sábado, 28 de maio de 2011

Dilma troca kit anti-homofobia por cabeça de Palocci

Ag. Brasil
Dilma rifa os homossexuais para salvar Palocci
Na última quarta-feira, 25 de maio, a presidenta Dilma Rousseff mandou suspender o kit “Escola sem Homofobia”, que vinha sendo elaborado pelo Ministério da Educação e serviria para levar para dentro das escolas públicas, em todo o país, o debate sobre a homossexualidade e a homofobia.

Esse material, encomendado pelo MEC há mais de um ano, é uma resposta a uma reivindicação antiga do movimento LGBT e de professores, pais e estudantes: a necessidade de que as diferentes orientações sexuais e a homofobia sejam abordadas nas escolas. Algo mais do que necessário, já que não há nenhum preparo, ou material, nas escolas públicas para lidar com a opressão homofóbica, o preconceito e o bullying sofrido por alunos, professores e funcionários LGBT.

Apesar de que, para nós do PSTU, esse material tenha uma série de limitações – como por exemplo o fato da elaboração não ter sido discutida com os professores e estudantes que vivem o cotidiano da escola pública – ele é mais do que necessário e seria fundamental para abrirmos um debate no interior das escolas.


Crônica de um recuo anunciado

É sempre bom lembrar que o kit iria romper com uma lamentável “tradição” do lulismo: dentre tantas propostas e políticas anunciadas para o combate à homofobia, em mais de 8 anos de governo Lula/Dilma, esta seria a primeira que chegou perto de sair do papel.

Embora Dilma alegue que a suspensão do material é devido ao seu conteúdo, o que já e bastante grave, até mesmo porque ela mesma afirmou que nunca viu o material, já está claro para todo mundo que há um outro motivo, que também é a cara do lulismo: a entrega de direitos e conquistas dos movimentos sociais como forma de barganha em negociações espúrias com os setores da classe dominante.

Quanto ao argumento baseado no conteúdo, além do material ter sido avaliado e recomendado até mesmo pela Unesco (que está longe de ser uma aliada na luta contra a homofobia), o fato concreto é que Dilma já deu claros sinais de que não tem nenhum compromisso com a nossa luta. Basta lembrar da “carta ao povo de deus”, ainda durante a campanha eleitoral.

E foi exatamente esta cumplicidade com a homofobia que Dilma transformou em acordo espúrio ao retirar o “kit” para barrar a chantagem da bancada evangélica e grupos católicos no Congresso Nacional, que ameaçaram convocar Palocci para esclarecer a multiplicação de seu patrimônio, e abrir uma CPI para investigar o Ministério da Educação.


Diretos vitais como moeda de troca

Anthony Garotinho (PR-RJ), porta-voz dos homofóbicos, anunciou que a bancada evangélica não votaria nada até que o kit fosse retirado e isto bastou para que Dilma dissesse que o material é “inadequado”, que “não aceita propaganda de opção sexual” e que o governo “não pode intervir na vida privada das pessoas”.

Da vida privada de quem ela se refere? Certamente ela não está falando das pelo menos 260 “vidas privadas” de homossexuais assassinados só em 2010 no Brasil. Ou da “vida privada” de milhares de crianças e adolescentes que sofrem homofobia todos os dias na escola.

Nós sabemos que a homofobia não faz parte da vida privada, porque ela é cotidiana e está em todo canto. E, acima de tudo, é uma “construção social”, alimentada por séculos de propaganda ideológica (na qual as igrejas cristãs desde sempre cumpriram um lamentável papel de destaque), políticas levadas a cabo pelas elites dominantes e conservadoras que sempre alimentaram as práticas homofóbicas e reproduzida, no dia a dia, pelos meios de comunicação e, também, no interior das escolas.

E, por isso mesmo, o movimento LGBT sempre lutou por um material público para ser utilizado no interior das escolas, um “pequeno”, mas importante passo na luta por reverter a ideologia homofóbica.

