sábado, 7 de julho de 2012

Nas eleições, a ousadia das candidaturas socialistas!

Nas lutas e nas eleições o PSTU apresenta o socialismo como saída para os trabalhadores
Nas eleições deste ano, os grandes partidos e seus candidatos vão apresentar soluções milagrosas para resolver todos os problemas sociais. Em suas campanhas milionárias, tentarão manipular a população por meio de gigantescos aparatos de marketing eleitoral, pagos a peso de ouro.

Num passe de mágica, partidos e candidatos comprometidos com as grandes empresas são subitamente transformados em defensores dos trabalhadores. Corruptos e candidatos a corruptos viram defensores da ética na política.

A direita (PSDB e DEM) vai tentar utilizar o julgamento do mensalão para atacar o PT. O PT vai usar o escândalo Do bicheiro Carlinhos Cachoeira para atacar a direita. No entanto, apesar das expectativas dos trabalhadores, o PT não defende nem aplica um programa distinto da direita. Os governos do PT (e os partidos que são parte de seu bloco como PMDB, PSB, PCdoB) e da direita são estreitamente ligados aos bancos e grandes empresas e têm a mesma prática corrupta da direita.

O PSTU está lançando pré-candidatos em todo o país. A crise econômica mundial europeia, com a Grécia no epicentro, mostra que os ventos podem novamente soprar em direção ao socialismo. É preciso ousar na defesa do socialismo e superar a polarização entre os dois blocos (o do PT e o da direita) que têm o mesmo programa.


'Me engana que eu voto!'

Para garantir a dominação, a democracia dos ricos e poderosos cria a falsa ideia de que o povo decide tudo com o voto, de que basta “eleger outro” para resolver os problemas.

O problema é que as eleições funcionam como um jogo de cartas marcadas.
Os grandes partidos elegem a maioria dos candidatos, por meio de polpudos financiamentos dos empresários e banqueiros. Depois de eleitos, a fatura é cobrada. Assim, empreiteiras, grandes empresas, latifundiários e bancos têm acesso a contratos com o Estado, em licitações fraudulentas, além de conseguirem aprovar leis em seu favor, contra os trabalhadores. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a aprovação do novo código florestal, a criação da Previdência privada para o funcionalismo (o Funpresp), entre outros exemplos.

O caso Demóstenes e do bicheiro Cachoeira é uma ilustração clara da natureza da dita “democracia” em que vivemos. Os ricos e poderosos podem tudo, à custa da miséria do povo pobre. O Senado e a Câmara dos Deputados são verdadeiras tribunas de negócios e privilégios, onde a corrupção é parte desse mesmo jogo. Nas prefeituras e Câmara de Vereadores a situação é a mesma. A corrupção rola solta, enquanto leis são aprovadas contra a população trabalhadora todos os dias.


Uma campanha diferente

As mudanças necessárias em nossas cidades e no país só vão acontecer com o povo na rua, mobilizado e organizado. Para nós as eleições servem para fortalecer a luta dos trabalhadores e divulgar o programa socialista. Por isso é tão importante que os trabalhadores e os jovens que estão a frente das lutas sindicais, estudantis e populares se integrem no apoio as nossas candidaturas.

Não vamos ter em nossa campanha nem o dinheiro das empresas nem o dinheiro da corrupção. Nossas campanhas serão pobres, a partir das contribuições dos que trabalhadores e jovens que nos apoiam. Isso para nós é um princípio. Teremos menos recursos de campanha, mas continuamos independentes da burguesia e dos corruptos. Podemos ter um programa contra todos eles.

Acreditamos que é muito importante votar e eleger nossos candidatos socialistas. O voto em um candidato nosso significa fortalecer uma estratégia socialista para a sociedade. A velha história do “voto útil”, no candidato “menos pior”, só fortalece a continuidade da situação atual.

A eleição de um vereador revolucionário representa um importante ponto de apoio para a luta dos trabalhadores. Nossos pré-candidatos são militantes com um importante histórico de lutas. Muitos deles estiveram ao seu lado como na batalha contra a reintegração do Pinheirinho, nas greves operárias da construção civil e metalúrgicas, nas mobilizações do funcionalismo e da juventude.

Um parlamentar revolucionário pode ocupar a tribuna, ajudando na mobilização e rompendo o enorme bloqueio imposto pela grande imprensa às lutas. Pense, por exemplo, como seria importante a atuação de um vereador do PSTU em uma luta como a dos moradores do Pinheirinho, ou qualquer outra luta por moradia denunciando a contrarreforma urbana e a especulação imobiliária; ou ainda nas greves dos operários da construção civil de Fortaleza; nas lutas dos trabalhadores em educação defendendo 10% do PIB para investir no setor. Ou ainda, presente na luta da juventude contra o aumento da passagem e defendendo a estatização completa do transporte e tarifas subsidiadas.

O mandato de um vereador do PSTU servirá para fortalecer todas essas lutas, denunciar as falcatruas do regime, apoiar e divulgar as greves. O gabinete de um vereador nosso será o terreno ou edifício ocupado pelos sem-tetos, as ruas e canteiros de obras tomados por greves e mobilizações, o piquete de todos aqueles que cruzam os braços para defender seus direitos.


Sem privilégios

Um vereador do PSTU não terá os privilégios de todos os outros parlamentares. Eles ganharão o mesmo salário que recebiam antes de ser eleitos. Assim, viverão nas mesmas condições sociais de antes.

Não temos a ilusão de que as mudanças reais no país virão através do jogo de cartas marcadas das eleições. Mas somos conscientes de que o processo eleitoral é importante para a disputa política pela consciência e pelo voto dos trabalhadores para fortalecer uma perspectiva socialista e transformadora.

Nesta edição mostraremos alguns de nossos mais importantes pré-candidatos que apresentam propostas socialistas para os problemas sociais que vivemos nas cidades. E queremos chamar você, ativista que está junto conosco nas lutas, a se integrar no apoio as nossas candidaturas.


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Editorial do Opinião Socialista n.444: A ousadia de querer mudar o mundo

Especial eleições


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Servidores públicos definem calendário de luta com atos nos estados, marcha e acampamento em Brasília

Agência Brasil
Servidores protestem em Brasília
Contra a intransigência do governo em não reabrir a negociação com os setores do funcionalismo público, servidores em greve prometem intensificar ainda mais as mobilizações neste mês de julho. A categoria promoverá diversas atividades com mobilizações nos estados, acampamento e marcha dos servidores em Brasília.

Os docentes das universidades Federais em unidade com os professores, técnicos-administrativos e estudantes das Instituições Federais de Ensino (IFE) já deram o ponta pé inicial nas atividades e realizaram um café da manhã em frente ao Ministério do Planejamento nesta segunda-feira (2) e se somou à atividade do Comando Nacional da Greve dos Estudantes nesta terça-feira (3).

