sábado, 26 de janeiro de 2013

O preço do peleguismo

Em nota, Zé Maria, Presidente Nacional do PSTU, responde aos ataques de editorial do jornal O Estado de S. Paulo ao partido. O editorial responsabiliza o "radicalismo" de sindicalistas pela ameaça de 1500 demissões na GM de São José dos Campos (SP)


Em destaque, editorial publicado nesse dia 24 de janeiro
O jornal O Estado de S. Paulo publicou um editorial nesse dia 24 de janeiro no qual ataca, de forma vergonhosa, os metalúrgicos que lutam neste momento em São José dos Campos (SP) contra as 1500 demissões que a GM ameaça realizar. O editoral "O preço do radicalismo" ataca ainda a direção do sindicato e o PSTU que, segundo eles, seriam os verdadeiros responsáveis pela dispensa massiva que assombra a cidade.

Atuando como verdadeira assessoria de imprensa da GM, o jornal justifica as demissões e a série de "flexibilização" de direitos trabalhistas que a montadora vem impondo às suas plantas, lamentando o fato de que o mesmo não tivesse sido possível fazer em São José dos Campos devido à mentalidade "retrógada" dos sindicalistas. Para o jornal, tais medidas visam "reduzir os custos operacionais, aumentar sua produtividade, e assim, defender seus mercados e, se possível ampliá-los". Um eufemismo para defender cada vez mais os lucros das empresas.

O editorial não informa, porém, as conseqüências desta flexibilização para a vida dos trabalhadores. E, muito menos, a série de benesses e benefícios recebidos pela montadora do poder público. A isenção do IPI às montadoras vai representar uma renúncia fiscal de R$ 2 bilhões só nessa primeira metade de 2013, segundo o próprio governo. Amparada pelo governo, as empresas, e em especial a GM, vem tendo recorde de vendas e de produção. E, quando se viram ameaçadas pelos automóveis importados da Ásia, as montadoras correram ao governo que garantiu de pronto a elevação do imposto a esses produtos. Mesmo que a própria GM importe boa parte dos veículos que vende aqui.

O Estadão também não diz que os custos de produção dos veículos, incluindo aí o custo com mão-de-obra, no Brasil é um dos mais baixos do mundo, bem menor que a média mundial. Enquanto que, em outros países, o custo total de produção de um veículo corresponde a 79% do valor que é vendido, no Brasil não passa de 58%.A margem de lucro, por sua vez, é de 10%, nada menos que o dobro da média mundial. Ou seja, é uma enorme falácia o argumento utilizado pela montadora, e reverberado pelo jornal, de que o custo da mão-de-obra estaria inviabilizando o funcionamento da montadora. Isso não acontece em São José nem em nenhum lugar do mundo em que a GM atua.

Acontece que o governo parece funcionar apenas para um lado. Quando a GM bate à porta do poder público reclamando da crise, não ouve do governo: "reduza os custos e aumente a produtividade para se viabilizar". Não, ela consegue isenção fiscal, sem qualquer contrapartida. Quando vêm os produtos asiáticos mais baratos, consegue medidas protecionistas para garantir reserva de mercado. Agora, quando a empresa decide colocar na rua 1500 pais de família, dizendo que vai transferir sua produção para outro país, aí então se torna uma "necessidade" para baixar custos e enfrentar a concorrência. Aí então o governo se diz “impossibilitado” de intervir a favor dos trabalhadores.

O que o Estadão chama de "radicalismo" é a postura de não aceitar esse absurdo. O governo não mede esforços para atender as reivindicações da montadora norte-americana e não pode simplesmente ignorar o apelo de 1500 operários em defesa de seus empregos.

Outra falácia, esta também muito difundida, dá conta de que um sindicalismo mais "moderno", um eufemismo para chapa-branca, impediria as demissões e que as empresas fossem embora e fechassem fábricas. Como bem mostra o próprio exemplo do editorial, a região do ABC. Para o jornal, os sindicalistas que agiam de forma parecida aos de São José dos Campos foram os responsáveis pela redução dos investimentos na região. Mas, agora, comemora o jornal, "os novos dirigentes souberam compreender as mudanças na economia mundial". O editorialista só se esquece de dizer que, neste exato momento, as montadoras do ABC demitem, abrem PDV's e colocam centenas de operários em lay-offs, como na Mercedes.