Ao nos negar este direito, Dilma faz coro com Jair Bolsonaro (PP-RJ), defensor da violência homofóbica, da tortura e da ditadura militar, quando diz que o kit tem por objetivo propagandear a homossexualidade. Por si só, isso já é um absurdo, como se nos tornássemos LGBT’s a partir de qualquer tipo de “propaganda”. Além de que é sempre bom lembrar que o que acontece de fato é que, diária e permanentemente somos, sim, bombardeados por propaganda da orientação sexual majoritária: a heterossexualidade, sempre vendida com altas doses de machismo e homofobia, nas escolas e na mídia.


É preciso transformar a indignação em ação

Ao invés de apontar como “inadequado” um material que sequer viu, o que Dilma deveria fazer é investigar (e, pra isto, afastar) Palocci, cujo fantástico aumento de patrimônio (de 2000%!!!) pode ser visto por todos. Afinal, o que é mais inadequado? Cumprir o papel de utilizar o dinheiro público para desfazer preconceitos, ou proteger e acobertar um sujeito que enriqueceu com o dinheiro público?

Já nas eleições no ano passado, Dilma, com a famigerada “carta ao povo de deus”, jogou no lixo bandeiras históricas dos movimentos feminista e LGBT, como a descriminalização do aborto e a união civil para casais homossexuais. Com essa carta, sinalizou que os setores mais oprimidos da sociedade seriam os primeiros a serem “rifados” para manter seu compromisso com a bancada evangélica – que, diga-se de passagem, é em sua maioria de partidos da base governista, assim como o deputado Jair Bolsonaro.

Assim, para tentar varrer para baixo do tapete um escândalo de corrupção como o Palocci e manter sua aliança com os setores mais conservadores da sociedade, Dilma joga fora até mesmo o material que estava sendo desenvolvido pelo seu próprio governo.

A suspensão do kit anti-homofobia causou revolta em todos os ativistas e entidades do movimento LGBT, e é preciso que tiremos uma lição disso: para lutar contra a homofobia e conseguir vitórias, como conseguimos a aprovação no STJ da união estável, será preciso nos enfrentar com Dilma. Embora o discurso dos governos de Dilma, e antes dela, de Lula, seja de “compromisso com a plena cidadania da população LGBT”, como aponta a ABGLT em sua nota, nos últimos anos, políticas que não saíram do papel e grandes eventos foram realizados pelo governo federal para jogar ilusões no movimento LGBT, mas medidas concretas como essa suspensão são feitas para agradar os conservadores e religiosos no Congresso.

Em nome da “governabilidade” vale-tudo, e nos últimos anos, o PT tem continuamente abandonado as bandeiras históricas que foram construídas junto aos trabalhadores até a chegada de Lula ao poder. Se a “carta ao povo de deus” deixou dúvidas, esse novo fato não pode deixar: não podemos ter o governo Dilma como aliado, precisamos retomar a independência do movimento pra lutar contra a homofobia que sofremos cotidianamente.

E precisamos nos aliar às lutas dos professores e estudantes por uma escola pública sem homofobia, gratuita, laica e de qualidade.


Retirado do Site do PSTU

Fiesp, CUT e Força Sindical se unem. Para quê?

Industriais e direções da CUT e Força Sindical se unem para defender os lucros dos empresários e evitar mobilizações


Fiesp
Temer, Arthur Henrique, Paulinho e Skaf
A história não é nova. Empresários e sindicalistas se unem, colocam eventuais diferenças de lado e dão as mãos em prol de um objetivo comum. Um discurso recorrente. Nos anos 1990 era a invasão de importados provocada pela abertura econômica indiscriminada iniciada por Collor. Assim que Lula assumiu a presidência, convocou um amplo “pacto social”. Mais recentemente, a crise econômica internacional trouxe de volta essa questão.

Agora, a Fiesp, entidade que reúne os industriais de São Paulo, anunciou uma aliança com a CUT e Força Sindical, assim como o histórico Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (ligada à CUT) e de São Paulo (ligada à Força). O perigo alardeado pelos empresários agora é a “desindustrialização” do país, ou seja, a diminuição do peso da indústria na economia e, mais uma vez, a concorrência dos importados e a “falta de competitividade” do Brasil.


