sexta-feira, 27 de julho de 2012

PSTU lança campanha nacional de filiação

Durante a campanha eleitoral, nos meses de julho, agosto e setembro, a militância PSTU realizará, em todo o país, uma campanha de filiações


Campanha nacional de filiação ocorre durante o período da campanha eleitoral
O objetivo desta campanha é filiar os principais ativistas que se aproximaram do nosso programa nas últimas greves e mobilizações. Queremos aproximar do nosso partido os trabalhadores e a juventude que estão lutando contra os patrões, o governo Dilma e os governos estaduais e prefeituras. Queremos filiar também todos os militantes, amigos e simpatizantes do partido.

O PSTU foi fundado em 1994, mas foi um ano depois, em 1995, que o nosso partido realizou a sua primeira campanha de filiação. Essa campanha tinha um objetivo de legalizar nosso partido, permitindo que ele se apresentasse de forma independente nas eleições.


A importância da legalização

A legalização foi um passo importante na sua construção. Sem deixar de priorizar a sua construção colada às lutas da classe trabalhadora e da juventude, a participação eleitoral do PSTU sempre foi muito importante para fazer chegar nosso programa a maioria dos trabalhadores e para construirmos nosso partido.

Foi assim, já em 1996, um ano após a sua legalização, que o PSTU se apresentou de forma independente nas eleições municipais daquele ano, enfrentando o governo tucano de FHC, com o lema marcante de: “Contra burguês, vote 16”. A frase ficou amplamente conhecida entre os trabalhadores e a juventude, e foi usada pelo partido nas eleições posteriores.

Em 1998, o PSTU apresentou pela primeira vez a candidatura do operário metalúrgico, José Maria de Almeida, o Zé Maria, a presidência da República, como uma alternativa de esquerda e socialista a reeleição e FHC e da candidatura de Lula, que naquele momento já defendia a conciliação com a burguesia para “governar para todos”.

Novamente, em 2002, o partido lançou a candidatura de Zé Maria presidente. Naquele ano, Lula venceu as eleições, em aliança com José Alencar, grande empresário têxtil brasileiro. Nosso partido fez uma grande campanha política contra a adesão do Brasil a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), nossa campanha eleitoral foi um importante ponto de apoio ao plebiscito que conseguiu mais de 10 milhões de votos contra a Alca.

Nas eleições presidenciais de 2006, nosso partido realizou uma coligação com o PSOL, apoiando a candidatura de Heloisa Helena, sempre defendendo um programa classista e socialista, inclusive polemizando, durante a campanha com a maioria da direção nacional do PSOL, que já queria, naquele momento, rebaixar o programa da frente de esquerda.

Nas últimas eleições presidenciais, o PSTU apresentou novamente Zé Maria presidente para, de forma direta, dialogar com os trabalhadores sobre o balanço dos oito anos do governo Lula, que governou de acordo com os interesses dos grandes empresários e banqueiros.

Em todas estas participações eleitorais, seja com candidaturas próprias do partido ou em coligações com outros partidos da classe trabalhadora, o PSTU sempre apresentou um programa socialista, defendendo a independência política dos trabalhadores em relação à burguesia e seus governos, partidos e instituições. Nossas campanhas sempre apoiaram as lutas dos trabalhadores e da juventude, inclusive abrindo espaço nossos programas eleitorais de TV e rádio para apoiar às greves em curso.




Em 2012, filie-se ao PSTU

A campanha de filiações, agora com objetivo de fortalecer o partido e aproximá- lo, ainda mais, dos melhores ativistas das lutas que acontecem em nosso país, buscando filiar a maioria deles a nossa organização socialista e revolucionária.

Acreditamos que nosso partido será muito fortalecido se conseguimos obter um número representativo de novos filiados, pois serão companheiros e companheiras que estarão juntos conosco em nossas campanhas políticas e que nos ajudarão a defender nosso partido de ataques da burguesia, seus governos e instituições. Portanto, queremos estabelecer uma relação política permanente com os filiados ao partido, especialmente com estes novos filiados que vamos conquistar nesta campanha.

A filiação será somente um primeiro passo de aproximação destes ativistas com o nosso partido. Já durante os meses de realização da campanha de filiação, vamos convidar, permanentemente, nossos filiados para participar das atividades de nossa campanha eleitoral, dos Seminários Municipais de Programa, das palestras que vamos realizar nas sedes do partido e dos cursos de formação política. As atividades políticas abertas aos filiados não vão se restringir somente ao momento da campanha eleitoral.

Vamos continuar desenvolvendo, de forma permanente, essa relação política, buscando integrá-los em nossos núcleos partidários. Mesmo com aqueles que não se propuserem ter uma relação mais orgânica com o partido, queremos discutir nossa política com eles, em atividades políticas especiais, convidando- os sempre para nos ajudar em nossas campanhas e atividades partidárias.

Clique aqui e filie-se


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Bóson de Higgs e o materialismo dialético

Foi uma grande satisfação ver publicado no Portal do PSTU o artigo “O Bóson de Higgs e o socialismo”. É tão raro que a esquerda publique algo sobre ciência, que só há que parabenizar o autor do artigo. Não só pela iniciativa, como pelo artigo em si, se esforçando em explicar temas difíceis a quem não é especializado na matéria. Também manifesto meu total acordo com as conclusões políticas, de como o capitalismo se converte cada vez mais em um freio, um obstáculo à pesquisa científica. O artigo reflete ainda bastante bem aquela que é a posição (ou interpretação) majoritária entre os físicos hoje em dia sobre o tema. O problema é que esta opinião/interpretação majoritária da comunidade científica está, em minha opinião, errada, em especial com relação ao tema da origem do universo. Algo que vale a pena discutir.


Matéria e massa

No artigo se escreve, repetindo o que dizem muitos físicos: “O “bóson de Higgs”, partícula fundamental que fornece massa a todas as outras partículas e que, portanto, é responsável por formar simplesmente toda a matéria do universo”. A hipótese de que o Bóson de Higgs seja o mecanismo que confere massa a algumas das partículas elementares, é muitas vezes interpretada como explicação da “origem” da própria matéria e do universo. Por isso, o apelido “Partícula de Deus” pegou. Poderiam chamar também de “o Bóson da Criação”. É um mecanismo físico que pretensamente justificaria a Criação do universo, tanto aos olhos dos religiosos, como, infelizmente, de muitos físicos não-religiosos, mas bastante confusos filosoficamente. Para desfazer a confusão, comecemos por compreender que a massa e a matéria são duas coisas diferentes.