Um sindicalismo combativo, como defende a CSP-Conlutas, não é garantia de empregos ou de novos investimentos. É tão somente a garantia de que os trabalhadores que estão sendo atacados tenham um instrumento para dar vazão à sua luta e contem com a possibilidade de resistir. Algo que no ABC não ocorre, pois esse é o “preço do peleguismo” defendido pelo Estadão.


Retirado do Site do PSTU

O lucro das grandes corporações norte-americanas falou mais alto que a vida de Aaron Swartz

Jovem programador foi acusado de compartilhar artigos acadêmicos de bibliotecas norte-americanas na rede



Aaron foi vítima de um sistema que o lucro está acima do conhecimento, da liberdade e da vida
No dia 11 de janeiro, o jovem Aaron Swartz, 26 anos, foi encontrado morto em seu apartamento, na cidade de Nova Iorque. Ele sofria de depressão e teria se suicidado, sem deixar nenhum bilhete ou informação. Aaron, aos 14 anos, já era considerado um grande prodígio no mundo digital por desenvolver o sistema RSS (Rich Site Summary), que possibilita o recebimento de informações atualizadas de diversos sites diferentes, sem que seja necessário visitá-los um a um.

Essa poderia ser uma notícia como várias outras, não fosse o fato de que Swartz, um jovem programador informático, estava a poucos dias de um julgamento que poderia levá-lo a mais de 30 anos de prisão e a receber uma multa de cerca de um milhão de dólares. A acusação era que ele havia feito “download ilegal” de 4,8 milhões de documentos científicos e literários da plataforma JSTOR, que abrigava arquivos de sete bibliotecas norte-americanas e cobra 19 dólares por mês de quem quiser acessar os seus “papers”.

A família responsabiliza as autoridades judiciais americanas pelo acontecido e critica o sistema judiciário dos Estados Unidos que iria prender um jovem de 26 anos por “um crime que não fez vítimas”. Isso por que, além de uma mente brilhante, Swartz era um jovem ativista e defensor da liberdade de expressão e compartilhamento de conteúdos na internet. Um jovem que não se conformava com uma lógica em que as pessoas são obrigadas a pagar para ter acesso ao conhecimento, como mostram os casos de bibliotecas inteiras cujo acervo é digitalizado, mas acessível somente aos que podem pagar suas taxas.

No seu documento mais difundido (Guerrilha Open Access), Aaron coloca que “a herança inteira do mundo científico e cultural, publicada ao longo dos séculos em livros e revistas, é cada vez mais digitalizada e trancada por um punhado de corporações privadas”.

Para o capitalismo, todo ataque à liberdade de expressão e de compartilhamento de conteúdos tem sua razão de existir: seja para o controle do conhecimento em circulação, seja para a garantia dos lucros bilionários das grandes corporações internacionais. Aaron é mais uma vítima de um sistema no qual o lucro da grande burguesia está acima do conhecimento, da liberdade e da própria vida.

Para nós da Juventude do PSTU, fatos como esses só reforçam a necessidade real de democratizar o acesso aos conteúdos digitais e ao conhecimento, sabendo que isso significa ir além de receber informações, mas também ter a possibilidade de produzí-las e divulgá-las livremente. E como dizia o próprio Aaron Swartz, “não há justiça em seguir leis injustas. É hora de vir para a luz [...] declarar nossa oposição a este roubo privado da cultura pública”.


Retirado do Site do PSTU

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Metalúrgicos da GM decidem: se não houver acordo, haverá greve por tempo indeterminado

Com a greve, os trabalhadores pretendem pressionar a presidente Dilma para que assine uma Medida Provisória proibindo as demissões





Se não houver acordo, greve começa nesta segunda
Os trabalhadores da General Motors de São José dos Campos aprovaram, em assembleia, realizada nesta quinta-feira, dia 24, as propostas apresentadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos à montadora, na reunião de ontem. Em votação, eles decidiram que, caso a GM não aceite chegar a um acordo com o Sindicato, haverá greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira, dia 28.

Com a greve, os trabalhadores pretendem pressionar a presidente Dilma Rousseff para que assine uma Medida Provisória proibindo que empresas beneficiadas por incentivos fiscais realizem demissões. A GM, assim como todo o setor automotivo, foi beneficiada pelo Plano Brasil Maior, que inclui a redução de IPI para veículos.