Discurso requentado

O pontapé inicial da campanha foi dado no dia 23 de maio, durante entrevista coletiva que colocou lado a lado o presidente da Fiesp, da Força e o dirigente dos metalúrgicos do ABC. Em seguida, no dia 26, realizaram o seminário “Brasil do diálogo, da produção e do emprego”, que contou com a direção de todas as entidades e a participação do vice-presidente Michel Temer (PMDB). O seminário divulgou o documento “Acordo pela Produção e Emprego” com a sistematização das propostas.

A campanha, porém, não se encerraria aí. O objetivo é compor um órgão tripartite, reunindo patrões, trabalhadores e o governo, ao estilo das câmaras setoriais dos anos 1990. Entre as reivindicações divulgadas até agora estão a desoneração da folha de pagamento aos empresários, a isenção na PLR, a “representatividade da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB)” nas palavras da Fiesp, seja lá o que isso signifique, além de uma série de medidas genéricas.

Não é difícil entender o que os industriais querem. Mal acostumados com a série de isenções e subsídios despejados pelo governo Lula quando o país foi atingido pela crise internacional, entre 2008 e 2009, querem uma nova rodada de facilidades e bondades pagas com o dinheiro público. Uma das principais bandeiras é a desoneração do INSS para as empresas nas folhas de pagamento dos funcionários.

Essa é a pauta da indústria. Qual seria então a pauta dos “trabalhadores”? O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, deu uma pista à imprensa, ao defender a “renovação nas relações entre trabalhadores e empresários”. Para quem vem acompanhando as recentes movimentações de sua entidade, essa fala significa bem mais que uma frase de efeito. O sindicato do ABC vem defendendo uma modificação da CLT, que trata dos acordos coletivos.

Nobre defende, mais especificamente, que o “negociado prevaleça sobre o legislado”, ou seja, que os acordos coletivos firmados entre as direções dos sindicatos e os patrões possam eventualmente passar por cima das leis trabalhistas. Para quem se lembra, tal medida, polêmica, foi muito discutida durante o governo FHC. A diferença é que naqueles anos, ela vinha do lado dos patrões.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico do dia 13 de abril, Sérgio Nobre afirmou que ”se ficarmos presos à CLT, travaremos uma série de avanços que são fundamentais para os trabalhadores e para as empresas”. Disse ainda que ”o espaço para negociação no Brasil é quase inexistente, tudo é engessado pela legislação”.


Medida preventiva

No momento em que o presidente da CUT, Arthur Henrique, o dirigente da Força, Paulo Pereira da Silva e o da Fiesp, Paulo Skaf, posavam para a foto oficial do seminário, no Paraná os 3 mil metalúrgicos da Volks de São José dos Pinhais faziam a sua maior greve contra a montadora. O que pode parecer coincidência indica o segundo sentido dessa política: atrelar ainda mais as direções das duas maiores centrais e dos seus mais representativos sindicatos a fim de prevenir uma onda de mobilizações.

A paralisação dos operários da GM de São José dos Campos (SP) já havia dado sinal amarelo aos industriais. O crescimento econômico, apesar dos recentes sinais de arrefecimento, prossegue, garantindo altos lucros às empresas. Gera, porém, uma contradição, já que os empregos e os salários não aumentam na mesma proporção. O que aumenta num ritmo ainda maior são as metas de produção e a exigência de horas extras.

Isso significa que, se por um lado é verdadeira a perda relativa de espaço da indústria frente aos produtos primários para exportação, por outro o setor está longe de viver uma crise. A Fiesp e os industriais, porém, querem ainda mais, através de subsídios e isenções garantidos pelo governo, e ainda evitar que o descontentamento da base operária evolua para greves e mobilizações.

Para isso, reeditam a ideia do pacto social, prontamente abraçado pelas direções das centrais e dos sindicatos. Assim, as lutas por salário e pela redução na jornada dão lugar à “defesa da indústria”. Dilui-se a luta de classes em benefício dos empresários. Como discursou Nobre no seminário da Fiesp, “nossas diferenças persistem, mas neste momento temos um adversário comum, que é o crescimento das importações e fatores que têm contribuído para isso”.


