quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ano começa com mais uma ativista palestina morta por Israel

Manifestante desmaiou em uma densa nuvem de gás lacrimogêneo


activestills.org
A mãe de Jawaher chora ao lado de cartaz com a foto da filha. Abaixo, protestos no enterro
A palestina Jawaher Abu Rahma, de 36 anos, morreu nas primeiras horas de 2011, no hospital de Ramallah, na Cisjordânia, para onde foi levada na tarde da sexta-feira, 31 de dezembro. Jawaher ficou inconsciente durante um protesto na vila de Bil'in, próximo de Ramalah, contra a construção do muro israelense.

O protesto, realizado semanalmente, foi reprimido por centenas de soldados israelenses, que usaram grande quantidade de gás lacrimogêneo. Segundo familiares e membros do comitê popular que organizou o protesto, a ativista ficou presa em meio a uma densa nuvem de gás.

Segundo Soubhiya Abu Rahmah, mãe de Jawaher, ela começou a sentir-se mal ao inalar o gás, tentou escapar, "mas logo depois vomitou e desmaiou". Os manifestantes a retiraram e chamaram o resgate. Saher Bisharat, motorista da ambulância, declarou que a resgatou perto de onde a manifestação ocorria. “Ela ainda estava parcialmente consciente, responde à perguntas, e disse que o gás a havia ‘estrangulado’.

Segundo Aida Mohammed, diretor do centro de saúde de Ramallah, ela chegou ao hospital parcialmente consciente e, em seguida perdeu a consciência completamente. "Ela morreu de insuficiência respiratória, causada pelo gás, que levou a um ataque cardiáco", afirmou.


As mentiras do exército

A morte e a versão dos militares israelenses provocaram a indignação dos palestinos e polêmica em Israel. O Exército afirmou não ter usado gás em grande quantidade e tentou livrar a sua culpa, afirmando que a vítima possuía algum tipo de doença anterior, como leucemia. O exército não revelou a fonte da informação, que foi desmentida imediatamente por familiares e pela equipe médica.

Segundo a mãe de Jawaher, “Ela não estava doente com câncer, nem tinha qualquer outra doença, e não era asmática". Para Abu Uday Nahlah, patrão de Jawaher, ela estava em boas condições de saúde. “Na quinta-feira ela estava no trabalho, como de costume, saudável, apenas um dia antes de sua morte.", afirmou. Seus médicos insistem que ela não sofre de qualquer doença ou de quaisquer sintomas que podem, se combinados com bombas de gás lacrimogêneo, levou a sua morte. O diretor do hospital e o laudo médico também desmentem a versão do Exército.

O advogado israelense da família Abu Rahma, Michael Sfar, atacou o exército. "Uma vez mais, o exército encobre os atos dos seus homens, ao invés de apresentar seu pesar e investigar seriamente" o caso, declarou à rádio militar.


Crimes de guerra

A morte da palestina acontece dois anos após o cerco e o massacre em Gaza, quando os militares israelenses foram acusadas de usar armas químicas, inclusive fósforo. Agora, a história parece se repetir. Palestinos acusam as forças de ocupação de utilizar os chamados “mecanismos de dispersão de massas”, e, para isso, testam novas armas e gases para atacar os manifestantes. Segundo informe da coalizão Stop The Wall, “o exército israelense há muito tempo aproveita os protestos contra o muro como um campo de provas para desenvolver novas armas e equipamentos”. A coalizão afirma ainda que durante a repressão aos palestinos, são testadas armas que trarão lucros maiores para a indústria militar israelense, que exporta para vários países.

Jamal Juma, coordenador da Stop the Wall, protesta: "Somos seres humanos, e não animais que podem usar para provar suas novas armas. Israel segue nos usando como laboratório porque o mundo permite. Nem mesmo as provas chocantes sobre os crimes de guerra e o uso de fósforo branco durante o ataque a Gaza, fizeram com que a comunidade internacional pedisse que Israel prestasse contas."


Muro da Vergonha

Situada no distrito de Ramallah, na Cisjordânia, a vila palestina de Bil'in tem 1.800 habitantes e a maioria de sua área é tradicionalmente usada como terras agrícolas. Além dos assentamentos israelenses, como o de Matiyahu, construído em 1980, desde 2004 que Israel começou a construção de seu muro do apartheid no lado oeste desta aldeia.

