sexta-feira, 29 de abril de 2011

Surge na Argentina o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado

Os delegados eleitos das organizações Frente Operária Socialista (FOS) e Corrente Operária Internacionalista (COI), provenientes de distintos estados e cidades do país, finalizaram no último domingo, 24 de abril, seus trabalhos, plenárias e as seções do Congresso de Unificação, a qual votou como principal resolução a fundação do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) da Argentina.

O Congresso de Fundação do PSTU recebeu adesões e saudações de organizações de diversos países, entre eles a Inglaterra, Espanha, Rússia, Ucrânia, Colômbia, Chile, Peru, Brasil, Uruguai, Bélgica, e proclamou também sua adesão a Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI). Para o PSTU é impossível defender os direitos dos trabalhadores e o povo de nosso país, sem unir-se com as lutas e reivindicações dos trabalhadores do mundo.


Novo partido integrará Frente de Esquerda nas eleições

O PSTU nasce para lutar pela independência política dos trabalhadores, o triunfo de suas lutas, o avanço para uma saída operária e popular, a conquista da independência da Argentina e o socialismo. Além disso, apresentará candidatos na Frente de Esquerda integrada pelo Partido Operário (PO), o Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS), Esquerda Socialista (IS) e outras forças, numa frente de oposição contra a política do governo Cristina Kirchner, que propõe o apoio as lutas operárias, aumentos salariais, a estatização do petróleo, o fim do pagamento da dívida externa e outras medidas.

Segundo Eduardo Barragán, um de seus principais dirigentes, o PSTU mobilizará “ao ato do Primeiro de Maio convocado pela Frente de Esquerda nesta capital [Buenos Aires], para comemorar o dia Internacional dos Trabalhadores”. Para Barragán, “o Congresso do PSTU é um avanço na unidade e a construção de uma força socialista e revolucionária em nosso país, que contribuirá com militância e candidatos a unidade conquistada no terreno eleitoral pela Frente de Esquerda”.


Retirado do Site do PSTU

28 de abril: manifestações, passeatas, paralisações nas fábricas e travamento de avenidas marcam Dia de Mobilizações

A Jornada de Mobilizações, 28 de abril, demonstrou a força dos trabalhadores com protestos e mobilizações em diversos estados do país. Organizações dos movimentos popular, sindical e estudantil levantaram as bandeiras de luta da CSP-Conlutas contra os ataques que vêm sendo anunciados pelo governo Dilma. Paralisações nas fábricas, manifestações, passeatas e travamento de avenidas marcaram essa data em todo país. O dia mundial em memória às vítimas de acidentes e doenças do trabalho também foi incorporado ao dia de mobilização por melhores condições de trabalho.


Em São Paulo travamento de avenidas e manifestação

Na capital paulista do dia de luta começou com travamento na Estrada do M’Boi Mirim. O ato realizado pelo MTST em conjunto com moradores da região, reuniu cerca de 400 pessoas e defendia um transporte público de qualidade para o bairro, que é uma das áreas de maior concentração de pobreza dentro do município de São Paulo. No protesto os manifestantes foram covardemente agredidos pelos policias e nove pessoas foram presas, um advogado da Central foi encaminhado ao local e os companheiros foram liberados. Também no interior de São Paulo, em Hortolândia, famílias organizadas pelo MTST marcharam rumo ao bairro Jardim Minda, onde está sendo construído o condomínio de apartamentos que parte das famílias do MTST moraria, se não fosse o descumprimento do acordo pela prefeitura.

À tarde no centro da capital houve assembleia dos trabalhadores da educação municipal de São Paulo com a participação de 500 pessoas. O ato convocado pelo Sinpeem (Sindicato dos Profissionais do Ensino Fundamental-SP) teve a participação da Central. Durante a assembleia dos profissionais da educação foram distribuídos jornais da Central sobre o Dia 28 de abril. O informativo com as denuncias do atual governo, e as bandeiras de luta da CSP-Conlutas teve boa aceitação por parte dos manifestantes.

Os metroviários de São Paulo também realizaram uma manifestação por melhores condições de trabalho para a categoria.


Passeata e paralisação nas fábricas marcam dia de luta em São José dos Campos e Região

Os metalúrgicos do 1° e 2º turno da GM paralisaram a produção por 1h30, diante disso, com 3 horas de atraso, deixaram de ser produzidos cerca de 180 veículos na montadora. Cerca de 7 mil trabalhadores participaram das assembleias, em que foram discutidas as reivindicações deste Dia Nacional de Mobilização.