CONFIRA
  • Documento divulgando pela Fiesp, CUT e Força Sindical


  • Retirado do Site do PSTU

    sexta-feira, 27 de maio de 2011

    Amanda Gurgel vai a Fortaleza apoiar greve de professores municipais

    Professora do Rio Grande do Norte participa de ocupação da Câmara municipal pelos trabalhadores grevistas


    Imagem publicada pela imprensa cearense
    As trabalhadoras e trabalhadores da educação municipal de Fortaleza, que resistem bravamente em um processo de greve iniciado no dia 27 de abril, participaram, nesse 25 de maio, de um debate organizado pela CSP-Conlutas, com a presença da professora do Rio Grande do Norte, Amanda Gurgel.

    Recebida com entusiasmo por militantes, grevistas e sindicalistas, Amanda Gurgel, que na última semana ficou conhecida nacionalmente por questionar a secretária de educação e deputados durante audiência pública realizada na cidade de Natal, falou sobre a atual situação da educação brasileira e afirmou estar sofrendo perseguição devido aos últimos acontecimentos.

    De acordo com Fernanda Guimarães, professora da rede municipal de ensino de Fortaleza, situações como a protagonizada por Amanda Gurgel são importantes para ganhar o apoio da sociedade nos processos de reivindicação. “A imprensa local costuma boicotar todas as nossas ações. O que a Amanda conseguiu foi sintetizar e mostrar ao país os problemas mais corriqueiros vivenciados por nós, professores, e isso foi muito positivo”, afirmou.





    Greve em Fortaleza

    Na capital cearense, a greve de professores teve início com a pressão da categoria para que a atual prefeita, Luizianne Linz (PT), cumprisse com questões já previstas no Estatuto do Magistério, tais como: licença prêmio; redução da carga horária de trabalho; 30 dias de férias ao fim de cada ano letivo; e tempo para planejamento.

    Embora tenha sido a lei do piso municipal, no último dia 16, considerada legal, no dia 19 a prefeita encaminhou mensagem para aprovação na Câmara que divide a categoria, uma vez que propõe o pagamento do que é previsto em tabela às professoras e professores de nível médio, e salários mais baixos que os atuais às de nível superior e com especialização.

    Conforme afirma Fernanda, “a cada dificuldade os professores respondem em atos mais massivos”, como o que na manhã desta quarta-feira conseguiu ocupar a Câmara e impedir a votação da mensagem enviada pela prefeita. Amanda Gurgel participou da ocupação, que teve grande repercussão na mídia. E assim segue em uma série de mobilizações que culminarão na Audiência Pública a ser realizada no próximo dia 30.

    A greve de professores da educação municipal de Fortaleza, que conseguiu atingir a adesão de 100% da categoria que hoje conta com cerca de treze mil trabalhadoras e trabalhadores, já segue, por si só, vitoriosa.


    Retirado do Site do PSTU

    Espanha: juventude e o povo saem às ruas e tomam praças

    Leia abaixo o artigo da Corriente Roja sobre as manifestações que sacudiram a Espanha


    Desde o dia 15 de maio, a Praça Porta do Sol, principal praça de Madri, está ocupada por estudantes e trabalhadores. O protesto indica o enorme descontentamento popular com o governo, que culminou numa série de manifestações e ocupações das praças nas principais cidades do país. O protesto ganhou força na medida em que as eleições autonômicas e municipais se aproximavam. Os resultados das eleições do dia 22 de maio marcaram uma derrota contundente do presidente Luis Zapatero e de seu partido, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol).

    Sábado, 21, era o chamado “dia de reflexão” em razão das eleições que seriam realizadas no dia seguinte. A Justiça proibiu a ocupação da Praça da Porta do Sol, em Madri, e das demais praças do país. Mas esta proibição não teve a força necessária para usar a polícia contra os manifestantes, pois a população foi em massa às praças.