Matéria é tudo aquilo cuja existência independe de nós, sejam partículas, campos, energia, luz, seres vivos etc. A matéria está em permanente movimento, aliás, o próprio conceito de matéria é inseparável do conceito de movimento, a matéria só existe enquanto movimento. Matéria é um conceito contraposto à Idéia, cuja existência sim, depende de nós. A massa é apenas UMA das infinitas características (qualidades) da matéria em movimento. Outras seriam, por exemplo, a carga elétrica, o spin (o “giro” da partícula, como no artigo citado), a quantidade de movimento etc.

Indo ao nosso mundo macroscópico, poderíamos somar, por exemplo, a densidade, a dureza, a cor, a resistência elétrica, a temperatura, entre outras. Recorrendo à biologia, poderíamos somar a vida como uma das características possíveis da matéria, e no nosso caso, de humanos, mamíferos superiores como se diz no artigo, até a consciência, como característica mais elevada conhecida da matéria. A matéria tem infinitas características, expressões de seu movimento infinito. Algumas destas características são conhecidas por nós, outras, ainda não (assim como a carga elétrica, entre outras, não era conhecida em épocas mais remotas).

A massa é talvez a mais óbvia de todas as características da matéria, daí a confusão entre massa e matéria, que leva muitos a compreenderem a matéria como aquilo que tem massa, que se pode tocar, apertar, ver, ou seja, acessível diretamente a nossos sentidos. Mas a massa é definida cientificamente como a medida da resistência da matéria em alterar seu estado de movimento mecânico (1). Todos compreendem como é mais fácil frear uma moto do que um pesado caminhão. Exatamente porque o caminhão tem mais massa, é mais difícil acelerá-lo ou freá-lo, ou seja, alterar seu estado de movimento. Essa resistência a alterar o estado de movimento (em física expressa no Princípio da Conservação da Quantidade de Movimento e na Lei da Inércia) é uma expressão particular para o movimento mecânico da tese fundamental da filosofia materialista dialética – a indestrutibilidade do movimento da matéria (Engels, A Dialética da Natureza). Quer dizer, segundo Engels (e de acordo com os princípios físicos de conservação da massa, energia e quantidade de movimento), a matéria em movimento não pode ser nem criada nem destruída, só transformada de uma forma em outra. No caso do caminhão sendo freado, seu movimento não acaba, apenas é transformado em outros, por exemplo, se transferindo ao próprio planeta Terra, que se acelera um pouquinho no sentido contrário aquele em que se freia o caminhão (esse pouquinho é imperceptível, dada a imensa diferença de massa entre o caminhão e o planeta inteiro, mas ele existe!). Na linguagem dos físicos, esta é a conservação da quantidade de movimento.

Também a freada se traduz em calor nas pastilhas de freio, ruído, faíscas etc, que também são expressões do movimento da matéria. Na linguagem dos físicos, esta é a conservação da energia. Há muitas outras leis de conservação nas ciências, todas elas expressões particulares do mesmo princípio geral – a indestrutibilidade do movimento da matéria. Ou seja, da própria definição da massa como resistência a alterar o estado de movimento mecânico da matéria, já surge a idéia que esta é indestrutível em seu movimento.


A matéria não pode ser criada, não houve Criação. A matéria não pode ser destruída, não haverá Juízo Final

Todo esse preâmbulo foi necessário para chegar à pergunta: Por que afirmar que a massa “forma” a matéria, se ela é apenas uma de suas qualidades? Existem inclusive muitas formas de matéria sem massa, como os fótons (grosso modo, partículas da luz), entre outras. De onde sai a afirmação de que “o Bóson de Higgs é responsável por formar toda a matéria do universo”? Se assim fosse, repetindo, seria até justificado chamá-lo de Partícula de Deus...

Mas o Bóson de Higgs não cria a matéria. Nada cria a matéria, esta existe em permanente movimento. Não nos esqueçamos de que o próprio Bóson de Higgs, se existir, em última análise também é... matéria. O mecanismo de Higgs talvez seja, de acordo com teorias ainda em desenvolvimento, o processo pelo qual se expressaria a massa, a resistência a aceleração, apenas uma das infinitas características da matéria. Da mesma maneira, como o fóton é o mecanismo pelo qual se expressa a força eletromagnética e o hipotético gráviton seria o mecanismo pelo qual se expressaria a força gravitacional, outros bósons de nomes complicados expressariam as forças nucleares e daí por diante. Ou seja, nada a ver com a “origem da matéria”.

A coisa se torna mais grave ainda quando se afirma que “O bóson de Higgs comprovaria justamente que a matéria não só surgiu do nada, como ainda hoje surge constantemente do nada e se transforma constantemente em nada” ou que: “Se o bóson de Higgs for encontrado, ficará definitivamente provado que a matéria pode sim surgir do nada”. Estas afirmações, tão comuns entre muitos físicos, vão contra, como vimos, tanto aos princípios físicos da conservação de massa/energia e quantidade de movimento, como contra a tese fundamental do materialismo dialético, da indestrutibilidade do movimento da matéria. Não há absolutamente nenhum indício científico de que a matéria possa surgir do nada e se transformar em nada (para desespero dos defensores da Criação e do Juízo Final). Muito pelo contrário, toda a física mostra a impossibilidade disso, sem absolutamente nenhuma exceção conhecida. A massa, como uma das infinitas qualidades da matéria, até poderia surgir de formas de matéria sem massa, a partir do mecanismo de Higgs, assim como a vida surge da matéria inanimada, mas a matéria não surge nem desaparece, só se transforma em seu perpétuo movimento. Não há nada, em nenhuma teoria científica existente, sobre a origem da matéria em si. A afirmação de que a matéria e o universo tenham sido criados, seja por Deus, seja por Higgs, é anticientífica, antimarxista, antidialética e antimaterialista!


Lênin e Einstein

Esse erro de considerar o mecanismo de Higgs como a “origem da matéria” surge da confusão entre matéria e massa. É um erro propositalmente induzido pela filosofia idealista, que aplica um truque de prestidigitação, substituindo a verdadeira essência da matéria como tudo aquilo que existe, independente de nós, por uma definição vulgar de matéria como aquilo que se pode ver e tocar. Assim, quando se desenvolveu a idéia de energia na física, no século XIX, por si, um imenso salto em nossa compreensão da natureza, muitos idealistas e positivistas se aproveitaram para “demonstrar” que o conceito de energia era a prova de que o materialismo estava errado, que havia uma realidade “imaterial”, “energética”.