A negociação com a GM será retomada no próximo sábado, dia 26, a partir das 10h. Na última reunião com a GM, o Sindicato apresentou uma proposta com sete itens, condicionados a novos investimentos na fábrica e garantia de que não haja demissões.

No dia 26, termina o acordo que colocou os trabalhadores em layoff (suspensão do contrato de trabalho) e suspendeu o plano de demissão em massa.

No ano passado, a GM anunciou que pretendia demitir 1.840 trabalhadores e fechar o setor MVA (Montagem de Veículos Automotores). A empresa abriu um Programa de Demissão Voluntária (PDV), que já teve a adesão de mais de 300 funcionários.

Hoje a fábrica possui 7.500 trabalhadores e produz os modelos Classic, S10 e Blazer, além de motores e transmissões.

Desde o início das negociações, o Sindicato vem tentando contato com a presidente Dilma para que tome medidas concretas em defesa do emprego, mas até agora nada foi feito pelo Governo Federal.

“Se não houver acordo com a GM, a responsabilidade pelas demissões será da empresa e também da presidente Dilma. A GM não está em crise, vendeu muito em função da redução de IPI e, mesmo assim, quer colocar na rua 1.500 pais e mães de família. Não vamos aceitar isso. A presidente não pode ficar simplesmente assistindo a essa grave situação e não tomar nenhuma providência. Vamos exigir que o governo federal se posicione a favor dos trabalhadores e que as demissões sejam proibidas”, afirma o presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros.




Audiência Pública

A Câmara Municipal de São José dos Campos realiza, nesta quinta-feira, dia 24, às 16h, uma audiência pública para colocar em discussão a situação dos trabalhadores do General Motors. Foram convidados representantes do Sindicato dos Metalúrgicos e da GM, que já confirmaram presença.


LEIA MAIS

A crise econômica mundial e a GM


Retirado do Site do PSTU

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares é a privatização dos Hospitais Universitários

Governo do PT impõe reestruturação neoliberal na saúde e educação




Mobilização contra EBSERH no Rio Grande do Sul
"Oh Dilma! Que papelãããooo... A EBSERH é privatizaçãããooo!"
(Palavra de ordem cantada pelo movimento contra a privatização dos Hu´s)

A ultima pesquisa IBOPE de 2012 identificou que a maioria do povo brasileiro está insatisfeita com a saúde pública do país. Apesar do apoio popular ao governo Dilma, 66% dos entrevistados desaprovam a política de saúde deste mesmo governo.

As imensas filas e condições precárias de atendimento nos prontos socorros, a demora para conseguir marcar exames pelo SUS, a superlotação de leitos, a má remuneração dos profissionais de saúde, a precária infraestrutura e as dívidas imensas dos hospitais universitários são fatos do cotidiano de um país “doente”.

O fortalecimento e ampliação com qualidade do SUS no sentido de consolidar a saúde publica e gratuita como uma importante conquista da classe trabalhadora brasileira não foi uma tarefa que o governo do PT (Lula e Dilma) se dedicou a fazer. O reformismo nesse caso não fez reformas! Pelo contrário, corte de verbas da saúde, privatização e precarização do trabalho nos Hospitais Universitários (HU´s) é a política desenvolvida pelo governo federal.

Os Hospitais Universitários (parte importante da saúde pública brasileira) formam uma rede de socorro regional por todo país, sendo o setor das Universidades Federais que possui um contato mais profundo com a sociedade em geral. O Hospital das clinicas em Goiás, por exemplo, atende a população carente de todo centro-oeste e cidades próximas da fronteira com Minas, Bahia e Tocantins. E é esse o papel dos HU´s pelas regiões do país! E, infelizmente, a realidade desses hospitais faz parte da crise crônica da saúde pública brasileira.

A saída para a crise dos HU´s construída pelo governo federal é a criação da EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Um verdadeiro flagrante da capitulação do governo Dilma ao neoliberalismo radical.