Trabalhadores da Gerdau, Everel, Friuli e Plande protestaram, principalmente, contra a precarização no ambiente de trabalho, em que tarefas repetitivas e aceleração da produção geram a cada dia mais acidentes e doenças ocupacionais.




Também houve passeata em São José dos Campos com a participação de cerca de 1 mil pessoas. Houve ato em frente à Bandeirante Energia, o motivo do protesto era o fornecimento de energia à Ocupação do Pinheirinho, que vem sendo alvo de muitas reclamações. Em seguida, a passeata seguiu para o INSS, onde o tema dos discursos e protestos foi contra a política do governo de ataques aos trabalhadores.

O Dia Mundial de Luta contra os Acidentes e Doenças do Trabalho, também celebrado neste dia 28 de abril, foi lembrado na manifestação.

Também em Campinas houve paralisação nas fábricas da região.


Operários da construção civil e servidores públicos tomam às ruas de Belém

Em Belém (PA), uma grande manifestação toma conta das ruas da cidade com cerca de 5 mil pessoas, entre operários da construção civil de Fortaleza e servidores públicos.

Mais de 30 organizações, dos movimentos sindical, popular e estudantil, participam do ato que é marcado pela unidade de ação contra os ataques ao atual governo. Os manifestantes realizaram um protesto em frente ao prédio do INSS em memória as vítimas de doenças e acidentes do trabalho.

A passeata percorreu a Avenida Nazaré e teve seu desfecho na prefeitura da cidade.


Centenas de trabalhadores ocupam as ruas de BH

Quase 2 mil trabalhadores manifestaram-se contra os acidentes de trabalho e os recentes ataques anunciados pelo Governo Dilma. A mobilização contou com a participação da CSP-Conlutas e seus sindicatos filiados, da Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais (filiada à CSP-Conlutas), além de entidades e movimentos como Movimento Mulheres em Luta, ANEL, MTST, CUT, CTB, NCST, UGT, CGTB, Fetaemg, MST, Via Campesina e MAB. Às 11 horas, em passeata até a porta do INSS, uma série de denúncias foram feitas pelos sindicalistas e movimentos presentes.




Mesmo por volta de 15h, a CSP-Conlutas, o MTST e os moradores das ocupações Camilo Torres e Irmã Dorothy seguiram em protesto até a Prefeitura de Belo Horizonte, onde denunciaram os problemas da moradia na cidade e as ameaças de despejo das ocupações urbanas da cidade.


No Piauí servidores públicos municipais deflagram greve

Os servidores públicos municipais de Teresina, também se integraram ao dia de luta e deflagraram greve por tempo indeterminado.

O dia de mobilizações contou também com manifestação de entidades ligadas aos trabalhadores, como a CNESF (Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Federais). A passeata protestou contra o corte de R$ 50 bilhões no orçamento, o aumento dos juros e as medidas contrárias aos direitos do funcionalismo público federal, especialmente a proposta de congelamento dos salários dos servidores.


No Amapá educadores se incorporam na manifestação

O ato no Macapá reuniu cerca de 300 pessoas e contou com a participação dos trabalhadores da educação do estado, que realizavam mobilização por campanha salarial. A manifestação começou na Praça da Bandeira, seguiu até a Secretaria de Educação e terminou em frente ao Palácio do governo. Uma comissão formada pelas entidades de base participantes do ato (CSP-CONLUTAS, SINSEPEAP, SINDSAÚDE, SINCOTRAPE) foi recebida pelo chefe de gabinete do governador do Estado. Uma nova audiência, com a presença do governador, foi marcada para amanhã, no período da tarde.


Rio Grande do Sul judiciário estadual fazem paralisação

Como parte da campanha salarial o judiciário estadual do Rio Grande do Sul, fez paralisação de uma hora em todo o estado. Parte dos trabalhadores se integraram unitário realizado frente ao Palácio Piratini, organizado pela CSP-Conlutas em conjunto Cepers Sindicato e diversas organizações. Os militantes da Central organizaram comissões de representantes por local de trabalho nos dois maiores prédios, comissões estas que foram responsáveis por uma adesão inédita nestes prédios.