As mobilizações não param por aí. De 9 a 13 de julho diversas categorias, organizadas pelo Comando de Greve, promoverão atividades conjuntas no Distrito Federal. Essas ações vão se combinar com mobilizações unitárias realizadas em todo país.

Os servidores vão tomar novamente as ruas de Brasília numa nova marcha que será realizada no dia 18 de julho.

Um Acampamento Unificado da Greve Nacional dos Servidores Federais em Brasília também está sendo organizado pela categoria de 16 a 20 de julho.

Esse calendário de luta foi definido na última reunião do Fórum Nacional das entidades do funcionalismo federal, realizada no dia 26 de junho. Segundo o relatório, divulgado pelo órgão, o governo não apresentou qualquer perspectiva de abertura de diálogo com o movimento grevista. Por isso, a análise feita pelas entidades presentes é da necessidade de fortalecer as ações do movimento grevista e ampliar a paralisação.


Balanço das greves

A paralisação nas Universidades Federais, iniciada em 17 de maio, já abrange 57 das 59 Universidades e 37 Institutos Federais. Esses docentes têm realizado diversos atos e manifestações em Brasília e nos estados em busca da abertura de diálogo com o governo, interrompida no dia 19 de junho.

Os servidores da base da Fasubra estão parados há mais de 20 dias, com adesão de 56 instituições e também realizam um processo intenso de lutas.

A greve dos servidores da saúde, organizados pela Fenasps , teve início em dia 20 de junho e o processo de adesão ao movimento que cresce a cada dia.

A greve dos servidores da base do Sinafese conta com 183 campi paralisados.

Todos esses servidores estão fortalecendo suas lutas unificando as atividades e calendário de mobilizações.


Retirado do Site do PSTU

Produção industrial tem nova queda e rebaixa ainda mais expectativa do PIB

Governo Dilma já deu R$ 102 bilhões à indústria em incentivos, enquanto setor demite


Setor automotivo puxou queda
A divulgação da produção industrial de maio, realizado nesse dia 3 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), acendeu a luz amarela no governo. No primeiro mês da implementação de uma nova rodada de desoneração à indústria, esses números estavam sendo aguardados com expectativa. E pelo jeito, as ações de “estímulo” do governo Dilma ao setor não foram suficientes para conter a freada. Em maio, a produção industrial caiu 0,9% em relação a abril, nona queda consecutiva, acumulando retração de 3,4% só este ano.

Em relação a maio de 2011, a queda acumulada foi 4,3%, a pior desde setembro de 2009, quando o país enfrentava os efeitos da crise econômica internacional. A indústria automotiva puxou os resultados negativos, despencando 5,3% nesses 12 meses. O setor de alimentos, que vinha em uma dinâmica de crescimento, caiu 3,4% no mês. Já a produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) caiu 1,8% em maio em relação a abril e 12,2% ao longo do ano. Isso indica uma redução nos investimentos da indústria e mais resultados negativos à frente.

Tal quadro jogou ainda mais sombra no resultado do PIB do país em 2012, com analistas de mercado vislumbrando uma quase estagnação, com expansão de apenas 1% a 2%. Só o governo ainda aposta ainda num crescimento de 3,5%. É o resultado, na indústria, da redução dos investimentos no último período, reflexo da crise que ainda castiga os EUA e se aprofunda cada vez mais na Europa.




Governo financia demissões

A queda na produção industrial, sentida em 14 dos 27 ramos da indústria, além de apontar com ainda mais força a tendência de estagnação da economia, mostra a ineficiência da política de isenções e subsídios à indústria. Só no governo Dilma foram oito pacotes de “estímulos” que, juntos, somaram R$ 102 bilhões, segundo levantamento realizado pelo jornal O Globo, que destaca que tal montante equivale a mais de um mês de arrecadação de todos os impostos e contribuições do governo federal.

O dinheiro que o governo deixa de arrecadar, porém, não está indo para a reativação da produção, e muito menos para geração de empregos. Pelo contrário, as indústrias beneficiadas não estão contratando e algumas estão até demitindo. Setores beneficiados pela isenção reduziram o ritmo de contratação em até 74% este ano, em comparação com 2011. O setor de autopeças, por exemplo, já fechou 5,5 mil postos de trabalho em 2012.

Isso mostra que, longe de reativar a economia e gerar empregos, como consta no discurso oficial, a desoneração à indústria vem servindo somente para proteger o lucro das empresas diante da desaceleração. A GM, por exemplo, apesar de se beneficiar da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), acabou de abrir o segundo PDV (Programa de Demissão Voluntária) este ano na planta de São José dos Campos (SP), enquanto ameaça fechar um dos setores da fábrica e mandar para rua 1500 funcionários.


Consumo baseado no endividamento se esgotou

A queda na indústria e a estagnação da economia apontam para o esgotamento de um modelo de crescimento baseado no consumo via crédito facilitado. Tal mecanismo pode aumentar o consumo em um primeiro momento, mas não é capaz de gerar crescimento a longo prazo e ainda afunda as famílias em dívidas. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o comprometimento da renda das famílias com dívidas passou de 19,8% em abril de 2011 para 22,1% para abril deste ano.

O valor total das dívidas corresponde a 43,3% da renda anual das famílias, segundo o Banco Central, recorde desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 2005, quando era de 18,4%. Reflexo imediato, a inadimplência cresce e bate recordes em setores como no crédito para a compra de veículos (6,1%) e nas faturas de cartão de crédito (29,4%).

Clique aqui e baixe a pesquisa do IBGE


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Metalúrgicos da General Motors aprovam plano de lutas contra demissão em massa


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 4 de julho de 2012

LIT-QI: Nenhuma trégua ao governo de Samarás! Fora a Troika!

Pela anulação do Memorando e pela suspensão imediata do pagamento da dívida! Leia a declaração da Liga Internacional dos Trabalhadores sobre o novo governo grego


Dirigente da Nova Democracia, Antonis Samaras
A situação política na Grécia concentrou durante semanas a atenção do mundo. O resultado das eleições parlamentares, fundamentais para definir o governo, tirou o sono de todas as potências imperialistas, em especial às forças conservadoras e reacionárias da Europa do capital.

No meio de uma situação política polarizada e com a economia do país destroçada pela ação dos governos que aplicaram os planos da sinistra Troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), o povo grego foi às urnas.

O resultado das eleições deu um apertadíssimo triunfo à direita conservadora e pró-Troika e União Europeia, representada, sobretudo, na Nova Democracia (ND). Este partido obteve 29,7% dos votos, com o qual obteve 129 cadeiras no Parlamento, em função de um dispositivo absolutamente antidemocrático que outorga um bônus de 50 assentos ao partido mais votado. Sem essa vantagem, o ND não teria conseguido formar governo.