Foi a sua desculpa para passar de contrabando para uma concepção idealista do mundo, de que existem coisas “transcendentes”, fora do mundo material (onde estaria Deus). Lênin criticou exaustivamente a esses defensores da “energética” em seu livro “Materialismo e Empiriocriticismo”, mostrando que a energia nada mais era do que outra qualidade, nova então para a humanidade, do eterno movimento da matéria, posição logo depois confirmada por Einstein em sua Teoria da Relatividade, onde demonstrava finalmente que massa e energia são equivalentes, duas expressões de uma mesma coisa. A concepção idealista da “energética” passou assim à lata de lixo da história do pensamento científico, por meio das mãos de Lênin e Einstein. Mas o truque de confundir massa com matéria continua sendo utilizado hoje em dia, seja para justificar a Criação, por meio da “Partícula de Deus”, seja se aproveitando dos indícios atuais de existência de outras formas de matéria (chamadas de matéria e energia escuras), para novamente contrabandear concepções idealístico/místicas, entre muitos outros exemplos.


O Big Bang foi a Criação do universo?

Apesar de toda a boa vontade de muitos cientistas ateus em combater a religião, a maioria erra o alvo. Não é exato afirmar que a Igreja tenha aceitado a contragosto a Teoria do Big Bang. Pelo contrário. Aceitou a teoria sem problemas, porque é uma justificação da Criação, de que o universo foi criado num determinado momento. O fato de a física moderna não ter alcançado ainda o instante mesmo do Big Bang é o último refúgio dos teólogos mais sofisticados (2). A tese materialista dialética da indestrutibilidade do movimento da matéria nega a própria Criação, essa sim é a tese filosófica mortal para a Igreja.

Para deixar claro, não é objetivo deste artigo negar a Teoria do Big Bang. Esta é uma imensa conquista teórica da ciência moderna, explicando em detalhes a origem DE CADA EXPRESSÃO CONCRETA DE EXISTÊNCIA ATUAL DA MATÉRIA, de cada qualidade conhecida desta, como as partículas subatômicas, os átomos de diferentes elementos, prevendo até, com exatidão, a proporção relativa destes no universo visível! O que sim queremos aqui negar é a interpretação positivista/metafísica de que o Big Bang tenha sido o início do universo, a Criação, pois não há um único indício disso, além do que essa interpretação contradiz os princípios de conservação da física e a tese da indestrutibilidade do movimento da matéria. Contradiz, inclusive, as conquistas mais recentes da física, como veremos mais a frente.

O Big Bang é a origem DO ATUAL PERÍODO DO ETERNO MOVIMENTO DA MATÉRIA NA REGIÃO DO UNIVERSO ONDE NOS COUBE VIVER. Não é a toa que a Igreja adora que chamem o Bóson de Higgs de Partícula de Deus. Pois é a justificativa última de que o universo teve uma origem, que há uma origem para a matéria, ou seja, que o movimento da matéria não seria indestrutível como dizia Engels.

Há então somente duas possibilidades: ou, como dizia Engels, o movimento da matéria é indestrutível, e não houve Criação. Ou “a matéria pode se formar do nada” e então houve Criação. O debate, portanto, se reduz a discutir se a Criação precisou de um Criador ou não. E aí, infelizmente, está hoje concentrado o debate entre ateus e místicos, se a Teoria do Big Bang deixa ou não um lugarzinho para Deus, por menor que este seja.

Tampouco é a toa que o papa João Paulo II tenha dito que estava muito bem que os físicos estudassem o Big Bang, que a Igreja não tinha nada contra, mas que deveriam abster-se de estudar o que havia antes deste, pois esse é o território da Igreja. O positivismo capitula vergonhosamente a isso, dizendo que se não temos informações sobre como era antes do Big Bang, há que interpretar que o Big Bang é a origem do universo. Dizem inclusive que o Big Bang é a origem do tempo. E se se interpreta o Big Bang como sendo a origem do universo, então não há um antes, e só se pode explicar a origem do universo por meio de algo fora deste – Deus, e nada mais. Os positivistas são incapazes de conduzir consequentemente a polêmica contra a religião. Sua “filosofia” os impede de fazê-lo. Cabe a nós, marxistas, inverter este debate e afirmar bem alto que o movimento da matéria é indestrutível, e que, portanto não houve Criação e não há Criador! Afinal, temos toda a ciência moderna ao nosso lado nessa luta.


Onde o Bóson de Higgs se cruza com a Teoria do Big Bang: a Inflação Caótica

Para essa tarefa podemos, e devemos então, apoiar-nos nas conquistas mais recentes da física e das demais ciências. Se as libertamos da carga de interpretação positivista/metafísica, cada uma delas se converte num poderoso argumento a nosso favor. Assim, a título de conclusão, queremos remeter-nos outra vez à Teoria do Big Bang, e ao que esta diz de fato. Não é verdade de maneira alguma que essa afirme um “início” para o universo, como é comumente aceito. Ela diz, na verdade, o oposto.

A Teoria do Big Bang em sua versão clássica tinha uma série de problemas e contradições insolúveis. Por exemplo, não podia explicar porque o universo visível é uniforme em grande escala, entre outras, mais técnicas, que não vamos tratar aqui. Assim, surgiu uma variação da Teoria do Big Bang, chamada de Teoria Inflacionária do Big Bang. Ela afirma que no instante imediatamente posterior ao Big Bang houve um período de inflação (expansão) do universo muito acelerada, muito mais intensa do que na teoria “clássica” do Big Bang. Nesta “inflação”, justamente o nosso amigo Bóson de Higgs é o responsável por “criar” a massa de todo o universo, na verdade, multiplicá-la a partir de uma quantidade inicial muito pequena, já presente antes do Big Bang. Essa “versão atualizada” da teoria já prevê a existência de um “antes” do Big Bang, ou seja, que este não é o “início” do universo. O mecanismo da inflação é, aparentemente, só uma pequena alteração da teoria, mas respondeu a todas as contradições e insuficiências da versão anterior, tendo sido um grande passo à frente. Ao mesmo tempo, como é comum na ciência, criou outros problemas, como a previsão de que o universo seria granulado, coisa que não se vê.

Para resolver estas outras questões, foi dado mais um passo, com a Teoria da Inflação Caótica, que a princípio, conseguiu resolver todos os problemas, graças outra vez ao Bóson de Higgs (3). Mas as previsões que faz essa teoria são espetaculares e chocaram muitos cientistas. A Teoria da Inflação Caótica prevê taxativamente que o universo não teve uma origem; que o movimento da matéria é eterno e indestrutível, ou seja, reafirma todos os princípios de conservação da física e deixa claro que nem houve Criação nem haverá Juízo Final ! (4) Diz ainda que “nosso universo”, “surgido” no Big Bang, é só um entre infinitos “outros universos”, permanentemente “surgindo”. Não a partir do nada, mas a partir de “outros” universos já existentes, como bolhas surgindo dentro de bolhas (também chamados pelos físicos de “universos-bebês”), num movimento eterno e infinito .(5)

Assim como a Inflação Caótica não prevê nenhuma “origem” para o universo, tampouco prevê nenhum “fim” para este, evitando a assim chamada Morte Térmica do Universo, ou seja, que o universo aos poucos iria se esfriando, por ação da 2ª Lei da Termodinâmica, até que não fosse mais possível a existência de vida nem de nenhum processo físico, químico etc. Restaria um universo escuro, povoado por buracos negros (6) e radiação térmica de baixíssima temperatura. Ou seja, um universo morto, sem movimento, sem vida.