Com informações da regionais e estaduais da CSP-Conlutas


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Os trabalhadores e Dilma

Dilma completou cem dias de governo. Os trabalhadores deveriam observar este início para descobrir o que esperar dela. Afinal, a petista está sendo apoiada no início de mandato mais do que qualquer outro presidente na história, com 47% de avaliação de seu governo como boa e ótima. Mais do que Lula no início do primeiro e do segundo mandato. Muito mais do que FHC.

Os trabalhadores pensam que governam através de Dilma. Que é um governo "seu", como achavam que era o de Lula. Esse foi um engano que se manteve durante os oito anos de mandato de seu antecessor. O longo período de crescimento econômico (e a saída rápida da crise no final de 2008 – início de 2009) foi a base material desse erro. A figura de Lula, com o apoio de CUT, PT e MST, completa a explicação para essa falsa consciência.

E agora Dilma dá continuidade, com algumas características particulares. Como não é figura construída no movimento de massas, é mais discreta, sem a onipresença de mídia e as frases de efeito de Lula. E...aponta para um governo ainda mais à direita.

Dilma fez o maior corte de orçamento da história: R$ 50 bilhões. Os efeitos já são percebidos nos gastos sociais como saúde e educação, além da redução no programa Minha Casa, Minha Vida. O reajuste do salário mínimo foi menor que o aumento da inflação pela primeira vez nos governos do PT. Já existem sinais de reformas mais duras que as feitas nos governos de FHC e Lula, como a trabalhista, anunciada como proposta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Agora Dilma está se enfrentando com outro teste: as greves, em particular do funcionalismo público federal e da construção civil. O funcionalismo está se chocando com a decisão do governo de impor um congelamento salarial à categoria.

Na construção civil, houve greves e levantes em obras do PAC, como em Jirau. Na cabeça desses trabalhadores, os patrões são uma coisa e Dilma é outra. Não é assim. Como são obras financiadas pelo governo, a presidente poderia determinar as condições de trabalho e salário. Não faz isso porque defende os lucros das empreiteiras.

Quando explodiram as greves, o governo convocou uma comissão com as centrais sindicais. CUT, Força Sindical e outras pelegas participam com a mesma postura pró-patronal e de apoio ao governo.

A CSP-Conlutas participou para defender os interesses dos trabalhadores, apresentando exigências ao governo e às empreiteiras, como a efetivação de todos (contra a terceirização) e a proibição das demissões, além de reajustes salariais e melhoria das condições de trabalho.

O anúncio de demissões no Jirau mostra que o governo está novamente ao lado dos patrões. A CSP-Conlutas já denunciou essas demissões, ao contrário da CUT e da Força, que mais uma vez mostram seu caráter pelego.

Agora, os operários da construção civil de Fortaleza, dirigidos pela CSP-Conlutas, estão em greve. Vão tirar suas conclusões sobre os patrões e também sobre o governo Dilma.

Os trabalhadores, em greve ou não, devem aprender com essas primeiras experiências com Dilma. Ao contrário do que pensa a maioria, é um governo burguês, que apoia as grandes empresas e usa seu prestígio com os trabalhadores para travar as lutas. Por isso, é necessário exigir de Dilma que evite qualquer demissão nas obras do PAC e garanta os reajustes do funcionalismo, deixando de pagar a dívida pública.


Retirado do Site do PSTU

Dia 28 de abril é dia nacional de mobilização em todos os estados

Na quinta-feira (28) acontece o dia Nacional de Mobilização nos estados. A atividade convocada pela CSP-Conlutas e diversas entidades é parte do calendário de lutas dos servidores públicos federais, em campanha salarial, mas também envolverá diversas categorias de trabalhadores, como os operários da construção civil, metalúrgicos entre outros. Isto porque a data também será um momento de resistência às medidas que vêm sendo anunciadas pelo governo Dilma.

A mobilização pretende denunciar as políticas do governo Dilma. Entre elas, o reajuste dos salários dos parlamentares, o arrocho ao salário mínimo, o corte de R$ 50 bilhões no orçamento, o rebaixado ajuste da tabela do Imposto de Renda, as demissões em Jirau e o ataque aos movimentos sociais.

Dia 28 de abril também é lembrado como Dia Internacional em Memória às Vitimas de Acidentes e Doenças de Trabalho, por isso as atividades denunciarão as péssimas condições de trabalho em diversos segmentos. Haverá paralisações e atos no INSS em várias partes do país. Anexo manifesto sobre Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.