“A EBSERH poderá ter subsidiárias (...) Quais empresas serão subsidiárias? Por óbvio os Hospitais Universitários(...) A subsidiária revela a privatização, de que modo? A subsidiária é definida a sua natureza, como ela funciona, o que ela deve ser (...)Não na lei da EBSERH, mas na Lei 6404 que é a Lei das Sociedades Anônimas.As subsidiárias e a EBSERH poderão capturar outros recursos que não seja de fundo público, poderão vender serviços e poderão investir os lucros no capital financeiro”, argumenta Sarah Graneman, professora da UFRJ, sobre a privatização dos HU´s através da EBSERH.

A EBSERH é a tentativa de legalização de uma parceria pública e privada que fortalece na prática a ideia neoliberal de colocar na lógica do mercado todos os serviços de necessidade básica imprescindíveis para a população trabalhadora, como saúde, educação, transporte etc.


Legislação, regras e normas da EBSERH contra os trabalhadores

Segundo os estatutos, o regimento interno, o plano de carreira e o contrato de adesão da EBSERH, não só a privatização, mas também a precarização do trabalho se expressa com força no processo que envolve a implementação dessa empresa. O Controle sistemático do tempo de trabalho através do ponto eletrônico, concurso para a contratação de trabalhadores sem estabilidade (Fim do RJU), a terceirização de pessoal do nível de apoio etc. O pessoal do quadro das IFES (PCCTAE) poderá ou não ser cedido a EBSERH, isto ficará sob o crivo de uma “seleção”, um futuro incerto. Em médio e longo prazo, os Técnicos Administrativos das IFES irão desaparecer dos Hospitais Universitários.

Além da privatização e da precarização do trabalho, o sufocamento da democracia dentro dos Hospitais universitários é o terceiro operativo que sustenta a estruturação da política administrativa da EBSERH. O Presidente, indicado pelo governo, tem alcance “absolutista” na administração da empresa, já o trabalhador tem influência “microscópica” no conselho administrativo. No artigo 25, parágrafo VI do regimento interno fica claro uma competência absoluta do presidente da EBSERH:

“ Admitir, promover, punir, dispensar e praticar os demais atos compreendidos na administração de pessoal, de acordo com as normas e critérios previstos na lei e aprovados pela Diretoria, podendo delegar esta atribuição no todo ou em parte”.

A tal diretoria citada, segundo o regimento interno, será formada por até 06 membros, todos nomeados pelo governo e o presidente terá além do voto ordinário, o voto de “qualidade”.

O parágrafo 3º do artigo 12 do estatuto da EBSERH deixa claro como será a participação dos trabalhadores no conselho administrativo da empresa, um papel simbólico. Tal conselho terá noves membros e somente um será escolhido pelos trabalhadores. A maioria dos membros será indicado pelo governo:

“ O representante dos empregados não participará das discussões e deliberações sobre assuntos que envolvam relações sindicais, remuneração, benefícios e vantagens, inclusive assistenciais ou de previdência complementar, hipóteses em que fica configurado o conflito de interesse, sendo tais assuntos deliberados em reunião separada e exclusiva para tal fim.”

E na parte IV, subitem 4.3 do plano de carreira dos trabalhadores da EBSERH, já instituído pela empresa, não deixa claro a liberdade sindical dos trabalhadores:

“Será definido posteriormente o Sindicato que representará os empregados da EBSERH para quaisquer negociações relativas a este Plano.”

Os recém-gestores da EBSERH, ao publicar essa passagem ambígua onde não fica claro quem decidirá qual o sindicato que representará os trabalhadores da EBSERH, está possibilitando o atropelo à liberdade sindical dos trabalhadores de decidir qual sindicato os representará.

Percebemos que todo o arcabouço de normas e regras dessa empresa, que determina a reestruturação administrativa dos HU´s, coloca os profissionais de saúde numa situação de total vulnerabilidade. Dividindo a categoria em três ou mais contratos de trabalho, representada por sindicatos diferentes, com patrões e legislações diferentes. Num mesmo ambiente de trabalho, teremos os funcionários da EBSERH, trabalhadores das IFES que serão cedidos, funcionários de firmas terceirizadas, estagiários,bolsistas etc.