A hipótese da morte térmica do universo nega a tese da indestrutibilidade do movimento da matéria e condena a tudo e a todos a uma terrível morte gelada. A única salvação possível à destruição do universo, seria “fora do universo”, ou seja, em Deus. É a mais sofisticada versão do Juízo Final, e pretensamente “científica”. Engels já combatia esta hipótese em seu “Dialética da Natureza”, dizendo que a ciência viria a descobrir, no futuro, um mecanismo pelo qual o movimento da matéria (incluindo a vida) se reconstituiria e venceria a 2ª Lei da Termodinâmica. Hoje essa incrível afirmação de Engels começa a realizar-se.

Se no futuro longínquo nossa “bolha” do universo for permeada fundamentalmente por buracos negros e radiação térmica, isso não significará de maneira alguma, de acordo as previsões da Inflação Caótica, o fim do movimento da matéria. Muito pelo contrário, já que os buracos negros seriam exatamente (outra vez graças a Higgs) a fonte de novas “bolhas de universo” (novos big bangs) surgindo do nosso, de novos “universos”, transbordantes de movimento, de vida.

A nossa porção do universo poderia então até “morrer”, mas somente para dar origem a mais “vida”, na forma de outras “bolhas de universo”. Aliás, como acontece com a vida orgânica em nosso planeta, onde cada ser vivo inexoravelmente morre, mas somente para dar lugar a mais vida.

Cabe aos físicos de verdade comprovar ou negar a teoria da Inflação Caótica. Atualmente é a teoria mais aceita pela comunidade científica. É uma teoria que depende totalmente do Bóson de Higgs e da física derivada dele, que com a possível descoberta deste, recém começa a dar novos passos. É particularmente importante em nossa discussão, porque quando a livramos de toda a carga positivista e metafísica, ela demonstra como o próprio desenvolvimento da ciência, aos trancos e barrancos, por tentativa e erro (7), se aproxima cada vez mais daquilo que afirma a concepção dialética do mundo: de que o movimento da matéria é eterno e indestrutível, ou, nas palavras de Einstein, que “a única constância no universo é a permanente mudança”; e que, finalmente, não houve Criação e que, portanto, não há Criador; que não haverá Juízo Final, e que, portanto, é nossa tarefa, como revolucionários socialistas, construir o paraíso aqui na Terra, a sociedade comunista do futuro, e quiçá um dia, expandi-la por outros corpos celestes!


Notas
(1)Para ser exato, tudo isso se refere a massa inercial. Há outra massa, a massa gravitacional, que é aquela que se expressa no nosso peso, ou seja, a intensidade com que cada corpo é atraído pela força da gravidade, mas essa massa não vem ao caso aqui, pois não está relacionada a nossa discussão sobre o Bóson de Higgs.

(2)Apesar de a física já ter chegado muito perto, a 10-43s depois do Big Bang, ou seja, 0,00000000000000000000000000000000000000000001 segundos!!!

(3)O grande problema que sofria esta teoria era que dependia totalmente do Bóson de Higgs, partícula que não havia sido ainda detectada. A possível descoberta experimental agora deste bóson pode se tornar um fortíssimo argumento a favor desta teoria, e um grande impulso em seu desenvolvimento. Sem nenhuma dúvida, a detecção experimental do Bóson de Higgs, se se confirma, é um passo imenso para a ciência.

(4)Não por acaso, a Inflação Caótica tem suas origens na física soviética, onde os físicos estavam, mesmo com todas as limitações absurdas impostas pelo regime estalinista, em maior escala livres das concepções idealistas, tendo sido educados na tradição do materialismo dialético.

(5)Aqui ha claramente um problema de linguagem imprecisa, pois universo deveria significar a totalidade do que existe, portanto não poderia haver (como querem os idealistas) nada “fora” do universo. Por isso, falar em “nosso” universo, “criado” dentro de “outro universo”, sofre de contradições terminológicas. Os físicos tentam hoje improvisar com termos retirados de histórias em quadrinhos, como “infinitos universos dentro de um multiverso”. Para ser mais exato, haveria que falar em “nossa porção do universo, que veio de uma outra porção, num universo infinito no tempo e no espaço, como bolhas surgindo de bolhas, em eterno movimento”.

(6)Expressão mais extrema conhecida da matéria. São o resultado do colapso gravitacional de estrelas de grande massa, comprimindo-se, em tese, até virtualmente um ponto. Seriam, segundo muitos, o fim do movimento da matéria, já que nada poderia sair do buraco negro, sequer a luz, daí o seu nome. Na verdade, já foi provado que os buracos negros emitem radiação térmica, portanto não são o fim do movimento. Em teorias mais modernas, os buracos negros aparecem ainda como possíveis sementes para “outros universos”, para novos big bangs (o que de quebra solucionaria a atualmente misteriosa semelhança entre o Big Bang e os buracos negros, relativa a seus caráteres puntuais, conhecidos por singularidade).

(7)Não fosse o isolamento que se deu depois da 2ª Guerra Mundial, por total responsabilidade do estalinismo, entre a concepção materialista dialética do mundo e a comunidade científica, esse desenvolvimento seria menos aleatório, mais consciente, mais rápido, rico e eficiente. A miséria filosófica de que sofre a ciência moderna se converte a cada dia em uma trava cada vez maior ao desenvolvimento científico.

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Um adendo sobre o vazio e a matéria

Outra discussão muito comum tem a ver com a afirmação, tantas vezes repetida por tanta gente, de que “a maior parte da matéria que vemos, das coisas e pessoas que tocamos e sentimos é composta de... vazio”. Soa antimaterialista, como que querendo dissolver a matéria no vazio, na “imaterialidade”, bem ao gosto dos idealistas de plantão. A física quântica diz o oposto, que o vazio é impossível, que não existe vazio. Por mais que alguém se esforce para produzir vazio, começarão a aparecer pares de partícula-antipartícula para preenchê-lo, efeito dos diversos campos de força existentes por todo lado (e que também são matéria!). Mais uma vez, a física moderna confirma outro postulado da dialética materialista de que o espaço é uma forma de existência da matéria (“O problema do tempo e sua interpretação filosófica”, I. F. Askin), e que, portanto, não poderia existir sem essa.