Informes já chegaram à CSP-Conlutas mostrando a movimentação nos Estados. Os atos unificados estão sendo articulados pelas estaduais e regionais da CSP-Conlutas com sindicatos, entidades do movimento popular e outras centrais sindicais. Muitas categorias estão aprovando a participação neste dia de luta, além disso, estão previstos a deflagração de greve ou paralisações de trabalhadores.

Alguns informes enviados sobre as atividades nos estados

São Paulo: O Sinpeem aprovou paralisação com um ato no centro da cidade em frente à Secretaria Municipal de Educação, na rua Libero Badaró, às 13 horas. Outras categorias, como judiciários, servidores federais e metroviários se integram a essa atividade, além de promover atividades em suas bases. Haverá também uma passeata até a Praça da Sé.

São José dos Campos (SP): Paralisação dos trabalhadores da General Motors. Programada uma passeata envolvendo os metalúrgicos, os trabalhadores dos Correios, os aposentados e os trabalhadores do Pinheirinho, às 9h com saída na Igreja São Judas Tadeu, no Jardim Paulista e atos no INSS.

Rio de Janeiro: Está indicada a realização de uma passeata (Candelária/Cinelândia) na parte da tarde. Até o momento foi aprovada paralisação na base do Sindpfaetec. O SEPE realiza manifestação na Assembléia Legislativa e na Secretaria Estadual de Educação e ainda haverá assembléia da rede municipal que debaterá a possibilidade de paralisação.

Minas Gerais:Em Belo Horizonte haverá o ato unificado com as centrais, contra a alta programada. O ato denunciará também os acidentes do trabalho e contará com a participação dos metalúrgicos e de diversas categorias. A atividade começa às 8h com concentração na Praça Sete. Às 10h ocorrerá uma audiência com representantes das centrais, na sede da Superintendência Nacional da Previdência Social em BH, com a possibilidade de que um documento comum seja protocolado. Haverá ainda manifestação dos professores em frente à Câmara Municipal.

Congonhas (MG) - Haverá protesto na porta da CSN - com a presença do Sindicato dos Trabalhadores da Vale do Canadá.

Bahia: Os professores municipais de Lauro de Freitas realizarão paralisação por 24 horas no dia 28 de abril. A ASPROLF irá realizar um ato na frente da prefeitura, às 14h. Os servidores municipais de Alagoinhas também irão parar por 24 horas.

A ANEL (Assembleia Nacional de Estudantes-livre) também fará panfletagem nos campi da UFBA e UNEB. Haverá ato das quatro associações das universidades estaduais (ADUNEB, ADUFS, ADUSB e ADUSC), que estão em greve, às 14h, na Praça do Campo Grande, em Salvador.

O Sinpa irá realizar um ato na frente da prefeitura de Alagoinhas, às 10h e depois uma passeata no centro da cidade.

Ceará: Os trabalhadores da construção civil, que aprovaram greve para o dia 18, farão atividades no dia de luta contra os acidentes de trabalho. Os rodoviários debaterão em assembléia a realização de uma paralisação. Professores iniciam greve no dia 27/04. Servidores municipais do Vale do Jaguaribe aprovaram participar do dia 28. Está sendo articulado para que haja um ato unificado neste dia.

Paraíba: Está sendo organizado um ato em Campina Grande. Estão sendo convidados a participar trabalhadores, estudantes e movimentos populares, nas atividades específicas e gerais que estão sendo preparadas. Os servidores municipais de Bayeux aprovaram em assembléia a adesão ao dia nacional de luta.

Maranhão – Possibilidade de paralisação de diversas categorias, inclusive do judiciário; mobilização nas escolas de ensino médio em greve e do COLUN; manifestação dos bancários em frente ao Banco Itaú; mobilização dos estudantes da ANEL na UFMA. Os protestos, além de outras bandeiras, vão denunciar a corrupção e os desmandos da oligarquia Sarney e do prefeito João Castelo. Umas das consignas: “São Luís parou em 51 contra Vitorino; em 79 pela meia passagem e vai parar dia 28/04 contra a oligarquia Sarney. Fora Roseana Sarney.”

Pará - Além da construção civil, educação estadual e municipal, Funpapa e Basa, foi aprovada a paralisação na Eletronorte em Belém e em Tucurui. O Comitê Xingu Vivo aceitou o chamado e vai se incorporar à manifestação. O dia de luta será contras os ataques do governo Dilma, Jatene e Duciomar.