EBSERH, o modo petista de privatizar a saúde e a educação

Lula assinou a MP 520 em 31 de dezembro de 2010. Tal medida caducou no Senado no dia 01 de junho de 2011. O governo nesse momento reordenou suas forças e elaborou o Projeto de Lei 1749/11 (EBSERH) que, sob muitos protestos do movimento sindical, foi aprovado em setembro de 2011 na câmara dos deputados. Em novembro, foi aprovado como PLC 79/11 no senado federal. A FASUBRA (Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras) foi parte ativa da oposição a essa iniciativa do governo federal.

A base aliada do governo, tanto na câmara como no senado, com algumas defecções foi muito fiel. Destaque para as bancadas do PT e PC do B (partidos que tem forte influência no movimento sindical). A bancada do PT orientou seus parlamentares a votar a favor da EBSERH, já o PC do B liberou seus parlamentares. Dos parlamentares do PT que estiveram presentes, 59 votaram a favor da EBSERH, 04 votaram contra e 01 abstenção. Já no PC do B, 07 deputados votaram a favor e 06 votaram contra a EBSERH.
A aprovação da EBSERH no senado foi ainda mais tranquila, também contando com a obediência da bancada governista onde a ampla maioria dos senadores votou a favor.

A aprovação da EBSERH foi uma política consciente da direção do PT. A operação para aprová-la iniciou com Lula, passou por Dilma e encontrou respaldo na maioria dos parlamentares da base aliada. O curioso é que no movimento sindical (ligado à educação e à saúde), a EBSERH nunca foi defendida pelos militantes das correntes sindicais dirigidas pelos partidos governistas. Na FASUBRA, em outros sindicatos e no movimento contra a privatização do SUS, há um consenso entre todas as correntes e ativistas, sejam governistas ou não: “A EBSERH representa uma agressão à autonomia das universidades, a privatização da saúde/educação e a precarização do trabalho nos HU´s”.

Com todo respeito aos companheiros e companheiras dirigentes e ativistas sindicais da CUT e da CTB, que corretamente estão na luta contra a EBSERH, numa provocação positiva, gostaríamos de alertar que é preciso refletir sobre o papel que os dois maiores partidos da esquerda brasileira estão cumprindo na direção do governo federal e no congresso nacional. A privatização da saúde e da educação é sim uma capitulação à política neoliberal de responsabilidade das direções do PT e PC do B.

Após aprovada no congresso nacional, o debate sobre a EBSERH saiu concretamente de Brasília e, em 2012, explodiu dentro dos conselhos universitários de algumas universidades, bem como é uma polêmica em várias outras IFES agora em 2013. Isso porque as universidades federais, que em sua estrutura possuem um HU, terão que decidir pela adesão ou não à EBSERH. Instituições importantes como UFPR e UFCG, pela força do movimento, disseram não à adesão. Já em outras universidades, mesmo com muita luta, foi aprovada a adesão, e em vários casos com manobras desrespeitosas e antidemocráticas por parte das administrações superiores. Importante destacar que os reitores cumprem um papel profundamente reacionário. De joelhos diante do governo federal, estão abrindo mão da autonomia universitária em troca da EBSERH.


Iniciativas importantes contra a EBSERH

Nesse momento, existe uma ampla frente contra a privatização do SUS que vem acumulando forças em todo país, envolvendo docentes, estudantes, técnicos administrativos, profissionais e entidades ligadas à saúde. Mulheres e homens organizados lutando contra a EBSERH, mobilizando os trabalhadores e usuários para derrotar politicamente esse ataque do governo federal e tendo como perspectiva o fortalecimento do SUS.

No terreno jurídico, a FASUBRA, o ANDES-SN e a FENASPS fizeram uma representação provocando a Procuradoria Geral da Republica que, por sua vez, ajuizou uma ADIn – Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a EBSERH.

Por fim, devido às graves consequências impostas aos trabalhadores pela EBSERH, é necessário que o conjunto do movimento, e em especial a FASUBRA, discuta seriamente a intensificação da mobilização dos trabalhadores lotados nos Hospitais Universitários, avaliando a possibilidade de construirmos uma greve contra a EBSERH ainda em 2013.


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ato público marca 1 ano da desocupação do Pinheirinho

Cerca de 500 pessoas, entre ex-moradores, ativistas, artistas e parlamentares, voltam ao local onde, há 1 ano, foi palco de uma barbárie que teve repercussão internacional


Fotos Raíza Rocha
Ato público contou com muitos ex-moradores do Pinheirinho
Nesta terça-feira, 22, cerca de 500 pessoas, entre elas muitos ex-moradores do Pinheirinho, fizeram um ato para lembrar a desocupação que aconteceu há exatamente um ano. O evento aconteceu em frente ao terreno, no Centro Poliesportivo, local para onde foram levadas as famílias naquele dia 22 de janeiro.

