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A Executiva Nacional do PSOL divulgou nota datada de 27 de abril, em que defende a constituição de uma Frente de Esquerda com o PSTU e PCB, manifestando “disposição de empreender todos os esforços possíveis para construir essa unidade”. A mesma nota afirma que “terão responsabilidade no movimento os que optarem pela divisão antes de esgotadas todas as possibilidades de um acordo”. Termina por chamar o PCB e o PSTU a “assumirem a responsabilidade pela construção de uma Frente de Esquerda”.
O PSTU não tem procuração para falar em nome do PCB, mas em nome do nosso partido temos a esclarecer o que segue:
1. O PSTU, por acreditar que seria positiva e importante a construção de uma frente de esquerda, classista e socialista, que envolvesse PSTU, PSOL e PCB para as eleições deste ano, apresentou em agosto do ano passado, publicamente, esta proposta ao PSOL. Depois de meses sem nenhuma resposta à proposta que fizemos, fomos informados pela imprensa, em novembro passado, de decisão da direção do PSOL de buscar um acordo eleitoral para apoiar a candidatura de Marina Silva à presidência da República.
2. Frente a esta situação, o nosso partido resolveu lançar a pré-candidatura à presidência do companheiro Zé Maria, ainda sem descartar a possibilidade da frente, mas sinalizando claramente o aumento da nossa preocupação. Lançada nossa pré-candidatura, em dezembro passado, a direção do PSOL pede a primeira reunião com o PSTU para discutir a frente. Desta reunião participaram Zé Maria, pela direção do PSTU, e Afrânio Bopré e Elias Vaz, pela Executiva Nacional do PSOL.
3. Os representantes do PSOL na reunião disseram claramente que a prioridade para o PSOL era a aliança com Marina Silva e que o partido estava empenhado em “esgotar todas as possibilidades de um acordo” com a candidata do PV. E disseram ao PSTU que esperasse, pois “se não saísse acordo com a Marina”, voltariam a conversar conosco. Uma demonstração lamentável da arrogância do PSOL a serviço de uma política de direita. O fato de Marina ter preferido a aliança com o PSDB do Rio de Janeiro, e não o acordo com o PSOL, não diminui a gravidade da opção dos companheiros, pelo contrário, a aumenta ainda mais. Confirma a natureza de classe da candidata que queriam apoiar. Respeitamos a resistência de muitos militantes do PSOL contra o apoio à Marina, mas a aliança não saiu porque ela optou pelo PSDB, deixando na mão os dirigentes do PSOL que defendiam a aliança.
A discussão real sobre a “cobrança de responsabilidades” começa aí, com o desrespeito que se configurou nesta postura do PSOL com relação ao PSTU e, acreditamos, também ao PCB. Desrespeito que já havia se manifestado antes, na campanha passada, quando o PSOL tratou seus aliados como simples apoiadores de seus candidatos, desconsiderando solenemente os acordos programáticos feitos em comum acordo e impondo seus candidatos a presidente e vice. Nas eleições de 2008, seguiram ocorrendo desrespeitos semelhantes, com o PSOL ocupando em várias cidades todo o tempo de TV.
Desrespeito que se repete agora quando a Executiva Nacional do PSOL se julga no direito de “cobrar responsabilidade” do PSTU e do PCB acerca da Frente quando esta mesma Executiva, há apenas três meses, defendia a aliança com Marina Silva, ignorando solenemente aqueles que, agora, chama de aliados importantes. O PSTU não tem a mínima disposição para ser tratado como uma sublegenda do PSOL.
4. O PSTU sempre defendeu que o primeiro critério para chegar a uma aliança eleitoral era conseguir um programa socialista. Este era o critério fundamental para a composição de uma possível frente, abrir o debate de programa que pudesse ser construído nas instâncias dos partidos da frente.
O PSOL primeiro buscou Marina com um programa rebaixado. Depois definiu um programa que não é socialista na conferência nacional que indicou Plínio. Esse programa não defende sequer a ruptura com o imperialismo e a estatização do sistema financeiro. O método definido pela direção do PSOL nos coloca perante um fato consumado, ao definir um programa no qual, em essência, não temos acordo.
Isso está bem de acordo com o programa da corrente majoritária atual da direção do PSOL, “democrático e popular”, semelhante ao proposto pelo PT do passado. Essa visão defende a colaboração com “setores progressistas da burguesia”.