Rio Grande do Sul - O Sindicato dos Profissionais de Educação do Estado (CPERS) organizará protestos encabeçando o dia de luta no Estado.

Santa Catarina: Os professores do Estado farão manifestações neste dia.
No dia 28 de abril vamos levantar bem alto as nossas bandeiras por:

- Redução e congelamento dos preços;
- Aumento geral dos salários e das aposentadorias;
- Direitos sociais e trabalhistas;
- Melhores condições de trabalho;
- Valorização dos serviços e dos servidores públicos;
- Transporte público, de qualidade e não aumento das tarifas;
- Moradia digna para os trabalhadores;
- Não ao pagamento da dívida pública.


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A direita morreu?

Qual o significado da profunda crise em que se afundam o DEM e o PSDB?


A debandada de quadros históricos do DEM e do PSDB revela a profundidade da crise desatada nos dois principais partidos do que é reconhecido como “direita” no país.

Os tucanos acabaram de perder um de seus fundadores em seu bastião paulista, Walter Feldman, enquanto os demistas sofrem uma verdadeira transfusão de parlamentares para o recém-criado partido do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o PSD. Abandonam o barco nomes como o da latifundiária Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional de Agricultura.

Desmoralizadas, entregues a lutas fratricidas e já há oito anos alijadas do poder central, as duas siglas se encontram em adiantado processo de desagregação. E não é difícil entender a razão. Com o programa apropriado pelo PT e posto em prática com mais desenvoltura que eles próprios, os partidos de direita sofrem uma crise de identidade e, com aparato limitado para acomodar os interesses de todos os seus grupos internos, esfacelam-se em disputas fisiológicas.


O partido dos coroneis

Talvez não seja exagero dizer que o DEM, em situação mais delicada que o PSDB, caminha para a extinção. Isso não seria exatamente uma novidade considerando o histórico da sigla. Fundado em 2007 como uma tentativa fracassada de “modernizar” o PFL, o partido não conseguiu largar o ranço coronelista da antiga sigla. Ao fundar um partido para salvar sua carreira política, Kassab talvez inconscientemente refaça o percurso de seus antecessores há 25 anos.

Fundado em 1985 a partir de uma dissidência do PDS, o partido da ditadura e sucessor do Arena, o PFL se aglutinou em torno da candidatura de Tancredo Neves à eleição indireta para a presidência. Hoje, seus líderes tentam reescrever a história ao se colocarem como protagonistas da queda da ditadura. Sustentaram, porém, a ditadura militar até onde conseguiram. Ao perceberem o irreversível desgaste do regime militar, abandonaram o antigo partido, opuseram-se ao candidato do PDS, Paulo Maluf, e se empenharam numa transição segura com Tancredo.

Uma vez no governo, o PFL ganhou força se embrenhando e encastelando em feudos coronelistas, como o clã de Antônio Carlos Magalhães na Bahia, e o de Sarney no Maranhão. Após a era Sarney, tornou-se um satélite gravitando em torno do Governo Federal, sendo parceiros de primeira hora de Collor, Itamar, e, com FHC, selando uma estreita e duradoura aliança com os tucanos.


O partido do neoliberalismo

Já o PSDB surgiu em 1988 das entranhas do PMDB. Capitaneado por FHC, que até então cultivava uma certa de aura de esquerda, a promessa dos tucanos era de se converter no representante da social-democracia europeia no Brasil, apostando no desgaste dos velhos partidos. Mas, assim como a autodenominada Terceira Via de Blair na Inglaterra, uma vez no governo impôs um neoliberalismo selvagem que, aqui, significou uma abertura desenfreada, desregulamentação trabalhista e privatizações.

Colocando-se como fiel representante dos interesses do imperialismo em seu projeto de recolonização da América Latina, o governo FHC seguiu á risca a cartilha do FMI e do Banco Mundial. De um lado, juros estratosféricos ao capital internacional e arrocho fiscal para o pagamento da dívida pública e, de outro, uma política social “focalizada” (termo do próprio Banco Mundial) na forma de políticas compensatórias como o Bolsa Escola.


O continuísmo ‘lulopetista’

Na campanha eleitoral de 2002, a famigerada “Carta aos Brasileiros” já sinalizava ao mercado que o PT não alteraria a política econômica anterior. Mas ninguém poderia imaginar o empenho do governo Lula em impor, logo de cara, uma agenda neoliberal tão agressiva, como a reforma da Previdência no setor público em 2003.