O SYRIZA, uma frente ampla de organizações reformistas, obteve o segundo lugar com 26,9% dos votos e 71 assentos no Parlamento. O PASOK, o outro partido tradicional e submisso à Troika, conseguiu 12,3% e 33 assentos parlamentares.

A coalizão Gregos Independentes ficou com 7,5% (20 assentos); os fascistas da Aurora Dourada conquistaram 6,9% (18 assentos); a Esquerda Democrática obteve 6,2% (17 assentos) e o Partido Comunista (KKE) terminou com um pobre 4,5% que lhe valeu 12 cadeiras no Parlamento (após ter conseguido 8,4% nas eleições de maio).


Um governo débil e ilegítimo

Rapidamente, cumprindo com presteza o exigido pela Troika, o conservador Antonis Samarás do ND, formou um novo governo na Grécia que estará apoiado no Parlamento pelos socialistas do PASOK e a Esquerda Democrática. O Executivo inclui os membros do ND e dos tecnocratas, entre os quais se destaca como ministro de Finanças, Vasilis Rápanos, diretor do principal banco da Grécia.

A realidade é que o governo de direita que surge das eleições de 17 de junho na Grécia é um governo imposto pelo imperialismo, especificamente o alemão e francês, contra a vontade da maioria da população grega.

Todo o processo eleitoral esteve marcado pela chantagem e a pressão dos imperialismos europeus, uma verdadeira campanha de terror para que os partidos que defendiam a continuidade da pilhagem e do massacre ao povo trabalhador ganhassem as eleições.

O cúmulo do ataque à soberania do país foi a matéria de capa do Financial Times, em sua edição alemã, que chamava o voto ao ND como a última oportunidade do país para continuar na zona euro.

A imprensa grega fez repercutir as declarações dos dirigentes do governo alemão e da UE, as quais davam ao povo grego somente duas opções: ou o Memorando ou a hiperinflação. Ainda assim, o resultado das eleições deixou em minoria aos partidos que defendem a aplicação do Memorando. Seis em cada dez eleitores votaram pelos partidos do NÃO ao Memorando e cerca de 40% dos eleitores deixaram de votar, num país onde o voto é obrigatório.

Mas a fraude de um regime que é incapaz de expressar a vontade da maioria da população também fica clara na formação do governo onde se incorpora a Esquerda Democrática, partido que fez campanha contra a aplicação do Memorando e entra no governo cuja tarefa é impor o Memorando e mais sacrifícios à população.

Este governo é um governo débil. Não obteve uma maioria parlamentar por conta própria e deve se equilibrar na corda bamba de uma situação política onde continuam as lutas de resistência contra o saque que protagoniza o povo grego. Todos os partidos defensores da guerra social contra Grécia tiveram pouco mais de 40%. O povo, em sua maioria, rechaçou estes partidos e sua política de fome e entreguista. E é nestas condições que o governo de Samarás deverá fazer os cortes e ajustes, sem concessões, exigidos por Angela Merkel e a Troika.

O governo do ND, PASOK e Esquerda Democrática é um governo ilegítimo, foi imposto pela Troika e não tem o respaldo da maioria da população. Os trabalhadores gregos não podem dar nenhum dia de trégua a este governo, devem tomar as ruas e preparar a resistência, construir suas organizações nos locais de trabalho, preparar a luta contra as leis que agora o Parlamento grego deverá votar para concretizar as medidas impostas pelo Memorando de resgate aos bancos.


Os limites do SYRIZA

Mas, infelizmente o principal dirigente de SIRYZA, Alex Tsipras caminha no sentido oposto. Propõe uma política de “paz social” com um governo que declara guerra aos trabalhadores. Em sua entrevista, um dia após as eleições, Tsipras afirma que:

Perguntado sobre a estratégia após a eleição do domingo, Tsipras assinalou que “o SIRYZA não chamaria seus partidários a saírem às ruas para protestar contra as medidas de austeridade (…). Solidariedade e resistência são importantes, mas agora a solidariedade é o mais importante”, afirmou. Continuou dizendo que “nosso papel é estar dentro e fora do parlamento, aplaudindo qualquer coisa positiva e condenando todo o negativo e propondo alternativas”[1].

O que significa dizer que a “solidariedade” é mais importante que a resistência? O próprio dirigente do SYRIZA explica quando afirma que se concentrará em lutar para “criar um escudo de proteção para os que estão marginalizados”. Isto é, em vez de resistir às medidas impostas pela UE através de sua luta, os trabalhadores deveriam se contentar em lutar por medidas de “solidariedade” que compensem a destruição do país e sua miséria. Em vez de resistir deveríamos criar um “escudo de proteção”, ou seja, esmolas e resignação pela destruição do país.

Mas, além disto, o SYRIZA está jogando no lixo os votos que recebeu dos trabalhadores que disseram NÃO ao Memorando quando diz que vai “aplaudir” as medidas positivas do governo.

Não terá nenhuma medida positiva de um governo imposto aos trabalhadores pela Troika, que tem como única função aplicar as medidas exigidas pelo imperialismo.

A única forma de resgatar aos trabalhadores e não aos bancos e ao capital financeiro é estabelecer uma oposição frontal a esse governo, denunciá-lo desde o primeiro dia, se apoiando na grande votação depositada pelos trabalhadores e na resistência nas ruas, nos bairros e nos locais de trabalho.

Apoiar qualquer medida deste governo e criticar o que está errado é uma fórmula de apoio envergonhado ao governo que enganará aos trabalhadores, dizendo que renegociará o Memorando, quando na verdade trata-se é de ganhar tempo para continuar com o plano de privatizações, demissões e corte no orçamento.

Estão dadas todas as condições para derrotar a aplicação dos planos imperialistas. Falta legitimidade ao governo para impor os planos, a crise do regime político pode ser mantida se os trabalhadores continuarem com sua resistência e mobilização.

Mas parece que o SYRIZA quer percorrer o caminho oposto, o de ajudar a recompor um regime em crise e sem nenhuma oportunidade para aplicar as medidas impostas pelo imperialismo ao povo grego.


Do NÃO ao Memorando à negociação

Antes das eleições defendemos a conformação de uma frente de esquerda em torno do SYRIZA que tivesse como centro o NÃO ao Memorando e que esta frente fizesse um chamado à mobilização dos trabalhadores e à solidariedade dos trabalhadores de Europa para enfrentar à burguesia grega e europeia.

Mas alertávamos:

A esquerda grega está diante uma encruzilhada: a expulsão da Grécia do Euro, se o SYRIZA não cede ao Memorando ou o faz insuficientemente para as exigências alemãs; ou ceder “para não ser expulsos do euro” e manter por mais tempo a agonia do povo grego. Aceitar a segunda opção é apostar na condenação à miséria do povo grego, seria o suicídio político do SYRIZA e permitiria um claro fortalecimento da referência fascista em cujas mãos ficaria a bandeira da ruptura com a EU e o Euro.