Além dos moradores, diversos ativistas solidários estiveram presentes. Muitos deles acompanharam a luta desde antes da desocupação. A rapper Lurdez da Luz também foi ao ato e cantou a música Levante, que escreveu inspirada na luta do Pinheirinho: “O que eu quero é ver/O povo com poder/Pra lutar pra vencer/A violência covarde”. No dia em que ocorreu o despejo estava programado um show de solidariedade na ocupação em que Lurdez da Luz cantaria.

Antônio Donizete Ferreira, o Toninho, abriu o ato: “Sofremos tudo aquilo, mas nós não perdemos a dignidade, não perdemos a capacidade de lutar”. Ele lembrou que o terreno ficou abandonado depois da ação policial. “Onde tinha esperança, onde tinha alegria, onde tinha vida, hoje não tem mais vida”, disse.

Toninho anunciou que está sendo negociada a compra de dois terrenos para a construção de moradias. “Não fizemos oito anos de ocupação para ter aluguel social, fizemos oito anos de ocupação para ter moradia decente”, afirmou.

O deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), presidente da Comissão da Verdade do estado de São Paulo, defendeu que o terreno voltasse para o povo de São José dos Campos. “A história da luta do Pinheirinho não pode terminar com a vitória de Naji Nahas”, Falou. Ele cumprimentou “os companheiros do PSTU que tão barbaramente foram criminalizados, parece que foi uma vingança política porque a liderança estava com estes companheiros”.



Valdir Martins, o Marrom, liderança da ocupação, encerrou o ato, agradecendo a todas as entidades e ativistas que compareceram. “Nós sabíamos que seria difícil, não é fácil enfrentar os latifundiários, não é fácil enfrentar o capital”, concluiu.


Solidariedade nacional e internacional

O vereador pelo PSTU, Cleber Rabelo, veio de Belém (PA) para prestar solidariedade aos moradores do Pinheirinho. Cleber contou que, quando houve a desocupação, distribuiu panfletos nos canteiros de obra de Belém denunciando a violência. Segundo ele, a solidariedade foi imediata e houve quem quisesse ir a São José dos Campos para ajudar. “O dia 22 de janeiro está gravado nas mentes de milhares de trabalhadores do país todo, que ficaram revoltados e indignados com o que aconteceu”, falou.

A ativista síria Sara Al Suri também marcou presença no ato. Ela relatou a experiência de seu país, onde mais de 60 mil pessoas já foram mortos pelo regime ditatorial de Bashir Al Assad. “Se há uma população que todos os dias sente a trágica perda de suas casas, terras e vida, esta população é o povo sírio em revolta. De Damasco ao Pinheirinho, temos a mesma luta, a mesma violência do capitalismo, que é internacional. Da mesma forma, a força, a persistência e as lutas dos trabalhadores também tem que ser internacional”, disse a ativista ao Portal do PSTU.

Estiveram presentes, ainda, parlamentares. Entre eles, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O PSTU, o PSOL, a CSP-Conlutas, a ANEL, a Unidos para Lutar e dezenas de entidades também prestaram sua solidariedade.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A crise econômica mundial e a GM

Ameaça de demissões no Brasil faz parte da política da montadora em todo o mundo





Sede da General Motors em Detroit
O final do ano de 2008, um dos momentos de aprofundamento da crise econômica, em particular nos Estados Unidos, marcou profundas transformações na GM. Acossada pela crise, a empresa chegou a entrar em concordata. Suas ações chegaram a valer menos de um dólar e o governo americano foi obrigado a intervir para impedir a bancarrota total da multinacional, o que teria consequências no agravamento da situação econômica mundial.

Em acordo que envolveu os ex-acionistas, o governo norte-americano, o canadense, e o VEBA, uma espécie de fundo de pensão administrado pelo UAW (o sindicato nacional dos trabalhadores da indústria automobilística), a empresa conseguiu sair da concordata rapidamente e promoveu uma grande reestruturação que já vinha sendo perseguida pela companhia há anos.

