinheiro investido e muito menos pagar os juros prometidos. De repente, se revela o fato que todos já sabiam, mas não queriam reconhecer: o dinheiro prometido pelos bancos nunca existiu, era apenas “bytes” eletrônicos nos computadores, apenas promessas de uma riqueza que nunca foi produzida. E um banco que não consegue pagar seus clientes só pode ter um destino: a falência, o fundo do abismo.

    Quando isso acontece, a pirâmide financeira desmorona. A lucratividade das empresas, mantida artificialmente em alta com a especulação feita pelos departamentos financeiros, cai violentamente. Resultado: o Sr. Smith, que já havia diminuído o investimento na produção para especular na bolsa, agora encerra todo e qualquer investimento. O exemplo do Sr. Smith é seguido pelo Sr. Yakamoto e por todos os outros capitalistas. É a explosão da crise.


    Todos os caminhos levam à crise

    Como vimos, nossa história pode ter duas tramas diferentes, mas o final é o mesmo. Os capitalistas podem adiar a crise econômica, criando “bolhas especulativas” que retardam a queda da lucratividade de suas empresas. Mas no final das contas, a verdade se impõe: apenas o trabalho humano gera novas riquezas. A especulação financeira nada mais é do que uma outra forma de concorrência entre os capitalistas, uma outra maneira de tentar se apropriar da riqueza real, produzida nas fábricas, nos campos e nas minas.

    Portanto, as chamadas crises “financeiras” são apenas uma forma diferente de manifestação da mesma crise de superprodução que vimos no primeiro artigo. Na raiz de qualquer crise estão, repetimos, a queda da taxa de lucro e a superprodução de mercadorias.



     
    Como os capitalistas saem das crises

    Independentemente de como a crise venha a explodir, a economia capitalista não pode ficar eternamente paralisada. Isso significaria o colapso da sociedade. Depois de toda crise, vem sempre um período de recuperação. Depois dessa recuperação, ocorre um novo auge e uma nova queda. As crises capitalistas têm, portanto, um caráter cíclico. São como as estações do ano: o outono pode atrasar um pouco, o verão pode ser mais frio que no ano passado, pode haver um “veranico” no início de junho, mas uma vem sempre depois da outra, sempre na mesma ordem, e o que é mais importante: elas sempre chegam.

    Uma vez instaurada a crise, os capitalistas, para recuperar sua taxa de lucro, utilizam vários mecanismos:

    1) Fechamento das plantas menos lucrativas. É o que aconteceu, por exemplo, com a GM em 2008, que fechou suas fábricas nos EUA, mas manteve abertas e até mesmo aumentou o investimento nas fábricas do Brasil porque são as mais lucrativas do grupo, ou seja, são as que mais exploram os seus funcionários;

    2) Diminuição dos gastos com pessoal. Esse objetivo, por sua vez, pode ser atingido de várias maneiras: diminuição dos salários, da PLR, dos abonos etc, ou então a demissão de uma parte dos trabalhadores. Aqui é importante lembrar: os capitalistas não conseguiriam aplicar esse expediente sem a ajuda dos líderes sindicais traidores. São eles que convencem os trabalhadores de que “todos devem fazer a sua parte” para que o país saia da crise. Significa: os capitalistas entram com a corda, e os trabalhadores com o pescoço;

    3) Invasões e guerras. Elas reaquecem a produção de armamentos e a construção civil (para os planos de “reconstrução” do que foi bombardeado etc), além de significarem a conquista de novos mercados. Foi assim que Bush se recuperou da crise econômica de 2000-2001 nos EUA: invadindo o Iraque e o Afeganistão;

    4) Grandes falências, que facilitam a vida dos capitalistas sobreviventes pois diminuem a concorrência.

    Chamamos esses recursos de “queima de capital” porque significam a destruição do potencial produtivo da sociedade para recuperação posterior. É irracional, mas é assim. O ciclo de destruição-reconstrução é a única forma que o capitalismo conhece de sair das crises.


    Um novo auge e uma nova queda

    Mas a verdadeira recuperação só tem início quando os capitalistas retomam os investimentos e a taxa de lucro começa a se recompor. Em geral, essa fase inclui: 1) o desenvolvimento de novos ramos produtivos, como a informática, a biotecnologia etc; 2) a incorporação de novos mercados ao sistema, como a China; 3) a expansão dos mercados antigos, como o que foi feito com o mercado interno brasileiro em 2008 e 4) grandes injeções de dinheiro do Estado nas empresas, como o que foi feito pelo governo Lula com a redução do IPI para a indústria e a liberação do empréstimo compulsório para os bancos. Quando isso acontece, investir na produção volta a valer a pena; a economia se reaquece; os estoques, antes abarrotados, começam a se esvaziar novamente; os trabalhadores recuperam os seus empregos, a produção se acelera, a concorrência se acirra de novo.

    Mas como se vê, a fase de recuperação da economia nada mais é do que a preparação da próxima crise. Por outro lado, a explosão da crise já é o início da próxima recuperação e assim por diante. Dessa maneira, a economia capitalista nunca encontra o equilíbrio. Vive de crise em crise.


    As crises e o socialismo

    A existência de grandes crises cíclicas na economia já foi aceita pela maioria das pessoas. Mas não deveria ser assim. As crises capitalistas são a prova da irracionalidade desse sistema, no qual a tecnologia e a alta produtividade do trabalho são ao mesmo tempo fontes de conforto e abundância, mas também de miséria e desespero. Um sistema que se afoga em sua própria riqueza, enquanto pessoas comem lixo na rua, não merece existir.