Essa estratégia democrático-popular é que leva a direção majoritária do PSOL a apoiar, junto com Lula, os governos nacionalista-burgueses de Chávez e de Lugo. Não é por acaso que, nesse momento, não existe no site do PSOL nenhuma crítica à repressão desatada no Paraguai, com o “estado de exceção” imposto por Lugo, junto com as Forças Armadas e a colaboração da CIA.
Vejamos mais uma vez as “responsabilidades”: definem um programa completamente distinto do que propusemos e, agora, vêm nos cobrar, mais uma vez de forma arrogante, a não-existência da frente.
5. O PSTU colocou como segunda condição para concretizar a frente uma clara independência política e financeira com relação à burguesia e seus partidos. A primeira resposta do PSOL foi buscar a aliança com um setor da burguesia, com o PV e Marina. Depois do fracasso dessa aliança, a conferência do PSOL do Rio Grande do Sul votou por conseguir dinheiro de empresas privadas. Todos conhecem o episódio de 2008, em que o PSOL gaúcho recebeu verbas de uma grande empresa, a Gerdau. Agora decidiram manter isso para as eleições de 2010.
Para o PSTU, não existem condições de lutar contra a burguesia sendo financiado pela burguesia. A resolução do PSOL gaúcho é uma bofetada na cara dos que defendem a independência de classe. A executiva nacional do PSOL não se pronunciou sobre essa resolução e agora vem cobrar “responsabilidades” ao PSTU por não se concretizar a frente. Ou seja, o PSOL-RS vai utilizar dinheiro de empresas privadas para a campanha nacional.
Existem também declarações dúbias de figuras públicas nacionais do PSOL sobre o tema, em que não se aceitam contribuições de empresas, mas sim de empresários, desde que seja com pouco dinheiro.
Para nós, é exatamente a mesma coisa a “contribuição” de Jorge Gerdau Johannpeter, e a de sua empresa Gerdau. É exatamente a mesma coisa ter uma colaboração da Votorantim ou de Antonio Ermírio de Moraes, de Roger Agnelli ou da Vale do Rio Doce, de Bill Gates ou da Microsoft. A “contribuição de pessoa física” é uma manobra largamente utilizada por todos os partidos para receber dinheiro das empresas.
E o critério de “pouco dinheiro”, como sabemos, é relativo. Para a empresa Gerdau ou para o burguês Gerdau doar cem mil reais (como aconteceu em 2008) é pouco dinheiro. Realmente, nos entristece que Plínio concorde com a aceitação de dinheiro dos burgueses.
Isso só mostra a distância que temos entre os critérios que nós defendemos e os do PSOL.
6. Acreditamos que nossos partidos têm sim a obrigação de buscar a unidade na luta concreta dos trabalhadores, no apoio à construção de organizações de frente única que se constituam em instrumentos para a luta da nossa classe. Por isso, é muito importante e é preciso valorizar muito o esforço que temos feito, PSTU e PSOL, junto às organizações sindicais e populares onde atuam nossos militantes, para a construção da unidade nas lutas do movimento sindical e popular combativos deste país. E para a construção do Congresso da Classe Trabalhadora que acontecerá em junho deste ano e que deve unificar a Conlutas, a Intersindical, o MTL, o MTST, o MAS e setores da Pastoral Operária de São Paulo. Estamos fazendo e é necessário continuar e aprofundar este esforço, conjuntamente.
7. No entanto, este mesmo critério não se aplica de forma automática aos processos eleitorais. O processo eleitoral é um momento em que os partidos apresentam seus projetos para o país. E, como vimos, não temos, PSTU e PSOL, a mesma proposta para defender no processo eleitoral deste ano. Como não existe acordo programático e nem sobre a relação com a burguesia, é legítimo e necessário, portanto, que os partidos apresentem suas candidaturas para defender suas propostas.
Devolvemos, então, o chamado à responsabilidade que nos fazem. A oposição de esquerda ao governo Lula, infelizmente, não vai unida nessas eleições. Pior ainda seria se os distintos partidos se dedicassem essencialmente à disputa entre nós, como indica a “cobrança” arrogante da executiva do PSOL. Em nossa opinião, a obrigação dos nossos partidos neste processo é centrarmos nossas forças no combate às alternativas burguesas, tenham elas o nome Dilma, Serra ou Marina.
É nisto que o PSTU pretende se concentrar nos próximos meses.