Neste mesmo ano, a Corte Internacional de Justiça declarou o muro como ilegal e determinou que fosse derrubado. Mas Israel ignorou e continuou a erguer o muro da vergonha, que os separa dos palestinos. Atualmente, em Bil’in, as partes construídas do muro já isolam quase metade das terras dali das do restante do povo. Por isso, os palestinos realizam protestos frequentes, enfrentando a repressão israelense, como a que tirou a vida de Jawaher e a de seu irmão, Basem Abu Rahmah, morto por uma granada de gás lacrimogeneo também em uma manifestação em Bil’in, em abril de 2009.

* Com informações da campanha Stop the Wall (http://www.stopthewall.org), do revista independente +972 (http://972mag.com) e agências internacionais


Retirado do Site do PSTU

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mobilização multitudinária contra o “gasolinazo” de Evo Morales

Na quinta, 30 de dezembro, a Bolívia viveu um dia de contundentes mobilizações e de greve geral do transporte urbano em todo o país. O “gasolinazo” de Evo Morais gerou uma situação impensável até há pouco tempo. Apesar de que os dirigentes da COB, completamente submissos ao governo, chamaram mobilizações para somente a partir de 3 de janeiro, as associações de moradores dos distritos da cidade de El Alto, várias da cidade de La Paz, os professores e a população em geral protagonizaram uma marcha multitudinária contra o “gasolinazo” decretado pelo governo.

Havia muita expectativa sobre como seriam as mobilizações, já que na noite anterior Evo fez uma pronúncia à nação, na qual anunciou 20% de aumento salarial para os policiais, militares, professores e setor da Saúde e a criação de um seguro agrícola para pequenos camponeses e o apoio aos fazendeiros de soja. Ou seja, depois dos impactos do aumento de 83% nos combustíveis, o Presidente apresentou medidas mitigadoras nada convincentes à população. Ao mesmo tempo, o governo tenta impedir os protestos, apoiando-se nos dirigentes ligados ao governo. Além disso, procura reunir-se em separado com os mineiros e com a COB para tentar conter a ameaça de greve geral.

O esforço de Evo não teve efeito. Hoje, bem cedo, as associações de moradores de El Alto desceram ao centro de La Paz em uma marcha multitudinária. O povo que esteve à cabeça dos protestos de 2003, agora bronqueado, gritava palavras de ordem contra Evo Morales, Álvaro García Linera, os seus ministros e contra o “gasolinazo”, e no caminho eram aplaudidos pela população. À tarde, a quantidade de marchas aumentou, deram-se nas principais cidades do país e em algumas províncias. Em La Paz, vários setores protestaram; professores, associações de moradores, motoristas, sindicatos, entre outros, que depois se unificaram para tentar entrar na Praça Murillo. A polícia reprimiu-os duramente lançando gás lacrimogêneo por todo o centro da cidade e detendo todos manifestantes que encontravam no seu caminho. A cidade parecia um campo de batalha onde os manifestantes tentavam se defender com pedras da polícia e escapar dos gases. Na véspera do ano novo, La Paz esteve completamente paralisada e a população caminhava das suas casas até o centro para participar dos protestos, evidenciando a bronca geral pelas medidas do governo. As donas-de-casa diziam que “este governo passou dos limites” e que “se mostra igual aos governos neoliberais anteriores”.

Mas, o ocorrido parece ter sido somente um ensaio, porque as manifestações tendem a se ampliar: os mineiros de Huanuni anunciaram marchar para La Paz na próxima segunda-feira, 3 de janeiro; a direção da COB, pressionada pela rejeição geral das bases operárias à medida do governo, promete convocar uma mobilização para segunda-feira na cidade de La Paz; na terça-feira marcharão os trabalhadores industriais. Isto é, o horizonte é de crescimento e massificação dos protestos que exigem de Evo Morales a revogação do Decreto Supremo 748 que elevou em 83% o preço dos combustíveis e fez disparar a tarifa do transporte, e a subida de todos os produtos da cesta básica familiar.

A situação é grave. Os preços de quase todos os produtos duplicaram, são longas as filas das donas-de-casa para conseguir comprar arroz, açúcar, farinha, antes que subam ainda mais. Há a possibilidade de escassez de alimentos e essa incerteza explica a bronca dos trabalhadores e do povo pobre. A medida do governo evidenciou todo o seu compromisso com as transnacionais imperialistas. Em Bolívia os preços dos combustíveis são subvencionados pelo Estado desde 1997. A eliminação dos subsídios significou um aumento brutal nos preços dos combustíveis, igualando-os aos do mercado internacional.