Se não pode existir espaço sem matéria, não pode existir o vazio. O que sim poderia ser dito é que A MASSA, como UMA das características da matéria, se CONCENTRA nos volumes muito pequenos de algumas partículas elementares. Bom, o mesmo se passa com a carga elétrica, outra característica da matéria, que se concentra também em algumas partículas, como os prótons e elétrons. Isso não tem nada a ver com “vazio”. O universo não é “vazio”, é cheio de matéria em movimento, em toda a sua infinita extensão, tanto espacial como temporal.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Comunicado do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) sobre locaute na General Motors

Sindicato realiza entrevista coletiva, hoje, às 15h, e assembleia com os trabalhadores, às 17h


Operários encontraram a fábrica parada
Os trabalhadores da General Motors foram surpreendidos, nesta terça-feira, dia 24, com a decisão da empresa de impedir a entrada de todos na fábrica. Até mesmo os funcionários terceirizados foram proibidos de ter acesso à empresa.

Os trabalhadores do terceiro turno, que estavam dentro da fábrica, receberam ordens para que saíssem antes mesmo do término do expediente.

Já os funcionários que iriam assumir o 1º turno receberam o comunicado da empresa nos pontos de ônibus, entregue pelos próprios motoristas. Ninguém foi levado à fábrica.

Esta atitude antidemocrática da GM se caracteriza como locaute (paralisação patronal), o que é proibido pela legislação brasileira.

A paralisação acontece no dia em que havia sido programado um ato unificado na empresa entre sindicatos e centrais sindicais e às vésperas de importantes reuniões entre a GM, o Sindicato e o governo federal.

Esta atitude só aumenta a insegurança entre os trabalhadores e deixa clara a intenção da montadora em realizar uma demissão em massa a qualquer momento e impedir a resistência dos metalúrgicos.

É inadmissível que uma empresa que recebe todo tipo de recursos públicos e ajuda dos governos tome uma atitude dessas.

O Governo Federal tem de assumir sua responsabilidade em defesa dos empregos e tomar uma atitude enérgica em relação à GM.

O ato unificado, marcado para a tarde desta terça-feira, foi cancelado. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região convoca todos os trabalhadores para uma assembleia, nesta terça-feira, às 17 horas, na sede da entidade (Rua Maurício Diamante, 65).


Coletiva para a imprensa

Diante da gravidade da situação e da iminência de uma demissão em massa, o Sindicato dos Metalúrgicos realiza uma entrevista coletiva nesta terça-feira, dia 24, às 15h, na sede da entidade.


LEIA MAIS

A luta contra as demissões na GM


Retirado do Site do PSTU

Carta aos socialistas do PSOL de Goiânia

Leia a carta divulgada pelo PSTU Goiânia sobre o envolvimento do vereador Elias Vaz (PSOL) com o bicheiro Carlinhos Cachoeira


Estimados companheiros e companheiras,

A intenção dessa carta é tornar pública nossa posição enquanto partido a respeito das denúncias sobre Elias Vaz e sua relação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, bem como fazer um chamado a uma reflexão mais ampla sobre os rumos que vem trilhando o PSOL.

Não escrevemos com alegria, mas com preocupação. A militância do PSOL, junto conosco, faz parte da oposição de esquerda aos governos, leva em seu nome o “socialismo” e é assim amplamente reconhecida. No momento em que o vale-tudo da política desgasta os partidos tradicionais, que já viraram piada perante a população, a tarefa dos socialistas é mostrar claramente que somos o oposto de tudo isso que está aí! Por isso somos os que estão na luta! Os que arriscam seus empregos na defesa dos direitos dos trabalhadores! Os que lutam de maneira intransigente contra os governos capitalistas e seu sistema injusto e corrupto! Os que se entregam de corpo e alma à luta dos trabalhadores!

Quando um dirigente de um partido como o PSOL se envolve num caso que é manchete de corrupção em todos os jornais, é inescapável que essa desconfiança nos partidos tradicionais recaia nas costas de todos os partidos que se dizem representar os interesses dos trabalhadores. Consequentemente, na consciência das amplas massas, as denúncias de corrupção contra Elias Vaz, conhecida figura pública do PSOL, que chegou a despontar em segundo lugar nas pesquisas para a prefeitura de Goiânia, não ficam somente com o PSOL. Elas têm reflexo sobre o conjunto da oposição de esquerda, uma vez que semeiam a desconfiança, inclusive entre os setores mais esclarecidos dos trabalhadores. Por isso, diferente da direita tradicional e do PT, que ficam felizes com essas denúncias, pois elas os possibilitam alegar que somos corruptos como eles, nós do PSTU não ficamos.

E entendemos que a corrupção de um dirigente, individualmente, não pode necessariamente nos levar à conclusão de que uma organização inteira é corrupta. Nenhum de nós está livre da possibilidade de ter oportunistas em nosso meio. No entanto, sempre que surge alguma dúvida sobre o caráter de algum de nossos membros, a posição defendida pela direção passa a ser o critério definidor de até que ponto nossas organizações estão dispostas a aceitar a degeneração e a traição de classe. Até que ponto os cálculos eleitorais e de aparato se sobrepõe aos princípios socialistas.


Como agiu a Direção do PSOL?

Nesse sentido, companheiros, o que mais nos preocupa é a postura da direção e das figuras públicas do PSOL frente às acusações. Diante de uma escuta telefônica que mostra Elias Vaz chamando Cachoeira de “companheiro”, a posição majoritária do alto comando do PSOL foi a de proteger e blindar o vereador, sob o manto legalista de garantir o seu direito de defesa “antes de qualquer providência”.

Nós somos totalmente favoráveis ao direito de ampla defesa! No entanto, não o utilizamos como manobra burocrática para encobrir um verdadeiro escândalo. Um parlamentar socialista que é flagrado chamando o chefe de uma quadrilha nacional de corrupção de “companheiro” deve ser imediatamente afastado de suas funções até que se concluam as investigações! Isso é o mínimo! É o que exigimos quando qualquer político burguês é flagrado em uma situação do tipo: que se afaste e depois se explique! Foi o próprio PSOL que iniciou a campanha pelo “Fora Agnelo”, no início das denuncias sobre Cachoeira! Por que não “Fora Elias”? Os corruptos que reivindicam o “socialismo” merecem um processo mais ameno do que os corruptos tradicionais?

Nós do PSTU achamos que é justamente o contrário. A corrupção não pode, em hipótese nenhuma, ser tolerada entre os socialistas. Menos ainda entre os dirigentes e as figuras públicas. Achamos uma vergonha a tolerância e, mais que isso, a blindagem de um dirigente que chama de “Companheiro” um dos chefes da máfia em nosso país.