No decorrer dos oito anos de governo Lula, os pilares da política econômica de FHC foram reforçados. Mecanismos como a Lei de Responsabilidade Fiscal e o sistema de metas de inflação não só não eram mais criticados pelos petistas, mas agora reivindicados.

A conjuntura internacional de relativo crescimento econômico e a inserção do Brasil como grande exportador de produtos agrícolas e minérios garantiram uma situação fiscal confortável ao governo. Foram então incrementadas políticas sociais compensatórias, como o Bolsa Família. Por outro lado, a expansão do acesso ao crédito criou uma ilusão de ascensão social para parte significativa da população.

Se politicamente foi o mesmo, ao contrário de FHC, porém, Lula teve a façanha de terminar seu mandato com uma altíssima popularidade e aclamado pelo mercado financeiro e o Imperialismo. O “cara” para Obama. Claro que, para isso, se somou à conjuntura a figura carismática e o papel exercido por Lula como histórico dirigente operário, assim como a cooptação dos movimentos sociais ao governo.


A crise da direita

Sabemos que a burguesia não exerce diretamente o poder. Conta com um corpo burocrático especializado para isso: os políticos. Ao encabeçar um projeto neoliberal, garantindo ainda estabilidade social, o PT foi jogando os tradicionais representantes da burguesia, o PSDB e o DEM, para escanteio. Para que eu preciso de determinados funcionários, já queimados, se outros me entregam um resultado melhor?

A ausência de diferenciação de projetos políticos foi gritante nas últimas eleições. Ao não ter o que confrontar a então candidata Dilma Roussef, o PSDB se viu obrigado a partir para uma campanha obscurantista contra o aborto. Vale lembrar ainda que o PT arrecadou a maior parte do financiamento eleitoral de bancos e empreiteiras, fazendo com que os tucanos tivessem até dificuldades em pagar suas contas.

O aprofundamento da crise da direita hoje coincide com o governo Dilma aplicando o maior corte no Orçamento da história, de R$ 50 bilhões. O ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou à imprensa que o ajuste fiscal é a prioridade absoluta para o governo. Ou seja, sem qualquer possibilidade de diferenciação política, resta à direita a mera disputa pelo aparato que, sem o Governo Federal, torna-se limitado.


A direita morreu?

Com a concretização do “partido-ônibus” de Kassab, as siglas que se colocam como oposição de direita ao governo terão apenas 96 deputados na Câmara, o menor número em 16 anos. Proporcionalmente, será menor que a oposição venezuelana. Já se discute abertamente a incorporação do DEM ao PSDB como forma de salvar o combalido partido.

Cada tentativa de “refundação” ou modernização desses partidos é frustrada. O flagrante do senador Aécio Neves dirigindo embriagado pelas ruas do Rio torna-se, assim, um símbolo de uma oposição de direita perplexa e desnorteada. Seria, porém, no mínimo precipitado conferir o atestado de óbito a esses partidos.

É mais provável que, com um nome ou outro, esses setores permaneçam existindo em seu espaço, por hora reduzido. Para a burguesia, é uma importante carta na manga no caso de um desgaste que inviabilize a continuidade ou reedição de um governo de colaboração de classes.


Retirado do Site do PSTU

A financerização da burocracia sindical no Brasil

Aproximam-se as eleições para o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Trata-se, não apenas do maior sindicato da categoria do país, e isso já bastaria para que o pleito atraísse a atenção de todo o movimento sindical brasileiro. Mas essa eleição também tem um alcance maior que deve ser levado em consideração: o de definir os rumos de uma entidade que cumpre atualmente um papel estratégico na ordem política atual.

Afinal, desde a eleição de Lula da Silva, em 2002, a relação do sindicalismo brasileiro com o aparelho de Estado modificou-se radicalmente. Nunca é demais rememorar alguns fatos. Em primeiro lugar, a administração de Lula da Silva preencheu aproximadamente metade dos cargos superiores de direção e assessoramento – cerca de 1.300 vagas, no total – com sindicalistas que passaram a controlar um orçamento anual superior a R$ 200 bilhões. Além disso, posições estratégicas relativas aos fundos de pensão das empresas estatais foram ocupadas por dirigentes sindicais. Vários destes assumiram cargos de grande prestígio em companhias estatais – como, por exemplo, a Petrobrás e Furnas Centrais Elétricas –, além de integrarem o conselho administrativo do BNDES. O governo Lula promoveu, ainda, uma reforma sindical que oficializou as centrais sindicais brasileiras, aumentando o imposto sindical e transferindo anualmente cerca de R$ 100 milhões para estas organizações.