No entanto, a velocidade dos acontecimentos e a política do imperialismo colocaram o SYRIZA diante de uma encruzilhada, inclusive, antes da possibilidade de ganhar as eleições. A contradição entre a suspensão imediata do Memorando e as insistentes declarações dos dirigentes do SYRIZA de que lutariam para permanecer no euro a todo custo negociando com o imperialismo, quando este afirmava que não teria negociação, antecipou a necessidade de que o SYRIZA desenvolvesse seu programa dando uma alternativa à possível saída da Grécia do Euro.

Os cinco pontos apresentados para a campanha eleitoral não responderam ao tema fundamental que polarizou as eleições: o que fazer diante uma possível saída do Euro.

Durante a campanha eleitoral todas as vozes imperialistas, de Merkel até Obama, consideravam inaceitável o primeiro ponto do programa: 1) Anulação do Memorando e de todas as medidas de austeridade e das contrarreformas e das leis trabalhistas que estão destruindo o país. E afirmaram: ou o Memorando ou a expulsão do Euro.

Paralelamente a ameaça de expulsão, a campanha mediática da burguesia imperialista e grega afirmava que a Grécia fora do Euro seria imposto o “corralito”, ou seja, a retenção de todos os depósitos bancários, teria hiperinflação e não teria recursos do Estado para pagar aos funcionários públicos sem as quotas do “resgate”.

Frente à ameaça de expulsão da zona do Euro, os dirigentes do SYRIZA respondiam que eles eram os mais ardentes defensores da permanência da Grécia no Euro.

O responsável pela política europeia do SYRIZA, Yannis Bournus, ao responder uma pergunta a um jornalista sobre se seu partido defendia a saída da Grécia do Euro afirma: “isso faz parte de uma campanha de difamação, sem precedentes, na qual o SYRIZA tem sido alvo há algum tempo (…). Tanto nosso programa como as intervenções públicas de nossos dirigentes afirmam claramente que não é o objetivo político do SYRIZA levar a Grécia para fora da Zona do Euro”.

A seguir Bournus afirma que a saída de Grécia da Zona Euro séria “um desastre não só para o povo grego, senão, também, um desastre para os credores estrangeiros”. Ou seja, que o SYRIZA não pretende deixar de pagar a dívida, se limita a discutir o que considera a parte ilegítima da dívida.

Diante das ameaças de expulsão do Euro, o SYRIZA não respondeu que a chantagem da hiperinflação poderia ser resolvida se os bancos fossem expropriados, as multinacionais nacionalizadas e o governo decretasse o controle da moeda e do comércio exterior. Que se a negativa a cumprir o Memorando que impõe o caos na vida da classe trabalhadora acabasse com a expulsão do euro, seriam os burgueses e suas propriedades e seu lucro os que seriam atacados pelo novo governo.

A saída do Euro significa um desastre para o povo grego, e o imperialismo alemão afirmou com todas as letras que o não cumprimento do Memorando significaria a saída do Euro. Uma parte dos potenciais eleitores do SYRIZA concluiu que era melhor votar no ND que passou a defender a revisão do Memorando e a permanência no Euro.

A velocidade dos acontecimentos nas situações revolucionárias como a da Grécia transforma meses em dias. O SYRIZA tinha duas opções claras caso ganhasse as eleições: mantinha a anulação unilateral do Memorando ou negociaria às medidas para ficar no Euro. O imperialismo antecipou o debate e exigiu uma resposta categórica. O SYRIZA não levou até as últimas consequências a ruptura unilateral do Memorando, pois isso implicaria modificar seu programa e apoiar a mobilização dos trabalhadores tomando medidas contra o capital financeiro, o que significaria afirmar que o caos é o desemprego, a falta de saúde pública e a miséria que se abate sobre o povo, e quem pagaria o preço da saída do Euro seriam os capitalistas e não os trabalhadores.

E para isso o programa de emergência apresentado nas eleições ficou abaixo da polarização política gerada pela pressão do imperialismo. Era necessário reafirmar a suspensão imediata do pagamento da dívida, a expropriação dos bancos, sem nenhuma indenização, a expropriação das empresas estratégicas e a redução da jornada de trabalho garantindo emprego para todos os trabalhadores desempregados e decretar o monopólio do comércio exterior.

O problema central do SYRIZA, além deste programa reformista, foi ter apostado por uma via meramente eleitoral e não ter chamado à mobilização das massas para derrotar o imperialismo e os setores conservadores gregos. Por ser uma direção reformista, para eles o centro de tudo são as eleições, que é um terreno controlado pelo capital. A burguesia lançou uma intensa campanha de terror contra o voto ao SYRIZA e apoiou-se nos setores mais atrasados para ganhar as eleições. O SYRIZA continua apostando pela via eleitoral e as instituições burguesas, jogando suas cartas no desgaste do novo governo e à espera de novas eleições.


O combate ao fascismo

Na semana passada, pescadores egípcios, residentes na região de Pireo, foram surpreendidos enquanto dormiam: uma bomba de gás foi lançada no alojamento e homens armados com porretes atacaram os trabalhadores e vários deles foram hospitalizados. O representante da comunidade afegã denunciou que no último ano, 21 trabalhadores foram assassinados e 42 sofreram ferimentos graves.

Estas ações respaldadas e defendidas pela Aurora Dourada, que deixou de ser uma caricatura e passou a ter 6,9% nas eleições e se converteram na primeira organização fascista com peso de massas após a Segunda Guerra Mundial, é um dos fatos políticos mais importantes destas eleições.

Este grupo de bandidos se vale de métodos de guerra civil contra uma parte do proletariado grego, os imigrantes, pois os responsabiliza pelo desemprego de 23% e mantém uma atitude covarde diante da burguesia grega, que é cúmplice do imperialismo na aplicação dos planos de fome.

Mas uma parte de seu discurso, de ruptura com o Euro e a UE, que a imprensa ao tentar desqualificar acabou dando mais visibilidade política a estes assassinos, ocupou um espaço entre a população trabalhadora desesperada diante da crise, na ausência de uma resposta de ruptura com a UE internacionalista, que expropriasse as empresas e os bancos imperialistas e apelasse a solidariedade dos trabalhadores da Europa.

É necessário, e fundamental, a constituição de organismos de autodefesa dos imigrantes, respaldados e apoiados pelas organizações de esquerda e pelos sindicatos. É necessário construir as formas de combater esta organização que se não for combatida, amanhã atentará contra a maioria dos trabalhadores e suas organizações.