O governo Obama ficou com a maioria das ações e o controle da administração da GM. A saída da concordata no início de 2009 implicou no fechamento de 17 fábricas, na extinção de diversas marcas, na demissão de 35 mil trabalhadores e na criação de uma “Nova GM”, fruto da reestruturação.

Em colaboração com a burocracia sindical da UAW (que se transformou em “sócia” da empresa), foram criadas novas estruturas salariais que rebaixaram em metade o salário da nova geração de trabalhadores, a 12 e 16 dólares por hora, frente aos 32 dólares recebidos anteriormente. Essa foi a base da forte reestruturação nos EUA, onde quem pagou a conta da crise foram os trabalhadores.

Junto com isso, a empresa conseguiu altos lucros em países como Brasil, China, Coréia, e que possibilitaram uma alta remessa de lucros para a matriz. Também ocorreu uma restruturação parcial na Europa, com precarização do trabalho e o fechamento de plantas como em Antuérpia, na Belgica.

Com isso, a empresa retomou em 2011 a posição de primeira montadora do mundo, derrubando a Toyota, afetada pelos efeitos do tsunami no Japão. Em 2012 a Toyota retomou a liderança, mas por uma pequena diferença.


Reestruturação internacional

Esta receita da GM foi amplamente utilizada pelas montadoras nos EUA e no mundo levando a uma precarização geral do trabalho. Os trabalhadores hoje vêem suas condições de vida se deteriorar rapidamente. Fazer mais carros com menos trabalhadores e salários menores: é o que faz a GM se utilizando também de avançadas tecnologias.

Assim, apesar da crise econômica, cresce a produtividade do trabalho nos EUA e a competividade da empresa, que se recupera e se aproveita do pequeno crescimento do mercado automobilístico norte-americano. A GM agora se prepara para voltar integralmente à bolsa de valores e o governo Obama vender suas ações e deixar o controle da empresa.

No entanto, a forte concorrência entre os capitalistas, o crescimentos das empresas asiáticas e o aprofundamento da crise econômica na Europa fazem com que a reestruturação seja permanente e cada vez maior. Só assim as empresas podem manter suas taxas de lucros e ganhar mais força, aumentando a exploração dos trabalhadores.


Ofensiva das montadoras

Assistimos neste momento a uma sucessão de ataques, com ameaças de fechamentos de empresas em vários países e o deslocamento da produção para regiões de baixo custo. Até na Alemanha, onde não se fecha uma planta desde a Segunda Guerra Mundial, a GM quer acabar com a produção na fábrica em Bochum em 2016. Na França, a PSA GM quer fechar uma planta, demitir até 8500 trabalhadores e enfrenta uma greve neste momento.

A Ford anunciou o fechamento da planta na Bélgica no final do ano passado, o que também tem gerado protestos. As sucessivas concessões feitas nesta empresa pela burocracia sindical, com redução de direitos e salários, não impediram que a multinacional tomasse esta decisão.

Na Itália, a veterana Fiat tem promovido uma forte reestruturação com diminuição dos postos de trabalho, fechamento de plantas e chantagens sobre os trabalhadores. Com a queda das vendas na Europa, cresce a concorrência entre as empresas e as fusões para aumentar a escala de produção. Estima-se que apenas seis ou sete montadoras sobreviverão em escala mundial a esse processo.




Ataques no Brasil

A ofensiva da GM no país tem como pano de fundo esta situação. Mesmo nos países onde ainda existe crescimento de vendas, como é o caso do Brasil. A vinda de novas empresas que praticam baixos salários e normalmente se instalam em locais com fraca tradição sindical pressionam ainda mais para reestruturação. A “receita GM” se espalha da matriz nos EUA para todo mundo. Trabalhar mais com menos trabalhadores e salários mais baixos, fechar fábricas e diminuir os postos de trabalho. Por isto também deve ser enfrentada internacionalmente.

As mobilizações que se iniciam na Europa contra o fechamento de fábricas mostram o caminho. O encontro realizado em São José dos Campos (SP) no ano passado entre operários do Brasil, Espanha, Alemanha e Colômbia apontou para a necessidade da luta unificada. As recentes manifestações em Detroit (nos EUA) durante o Salão internacional do Automóvel e a realização de um dia global de manifestações no dia 23 de janeiro, apoiando a luta dos metalúrgicos da GM de São José dos Campos, são expressões dessa visão internacional.