“Companheiro”, estimados camaradas, significa “aquele que come do mesmo pão”. Essa expressão acabou sendo banalizada pelo PT. Mas nós, revolucionários, fazemos questão de usá-la da maneira apropriada. E nós nunca comemos nem comeremos do mesmo pão que Carlinhos Cachoeira!

Este fato, por si só, já mereceria sérias reflexões por parte da militância do PSOL e achamos louvável o posicionamento público e a luta de alguns companheiros para manter limpa a bandeira que defendem. No entanto, a postura da Direção do PSOL nesse episódio não foi um fato isolado! A Direção do PSOL vem sendo sistematicamente conivente com o conjunto de práticas que transformou o PT da década de 1980 no PT que existe hoje! Coligações com legendas de aluguel da burguesia, financiamento de empresas privadas, conivência com a corrupção e, principalmente, desrespeito pela vontade da base do partido! É triste, camaradas, mas é inescapável a conclusão de que, nas polêmicas mais importantes que surgiram, a voz lutadora da base do PSOL foi calada com os métodos burocráticos de uma direção que age como qualquer direção de um partido de tendências: mais vale a luta pelo aparato do que a sinceridade, a autocrítica ou do que a vontade soberana da base que constrói o partido nas lutas do dia-a-dia!


Uma alternativa socialista e revolucionária centralizada democraticamente: a única opção realista!

Nesse momento, é importante lembrar o processo que levou à construção do PSOL. Em virtude dos rumos do primeiro governo do PT, cada vez mais abertamente pró-imperialista, uma parcela do que havia de melhor na vanguarda das lutas em nosso país teve a percepção da necessidade de avançar em uma alternativa para os trabalhadores. E teve a coragem de ousar ir além da chantagem política que o PT então fazia: a de que romper com o PT e construir um partido socialista significava uma opção pelo isolamento.

Apesar das incertezas, uma larga camada de ativistas e intelectuais, corajosamente, rompeu com o PT e se dedicou nos anos seguintes à construção do PSOL como uma possibilidade de alternativa. A militância do PSTU participou atentamente desse debate e pôs à prova a possibilidade de estar errada no momento que não aceitou as tendências permanentes e foi expulsa do processo de construção do PSOL. Opinamos hoje, muito francamente, que se exitiu em 2003 a dúvida sobre qual forma de partido era mais democrática (o de tendências permanentes ou o que se centraliza democraticamente), os episódios dos últimos anos vem mostrando claramente a quem serve a suposta liberdade dos partidos de tendências: é a liberdade para os dirigentes fazerem o que bem entendem, sem precisar se explicar para a base que constrói o partido.

A rapidez com que o PSOL está adotando os métodos do PT nos deixa tristes, mas aumenta nossa convicção no formato leninista de partido. Acreditamos que o rumo do PSOL em direção às mesmas concessões que levaram o PT a construir um governo pró-imperialista, que se apoia na ilusão dos trabalhadores para impor uma política capitalista, deve levar a uma profunda reflexão por parte dos camaradas, pois é necessário manter viva a esperança e a coragem que foi exigida no momento de romper com o PT! Era uma necessidade dos trabalhadores e da luta socialista construir uma alternativa, por mais minoritária que fosse naquele momento. E o processo de reorganização política e sindical que veio nos anos seguintes não só provou que a ruptura com o PT não era uma política rumo ao isolamento mas, ao contrário, era a única opção política consequente para fazer avançar a organização dos lutadores dos movimentos sindical, estudantil e popular.

Achamos que é chegada a hora de uma nova reflexão. Independente de nossas divergências táticas, o mesmo respeito e camaradagem com que atuamos no dia-a-dia com vocês nos obriga a fazer, de maneira franca, esse chamado: manter viva a esperança e a coragem de lutar pela vitória da revolução socialista no Brasil significa, neste momento, romper com o PSOL, como bravamente fez a camarada Noélia Brito em Recife.

De nossa parte, mantemos a disposição em discutirmos conjuntamente a construção de uma alternativa. Sabemos que nosso partido não é perfeito. Mas é por ele que lutamos e, com o método do centralismo democrático, controlamos coletivamente os rumos de nossa organização.

Mas independente da decisão de cada companheiro individualmente, continuaremos juntos nas lutas concretas dos trabalhadores. Achamos uma pena estarmos separados nas eleições, mas a posição do PSOL diante dos fatos aqui relatados não nos deixava outra opção. No entanto, queremos estar juntos na luta, pois na luta amadurecerá a classe operária e a juventude de nossa cidade! Na luta enfrentaremos o governo que vier, seja ele Paulo Garcia (PT) ou qualquer outro das coligações burguesas que estão na disputa pelo aparato da prefeitura de Goiânia.

E fazemos o chamado amplo aos setores honestos do PSOL, para que se recusem a reeleger Elias Vaz vereador! Nas eleições proporcionais, votem contra a corrupção e a capitulação! Votem contra burguês! Votem 16!

Saudações socialistas,

PSTU Goiânia


Retirado do Site do PSTU

Violência sem fim e sem fronteiras

Maioria das mulheres assassinadas é negra
Em 2011, a “Rede de Mulheres Afrolatinoamericanas, Afrocaribenhas e da Diáspora” elaborou um relatório intitulado “Situação dos direitos humanos das mulheres afrodescendentes da região latino-americana e do Caribe” cujos dados comprovam que, apesar das muitas especificidades de país a país, o drama das mulheres negras é praticamente o mesmo, e as atinge com a mesma intensidade em praticamente todos os países da região.

O primeiro problema tragicamente comum é a violência, considerada “estrutural” pelo relatório, e que se manifesta das formas mais diversas. É negra uma enorme parcela das mulheres atingidas pelo tráfico de “escravas sexuais”, pela violência doméstica, machista, e toda aquela decorrente do fato de que as mulheres, em termos gerais, estão entre os mais miseravelmente pobres e com menor acesso aos serviços de saúde ou qualquer outro tipo de assistência social. Junte-se a tudo isto, a violência racial e temos um quadro literalmente trágico.

No Brasil, onde se sabe que, anualmente, são assassinados 139% a mais de jovens negros (de 15 a 24 anos) do que brancos, não faltam exemplos de tudo isso. Um relatório do Fórum de Mulheres de Pernambuco (FMPE), lançado há pouco, chamou atenção para o fato de que a “mortalidade de mulheres por homicídio em Pernambuco, quando analisados a partir do critério de raça/cor explicitam como o racismo tem colocado as mulheres negras em situação de maior vulnerabilidade e como principais vítimas dos assassinatos de mulheres”.