Uma resposta anticapitalista e internacionalista

A resposta da maioria da esquerda europeia ao problema da ruptura com a UE e com o Euro foi que não podemos nos confundir com o discurso nacionalista. No caso da Grécia, ser internacionalista seria aceitar a tutela do país pelo imperialismo alemão e francês que controlam a maioria das instituições da UE. Confundem os trabalhadores, pois o internacionalismo que necessitam não se confunde com a UE e suas instituições.

A UE e o Euro não representam nenhuma unidade para os povos europeus, são uma máquina de guerra ao serviço de salvar o coração da indústria e das finanças europeias – França e Alemanha - sobre a base de afogar na miséria os países da periferia europeia. A União Europeia é da Europa dos banqueiros, dos capitalistas e dos ricos.

Qualquer medida que atente contra os interesses reais da burguesia grega, atentará contra os interesses do capital imperialista que domina a economia grega. A presença da Grécia no Euro interessa somente à burguesia grega e a seus negócios. O preço que a maioria do povo grego terá que pagar para que sua burguesia se mantenha como sócia menor e subordinada ao grande capital europeu será o aprofundamento da miséria.

Nenhum dos problemas fundamentais que abatem o povo grego foi resolvido nestas eleições. A tendência da situação é o aprofundamento da crise na Grécia, ao calor da crise capitalista na Europa. No cenário atual a Troika afirma que será necessário um terceiro resgate em 2014 de 50 bilhões de euros. As projeções do próprio imperialismo é que se o Memorando for cumprido, a risca, ampliando as privatizações, aumentando à escala brutal a exploração dos trabalhadores para que as empresas paguem aos bancos e o Estado aumente a arrecadação fiscal demitindo cerca 150 mil servidores públicos e aumentando os impostos, após tudo isso, mesmo assim, a dívida chegaria a 178% do PIB ao final de 2015.

Neste contexto a política imperialista é espoliar completamente o país que está submerso numa depressão econômica profunda, privatizar, demitir e explorar. E mesmo assim após todo esse massacre, dependerá do desenvolvimento da crise no conjunto da Europa e da resistência do proletariado grego a esse plano genocida.

Diante disso, não há futuro algum para o povo trabalhador dentro do Euro. A ruptura com o euro está colocada ante a necessidade de atacar a propriedade privada do imperialismo e da burguesia grega, única interessada em se manter no euro para servir de lacaio do imperialismo europeu na região.


Retirado do Site do PSTU

Por que estamos em uma frente com o PSOL e o PCdoB em Belém?

Nota pública do PSTU sobre a frente eleitoral na capital paraense


Convenção do PSOL define Edmilson candidato à prefeitura de Belém
No último dia 29 foi anunciado nas redes sociais e em toda a imprensa o fechamento em Belém de uma coligação eleitoral composta pelo PSTU, PSOL e PCdoB. A frente trará Edmilson Rodrigues (PSOL) como candidato a prefeito e Jorge Panzera (PCdoB) como vice. Na proporcional, fecharam acordo apenas PSTU e PSOL, tendo Cleber Rabelo (PSTU) e Marinor Brito (ex-senadora pelo PSOL) como candidaturas prioritárias.

A candidatura de Edmilson Rodrigues canaliza hoje um sentimento de oposição de esquerda ao governo federal e também de experiência com a prefeitura do PTB, que levou a cidade à beira da destruição. Edmilson, que já foi prefeito de Belém por dois mandatos, está hoje em primeiro lugar nas pesquisas e conta ainda com ampla vantagem em relação ao segundo colocado. Algumas pesquisas apontam 37%. Na classe operária, que tem grande simpatia por Edmilson, esse percentual é ainda maior. Apoiados nessa coligação e na projeção que tem Edmilson, queremos potencializar ainda mais a agitação de um programa revolucionário na cidade, o que se expressa hoje em nosso slogan “Belém para os Trabalhadores”. A coligação também aumenta as chances de eleger um operário socialista e revolucionário para a Câmara de Vereadores: Cleber Rabelo, trabalhador da construção civil e dirigente do PSTU no estado. Queremos aproveitar a campanha ainda para fortalecer nosso partido, filiando muitos novos operários e trazendo-os para militar conosco. Ou seja, nossos objetivos nessa coligação são os objetivos tradicionais dos revolucionários, quando estes participam do processo eleitoral. Os operários da construção civil, colegas de Cleber, entenderam o recado e já estão se organizando para fazer uma forte campanha.

Ainda assim, logo que a coligação foi anunciada, começaram a surgir inúmeros comentários nas redes sociais sobre tal aliança. Desconfiados do vale-tudo eleitoral que se vê por aí, ativistas honestos e militantes de várias organizações se surpreenderam com o fato de o PSTU compor aliança justamente com o PCdoB, um partido da base de apoio do governo Dilma, que administra cidades, inclusive capitais como Aracaju, e que ajudou a aprovar o famigerado Código Florestal. Também é o partido que controla com mão de ferro a UNE, entidade ex-estudantil, hoje governista, que nada faz para apoiar a incrível greve de professores e estudantes das universidades federais que está acontecendo no país.

A pergunta precisa ser colocada de maneira categórica e sem rodeios: teria o PSTU entrado na mesma lógica dos partidos que tanto critica? Seria essa uma aliança sem princípios, como tantas que existem por aí? Tentaremos esclarecer essas questões.


Os fatos: como surgiu a aliança em Belém

Como é público e notório, o PSTU vinha defendendo, desde o final do ano passado, uma Frente de Esquerda restrita apenas aos partidos que são oposição de esquerda ao governo Dilma. Essa era, em nossa opinião, a política mais correta, a que melhor expressava o caráter de oposição de esquerda ao governo que queríamos dar à coligação. Em nenhum momento o PSTU defendeu ou construiu qualquer frente eleitoral que saísse desses marcos. Nossa proposta de Frente de Esquerda era clara: PSTU, PSOL e PCB.

Mas esse era, justamente, um ponto de polêmica com o PSOL de Belém. Querendo construir um “amplo leque de alianças” que agradasse a gregos e troianos, o PSOL passou a articular uma frente não apenas entre PSOL e PSTU, mas que incluía também PCdoB, PV, PTdoB, PTN e PSC. Ou seja, 1 partido da base governista e 4 partidos burgueses.