Ainda são pequenas iniciativas, mas apontam o caminho. Contra a globalização capitalista, temos de apostar na globalização das lutas e da resistência.


Retirado do Site do PSTU

domingo, 20 de janeiro de 2013

Assentamento Milton Santos ocupa prédio do INCRA

Setenta famílias de assentamento do interior de São Paulo correm o risco de serem despejadas
 


Ocupção do prédio do Incra em São Paulo
Há sete anos, mediante determinação do próprio INCRA, famílias foram assentadas em uma área localizada entre os municípios de Americana e Cosmópolis, no interior de São Paulo. Este foi o início do assentamento Milton Santos que hoje conta com a participação de 70 famílias que trabalham na terra, plantando e produzindo. “Este ano, se a polícia não passar por cima, vou colher um caminhão de milho” , disse Pedro, um pequeno agricultor que trabalha nesta terra desde o início do assentamento.

A área pertencia ao Grupo Abdala que, devido a dívidas com o governo, passou a ser do INSS. Ano passado a família decidiu recorrer e, desde então, os assentados vem recebendo pressão do Governo Federal para deixarem a área. Com a finalidade de dar visibilidade ao caso e mostrar sua resistência, os assentados promoveram uma série de ações ao longo deste ano, como a ocupação do escritório da presidenta Dilma, em São Paulo, e outros protestos na cidade de Americana.

Na madrugada desta terça-feira, 14, o movimento ocupou prédio do INCRA, na cidade de São Paulo, como forma de pressionar o Governo Federal para que atenda a reivindicação de desapropriação da área por interesse social. A ocupação segue vitoriosa contando com o apoio e a presença de muitos grupos engajados pelo ideal da reforma Agrária em nosso país. Nós do PSTU estamos também nesta luta!

Na tarde desse dia 16, os assentados receberam a notificação de que teriam 15 dias para desocupar a área. “Meu filho nasceu e cresceu lá, vai ser muito triste pra gente ver o trator chegar e derrubar nossa casa e tudo aquilo que a gente construiu trabalhando” , disse Napoleão, outro assentado que também mora lá desde o primeiro ano do assentamento. O sentimento de tristeza dos assentados se mistura com a indignação com o descaso do Governo Federal em relação ao assentamento.

“Foi o Governo Federal que colocou a gente lá e é ele que agora tá colocando a gente na rua” , desabafou Pedro, que ainda relembrou que, muitas vezes, o governo prefere liberar milhões para o latifúndio, deixando à míngua muitos movimentos que expressam o conflito fundiário, como o Pinheirinho, o Movimento Sem–Teto e os Índios Guarani-Kaiowa. Inclusive, no trajeto até São Paulo, uma coincidência fez com que representantes de outro acampamento do interior de São Paulo que estavam indo até o INCRA devido ao recebimento de uma ameaça de reintegração de posse, encontrassem o povo do Milton Santos e viessem se somar nesta luta. “A humilhação com o povo pobre é grande”. Assim concluiu a nossa conversa, um idoso assentado do Milton Santos.

A única forma de garantir que as famílias não sejam despejadas da terra onde vivem e trabalham há sete anos é por meio de um decreto assinado pela presidenta Dilma autorizando a desapropriação da área por interesse social. Porém, até agora, nada de concreto foi feito. Como disse um dirigente do movimento durante a assembleia de hoje: “a experiência do Pinheirinho ensinou uma coisa pra gente: que não podemos acreditar em promessa. É importante fazer com que as autoridades se comprometam, mas não podemos depender delas”. Assim, a crítica situação do assentamento Milton Santos pode acabar tendo o mesmo fim de tantos outros movimentos de luta por terra e moradia deste país que, confiando no governo do PT, tiveram como resposta apenas a violência policial e a decepção política, como foi o caso do massacre do Pinheirinho no ano passado.

A importância desta luta nos mostra a necessidade de articulação entre as organizações comprometidas com a luta da classe trabalhadora em nosso país. Por isso, nós do PSTU fazemos um chamado às organizações para que, assim como nós, venham fortalecer a luta dos trabalhadores do Milton Santos!

Milton Santos, resistência e luta!


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