    Na Porta do Sol, é difícil dizer quanta gente passou durante todo o dia. A praça transbordava desde a noite da sexta-feira até a madrugada de sábado e permaneceu muito cheia no domingo, dia das eleições. Durante todo o dia, chegavam velhos, jovens, mães com seus filhos, desempregados, trabalhadores, aposentados. A impressão era de que metade de Madri passou pela praça em diferentes momentos. Ao final do dia, um enorme cartaz, que dizia “Abaixo o regime. O Povo sem medo”, foi pendurado num edifício e saudado pelos manifestantes. Todos gritavam sua principal palavra de ordem: “lo llaman democracia y no lo és... Oe, Oe, Oe...lo llaman democracia y no lo és” (o que chamam de democracia, não é).

    Na tarde do sábado, uma coluna de militantes de Corriente Roja, de Cobas e de ativistas de sindicatos e organizações que se opõem à burocracia sindical de CC.OO e UGT [principais centrais sindicais do país], incendiaram a Porta do Sol com outras palavras de ordem: “aquí hace falta ya una huelga, una huelga, aquí hace falta una huelga general” (aqui falta uma greve geral).


    Ocupação vai continuar

    Uma assembleia decidiu continuar com o acampamento por mais uma semana, no mínimo, até que se organize a continuidade do movimento e a definição de um plano de ação. A continuidade já tinha sido votada na Praça Cataluña, em Barcelona.

    O resultado das eleições de domingo expressam uma grande derrota do PSOE e do presidente Zapatero. Foi um voto de protesto que evidencia o tremendo descontentamento com a situação. A verdade é que o governo, o FMI e a União Europeia jogaram a crise em cima dos trabalhadores e da juventude, causando desemprego, destruição dos direitos sociais, ataque à Previdência, enquanto beneficiam banqueiros e capitalistas.


    A juventude saiu à frente...

    O 15 de maio foi construído através das redes sociais da internet, chamando uma manifestação sob o lema “Democracia Real, Já. Não somos mercadorias em mãos de políticos e banqueiros”.

    Os organizadores se surpreenderam com a dimensão do movimento, que teve seu epicentro em Madri, onde 40 a 50 mil pessoas, jovens na maioria, ocuparam a Praça Porta do Sol. Manifestações eclodiram também em outras 50 cidades, como Barcelona e Sevilha, que reuniram respectivamente 15 e seis mil pessoas.

    Assim, todos mostravam sua indignação com o governo, o regime, o PP, o PSOE, a Monarquia, a burocracia sindical de CC.OO e UGT, o sistema capitalista e, principalmente, com os banqueiros.

    Os ativistas não se cansavam de gritar: “PSOE y PP. La misma mierda és”; “banqueros a prisión”, “la crisis que los paguen los capitalistas”, “donde están que no se ven, CCOO y UGT”, e “televisión, manipulación”.


    ...e o povo entrou na luta

    O governo iniciou uma repressão e prendeu 24 manifestantes. Mas a ação teve efeito contrário. Na noite do dia 16, a praça foi tomada por milhares de manifestantes. O povo foi à Porta do Sol em defesa da juventude, se somando à mobilização e expressando sua indignação. Nos dias seguintes, o acampamento foi se consolidando e ganhou protagonismo político, tomando o lugar das eleições nas páginas dos jornais e nos canais de TV. O acampamento se tornou o tema principal em todos os bares, bairros, conversas entre vizinhos, locais de trabalho e escolas.

    A juventude seguiu nas praças à frente do movimento, que ganhou um componente popular ao atrair para a mobilização os imigrantes “sem papéis”, aposentados, desempregados e trabalhadores. O componente antiburocrático foi um traço distintivo do acampamento. Foi emblemático o fato de a CC.OO fechar as portas de uma de suas sedes por medo do ódio dos manifestantes.

    É muito importante e progressivo o impulso de autodeterminação, a disposição de luta, o sentimento antiburocrático e as tendências claramente anticapitalistas do movimento. São também muito positivos os pontos do programa que até o momento tem sido votado nas assembleias, como a defesa de emprego para todos; jornada de 35 horas semanais sem redução dos salários e subsídio indefinido aos desempregados enquanto não se garanta o emprego; moradia para todos; educação pública; defesa da Previdência pública; suspensão do pagamento da dívida; nacionalização do sistema financeiro; fim da monarquia e dos privilégios dos políticos.