Desde o primeiro minuto que soubemos dessa possibilidade, lutamos contra ela com todas as nossas forças. Para nós a frente deveria ter um perfil claro: da classe trabalhadora e contra o governo! Para tanto, nem os partidos burgueses, nem o PCdoB deveriam participar dela. Vejamos o que dizia o PSTU do Pará em um Manifesto público, amplamente divulgado ainda em maio deste ano:

“Também não podemos nos iludir com os partidos que fingem ser de esquerda como o PT e os demais partidos de sua base de sustentação como o PCdoB, que quando chegam ao poder implementam políticas de ataques aos trabalhadores e ao meio ambiente, e também praticam a mesma corrupção. Exemplos recentes são os casos da aprovação da lei geral da Copa, que é um ataque à nossa soberania, o estabelecimento de previdência complementar para os servidores federais e o novo código florestal, que anistia desmatadores e legaliza a grilagem de terra. Por isso, construir uma alternativa de esquerda e socialista nas eleições municipais que unifique de forma democrática o PSOL, PSTU, PCB, os movimentos sociais, intelectuais, sindicatos, associações, entidades estudantis e centros comunitários, com Edmilson Rodrigues encabeçando a chapa majoritária, sem partidos burgueses, sem corruptos, sem financiamento patronal de campanha, com a construção de um programa de forma democrática com todos que estiverem nessa frente, assim como a construção democrática de uma chapa forte para a câmara de vereadores, são a melhor alternativa para os trabalhadores.”

Essa foi nossa política. Não apenas dissemos abertamente que não queríamos ter nenhuma relação com o PCdoB, como citamos os motivos: Lei da Copa e Código Florestal, dois dos maiores desserviços já prestados ao povo trabalhador por um partido dito de esquerda.

No entanto, mais recentemente, todos os partidos diretamente burgueses com os quais o PSOL queria fazer aliança desistiram da coligação um após o outro. Só sobrava mesmo o PCdoB, que não é um partido burguês, mas é um partido da base do governo Dilma, governo este que governa para a burguesia... A partir daí, diante do fato consumado de que o PSOL fecharia com o PCdoB, deveríamos definir se permaneceríamos na frente ou se nos retiraríamos dela devido à presença do PCdoB. Definimos que era correto permanecer e assim o fizemos. Mas por que definimos assim?


Os acordos e compromissos na tradição revolucionária: a flexibilidade da tática

A pergunta que todos devemos responder é: será admissível para um partido revolucionário apoiar ou participar de frentes eleitorais onde estejam também partidos burgueses ou governistas? Na famosa fórmula de Lênin “máxima flexibilidade na tática, absoluta rigidez nos princípios”, até onde exatamente vai essa flexibilidade? E quais são exatamente os princípios que exigem rigidez?

Em primeiro lugar, é preciso dizer que os acordos, compromissos e concessões sempre fizeram parte da tradição revolucionária. Esse é um fato que não se pode negar. Um dos acordos mais estranhos e famosos feito pelos revolucionários ao longo da história é o episódio em que Lênin, para chegar à Rússia em março de 1917, depois da Revolução de Fevereiro, fez um acordo com o Império Alemão de atravessar a Alemanha em um trem lacrado sem ser parado por nenhuma autoridade alemã. Lênin queria chegar à Rússia. A Alemanha também queria que Lênin chegasse, pois acreditava que a agitação bolchevique contra a guerra ajudaria o Exército alemão. Fizeram um acordo, e Lênin atravessou o território alemão escoltado pelas tropas do Kaiser.

Também às vésperas da revolução de 1917, o mesmo Lênin propôs uma mudança nada menos que no programa do Partido Bolchevique, para atrair os camponeses para a luta revolucionária. Os bolcheviques abandonaram a palavra de ordem de “nacionalização das terras”, tradicional para o marxismo da época, e adotaram a consigna de “divisão das terras aos camponeses individuais”. Com esta concessão, os bolcheviques provocaram uma ruptura no partido camponês, os Socialistas-Revolucionários, que se juntaram aos bolcheviques na luta pelo poder dos soviets.

Poderíamos citar ainda dezenas de acordos feitos por distintos partidos revolucionários em distintas ocasiões. Os acordos são um fato da tradição revolucionária. Não há como negá-los. Para os marxistas, os acordos em si não são nem bons, nem ruins. Depende da situação concreta que se apresenta em cada caso e, mais do que tudo, da política adotada e dos objetivos que o partido revolucionário persegue ao fechar esses acordos. Concluímos, portanto que a tática revolucionária não é apenas flexível: é extremamente flexível. Admite uma infinidade de combinações, acordos, compromissos, concessões, desvios, recuos, manobras etc. Toda a história prova-o.


A rigidez dos princípios

Isso significa então que todos os acordos são permitidos? Que “os fins justificam os meios”, como diz o senso comum? Não, não significa. Dizemos isso na condição daqueles que, remando contra a maré, lutaram contra o governo Lula durante os dois mandatos, quando a maioria absoluta da esquerda capitulava ao seu governo e evitava ao máximo fazer-lhe qualquer tipo de crítica ou oposição.

Então qual é o limite da flexibilidade? Como saber se um determinado acordo é admissível ou não? Quais são os princípios que precisam ser observados?

Recorremos mais uma vez a Lênin. Em um texto chamado “Sobre os compromissos”, de 1920, o máximo dirigente da Revolução Russa dizia: “Não se pode renunciar à ideia dos compromissos. A questão está em saber conservar, fortalecer, forjar e desenvolver a tática e a organização revolucionária, a consciência revolucionária, a decisão e a preparação da classe operária e de sua vanguarda organizada, o partido comunista”.

Trotsky, mais tarde, em um texto de polêmica contra a falta de princípios dos stalinistas ao fazer acordos, estabelecia os critérios a serem observados em caso de compromisso com forças políticas estranhas ou hostis: “A regra mais importante, melhor estabelecida e mais inalterável a ser aplicada em qualquer manobra diz: você nunca deve se atrever a fundir, misturar ou combinar sua própria organização partidária com uma estranha, mesmo que esta pareça muito 'simpática' hoje. Não assumir tais passos que levem direta ou indiretamente, aberta ou mascaradamente, seu partido à subordinação a outros partidos ou organizações de outras classes, ou que restrinjam sua liberdade de ação, ou que o torne responsável, mesmo que em parte, pela linha política de outros partidos. Você nunca deve misturar as bandeiras, não deve ajoelhar-se perante outra bandeira”.

Ou seja, para Trotsky e para Lênin o decisivo não é se o partido faz ou não faz acordos, e com quem são esses acordos, mas sim se o partido mantém ou não sua independência política, sua liberdade de ação, se mostra seu próprio programa ou não, se levanta suas próprias consignas ou não, se tem seus próprios materiais ou não. Respeitando-se esses critérios, pode-se fazer acordos com o diabo e sua avó. Trotsky é enfático: “Nenhuma plataforma comum com a social-democracia ou com os chefes dos sindicatos alemães, nenhuma edição, nenhuma bandeira, nenhum cartaz comum: marchar separadamente, lutar juntos. Acordo apenas nisto: como combater, quem combater e quando combater? Nisto pode-se entrar em acordo com o próprio diabo e sua avó. (...) Com uma condição: conservar as mãos livres”.

