sábado, 19 de março de 2011

Centenas de mulheres vão às ruas de Natal protestar contra o machismo e a exploração

Na manhã de quinta-feira, dia 17, cerca de 400 mulheres coloriram as ruas de Natal (RN) com bandeiras vermelhas, lilases e muitas reivindicações. Em alusão ao 8 de Março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, elas realizaram um protesto pelas ruas da cidade contra o machismo e exploração. A caminhada, que reuniu trabalhadoras sem-terra do MST, estudantes, servidoras públicas e sindicalistas, saiu do bairro Cidade da Esperança e seguiu até o Centro Administrativo do Estado, sede do governo estadual. O protesto foi organizado por centrais sindicais, entidades estudantis, sindicatos e partidos de esquerda.

Durante a caminhada, usando faixas e cartazes, as trabalhadoras denunciaram a violência contras as mulheres e fizeram exigências por melhores condições de vida e trabalho. Com o tema “Mais poder para as Mulheres”, a manifestação reafirmou que não basta ser mulher, é preciso ser trabalhadora e estar ligada às lutas populares.

“No RN a eleição de Rosalba Ciarlini para o governo do Estado significa a continuação do atraso nas políticas públicas e a volta do DEM ao poder, antiga Arena, partido da ditadura. Em Natal, a prefeita Micarla de Sousa é rejeitada por mais de 80% do povo e está destruindo os serviços de saúde, com a privatização, através das UPAS e Ames. Ela também aumentou as passagens dos ônibus”, disse a assistente social e militante do PSTU, Rosália Fernandes.

“Já a presidenta Dilma abandonou a luta pela legalização do aborto e defendeu um reajuste de R$ 35 para o salário mínimo, enquanto que ela e os parlamentares tiveram um aumento de, no mínimo, R$ 10 mil. Tudo isso mostra que não basta ter uma mulher nos governos para que os interesses das mulheres trabalhadoras sejam atendidos”, completou.

Entre as principais reivindicações apresentadas pelas mulheres, destacaram-se a luta pelo salário mínimo do Dieese (R$ 2.200), fim da pobreza, aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha, punição aos agressores das mulheres, construção de casas-abrigo e descriminalização do aborto. Para a professora e militante da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), Luciana Lima, o protesto serviu para enviar um recado aos governos. “Nós, mulheres, somos quase 40% da população economicamente ativa, mas somos também quase 70% dos mais pobres do mundo. Estudamos mais do que os homens. Entretanto, ganhamos os menores salários, recebendo até 30% menos. Isso mostra que os empresários nos usam para explorar ainda mais a classe trabalhadora. É preciso enfrentar todos os governos que apoiam essa política”, defendeu.


Retirado do Site do PSTU

Polícia reprime ato contra Obama no Rio e prende dezenas de manifestantes

A manifestação contra a vinda do presidente norte-americano foi duramente reprimida pela Polícia Militar no Rio de Janeiro, no final da tarde e início da noite desse 18 de março.

Organizada por sindicatos, movimentos sociais e partidos políticos, como o PSTU e a CSP-Conlutas, o protesto enfrentou, desde o início, o autoritarismo da polícia. Antes mesmo de se iniciar, na concentração na Candelária, a PM impediu a aproximação do carro de som. Momentos depois, os policiais tentaram impedir a saída dos manifestantes em passeata pela Avenida Rio Branco, em uma cena inédita.

Mesmo assim, mais de 300 ativistas saíram em caminhada rumo ao Consulado dos EUA. Quando chegavam ao Consulado, por volta das 19h, a PM reprimiu a manifestação com cassetete e balas de borracha. As últimas informações dão conta de que 15 ativistas foram presos, entre eles cinco militantes do PSTU. Há ainda vários feridos, inclusive um jornalista da CBN, atingido por uma bala de borracha.

Thiago Hastenheiter, militante do PSTU, contou que “Eles vieram com cassetetes e bombas e nos atacaram. Depois perseguiram os grupos nas ruelas próximas, atirando com balas de borracha”. Segundo Thiago, os manifestantes foram seguidos e revistados, nas ruas próximas.

A PM acusou os manifestantes de terem jogado um coquetel molotov, e usa isto como para tentar justificar a selvageria. "Não reconhecemos isso. Ninguém do PSTU atirou nada contra a embaixada", conta Ricardo Tavares, do PSTU-RJ. "Essa é uma desculpa da polícia. Parece que voltamos para a ditadura", protesta.

Muitos ainda não foram localizados e podem estar presos. Os presos foram levados para a 5º Delegacia de Polícia, a Rua Gomes Freire, onde, segundo informações, também está a delegada Marta Rocha, chefe da Polícia Civil. Há informações de que, entre os presos, está um menor de idade, ativista do movimento estudantil. A OAB-RJ foi procurada e está auxiliando na libertação dos manifestantes.

O PSTU repudia a violência e da absurda violação dos direitos humanos e exige respostas do governador Sergio Cabral. Para o PSTU, a agressão mostra que vale tudo para ocultar os protestos e garantir a festa ao presidente dos Estados Unidos, desde afastar moradores de comunidades de suas próprias casas até repetir métodos da ditadura, como a repressão de hoje.

O partido afirma que continuará nas ruas contra o governo Obama e a entrega do pré-sal pelo governo Dilma e convoca todos para o ato deste domingo, às 10h, no Largo do Machado.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 16 de março de 2011

Inércia do governo pode aumentar tragédia no Japão

Depois do terremoto e das tsunamis, japoneses estão ameaçados de sofrer um desastre nuclear


Em meio à destruição, japoneses ainda podem sofrer mais uma catástrofe
Na última sexta-feira, dia 11, o Japão foi atingido por um dos maiores terremotos já registrados no mundo, chegando a uma magnitude de 9 pontos na escala Richter. Na sequência do terremoto, o país sofreu também com um tsunami que devastou algumas cidades da costa nordeste do país. As imagens do tsunami destruindo casas, carros, aviões e da pilha de destroços sendo arrastados pela força das ondas são impressionantes.