    Mas para seguir adiante é preciso conseguir a unidade com os trabalhadores. Para isso, além de incorporar as organizações que querem lutar, se faz necessário um plano de luta unificado. No dia 28 de maio, serão realizadas assembleias nos bairros e povoados de Madri. Seguramente, será algo que poderá crescer. Mas, a exemplo do que definiu a assembleia de Barcelona, será necessário definir um dia de manifestação que volte a tomar as ruas, incluindo os setores em luta e o movimento operário.

    É preciso propor a necessidade de que toda mobilização possa confluir numa greve geral para derrotar os planos de ajuste e impor as reivindicações de movimento em relação a emprego, moradia, saúde, educação e também em relação às demandas democráticas.

    Os trabalhadores podem, com sua ação, parar o capital e derrotar estes planos antioperários, o regime e os governos. É por isso, que a burocracia de CC.OO e da UGT realizaram um pacto para ajudar o governo, o PSOE e o PP [Partido Popular, da oposição de direita] a fazerem com que a crise recaia sobre os trabalhadores.

    Para romper as amarras da burocracia e lutar, os trabalhadores precisam de organizações, democracia e unidade. Por isso, para que as lutas operárias se somem a esse movimento é necessária a unidade de todos que queiram lutar, ou seja, todas as organizações que chamam a luta devem não só participar e defender suas ideias, mas também devem ser convocadas a se somarem ao movimento.


    Retirado do Site do PSTU

    quinta-feira, 26 de maio de 2011

    No mesmo dia em que deputados aprovaram novo Código Florestal, castanheiros foram assassinados no Pará

    Congresso dá sinal verde para latifundiários avançarem contra meio ambiente e os camponeses


    Leonardo Prado/Ag Câmara
    Aldo Rebelo (PCdoB) durante votação na Câmara
    No mesmo dia em que a Câmara dos Deputados se reunia para aprovar o relatório de Aldo Rebelo (PCdoB), alterando o Código Florestal a favor dos ruralistas, o casal de assentados José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírto Santo da Silva era executado no interior do Pará. Os dois lutavam contra os madeireiros da região e já eram jurados de morte desde 2008.

    O casal, membros de um projeto de extrativismo sustentável na cidade de Nova Ipixuna, região sul do estado, morreu numa emboscada armada por pistoleiros na manhã desse dia 25 de maio. Prova de morte encomendada: além dos disparos na cabeça, tiveram parte da orelha decepada.

    Enquanto isso, a cerca de 1.500 km dali, em Brasília, os deputados terminavam o imbróglio que marcou desde o início o processo de discussão do novo Código Florestal no congresso e se preparavam para a sua votação. Por fim, o relatório de Aldo e dos ruralistas foi aprovado por esmagadora maioria, 410 contra apenas 63 votos contrários.

    Segundo relato do jornal Valor Econômico, quando a morte do casal de extrativistas foi anunciada na Câmara pelo líder do PV, José Sarney Filho, a bancada ruralista puxou uma vaia contra os ativistas recém-assassinados. A grotesca comemoração dos deputados ligados ao agronegócio não esconde o objetivo daquela votação e do novo Código elaborado por Aldo Rebelo: avançar não só sobre as florestas, mas também contra quem ousar se colocar contra o agronegócio, sobretudo os camponeses pobres.


    Depoimento do castanheiro assassinado no Pará


    Sinal verde para desmatamento

    O relatório original de Aldo já abria brecha para os latifundiários, flexibilizando as regras de conservação ambiental adotadas em 1965. O texto, por exemplo, isentava áreas de até 4 módulos fiscais de manterem a chamada área de reserva legal, uma área de preservação em que o proprietário é obrigado a manter a vegetação nativa. Módulo fiscal é uma medida definida pelo município e a área de reserva legal varia também de acordo com a região, podendo chegar de 20% a 80% da propriedade.