Por que fechamos então um acordo que inclui o PCdoB em Belém? Por uma razão muito simples: porque este acordo não amarra em nada nossas mãos, não diminui em nada a crítica que faremos ao governo Dilma, não nos obriga a baixar nem um pouco o tom crítico ao próprio PSOL ou Edmilson, sempre que considerarmos que sua política está errada. Isto para nós é o decisivo. Lutamos desde o início contra a presença do PCdoB na frente, exigimos todo o tempo de Edmilson e do PSOL uma postura clara em relação ao financiamento de campanha e – o mais importante – em relação à pergunta chave: para quem Edmilson quer governar? Para “todos” ou para os trabalhadores? E seguiremos com a mesma postura. Faremos uma campanha incansável por uma Belém para os trabalhadores. Agitaremos nos canteiros de obras, nos quais Edmilson tem muita simpatia e apoio, que seu plano de governar para todos é inviável – ou se governa para os trabalhadores, ou se governa para a burguesia.

Liberdade de agitação, ação e organização: tal é a “rigidez nos princípios” que corresponde verdadeiramente à tradição revolucionária.


Os acordos revolucionários nos processos eleitorais

Mas até agora justificamos teórica e historicamente apenas os acordos em geral, mas não os acordos eleitorais. Assim, qualquer pessoa poderia questionar: “Mas os acordos eleitorais são diferentes. Não são para defender os trabalhadores de ataques da burguesia ou para fazer uma revolução. São para eleger. O PSTU poderia ter saído sozinho e pronto”. Vejamos:

Os ativistas mais novos não sabem e alguns mais antigos já esqueceram, mas não é a primeira vez que participamos ou apoiamos uma frente eleitoral com a qual não temos nenhum acordo. Em 1989 ainda éramos parte do PT. Lula foi candidato a presidente, tendo como vice... José Paulo Bisol, do PSB, um partido burguês. Qual foi a atitude da antiga Convergência Socialista, antecessora do PSTU, diante desse fato?

Combateu com todas as forças até o fim da campanha essa aliança, denunciando-a fortemente junto aos trabalhadores. Quem se der ao trabalho de pesquisar nossos jornais da época verá manchetes como “Lula! Com Bisol não dá!” e coisas do tipo. Era isso que agitávamos nas fábricas. Mas nós não rompemos com o PT em 1989. Isso só veio a acontecer em 1991. Por quê? Por que em 1989 tivemos completa liberdade de agitar o que queríamos agitar, de fazer a nossa política, não a política que a direção do PT queria nos impor. Usamos os 37% de apoio a Lula como uma forma de chegar até os trabalhadores, de fazer com que os trabalhadores nos escutassem.

Em 1994 Lula foi novamente candidato. Bisol mais uma vez foi cotado para ser vice mas, suspeito de irregularidades, foi substituído na última hora por Mercadante. E qual foi a posição do recém-fundado PSTU? Aliança com o PT, exatamente com o mesmo critério que utilizamos cinco anos antes, em 1989. Foi a primeira aparição pública eleitoral do PSTU e que nos deu enorme projeção, com um perfil radical, de oposição intransigente ao Plano Real (que o PT não tinha coragem de criticar). Foi uma campanha principista, radical, que gerou grandes enfrentamentos com a direção do PT na época, que queria nos disciplinar.

Em 2002 tivemos candidatura própria a presidente no 1º turno, mas no 2º turno, diante da polarização política em toda a sociedade, acompanhamos a experiência dos trabalhadores com Lula e chamamos a votar nele no 2º turno, sendo que seu vice era José Alencar, empresário e líder do PL, Partido Liberal, cujo nome já diz tudo.

Obviamente, esse tipo de aliança com o PT se tornou na prática impossível desde que Lula venceu as eleições de 2002. O PT se tornou o maior partido do país, e passou a dirigir o Estado burguês no Brasil. Por isso, não há uma única frase ou palavra que eles digam hoje que possamos concordar. Não é esse nem de longe o caso do PCdoB em Belém, que cumpre um papel secundário na coligação e se adaptou ao programa comum da Frente para poder participar dela.

O fato, portanto, é que muitas vezes nós acabamos compondo alianças contra as quais havíamos lutado antes. Em outros casos, ao contrário, rompemos as alianças e saímos sozinhos. Como saber então qual é a política correta? O que está dentro dos princípios e o que foge dos princípios?

Aqui, recorremos a Nahuel Moreno, trotskista argentino e fundador de nossa corrente internacional, a Liga Internacional dos Trabalhadores. Em seu livro O partido e a revolução, Moreno estabelece o que é de princípio e o que é tático nos processos eleitorais em que está colocada a possibilidade de uma aliança ou apoio a partidos governistas ou frente-populistas. Diz: “O que sim é uma traição é apoiar eleitoralmente uma frente popular ou um movimento nacionalista burguês sem denunciar que sua existência é uma traição ao movimento operário. Ou seja, o voto em si é para nós um problema tático e não principista; o que é principista é a política, e esta deve ser de denúncia implacável de qualquer frente popular ou nacionalista onde a classe operária esteja, como uma traição dos partidos operários reformistas que a promovem”

Ou seja, consideramos a política implementada pelo PSOL um erro completo? Sim, consideramos. Por quê? Porque os sentimentos dos trabalhadores que acreditam em Edmilson serão frustrados se Edmilson tentar governar para todos. Devemos então combater essa política? Sim, devemos. Como? Em nossa opiniao, exatamente como estamos fazendo: alertando os trabalhadores desde já; combatendo a ideia de um governo “para todos”. A melhor localização para fazer esse combate hoje, nas condições concretas de uma cidade concreta chamada Belém, é dentro da Frente de Esquerda, porque desde essa localização nossa audiência junto aos trabalhadores se multiplica. Pode não ser assim em outras cidades. Mas é assim em Belém.


Participar ou não participar? Essa não é a questão!

Como dissemos no início, muitos ativistas honestos, preocupados com o vale-tudo eleitoreiro, nos criticarão por compor uma frente com um partido da base governista. Respeitamos esse sentimento, mas não concordamos. Não construímos essa frente. Apenas participamos dela no formato em que ela foi construída pelo PSOL. Do ponto de vista do programa, trata-se de uma frente identificada claramente com as lutas contra a superexploração e a corrupção das obras da Copa e de Belo Monte, em defensa do meio ambiente e contra o Código Florestal, uma frente que recebeu o apoio do Movimento Xingu Vivo etc.