Os dados não deixam dúvidas: “nos anos de 2007, 2008 e 2009, mais de 80% das mulheres assassinadas eram mulheres negras”. Números que pouco diferem dos demais países da região, nos quais, também, o assassinato é o ponto extremo de uma série de violências que, como apontou o relatório da “Rede”, se manifestam de “diversas formas de abuso e exploração sexual, exclusão, tráfico de pessoas e tráfico, violência doméstica e institucional e deslocamento territorial forçado”.

A falta de dados específicos sobre a violência cometida contra as mulheres negras é expressão do descaso que os governantes dos diferentes países têm em relação ao problema. No Brasil, por exemplo, sabemos que, por ano, cerca de 50 mil pessoas são assassinadas, o que corresponde a um verdadeiro genocídio, maior do que acontece na maioria das zonas de guerra do planeta. Como também é certo que a maioria é jovem, negra e pobre. Homens na maior parte, mas, de 1980 a 2000, as taxas de homicídios de mulheres praticamente dobraram no Brasil, passando de 2,37 para 4,32 por 100 mil mulheres.


A face mais asquerosa do machismo: a exploração sexual

Marcadas pela violência, pela exploração sem limites, pela falta de acesso à saúde, à educação e a moradia, mulheres latinas e caribenhas ainda expostas de um forma cruel a um dos aspectos mais nojentos do machismo: a exploração e violência sexual, a começar pela doméstica.

Apesar da escassez de dados, a “Pesquisa sobre Violência Sexual”, realizada em 2010 por Juan Manuel Contreras (do Centro Internacional de Pesquisa sobre a Mulher), revelou que, na América Latina e no Caribe, a violência sexual praticada por “parceiros íntimos” atinge entre 5% (República Dominica) e 47% (província de Cuzco, no Peru) da população feminina, enquanto os ataques feitos por “não parceiros” oscila entre 8% e 23%.

No Brasil, uma pesquisa ultra parcial (baseada nas ligações ao Disque 100, mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República) demonstrou que foram registrados, entre 2003 e março de 2011, 52 mil denúncias de violência sexual (abuso e exploração comercial) contra crianças e adolescentes de todo o país, sendo que oito em cada dez vítimas são meninas.

Em todas as pesquisas, o estado de Pernambuco carrega o lamentável recorde nos índices de violência sexual (com números que variam de 14% a 30% de mulheres que já foram vítimas de “sexo forçado”). Uma situação que, infelizmente, só tem piorado com a chegada da primeira mulher à presidência do país.

Aqui, por exemplo, as obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), da Copa e das Olimpíadas, além de estarem cobertas pela lama da corrupção (Delta, Cachoeira, Demóstenes e Cia. Ilimitada) e de só atenderem aos interesses da burguesia, têm se voltado contra os trabalhadores, não só pelas péssimas condições de trabalho, como também pelas remoções forçadas e a militarização das áreas.

Como se isso não fosse o bastante, a pesquisa realizada pelo FMPE revelou um aspecto ainda mais asqueroso. O estado abriga uma das maiores obras de infraestrutura do PAC, o complexo portuário de SUAPE, que “contingentes de dezenas de milhares de trabalhadores têm se deslocado para a região (...) passam a viver em alojamentos em regime de confinamento. Só no segundo semestre de 2011, foram cerca de 25 mil trabalhadores chegando ao território integrado de SUAPE”, o que tem significado o “recrudescimento das redes de exploração sexual de meninas e mulheres para servir a estes contingentes masculinos”.

Situação que se repete continente afora, e quanto maior a concentração de negras pior é a situação, como revelou um artigo publicado pela agência Inter Press Service (IPS), com dados dos pesquisadores cubanos Inés María Martiatu e Desidério Navarro: “a propaganda turística feita em Cuba que mostra, em cartazes e cartões, jovens negras e mestiças na praias com menos roupa possível, sempre sozinhas e disponíveis”, as transforma em objetos sexuais, “pedaços de carne”, colocados “no mercado”.


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  • Retirado do Site do PSTU

    terça-feira, 24 de julho de 2012

    CUT e governo juntos com a Volks em defesa da reforma sindical e trabalhista

    Fac-símile
    Jornal da Volks apoia projeto do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
    Um ataque histórico aos trabalhadores está sendo planejado pelo governo, através da CUT, mais especificamente pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O sindicato é autor do ACE (Acordo Coletivo Especial), um projeto de lei que, na prática, flexibiliza as relações trabalhistas.

    Agora, além destes personagens, o ACE ganhou uma nova aliada, a Volkswagen, que em seu jornal institucional, na edição 315 do dia 16 de julho, propagandeia o projeto e diz apoiar integralmente a iniciativa. Segundo Nilton Júnior, Diretor de Relações Trabalhistas da Volks no Brasil, “o projeto oferece a possibilidade de continuarmos desenvolvendo as melhores práticas nas relações trabalhistas em busca de alternativas transformadoras que contemplem os interesses da empresa e do trabalhador”. Mas o que leva a Volks a propagandear o ACE? É possível que empresa e sindicato defendam juntos um mesmo projeto?


    O que é o ACE?

    Este projeto estabelece que os CSE’s (Comitês Sindicais de Empresa) estejam em negociação permanente, podendo fazer acordos de qualquer tipo, e estes teriam validade jurídica, não se limitando à CLT. Ou seja, propõe que o negociado se sobreponha ao legislado. Regulariza, assim, o pacto social e a conciliação de classes que são praticadas desde a década de 90 pela direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a CUT, como as famosas Câmaras Setoriais.

    Não achamos que a CLT seja suficiente, pelo contrário, é cada vez mais insuficiente, principalmente porque vem sendo flexibilizada. Mas ela é uma conquista dos trabalhadores, assim não temos que lutar todos os anos pelos mesmos direitos. É mentira que não tem validade jurídica as conquistas com direitos superiores à CLT, as que são ilegais são as que retiram direitos. Inclusive, lutamos para que mais reivindicações e conquistas se transformem em leis, como a redução da jornada de trabalho para 36 horas sem redução de salário.


    Negociação permanente ou mobilização permanente?

    Não temos ilusão. Sabemos que, para que a lei mude em favor dos trabalhadores, teremos que lutar e sermos vitoriosos. Não há acordo com os patrões, ou qualquer medida que agrade a “gregos e troianos” e que proporcione conquistas reais aos trabalhadores, a não ser a unidade e mobilização.

