Manifestante desmaiou em uma densa nuvem de gás lacrimogêneo
A palestina Jawaher Abu Rahma, de 36 anos, morreu nas primeiras horas de 2011, no hospital de Ramallah, na Cisjordânia, para onde foi levada na tarde da sexta-feira, 31 de dezembro. Jawaher ficou inconsciente durante um protesto na vila de Bil'in, próximo de Ramalah, contra a construção do muro israelense.
O protesto, realizado semanalmente, foi reprimido por centenas de soldados israelenses, que usaram grande quantidade de gás lacrimogêneo. Segundo familiares e membros do comitê popular que organizou o protesto, a ativista ficou presa em meio a uma densa nuvem de gás.
Segundo Soubhiya Abu Rahmah, mãe de Jawaher, ela começou a sentir-se mal ao inalar o gás, tentou escapar, "mas logo depois vomitou e desmaiou". Os manifestantes a retiraram e chamaram o resgate. Saher Bisharat, motorista da ambulância, declarou que a resgatou perto de onde a manifestação ocorria. “Ela ainda estava parcialmente consciente, responde à perguntas, e disse que o gás a havia ‘estrangulado’.
Segundo Aida Mohammed, diretor do centro de saúde de Ramallah, ela chegou ao hospital parcialmente consciente e, em seguida perdeu a consciência completamente. "Ela morreu de insuficiência respiratória, causada pelo gás, que levou a um ataque cardiáco", afirmou.
As mentiras do exército
A morte e a versão dos militares israelenses provocaram a indignação dos palestinos e polêmica em Israel. O Exército afirmou não ter usado gás em grande quantidade e tentou livrar a sua culpa, afirmando que a vítima possuía algum tipo de doença anterior, como leucemia. O exército não revelou a fonte da informação, que foi desmentida imediatamente por familiares e pela equipe médica.
Segundo a mãe de Jawaher, “Ela não estava doente com câncer, nem tinha qualquer outra doença, e não era asmática". Para Abu Uday Nahlah, patrão de Jawaher, ela estava em boas condições de saúde. “Na quinta-feira ela estava no trabalho, como de costume, saudável, apenas um dia antes de sua morte.", afirmou. Seus médicos insistem que ela não sofre de qualquer doença ou de quaisquer sintomas que podem, se combinados com bombas de gás lacrimogêneo, levou a sua morte. O diretor do hospital e o laudo médico também desmentem a versão do Exército.
O advogado israelense da família Abu Rahma, Michael Sfar, atacou o exército. "Uma vez mais, o exército encobre os atos dos seus homens, ao invés de apresentar seu pesar e investigar seriamente" o caso, declarou à rádio militar.
Crimes de guerra
A morte da palestina acontece dois anos após o cerco e o massacre em Gaza, quando os militares israelenses foram acusadas de usar armas químicas, inclusive fósforo. Agora, a história parece se repetir. Palestinos acusam as forças de ocupação de utilizar os chamados “mecanismos de dispersão de massas”, e, para isso, testam novas armas e gases para atacar os manifestantes. Segundo informe da coalizão Stop The Wall, “o exército israelense há muito tempo aproveita os protestos contra o muro como um campo de provas para desenvolver novas armas e equipamentos”. A coalizão afirma ainda que durante a repressão aos palestinos, são testadas armas que trarão lucros maiores para a indústria militar israelense, que exporta para vários países.
Jamal Juma, coordenador da Stop the Wall, protesta: "Somos seres humanos, e não animais que podem usar para provar suas novas armas. Israel segue nos usando como laboratório porque o mundo permite. Nem mesmo as provas chocantes sobre os crimes de guerra e o uso de fósforo branco durante o ataque a Gaza, fizeram com que a comunidade internacional pedisse que Israel prestasse contas."
Muro da Vergonha
Situada no distrito de Ramallah, na Cisjordânia, a vila palestina de Bil'in tem 1.800 habitantes e a maioria de sua área é tradicionalmente usada como terras agrícolas. Além dos assentamentos israelenses, como o de Matiyahu, construído em 1980, desde 2004 que Israel começou a construção de seu muro do apartheid no lado oeste desta aldeia.
Neste mesmo ano, a Corte Internacional de Justiça declarou o muro como ilegal e determinou que fosse derrubado. Mas Israel ignorou e continuou a erguer o muro da vergonha, que os separa dos palestinos. Atualmente, em Bil’in, as partes construídas do muro já isolam quase metade das terras dali das do restante do povo. Por isso, os palestinos realizam protestos frequentes, enfrentando a repressão israelense, como a que tirou a vida de Jawaher e a de seu irmão, Basem Abu Rahmah, morto por uma granada de gás lacrimogeneo também em uma manifestação em Bil’in, em abril de 2009.