Por isso dizemos: participar ou não desse tipo de frente ou organismo é tático. O decisivo é a política que se leva lá dentro. Ou os revolucionários não participam dos parlamentos burgueses? Sim, participam. E o que são esses parlamentos, se não um covil de bandidos e ladrões? Então o que fazem os revolucionários lá quando se elegem? Lutam contra os bandidos e ladrões, transformam a vida deles num inferno. Ou os sindicalistas revolucionários não sentam com a patronal numa mesa para negociar a PLR e o salário? E qual é o objetivo da patronal em uma negociação salarial, se não enganar os trabalhadores? Devemos então abandonar o mecanismo da negociação salarial? Parece óbvio que não.

Ou seja, os revolucionários nem sempre escolhem o campo de batalha, e muito menos as condições da luta. Travam a luta tal como ela se apresenta, no momento em que ela se apresenta, com as armas disponíveis no momento.

Por outro lado, a não-participação em frentes eleitorais também não é garantia de uma política revolucionária. Suponhamos que em São Paulo um partido revolucionário saia sozinho nas eleições. Isso parece muito “principista”. Porém, se este partido só denunciar o prefeito Gilberto Kassab, e “esquecer” de combater Fernando Haddad e seu projeto, estará capitulando. Não estará aplicando uma política revolucionária. Estará cumprindo o papel de uma candidatura auxiliar de Fernando Haddad.

Assim, voltamos ao início, sobretudo ao que diz Moreno: votar ou não, participar ou não de uma frente que combatemos – isso é tático. O princípio é a política, a denúncia, a verdade dita em alto e bom som. É aí que mora o perigo, mas também o mérito e a correção da tática revolucionária. Dizer toda a verdade aos trabalhadores em alto e bom som, convocá-los à luta, inspirar-lhes confiança em suas próprias forças, disseminar entre eles o ódio de classe: é isso que sempre fizemos e continuaremos a fazer, desta vez em Belém com muito mais força.


Retirado do Site do PSTU

terça-feira, 3 de julho de 2012

Greve no serviço público federal continua e enfrenta intransigência do governo

Comando Nacional de Greve dos estudantes realiza dia nacional de luta nesse dia 3 de julho


Greve nas universidades federais começou dia 17 de maio
Se o governo apostou no cansaço para ver o fim da greve no funcionalismo público federal, se deu mal. A greve, iniciada nas universidades federais e expandida para outros setores, segue forte e responde com mobilização à intransigência e falta de negociação por parte do governo.

Os docentes das instituições federais cruzaram os braços no dia 17 de maio e até agora o governo não se dispôs a sentar com os grevistas para negociar. A greve, que já havia começado forte, com 33 instituições paradas, atinge agora 56 das 59 das instituições federais de ensino, sendo uma das maiores greves dos últimos anos. Os docentes reivindicam o cumprimento do acordo firmado com o governo em 2011 e que estabelece o plano de carreira da categoria.

Segundo comunicado divulgado pelo Comando Nacional de Greve dos docentes, "além da expansão precária, da desestruturação da carreira e do congelamento salarial imposto pelo governo Dilma, ao velho estilo dos dois mandatos de FHC e do primeiro mandato de Lula, a retirada de direitos dos servidores públicos com a regulamentação da privatização da previdência (criação do FUNPRESP) a serviço do capital financeiro, e a privatização dos hospitais universitários, materializada na criação da EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), agravam o quadro que nos levou a deflagrar a greve” .


Greve se espalha

No dia 11 de junho, os servidores técnicos administrativos das universidades e das escolas federais, básicas e técnicas, bases respectivamente, da Fasubra e Sinasefe, engrossaram o movimento de greve. Também cruzaram os braços os servidores dos ministérios, base da Condsef. Até o final de junho, os servidores dos órgãos federais estavam parados em 19 estados. Levantamento realizado pelo Sintrasef-RJ dava conta que pelo menos 450 mil servidores federais estavam parados em todo o país.

O governo, porém, vem tratando as greves com intransigência e se nega a negociar. No dia 19 de junho, o Ministério da Educação havia agendado uma primeira reunião com os docentes parados, porém, sem maiores explicações, cancelou o encontro a uma semana de sua realização. Apesar de ter se comprometido a remarcar a reunião na semana seguinte, até agora nada foi feito. Tal situação segue nos demais setores.

A mobilização, porém, prossegue. Em plena Rio+20, na capital carioca, os servidores federais em greve realizaram uma grande manifestação durante a marcha da Cúpula dos Povos. No último dia 28 houve uma manifestação envolvendo os docentes e funcionários das universidades em greve, e também os demais setores parados, em frente à sede do Banco Central, em Brasília. Para o próximo dia 18 os servidores preparam uma nova marcha unificada que deve agitar Brasília.


Dia de luta, 3-J

Os estudantes das universidades federais também declararam greve e estão na linha de frente do movimento em defesa da universidade pública. Instituíram um Comando Nacional de Greve pela base a fim de discutir suas próprias pautas com o governo e vem se articulando, à revelia da UNE. O comando exige ser reconhecido pelo governo como legítimo representante dos estudantes em greve.

O comando de greve aprovou uma série de manifestações para esse dia 3 de julho, ou “3-J”. A pauta levantada pelos alunos inclui o rechaço ao Reuni, a exigência dos 10% do PIB para a educação pública já, não ao PNE do governo e por direitos estudantis, como reajuste de bolsa auxílio, restaurante universitário, moradia e creche em todos os campi.


LEIA MAIS

Juventude do PSTU: Não ao PNE! Queremos 10% do PIB para a educação pública já!


Retirado do Site do PSTU

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Sintect-SJO desautoriza assinatura em manifesto da Unidos Pra Lutar/CST que ataca a CSP-Conlutas

Um manifesto divulgado recentemente pela corrente Unidos Pra Lutar/CST, com calúnias contra o PSTU, a LIT-QI e a CSP-Conlutas inclui assinaturas indevidas, como a do Sindicato dos trabalhadores dos Correios de São José do Rio Preto, o Sintect-SJO. Leia abaixo a nota divulgada pelo sindicato


"Nos dias 09 e 10 de Maio de 2012 ocorreram as eleições do Sindicato dos Químicos representante dos trabalhadores nas Indústria Químicas e farmacêuticas de São José dos Campos e Região.

O SINTECT/SJO declarou apoio aos camaradas da Chapa 1 ligada a CST – UNIDOS PARA LUTAR pela postura dos mesmos na luta em favor da classe trabalhadora, consoante a política adotada pelos nosso sindicato.

Foi encaminhado um manifesto para que assinássemos apoiando os camaradas, entretanto o que foi publicado, diferente do aprovado pela Diretoria Colegiada, ataca diretamente os camaradas da CSP –CONLUTAS de estar do lado do patrão, o qual não concordamos uma vez que os camaradas estão na linha de frente na defesas dos interesses classistas da classe trabalhadora.

Esperamos que as divergências pontuais sejam resolvidas.

Saudações Sindicais


Diretoria Colegiada do SINTECT/SJO"

Baixe a carta do sindicato


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