quinta-feira, 25 de junho de 2009

Natal vive onda de greves

Uma onda de greves e mobilizações está sacudindo a capital potiguar nos últimos dias. Na última semana, em Natal (RN), duas categorias do setor da administração indireta deflagraram greve. Os trabalhadores do Detran, órgão responsável pelo trânsito e registros de veículos, paralisaram suas atividades na última semana. Eles conseguiram arrancar uma promessa de concurso público e de Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS), mas ainda mantêm o estado de greve e prometem retomar o movimento caso não sejam atendidos. Já os trabalhadores da Emater, órgão que trata da fiscalização agropecuária, continuam de braços cruzados. O sindicato, ligado à Intersindical, avalia que 80% da categoria esteja paralisada.

É forte também a greve dos trabalhadores da Previdência Social (INSS), que – seguindo um calendário nacional – dura mais de uma semana. A categoria reivindica um PCCS e está lutando contra um ataque brutal do governo Lula, que retirou uma gratificação de 84% incorporada judicialmente e pretende obrigar a categoria, que tem jornada de seis horas, a cumprir uma jornada de oito, sob a ameaça de reduzir o salário daqueles que não aceitarem.

A categoria dos rodoviários – responsável pela esmagadora parcela do transporte público na cidade – também cruzou os braços desde a última terça-feira, 23. A cidade praticamente parou. O sindicato da categoria, filiado à CTB, que reivindicava 17,5% de reajuste salarial desde 1º de maio, baixou a proposta para 12% e ainda assim não houve nenhuma sinalização dos empresários do transporte – que lucram com os mais de 300 mil usuários por dia que são transportados em Natal a um valor de R$ 1,85.

O clima de lutas que já não está favorável aos patrões e governos tende a se acirrar. Os trabalhadores ferroviários confirmaram nesta quinta-feira, 25, o início da greve da categoria por tempo indeterminado. A categoria, que reivindica reajuste de 12,9%, recebeu como resposta da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) uma proposta de 4% e, após três rodadas, não houve acordo. Com a greve, o sindicato afirma que apenas dois trens circularão durante todo o dia.

Patrões, governos e imprensa burguesa unidos

 
Diante do colapso gerado pela greve dos rodoviários e ferroviários, a prefeita Micarla de Sousa (PV) assinou um decreto autorizando ônibus fretados e táxis de lotação a circular pela cidade até o fim da greve. Esta é uma medida que, além de garantir a farra para outro setor empresarial dos transportes, tem um caráter populista, objetivando enganar a população com um discurso de que a prefeita está “preocupada em resolver o problema”, enquanto os culpados pelos transtornos gerados pelas greves são dos trabalhadores.

Já a governadora Vilma de Faria (PSB), afirmou através dos diretores de órgãos da administração indireta que as greves não são legítimas e ameaça cortar gratificações e o ponto dos grevistas.

Os empresários dos transportes já deixaram claro que querem jogar a crise nas costas dos trabalhadores. Mesmo com os lucros exorbitantes fruto do alto valor da tarifa e da bilhetagem eletrônica que reduziu custos e demitiu trabalhadores, os patrões dizem cinicamente que “o momento de crise não permite aumento de salários nem conquistar novas coisas”.

A imprensa burguesa local, ligada a partidos de direita e aos governos municipal e estadual, tenta, em pânico, criminalizar as greves e isentar os patrões e governos da responsabilidade que têm pelas péssimas condições de vida dos trabalhadores. Todos os noticiários e jornais impressos tentam capitalizar a insatisfação de um setor da população para fazer a onda de greves refluir.

Unificar as lutas para enfrentar os inimigos da classe

 
O PSTU tem participado ativamente das greves e das mobilizações. Seja através da solidariedade dos militantes, seja com a participação efetiva nas categorias e nas direções dos sindicatos, o partido está construindo as atividades e fazendo um chamado a todas as categorias para politizar e unificar as lutas. Afinal, todas estas greves e mobilizações são expressões do enfrentamento que as categorias estão construindo para que a crise não seja paga pelos trabalhadores.