São Paulo, 30 de abril de 2010
Comitê Executivo do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado)
Retirado do Site do PSTU
A Executiva Nacional do PSOL divulgou nota datada de 27 de abril, em que defende a constituição de uma Frente de Esquerda com o PSTU e PCB, manifestando “disposição de empreender todos os esforços possíveis para construir essa unidade”. A mesma nota afirma que “terão responsabilidade no movimento os que optarem pela divisão antes de esgotadas todas as possibilidades de um acordo”. Termina por chamar o PCB e o PSTU a “assumirem a responsabilidade pela construção de uma Frente de Esquerda”.
O PSTU não tem procuração para falar em nome do PCB, mas em nome do nosso partido temos a esclarecer o que segue:
1. O PSTU, por acreditar que seria positiva e importante a construção de uma frente de esquerda, classista e socialista, que envolvesse PSTU, PSOL e PCB para as eleições deste ano, apresentou em agosto do ano passado, publicamente, esta proposta ao PSOL. Depois de meses sem nenhuma resposta à proposta que fizemos, fomos informados pela imprensa, em novembro passado, de decisão da direção do PSOL de buscar um acordo eleitoral para apoiar a candidatura de Marina Silva à presidência da República.
2. Frente a esta situação, o nosso partido resolveu lançar a pré-candidatura à presidência do companheiro Zé Maria, ainda sem descartar a possibilidade da frente, mas sinalizando claramente o aumento da nossa preocupação. Lançada nossa pré-candidatura, em dezembro passado, a direção do PSOL pede a primeira reunião com o PSTU para discutir a frente. Desta reunião participaram Zé Maria, pela direção do PSTU, e Afrânio Bopré e Elias Vaz, pela Executiva Nacional do PSOL.
3. Os representantes do PSOL na reunião disseram claramente que a prioridade para o PSOL era a aliança com Marina Silva e que o partido estava empenhado em “esgotar todas as possibilidades de um acordo” com a candidata do PV. E disseram ao PSTU que esperasse, pois “se não saísse acordo com a Marina”, voltariam a conversar conosco. Uma demonstração lamentável da arrogância do PSOL a serviço de uma política de direita. O fato de Marina ter preferido a aliança com o PSDB do Rio de Janeiro, e não o acordo com o PSOL, não diminui a gravidade da opção dos companheiros, pelo contrário, a aumenta ainda mais. Confirma a natureza de classe da candidata que queriam apoiar. Respeitamos a resistência de muitos militantes do PSOL contra o apoio à Marina, mas a aliança não saiu porque ela optou pelo PSDB, deixando na mão os dirigentes do PSOL que defendiam a aliança.
A discussão real sobre a “cobrança de responsabilidades” começa aí, com o desrespeito que se configurou nesta postura do PSOL com relação ao PSTU e, acreditamos, também ao PCB. Desrespeito que já havia se manifestado antes, na campanha passada, quando o PSOL tratou seus aliados como simples apoiadores de seus candidatos, desconsiderando solenemente os acordos programáticos feitos em comum acordo e impondo seus candidatos a presidente e vice. Nas eleições de 2008, seguiram ocorrendo desrespeitos semelhantes, com o PSOL ocupando em várias cidades todo o tempo de TV.
Desrespeito que se repete agora quando a Executiva Nacional do PSOL se julga no direito de “cobrar responsabilidade” do PSTU e do PCB acerca da Frente quando esta mesma Executiva, há apenas três meses, defendia a aliança com Marina Silva, ignorando solenemente aqueles que, agora, chama de aliados importantes. O PSTU não tem a mínima disposição para ser tratado como uma sublegenda do PSOL.
4. O PSTU sempre defendeu que o primeiro critério para chegar a uma aliança eleitoral era conseguir um programa socialista. Este era o critério fundamental para a composição de uma possível frente, abrir o debate de programa que pudesse ser construído nas instâncias dos partidos da frente.
O PSOL primeiro buscou Marina com um programa rebaixado. Depois definiu um programa que não é socialista na conferência nacional que indicou Plínio. Esse programa não defende sequer a ruptura com o imperialismo e a estatização do sistema financeiro. O método definido pela direção do PSOL nos coloca perante um fato consumado, ao definir um programa no qual, em essência, não temos acordo.
Isso está bem de acordo com o programa da corrente majoritária atual da direção do PSOL, “democrático e popular”, semelhante ao proposto pelo PT do passado. Essa visão defende a colaboração com “setores progressistas da burguesia”.