Tudo somado, o sindicalismo brasileiro elevou-se à condição de um ator estratégico no tocante ao investimento capitalista no país. Esta função, não totalmente inédita, mas substancialmente distinta daquela encontrada no período anterior, estimulou Francisco de Oliveira a apresentar, ainda no início do primeiro governo de Lula da Silva, sua hipótese acerca do surgimento de uma “nova classe” social baseada na articulação da camada mais elevada de administradores de fundos de previdência complementar com a elite da burocracia sindical participante dos conselhos de administração desses mesmos fundos.

Na opinião de Oliveira, a aproximação entre “técnicos e economistas doublés de banqueiros” e “trabalhadores transformados em operadores de fundos de previdência” serviria para explicar as convergências programáticas entre o PT e o PSDB e compreender, em última instância, o aparente paradoxo de um início de mandato petista que, nitidamente subssumido ao domínio do capital financeiro, conservou o essencial da política econômica estruturada pelos tucanos em torno do regime de metas de inflação, do câmbio flutuante e do superávit primário nas contas públicas.

Ao mesmo tempo em que Oliveira avançava a tese da “nova classe”, apresentamos a hipótese de que o vínculo orgânico “transformista” da alta burocracia sindical com os fundos de pensão poderia não ser suficiente para gerar uma “nova classe”, mas seguramente pavimentaria o caminho sem volta do “novo sindicalismo” na direção do regime de acumulação financeiro globalizado. Apostávamos que essa via liquidaria completamente qualquer possibilidade de retomada da defesa, por parte desta burocracia, dos interesses históricos das classes subalternas brasileiras. Chamamos esse processo de “financeirização da burocracia sindical”.

Assim como várias análises críticas do governo do Partido dos Trabalhadores o problema da hipótese da “nova classe” era explicar como se chegou até esse ponto. Não foram poucos os analistas que acreditaram que a Carta ao Povo Brasileiro, na qual Lula da Silva garantia a segurança dos operadores financeiros, teria modificado de modo radical o curso seguido até então pelo PT e mesmo pelo seu candidato. A hipótese da “financeirização da burocracia sindical” enfrentava esse problema e localizava sua origem em uma burocracia sindical presente no partido desde seus primeiros passos no ABC paulista e que ao longo dos anos 1990 associou-se gradativamente ao capital financeiro. A trajetória do PT só surpreendeu quem não quis ver ou ouvir.

A história recente da burocracia do Sindicato dos Bancários de São Paulo é exemplar. Como muitas entidades filiadas à CUT, a dos bancários de São Paulo alinhou-se com a administração Lula da Silva e se transformou em porta-voz do governo na categoria. Em todas as situações nas quais os trabalhadores enfrentaram o governo, a diretoria dessa entidade procurou colocar-se na condição de amortecedor do conflito social, papel desempenhado pelos tradicionais pelegos sindicais. No jornal e nas revistas do Sindicato a propaganda do governo dá o tom. O “Sindicato cidadão” deu lugar ao “Sindicato chapa-branca”.

Este não é, entretanto, um caso de simples adesismo. É possível dizer que a cúpula dos bancários de São Paulo foi o principal meio de ligação da aliança afiançada por Lula da Silva entre a burocracia sindical petista e o capital financeiro. Na verdade, como previmos, o cimento desse pacto foram os setores da burocracia sindical que se transformaram em gestores dos fundos de pensão e dos fundos salariais. O Sindicato dos Bancários de São Paulo forneceu os quadros políticos para essa operação. Enquanto os sindicalistas egressos das fileiras dos metalúrgicos do ABC ocupavam-se da política trabalhista e Luiz Marinho tomava assento no Ministério do Trabalho, os bancários de São Paulo voavam em direção ao mercado financeiro.