    O sindicato argumenta que através do projeto não teríamos que aguardar a data-base para discutir nossas demandas, pois a negociação seria permanente em cada fábrica. Mas o sindicato não deve ficar dependente de negociações institucionais para defender as reivindicações da categoria. Nosso principal instrumento é a luta, e quando há mobilização obrigamos a empresa a abrir negociações, independente do mês ou do dia, independente se é data-base ou se a negociação é permanente.

    Talvez o maior exemplo seja as lutas no ABC no final dos anos 70. Mesmo durante a ditadura militar, a mobilização dos operários fez a patronal e o governo atender suas reivindicações, sem precisar para isso nenhuma “lei especifica”. A unidade da classe trabalhadora foi e é o determinante em seus avanços.


    Das lutas ao balcão de negócios

    Mas a CUT abandonou o classismo, a unidade e a mobilização dos trabalhadores e optou pelos balcões de negócios, a parceria com a patronal e o governo e por isso, hoje, joga contra os interesses da nossa classe. Na base do SMABC já são mais de 3.500 demissões, sem que tenha havido qualquer iniciativa de resistência. Pelo contrário, todas foram acordadas com o sindicato, sem que tivessem sequer tentado organizar e unificar a luta dos trabalhadores na categoria. Além das demissões, todas as montadoras estão fazendo acordos de longo prazo que retiram direitos e demitem. Ao invés de unir os trabalhadores de todas as fábricas que sofrem com os mesmos problemas, o sindicato aplica o ACE, negocia separado com cada patrão, e quem perde são os trabalhadores. Na prática, os trabalhadores do ABC já vêm fazendo uma experiência com o ACE, sendo reféns das empresas e sofrendo com a divisão da categoria.


    É impossível que o ACE favoreça empresa e trabalhadores

    Sabemos que o patrão só concorda com algo que é para favorecer os seus lucros e a história mostra que nenhuma grande conquista se dá somente pela negociação, sem que se faça mobilização e muita luta. Cada vez que os trabalhadores conquistam algo, o patrão perde lucro, e quando o patrão ganha, só ganha porque impõe mais exploração aos trabalhadores, por isso é impossível que empresa e trabalhadores se beneficiem com o mesmo projeto.

    O Acordo Coletivo de Trabalho com Propósito Específico, é uma verdadeira reforma trabalhista e sindical que pretende estabelecer negociação permanente sobre legislação trabalhista, abrindo sérios riscos de eliminação de direitos e conquistas, a fragmentação e isolamento da classe. É isso que explica o apoio e aprovação da Volkswagen e da FIESP.

    A luta contra as demissões na GM de São José dos Campos mostra que, diante dos ataques da patronal, o sindicato deve organizar a resistência e não vender prontamente os direitos dos trabalhadores.


    Retirado do Site do PSTU

    Governo gasta cada vez menos com servidores públicos

    Governo e imprensa investem em mentiras para atacar greve; no próximo dia 31, servidores federais realizam dia nacional de luta


    CSP-Conlutas
    Manifestação em Brasília no dia 18 de julho
    A intransigência do governo Dilma não vem sendo capaz de arrefecer a greve do funcionalismo público federal, que se arrasta há mais de dois meses como no caso das universidades. Após uma semana de intensas mobilizações em Brasília, que incluíram um acampamento dos servidores na Esplanada dos Ministérios, uma marcha que reuniu pelo menos 10 mil pessoas no último dia 18 e um ato que “trancou” o Ministério do Planejamento, os servidores planejam um dia nacional de luta para o próximo dia 31.

    Proposto pelo Fórum Nacionais das Entidades dos Servidores Públicos Federais, o dia de mobilização foi encampado pela CSP-Conlutas, além da CUT e da CTB, que devem se reunir no próximo dia 25 para definir as ações nos estados. “O dia de luta vai combinar as reivindicações dos servidores em greve, mas também questões mais gerais dos trabalhadores, como a luta contra a reforma trabalhista, a ameaça de ataque à Previdência e a luta por moradia e reforma agrária” , explica Paulo Barela, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

    O dia nacional de luta tem o objetivo de superar a intransigência do governo Dilma, que orientou o corte no ponto dos grevistas. Por enquanto, o governo se limitou a apresentar uma proposta aos docentes das universidades federais, recusada, pois destrói o plano de carreira da categoria e estabelece reajuste a apenas uma pequena parcela dos docentes. Os outros setores parados nem ao menos foram chamados para negociar. O dia 31 é o prazo dado pelo governo para incluir os gastos com folha de pagamento no Orçamento do próximo ano.


    A falácia do “aumento” aos servidores

    O governo e a grande imprensa martelam falácias para atacar a greve e estigmatizar os servidores públicos, a exemplo dos piores anos do neoliberalismo. Entre os argumentos utilizados para tentar desmoralizar a categoria, está o suposto “aumento” dado pelo governo Lula ao funcionalismo nos últimos anos. No entanto, apesar das concessões arrancadas pelos servidores após greves e mobilizações, o governo Lula gastou com servidores, comparativamente ao PIB, menos que FHC. Enquanto o governo neoliberal de FHC gastou com pessoal o equivalente a 6% do PIB, os gastos no governo Lula ficaram em 4,2%.

    “E a única concessão que o governo Dilma deu, no ano passado, através da MP 568 e só aprovada em março passado, tem um impacto de R$ 1,65 bilhão, um valor insignificante considerando o universo de quase 670 mil servidores” , explica Barela. Ou seja, ao contrário do que afirmam sistematicamente a imprensa e analistas do mercado ou do governo, não se gasta muito com servidores no país. Ao contrário. E a situação tende a piorar.

    De acordo com a Auditoria Cidadã da Dívida, a participação dos gastos com pessoal no Orçamento vem caindo drasticamente, de 56,2% da Receita da União em 1995 para apenas 32,1% em 2011. Isso se reflete nos salários dos servidores, que em muitos casos sequer tem a reposição da inflação dos últimos anos.

    Para piorar, os concursos públicos estão paralisados no governo Dilma e os servidores que se aposentam não são substituídos por novos funcionários. Resultado: aumenta-se o déficit de pessoal no serviço público. “Há a perspectiva que 280 mil servidores se aposentem até 2015” , adverte Barela, apontando que, para se voltar ao nível de 2010, teriam que ser contratados 350 mil servidores. Mas a política do governo vem sendo terceirizar as carreiras de nível intermediário e auxiliar, ao invés de investir em novas contratações.

    Outra relação omitida são os gastos da dívida pública em comparação aos gastos com servidores. A reivindicação geral dos servidores, de 22% de reajuste linear, consumiriam R$ 35 bilhões ao ano. Algo como o equivalente a duas semanas de pagamento da dívida pública (R$ 2,1 bilhões por dia, R$ 708 bilhões ao ano). Mas isso, a imprensa e o governo não dizem.


    Retirado do Site do PSTU