O diretor do Sindicato dos Ferroviários e militante do PSTU, Cherlinton Saraiva, levanta a importância que têm essa tarefa. “Estão todos unidos contra dos trabalhadores: Micarla, Vilma, Lula, patrões e imprensa burguesa. Nossa tarefa agora é unificar e potencializar as mobilizações, realizando atividades unitárias de todos os trabalhadores em luta. É importante fazer esse chamado à Intersindical e à CTB, pois isso dará mais fôlego para enfrentarmos nossos inimigos e conquistarmos nossas reivindicações imediatas e históricas”, afirmou.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Delegação do Haiti faz palestra em Natal/RN

A presença militar é o que garante a continuidade do plano neoliberal no Haiti”. Assim disse Frantz Dupuche, militante da Plataforma Haitiana em Defesa de um Desenvolvimento Alternativo (PAPDA) que compõe com mais dois companheiros uma delegação haitiana que desembarcou no Brasil para uma série de atividades da campanha internacional pela retiradas das tropas militares do Haiti – impulsionada pela Conlutas e pela central Batay Ouvryie.

Na última quinta-feira (18/06), o auditório do SindSaúde/RN foi palco de mais uma atividade desta caravana, uma palestra cujo objetivo é dar visibilidade às atrocidades que ocorrem no Haiti, desde que a “missão de paz” da ONU resolveu colocar seus pés naquele território. Integrantes do MST, ativistas do movimento sindical, militantes da Conlutas e do PSTU prestigiaram o evento e deixaram sua irrestrita solidariedade ao povo haitiano.

Dupuche fez um resgate histórico das lutas do povo do Haiti, que deu mostras de resistência contra a política imperialista do EUA. “Colocaram tropas militares no Haiti a mando dos EUA, pois a força bélica é o método que eles lançam para garantir que lá tudo seja privatizado. Até o vice-presidente do Brasil (José Alencar) mandou seu filho para analisar a possibilidade de montar uma fábrica por lá e explorar os trabalhadores haitianos”.

O ativista apontou que o fato da mão-de-obra no Haiti ser extremamente barata, favorece os capitalistas que vêem aquele país como a uma oportunidade de multiplicar seus lucros através da exploração dos trabalhadores daquele país. “Por mês, um trabalhador da construção civil recebe 40 dólares”, disse Frantz. Além disso, Dupuche reafirmou que essa superexploração faz com que existam rebeliões contra o regime e a forma que o imperialismo usa para minimizar essas tensões é a violência. “Depois que as tropas militares de vários países, inclusive do Brasil, ocuparam o Haiti, aumentou a violência em nosso país.”.

O haitiano também denunciou o papel nefasto do governo Lula, que integra as tropas da ONU que ocupam o Haiti. “Um governo que se diz de esquerda não pode ser tão capacho dos EUA. Infelizmente, Lula não só não presta solidariedade ao povo haitiano, como mantém quase dois mil soldados brasileiros torturando e matando trabalhadores no nosso país. É uma vergonha.”.

Dário Barbosa e Juary Chagas, pelo PSTU, prestaram toda solidariedade ao povo haitiano e dedicaram suas intervenções para analisar o conteúdo ideológico que tem esta ocupação. “Essa ocupação expressa o papel absolutamente subserviente do Governo Lula diante do imperialismo. Lula chega ao ponto de utilizar a simpatia que o povo do Haiti tem com o futebol brasileiro, mandando a seleção nacional àquele país com o objetivo de mascarar a ocupação militar enquanto uma ‘missão de paz’ ao mesmo tempo em que reprime o movimento de resistência desse povo. Os trabalhadores do Haiti têm o direito de se auto-determinar sem sofrer intervenção da rapina imperialista e por isso, é preciso construir uma gigantesca campanha que force Lula a retirar imediatamente as tropas brasileiras do Haiti”, afirmou Juary.

A solidariedade internacional é um princípio que para nós do PSTU é muito caro e por isso fazemos questão de prestar toda solidariedade aos trabalhadores do Haiti. Os governos da América Latina, incluindo os de Cuba e Venezuela, não se posicionam claramente contra essa ofensiva imperialista, pois governam de forma totalmente adaptada ao regime burguês. Com toda certeza, se estivéssemos diante de governos com uma concepção de ruptura com o capital e que impulsionassem a construção do socialismo, a solidariedade ao povo do Haiti estaria num patamar muito superior.”, concluiu Dário.