Antes de tudo, queremos mandar nosso mais profundo sentimento de solidariedade a todos os japoneses e seus familiares. Pela intensidade do terremoto, o desastre poderia ser ainda maior, caso se abatesse em outro país e não no rico Japão. Para efeito de comparação, o tremor que matou mais de 230 mil pessoas no Haiti, em janeiro de 2010, foi 900 vezes menor do que o tremor japonês. Ou seja, se o mesmo terremoto, seguido por um tsunami, ocorresse em algum país pobre como Haiti ou a Indonésia, o número de vítima certamente estaria na casa de centenas de milhares. É importante lembrar que Indonésia e Sumatra sequer foram alertados do tsunami que devastou esses países em 2004.


Desastre nuclear

No entanto, a tragédia japonesa agora ameaça a se transformar numa grande catástrofe nuclear. A usina nuclear Fukushima 1, cerca de 250 quilômetros a nordeste de Tóquio, sofreu pelo menos cinco explosões por conta do terremoto e há vazamento de radiação ao redor da usina. Outra usina que o governo decretou sob estado de urgência foi a de Onagawa.

A possibilidade de um desastre nuclear surpreende muita gente, pois o Japão sempre foi considerado um modelo de prevenção a desastres naturais, com experiência em sismos. Bilhões foram gastos em planejamento para o desenvolvimento de tecnologia para limitar os danos de tremores e tsunamis. A pergunta é: como o governo japonês deixou de fora deste planejamento as usinas nucleares? A resposta a essa questão evidencia uma grande negligência dos governantes do país.

O Japão tem 55 usinas deste tipo, fundamentais para alimentar uma das maiores economias capitalista do mundo. Entre elas a maior usina nuclear do mundo, a usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa. Por incrível que possa parecer essa usina foi construída sob uma falha geológica. Em julho de 2007, a usina de Kashiwazaki-Kariwa estava a 19 quilômetros do epicentro de um terremoto de 6,8 graus de magnitude na escala Richter, o que causou alguns danos à planta. Hoje a usina se encontra em funcionamento, depois de sofrer obras de reparação que custaram US$1,6 bilhão.


O que as autoridades não falam

Após o anúncio do vazamento radioativo na usina nuclear de Fukushima, o balanço
dos fatos já assusta. Mais de 210 mil moradores da região onde fica a planta tiveram de ser evacuados e outros 160 estão sendo mantidos em quarentena pelas autoridades, que receiam o risco de contaminação por radiação. Uma zona de exclusão aérea de 30 quilômetros de diâmetro já foi criada na região. Dentro dela, os moradores estão proibidos de saírem de suas casas. Apesar de tudo isso, o governo do país demorou em alertar sobre a gravidade da situação.

Numa reportagem do jornal norte-americano New York Times, especialistas já haviam alertado que a usina não estava funcionando adequadamente logo depois do terremoto. Segundo o jornal, as quantidades de césio que foram detectadas indicavam claramente que o combustível que alimenta a planta já estava danificado. Contudo, as autoridades japonesas se mantiveram inertes por horas até ordenarem a evacuação da área. Agora, fornecem informações a conta-gotas à população. Segundo informações do governo japonês, a usina não foi planejada para aguentar tremores superiores a 7,9 graus na escala Richter, bem abaixo da intensidade do terremoto que atingiu o Japão.

“A situação se tornou tão crítica que não tem mais, ao que parece, a capacidade de fazer ingressar água doce para resfriar o reator e estabilizá-lo, e agora, como recurso último e extremo, recorrem à água do mar”, disse Robert Alvarez, especialista em desarmamento nuclear do Instituto de Estudos Políticos de Washington. Mas enquanto o governo do Japão se apressa em acalmar a população, minimizando os impactos da tragédia, explosões continuam atingindo os reatores da usina. Tudo indica que o acidente nuclear pode ser mais grave do que dizem as autoridades japonesas.

Segundo o jornal espanhol El País, André-Claude Lacoste, da Autoridade de Segurança Nuclear francesa, informou que o acidente na usina nuclear de Fukushima está “mais além de Three Miles Island, sem chegar [ao nível de] Chernobyl”. A autoridade se refere aos dois mais importantes acidentes nucleares da história recente.

Em 1979, o acidente de Three Miles Island, próximo da cidade de Harrisburg, alcançou o nível 5, isto é, um acidente com consequências de maior alcance. Pouco antes de divulgar sua avaliação sobre o acidente nuclear no Japão, o governo da França orientou seus cidadãos a se retirarem imediatamente do país. Para os franceses esse nível já foi atingido pelo acidente de Fukushima I e caminha para o nível 6. A declaração contradiz a versão oficial do governo japonês que até agora qualificou o acidente em nível 4, com consequências e alcance locais.

A escala dos níveis de gravidade com acidentes nucleares vai até 7 (acidente grave), nível que foi atingido apenas pela catástrofe da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Na época, o regime stalinista da União Soviética ocultou de todo o mundo e da população ucraniana as reais consequências do desastre. Até hoje, não se sabe exatamente quantas pessoas morreram.

O terremoto no Japão foi a maior tragédia do país já registrada desde a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a tragédia pode ser ainda pior devido à falta de ação do governo. Investir em usinas nucleares sempre foi perigoso, mas construí-las sobre falhas geológicas é mais do que mera imprudência: simboliza o desprezo dos governantes com milhares de vidas e mostra a fragilidade da operação de usinas de energia nuclear no sistema capitalista.


Retirado do Site do PSTU