    O novo código isenta os produtores dessas propriedades de manterem essa área de preservação, ou reflorestar o que tiver sido ilegalmente desmatado. Segundo o próprio Ministério do Meio Ambiente, só essa medida deixará 15 milhões de hectares sem reflorestamento.

    O relatório do deputado do PCdoB afrouxava ainda as APP’s, Áreas de Preservação Permanente, aquelas áreas mais sensíveis, como as encostas dos rios. Após a votação do relatório, o PMDB, partido da base governista, ainda apresentou uma emenda anistiando os fazendeiros que tiverem desmatado até julho de 2008. A emenda ainda autoriza os estados a participarem da definição da regularização ambiental nas APP’s, o centro da discórdia entre ruralistas e o governo Dilma, que queria a exclusividade dessa prerrogativa.

    Mesmo dividindo a base governista, a emenda foi aprovada por 273 votos contra 182. O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, negou que a aprovação da emenda fosse uma derrota do governo. ”Sou governo Dilma, a proposta é nossa”, declarou à imprensa.


    Novo Código já deixa suas vítimas

    Ao final da sessão da Câmara, a extinção do atual código foi efusivamente comemorada pela bancada ruralista. Mesmo que o governo garanta sucessivas anistias de multas aos desmatadores, os latifundiários esperavam uma maior segurança jurídica para poder avançar sobre as florestas. As vítimas dele, porém, já podem ser vistas.

    Primeiro, o avanço brutal do desmatamento. Antes mesmo da votação do relatório de Aldo Rebelo, o desmatamento mais que quintuplicou na área da Amazônia só nos meses de março e abril último. A única explicação para esse avanço foi a expectativa dos ruralistas pela aprovação do novo código, assim como a confiança na cumplicidade do governo.

    E agora, sentindo-se fortalecidos, o agronegócio e os madeireiros mandam um recado na forma de balas na cabeça do casal de ativistas no Pará. Ao pressionarem o botão de votação da Câmara, os 410 deputados também apertavam o gatilho contra José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírto Santo da Silva.


    LEIA MAIS
  • No site do MST: vejam os deputados que votaram a favor do novo Código Floretal


  • Retirado do Site do PSTU

    quarta-feira, 25 de maio de 2011

    Prof. Amanda Gurgel convida: debate sobre "Educação, socialismo e alternativa política"



    Tod@s @s trabalhador@s, estudantes, militantes políticos e ativistas dos movimentos sociais estão convidad@s!

    Nota oficial do PSTU/RN sobre o debate com a Prof. Amanda Gurgel


    NOTA OFICIAL DO PSTU SOBRE O DEBATE COM AMANDA GURGEL NO DIA 27/05


    Em virtude da boataria produzida acerca do debate que se realizará dia 27/05, às 18h, no auditório do IFRN Cidade Alta com a presença da Prof. Amanda Gurgel, em base à qual parte da imprensa local está divulgando/insinuando que esta seria uma atividade de lançamento de candidatura da Prof. Amanda, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado tem a declarar:


    1) Que esta é uma atividade na qual será debatido o problema da educação, a necessidade de transformação da sociedade e a construção de uma alternativa política nesse sentido, que não necessariamente é igual à alternativa eleitoral, como muitos teimam em confundir;

    2) Que na atividade de sexta-feira não ocorrerá nenhum lançamento de candidatura;

    3) Que a posição oficial do partido, divulgada em diversos veículos da imprensa tanto através do Presidente do nosso diretório (Dário Barbosa), como pelo vice (Juary Chagas) é de que o PSTU não está discutindo candidaturas de Amanda Gurgel ou de qualquer outro militante e não as discutirá nesse momento, pois a preocupação de nossa organização é com as lutas e as greves das categorias que estão em curso, aqui e nacionalmente, contra a intransigência dos governos municipal, estadual e federal;


    Sem mais para o momento, renovamos nossos votos de consideração.


    Natal, 25 de maio de 2011.


    PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO
    DIRETÓRIO ESTADUAL/RN