Esse vôo era um desejo antigo. Gilmar Carneiro, presidente do sindicato entre 1988 e 1994, declarou quando ainda era diretor do Sindicato dos Bancários, que ao fim de seu mandato poderia ser diretor do Banco do Estado do Rio de Janeiro do qual havia sido funcionário. Seu sonho não foi realizado, mas logo a seguir, Carneiro transformou-se em diretor de um dos braços financeiros do Sindicato, a Cooperativa de Crédito dos Bancários de São Paulo. Seu predecessor Luiz Gushiken, presidente de 1985 a 1987, foi mais longe. No começo dos anos 2000, Gushiken mantinha a empresa Gushiken & Associados, juntamente com Wanderley José de Freitas e Augusto Tadeu Ferrari. Com a vitória de Lula da Silva a companhia mudou de nome e passou a se chamar Globalprev Consultores Associados. O ex-bancário retirou-se da empresa e coincidentemente esta passou, logo a seguir, a fazer lucrativos contratos com os fundos de pensão. Tornou-se, assim, eminência parda dos fundos de pensão estatais sendo decisivo para a indicação do comando do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, a Previ, da Petrobras, a Petros, e da Caixa Econômica Federal, a Funcef.

O sucessor de Gushiken e Carneiro, Ricardo Berzoini, tem também sólidos laços com o sistema financeiro. Foi ele o promotor da reforma da previdência, que além de retirar direitos dos trabalhadores abriu o caminho para instituição da previdência complementar. Os fundos de pensão estatais e privados foram os grandes beneficiados por essa medida. Berzoini tem sido recompensado. Levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo em 2009 constatou que 43 diretores de fundos de pensão tem vínculos com partidos políticos, a maioria deles com o PT. Desses diretores 56% fizeram doações financeiras a candidatos nas últimas quatro eleições e o então presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, recebeu quase um terço delas.

A conversão de dirigentes sindicais em gestores financeiros tem um caso exemplar: Sérgio Rosa. Este gestor começou sua carreira como funcionário do Banco do Brasil, integrando a diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo na gestão de Luiz Gushiken. Em 1999, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Rosa assumiu um cargo de diretor da Previ, representando os funcionários do banco. Com a posse de Lula da Silva, passou à posição de presidente da Previ, comandando o maior fundo de pensão da América Latina e o 25º do mundo em patrimônio. Após o final de seu mandato assumiu o comando da Brasilprev, a empresa de previdência aberta do Banco do Brasil. Em janeiro de 2011, aos 50 anos, Rosa aderiu “programa de desligamento de executivos” do BB e se aposentou.

A financeirização da burocracia sindical é um processo que divide fundamentalmente a classe trabalhadora e enfraquece a defesa de seus interesses históricos. Na condição de gestores dos fundos de pensão, o compromisso principal deste grupo é com a liquidez e a rentabilidade de seus ativos. Muitos têm argumentado que os fundos teriam um papel importante na seleção de investimentos ecologicamente sustentáveis e geradores de empregos. Pura enganação.

Os fundos de pensão brasileiros têm atuado como uma linha estratégica do processo de fusões e aquisições de empresas no país e, consequentemente, estão financiando o processo de oligopolização econômica com efeitos sobre a intensificação dos ritmos de trabalho, o enfraquecimento do poder de negociação dos trabalhadores e o enxugamento dos setores administrativos. Isso sem mencionar sua crescente participação em projetos de infra-estrutura, como a usina de Belo Monte, uma das principais fontes de preocupação dos ambientalistas brasileiros.

Tendo em vista a natureza semiperiférica de sua estrutura econômica, o Brasil apresenta importantes dificuldades relativas ao investimento de capital. A taxa de poupança privada é historicamente baixa e a solução para o investimento depende fundamentalmente do Estado. Os fundos de pensão atuam nesta linha, buscando equacionar a relativa carência de capital para investimentos. O curioso é que, no período atual, a poupança do trabalhador, administrada por burocratas sindicais oriundos do novo sindicalismo, está sendo usada para financiar o aumento da exploração do trabalho e da degradação ambiental.

Por tudo isso, a atual eleição no Sindicato dos Bancários de São Paulo tem repercussões nacionais e efeitos amplos na vida política do país. Na realidade, o que está em questão é o processo de aprofundamento da financeirização da burocracia sindical cutista e a preservação de um dos pilares de sustentação dos governos petistas. Para a oposição de esquerda não são pois questões de tática sindical as que devem prevalecer e sim questões estratégicas, pois esta não é simplesmente mais uma eleição sindical; trata-se de uma escolha entre projetos político-estratégicos antagônicos que tem lugar em um Sindicato.


Retirado do Site do PSTU