O governo tentou justificar esta medida com o falso discurso de combate ao contrabando. No entanto, por trás do decreto 748, estão os incentivos às transnacionais que operam na produção de gás natural e petróleo, como a Petrobras. Agora estas empresas terão os seus ganhos duplicados. Antes as petrolíferas recebiam do governo 27 dólares por barril de petróleo produzido, agora receberão 59 dólares. Esta foi a exigência que as transnacionais fizeram ao governo para voltar a “investir”, em outras palavras, manter seu controle dos nossos recursos naturais. O “gasolinazo” foi um duro golpe à economia popular, e um grande presente de natal às petrolíferas.

Por tudo isso, chamamos os trabalhadores, camponeses e a juventude a continuar nas ruas até a revogação do decreto 748. Mas não podemos ficar nisso, é necessário retomar a Agenda de Outubro e lutar por uma verdadeira nacionalização dos recursos naturais, através da expulsão das transnacionais que seguem sangrando a economia boliviana. Outra tarefa importante dos trabalhadores é a luta por um justo aumento salarial, por isso recusamos o aumento de 20% e exigimos que o governo aumente em 100% o salário dos trabalhadores e o salário mínimo nacional, que hoje é equivalente a apenas 100 dólares.

La Paz, 30 de dezembro de 2010.

Grupo Lucha Socialista
Seção simpatizante da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI)


Retirado do Site do PSTU

Bastaram dois dias para a máscara cair: Dilma vai privatizar novos terminais de aeroportos

A presidente Dilma Rousseff decidiu entregar à iniciativa privada a construção e a operação dos novos terminais dos aeroportos paulistas de Guarulhos e de Viracopos, dois dos principais do país.

A medida faz parte de pacote que será baixado por meio de medida provisória - talvez ainda neste mês.

O texto inclui também a abertura do capital da Infraero (estatal responsável pela administração do setor aeroportuário) e a criação de uma secretaria ligada à Presidência da República para cuidar da aviação civil - como a Folha antecipou em 2010.

A equipe de Dilma já conversou com empresas como a TAM e Gol, que manifestaram interesse na construção e operação de novos terminais. O prazo da concessão deve ser de 20 anos.

O objetivo oficial do pacote é desafogar aeroportos que serão vitais para a Copa do Mundo de 2014. Assessores da presidente disseram à Folha que ela deu prazo de 15 dias para finalizar o texto.

Segundo a Infraero, o governo federal precisa investir R$ 5,5 bilhões nos aeroportos ligados às 12 sedes da Copa. A avaliação dentro do governo é que a estatal não terá condições técnicas para, sozinha, bancar esses projetos.

Durante o governo Lula, o ministro Nelson Jobim (Defesa) chegou a defender que a administração de todos os aeroportos fosse concedida à iniciativa privada.

A ideia foi rejeitada por Lula e pela então ministra Dilma (Casa Civil). Ambos temiam o rótulo de privatizantes - o mesmo rótulo que o PT procurava impingir ao principal adversário na eleição, José Serra (PSDB).

Na Casa Civil, Dilma sempre dizia preferir abrir o capital da Infraero, para que esta pudesse captar recursos e aumentar a capacidade de investimentos.

No aeroporto de Guarulhos, o maior do país e principal centro de chegada de voos internacionais, o projeto da Infraero prevê R$ 1,2 bilhão de investimentos. A obra mais cara é a construção do terceiro terminal, orçada em R$ 700 milhões.

Em Viracopos (Campinas), os investimentos previstos são de R$ 742 milhões. O novo terminal deve consumir R$ 690 milhões.


BRASÍLIA

A Folha apurou que um novo terminal para o aeroporto de Brasília também poderá entrar no pacote.

A concessão dos terminais esvazia o plano de construtoras de construir um terceiro aeroporto nos arredores de São Paulo, em sociedade com as companhias aéreas.

Havia o temor no Planalto de que um terceiro aeroporto roubasse potenciais passageiros do trem-bala.

Já a nova Secretaria de Aviação Civil, ideia discutida na montagem da equipe de Dilma, vai retirar do Ministério da Defesa o controle sobre o setor, o que já está combinado com Jobim.



Retirado do Site da Folha de São Paulo