* Com informações da campanha Stop the Wall (http://www.stopthewall.org), do revista independente +972 (http://972mag.com) e agências internacionais
Retirado do Site do PSTU
activestills.org | ||
A mãe de Jawaher chora ao lado de cartaz com a foto da filha. Abaixo, protestos no enterro |
O protesto, realizado semanalmente, foi reprimido por centenas de soldados israelenses, que usaram grande quantidade de gás lacrimogêneo. Segundo familiares e membros do comitê popular que organizou o protesto, a ativista ficou presa em meio a uma densa nuvem de gás.
Segundo Soubhiya Abu Rahmah, mãe de Jawaher, ela começou a sentir-se mal ao inalar o gás, tentou escapar, "mas logo depois vomitou e desmaiou". Os manifestantes a retiraram e chamaram o resgate. Saher Bisharat, motorista da ambulância, declarou que a resgatou perto de onde a manifestação ocorria. “Ela ainda estava parcialmente consciente, responde à perguntas, e disse que o gás a havia ‘estrangulado’.
Segundo Aida Mohammed, diretor do centro de saúde de Ramallah, ela chegou ao hospital parcialmente consciente e, em seguida perdeu a consciência completamente. "Ela morreu de insuficiência respiratória, causada pelo gás, que levou a um ataque cardiáco", afirmou.
As mentiras do exército
A morte e a versão dos militares israelenses provocaram a indignação dos palestinos e polêmica em Israel. O Exército afirmou não ter usado gás em grande quantidade e tentou livrar a sua culpa, afirmando que a vítima possuía algum tipo de doença anterior, como leucemia. O exército não revelou a fonte da informação, que foi desmentida imediatamente por familiares e pela equipe médica.
Segundo a mãe de Jawaher, “Ela não estava doente com câncer, nem tinha qualquer outra doença, e não era asmática". Para Abu Uday Nahlah, patrão de Jawaher, ela estava em boas condições de saúde. “Na quinta-feira ela estava no trabalho, como de costume, saudável, apenas um dia antes de sua morte.", afirmou. Seus médicos insistem que ela não sofre de qualquer doença ou de quaisquer sintomas que podem, se combinados com bombas de gás lacrimogêneo, levou a sua morte. O diretor do hospital e o laudo médico também desmentem a versão do Exército.
O advogado israelense da família Abu Rahma, Michael Sfar, atacou o exército. "Uma vez mais, o exército encobre os atos dos seus homens, ao invés de apresentar seu pesar e investigar seriamente" o caso, declarou à rádio militar.
Crimes de guerra
A morte da palestina acontece dois anos após o cerco e o massacre em Gaza, quando os militares israelenses foram acusadas de usar armas químicas, inclusive fósforo. Agora, a história parece se repetir. Palestinos acusam as forças de ocupação de utilizar os chamados “mecanismos de dispersão de massas”, e, para isso, testam novas armas e gases para atacar os manifestantes. Segundo informe da coalizão Stop The Wall, “o exército israelense há muito tempo aproveita os protestos contra o muro como um campo de provas para desenvolver novas armas e equipamentos”. A coalizão afirma ainda que durante a repressão aos palestinos, são testadas armas que trarão lucros maiores para a indústria militar israelense, que exporta para vários países.
Jamal Juma, coordenador da Stop the Wall, protesta: "Somos seres humanos, e não animais que podem usar para provar suas novas armas. Israel segue nos usando como laboratório porque o mundo permite. Nem mesmo as provas chocantes sobre os crimes de guerra e o uso de fósforo branco durante o ataque a Gaza, fizeram com que a comunidade internacional pedisse que Israel prestasse contas."
Muro da Vergonha
Situada no distrito de Ramallah, na Cisjordânia, a vila palestina de Bil'in tem 1.800 habitantes e a maioria de sua área é tradicionalmente usada como terras agrícolas. Além dos assentamentos israelenses, como o de Matiyahu, construído em 1980, desde 2004 que Israel começou a construção de seu muro do apartheid no lado oeste desta aldeia.
Neste mesmo ano, a Corte Internacional de Justiça declarou o muro como ilegal e determinou que fosse derrubado. Mas Israel ignorou e continuou a erguer o muro da vergonha, que os separa dos palestinos. Atualmente, em Bil’in, as partes construídas do muro já isolam quase metade das terras dali das do restante do povo. Por isso, os palestinos realizam protestos frequentes, enfrentando a repressão israelense, como a que tirou a vida de Jawaher e a de seu irmão, Basem Abu Rahmah, morto por uma granada de gás lacrimogeneo também em uma manifestação em Bil’in, em abril de 2009.
* Com informações da campanha Stop the Wall (http://www.stopthewall.org), do revista independente +972 (http://972mag.com) e agências internacionais
Retirado do Site do PSTU
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