    Somente uma economia socialista, voltada para as necessidades mais sentidas da própria população, poderá transformar a sucessão caótica de crises e recuperações em um desenvolvimento pacífico e harmonioso de todas as potencialidades contidas no trabalho humano. Somente o socialismo no mundo inteiro será capaz de substituir os rigorosos invernos e os verões escaldantes, prejudiciais para qualquer organismo, por uma eterna primavera.


    Retirado do Site do PSTU

    Correios em Greve: acordo mantém desconto dos dias parados

    Cerca de 2 mil trabalhadores rejeitaram o acordo; direção da Fentect orienta final da greve


    Agência Brasil
    Mobilização em frente ao prédio do TST nesse dia 4
    Cerca de dois mil trabalhadores dos Correios acompanharam, do lado de fora, a audiência no Tribunal Superior do Trabalho (TST) entre o Comando de Greve e a direção da empresa. Caravanas de várias partes do país foram a Brasília protestar por reajuste e contra o corte dos dias parados realizados pelo governo. Os funcionários dos Correios completaram 21 dias de greve nesse dia 4 de outubro, demonstrando força e indignação com a forma truculenta com que o governo vem tratando o movimento.

    Após quatro horas de negociação, a vice-presidente do TST, Maria Cristina Irigoyen Peduzzi chegou a um acordo com a maioria do Comando (setor ligado à Fentect, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos). O acordo estabelece reajuste de 6,87% retroativo a agosto e aumento linear de R$ 80 a partir de outubro, mas mantém o desconto nos dias parados, um dos principais entraves nas negociações entre a direção da ECT e os trabalhadores.


    Dias parados

    Sobre um dos principais entraves na negociação entre trabalhadores e o governo, a direção da empresa, pelo acordo, terá que devolver os seis dias que já descontou nos contracheques, mas eles serão descontados novamente, desta vez parcelados em 12 vezes a partir de janeiro do ano que vem. Os outros 15 dias seriam compensados com trabalho extra nos finais de semana.

    “Colocamos essa proposta em votação aqui e ela foi rejeitada por unanimidade pelos trabalhadores”, informou de Brasília Geraldo Rodrigues, o Geraldinho, dirigente da FNTC (Frente Nacional dos Trabalhadores dos Correios, oposição à Fentect) ao Portal do PSTU. “Todos ficaram muito revoltados com a manutenção do desconto, ninguém aqui concorda com isso”, ressalta o dirigente.

    Comunicado publicado pela Federação nesse dia 3 de outubro informava com destaque “Comando reafirma: não negociará desconto dos dias parados” . A direção da Fentect , porém, não só negociou, como aceitou o acordo e está orientando o final da greve. “Depois de 21 dias de greve, os funcionários estavam ansiosos para voltar ao trabalho", justificou o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva, o “Talebã”, ao Portal do G1.

    Apesar do que vem sendo veiculado por parte da imprensa, a greve continua. Nesse dia 5 ocorrem assembleias nos estados que vão decidir os rumos do movimento.


    Retirado do Site do PSTU

    terça-feira, 4 de outubro de 2011

    Ocupe Wall Street!

    Jovens acampam em centro financeiro dos EUA contra os efeitos da crise e da política econômica de Obama


    Jovens marcham pelas ruas próximas a Wall Street
    Wall Street, coração financeiro do capitalismo mundial, está ocupada por manifestantes desde o dia 17 de setembro. Milhares estão acampados no local em protesto contra as políticas do governo Obama que despejou bilhões de dinheiro público para salvar os bancos.

    O movimento, denominado “Occupy Wall Street” (ocupe Wall Street), foi convocado pelas redes sociais e tem uma óbvia referência com a ocupação da Praça Puerta del Sol, em Madri, e da Praça Tahir, no Cairo.

    O movimento surpreende pelo fato de se fortalecer a cada dia, apesar da dura repressão enfrentada pelos manifestantes. No ultimo dia 24, os manifestantes sentiram a mão pesada da repressão. O prefeito de Nova York, o republicano Michael Bloomberg, oitavo homem mais rico dos EUA, ordenou que a polícia reprimisse os acampados, o que resultou na prisão de mais de 80 jovens.

    No último dia 2, o prefeito novamente apelou para a repressão e ordenou que a polícia investisse contra os manifestantes quando estes tentavam ocupar a Ponte do Brooklin. Cerca de 700 pessoas foram presas. Para prender tanta gente, a polícia usou redes numa verdadeira “pesca” humana. Mas por incrível que possa parecer, o protesto segue com força, e ganha a adesão de intelectuais e artistas, como o diretor de cinema Michael Moore, a atriz Susan Sarandon, Noam Chomsky e Amy Goodman.

    “Venham todos ocupar Wall Street” , pediu Michael Moore em seu blog. “É a primeira vez que uma multidão de milhares toma as ruas de Wall Street” , prossegue o cineasta. A grande imprensa dos EUA, por sua vez, boicota escancaradamente os protestos.



    A manifestação já começa a se estender para outras cidades dos Estados Unidos. Em Boston, Chicago, Los Angeles e Washington as mobilizações contra o sistema financeiro, a ganância e os cortes no orçamento federal americano vão surgindo, embora existam desigualdades. Em Boston, cerca de 3 mil pessoas participaram de uma passeata no dia 1°. Foram presas 24 manifestantes.

    Seria o início da primavera norte-americana? Tal conclusão seria demasiadamente precipitada. Mas uma coisa é certa. A ocupação mostra que os EUA também estão conectados ao movimento mundial dos “indignados” que, em todo mundo, não para de crescer.

  • Site do movimento 'Occupy Wall Street'


  • Retirado do Site do PSTU