Essa estratégia democrático-popular é que leva a direção majoritária do PSOL a apoiar, junto com Lula, os governos nacionalista-burgueses de Chávez e de Lugo. Não é por acaso que, nesse momento, não existe no site do PSOL nenhuma crítica à repressão desatada no Paraguai, com o “estado de exceção” imposto por Lugo, junto com as Forças Armadas e a colaboração da CIA.
Vejamos mais uma vez as “responsabilidades”: definem um programa completamente distinto do que propusemos e, agora, vêm nos cobrar, mais uma vez de forma arrogante, a não-existência da frente.
5. O PSTU colocou como segunda condição para concretizar a frente uma clara independência política e financeira com relação à burguesia e seus partidos. A primeira resposta do PSOL foi buscar a aliança com um setor da burguesia, com o PV e Marina. Depois do fracasso dessa aliança, a conferência do PSOL do Rio Grande do Sul votou por conseguir dinheiro de empresas privadas. Todos conhecem o episódio de 2008, em que o PSOL gaúcho recebeu verbas de uma grande empresa, a Gerdau. Agora decidiram manter isso para as eleições de 2010.
Para o PSTU, não existem condições de lutar contra a burguesia sendo financiado pela burguesia. A resolução do PSOL gaúcho é uma bofetada na cara dos que defendem a independência de classe. A executiva nacional do PSOL não se pronunciou sobre essa resolução e agora vem cobrar “responsabilidades” ao PSTU por não se concretizar a frente. Ou seja, o PSOL-RS vai utilizar dinheiro de empresas privadas para a campanha nacional.
Existem também declarações dúbias de figuras públicas nacionais do PSOL sobre o tema, em que não se aceitam contribuições de empresas, mas sim de empresários, desde que seja com pouco dinheiro.
Para nós, é exatamente a mesma coisa a “contribuição” de Jorge Gerdau Johannpeter, e a de sua empresa Gerdau. É exatamente a mesma coisa ter uma colaboração da Votorantim ou de Antonio Ermírio de Moraes, de Roger Agnelli ou da Vale do Rio Doce, de Bill Gates ou da Microsoft. A “contribuição de pessoa física” é uma manobra largamente utilizada por todos os partidos para receber dinheiro das empresas.
E o critério de “pouco dinheiro”, como sabemos, é relativo. Para a empresa Gerdau ou para o burguês Gerdau doar cem mil reais (como aconteceu em 2008) é pouco dinheiro. Realmente, nos entristece que Plínio concorde com a aceitação de dinheiro dos burgueses.
Isso só mostra a distância que temos entre os critérios que nós defendemos e os do PSOL.
6. Acreditamos que nossos partidos têm sim a obrigação de buscar a unidade na luta concreta dos trabalhadores, no apoio à construção de organizações de frente única que se constituam em instrumentos para a luta da nossa classe. Por isso, é muito importante e é preciso valorizar muito o esforço que temos feito, PSTU e PSOL, junto às organizações sindicais e populares onde atuam nossos militantes, para a construção da unidade nas lutas do movimento sindical e popular combativos deste país. E para a construção do Congresso da Classe Trabalhadora que acontecerá em junho deste ano e que deve unificar a Conlutas, a Intersindical, o MTL, o MTST, o MAS e setores da Pastoral Operária de São Paulo. Estamos fazendo e é necessário continuar e aprofundar este esforço, conjuntamente.
7. No entanto, este mesmo critério não se aplica de forma automática aos processos eleitorais. O processo eleitoral é um momento em que os partidos apresentam seus projetos para o país. E, como vimos, não temos, PSTU e PSOL, a mesma proposta para defender no processo eleitoral deste ano. Como não existe acordo programático e nem sobre a relação com a burguesia, é legítimo e necessário, portanto, que os partidos apresentem suas candidaturas para defender suas propostas.
Devolvemos, então, o chamado à responsabilidade que nos fazem. A oposição de esquerda ao governo Lula, infelizmente, não vai unida nessas eleições. Pior ainda seria se os distintos partidos se dedicassem essencialmente à disputa entre nós, como indica a “cobrança” arrogante da executiva do PSOL. Em nossa opinião, a obrigação dos nossos partidos neste processo é centrarmos nossas forças no combate às alternativas burguesas, tenham elas o nome Dilma, Serra ou Marina.
É nisto que o PSTU pretende se concentrar nos próximos meses.
São Paulo, 30 de abril de 2010
Comitê Executivo do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado)
Retirado do Site do PSTU