sábado, 28 de abril de 2012

Participação operária e representação internacional marcam Encontro de Mulheres da CSP-Conlutas

Encontro com 512 delegadas eleitas reafirma luta contra o machismo e avança na discussão sobre participação de mulheres nos sindicatos


Encontro reuniu lutadoras de várias partes do país
'Mulheres na luta, contra a opressão; abaixo o machismo e a exploração'. Foi com essa palavra de ordem que se encerrou o I Encontro Nacional de Mulheres da CSP-Conlutas, nesse dia 27 de abril em Sumaré (SP). A poucas horas da abertura do congresso da central, cerca de 512 delegadas eleitas em todo o país realizaram um encontro em que se discutiu a opressão e a luta das mulheres em seus mais diferentes níveis. As 600 cadeiras disponibilizadas no plenária ficaram completamente tomadas.

“Foi um encontro muito vitorioso, em que tivemos a participação de vários estados, discutindo o trabalho de base na luta contra a opressão e a exploração” , afirmou Ana Pagamunici, da direção Executiva do Movimento Mulheres em Luta da CSP-Conlutas. “Reafirmamos nossa independência em relação ao governo Dilma; a importância da campanha nacional pelas creches; da luta pelo trabalho igual, salário igual; além de ampliarmos a discussão pelo fortalecimento da participação das mulheres no movimento sindical e popular” , resume Pagamunici, que também salientou a participação dos homens no encontro.


Mulheres operárias

Um dos pontos altos do encontro foi a marcante presença de mulheres operárias. Foram oito delegadas da construção civil de Belém (PA) e oito metalúrgicas de São José dos Campos (SP), fora a presença de mulheres metroviárias, da confecção, professoras e inúmeros outros setores.

“A vida das mulheres nos sindicatos já é difícil, em uma categoria com presença majoritariamente masculina, é mais difícil ainda” , afirmou Rosângela Calzavara, metalúrgica da Embraer, salientando o avanço das mulheres nesses setores e a importância fundamental da participação feminina. “Sem as mulheres, não vamos transformar a sociedade, não vamos chegar ao socialismo” , afirmou.

A operária da construção civil Delsarina de Almeida, a ‘Deusinha’, também concedeu um marcante depoimento sobre as condições e dificuldades das mulheres operárias nos locais de trabalho. “Mas não basta lutar contra o assédio nos canteiros de obra e demais locais, temos que lutar contra o machismo em todos os lugares” , opinou, falando também da importância que teve o Encontro de Mulheres promovido pela então Conlutas em 2009 para que chegasse a essa compreensão da necessidade da luta contra as opressões.




Presença internacional

Além da participação de mulheres de diversas regiões, o encontro também teve destacadas representantes internacionais da luta contra a opressão. Fatma Ramadan, da Federação de Sindicatos Independentes do Egito, fez um emocionante relato da importância das mulheres na revolução que derrubou Mubarak. ”Na Praça Tahrir, as mulheres faziam as mesmas coisas que os homens”, relatou.

A sindicalista egípcia relatou um caso em que um salafista fez questão de pedir desculpas às mulheres na Praça Tahrir, quando se deparou com o protagonismo feminino na revolução. “Ele fez questão de pedir desculpas às mulheres ali na praça” , disse. Ao final da fala de Fatma, as centenas de mulheres do plenário puxaram a palavra de ordem: ‘com a luta do povo; Mubarak caiu/O Egito tem o apoio das mulheres do Brasil’.

O encontro também teve a presença de uma representante dos estudantes da Costa Rica.

Ao final, o encontro realizou uma plenária do Movimento Mulheres em Luta aonde aprovou as sete delegadas do MML ao Congresso da CSP-Conlutas, que começa no mesmo dia.


Retirado do Site do PSTU

Abertura do I Congresso Nacional da CSP-Conlutas emociona presentes

Solenidade dá largada no congresso da entidade


Diego Cruz
Cabo Daciolo sauda o Congresso da CSP-Conlutas
Diversas delegações ainda chegavam a Sumaré (SP) quando acontecia a solenidade de abertura do I Congresso da CSP-Conlutas, na noite desse 27 de abril. Longe de ser um ato burocrático e enfadonho, o ato de abertura emocionou e empolgou os presentes. Grande parte dos participantes vinha direto do encontro de mulheres, ocorrido durante todo o dia.

A ampla mesa refletia a pluralidade da composição e bandeiras da central. Um dos convidados à abertura, o cabo Benevenuto Daciolo, dirigente dos bombeiros no Rio e injustamente demitido pelo governo Cabral após a greve da categoria no início do ano, reconheceu os estudantes da ANEL no plenário e os conclamou a gritarem a palavra-de-ordem que ele havia ouvido no congresso da entidade, em 2011. “Não sou capacho do governo Federal, sou estudante livre da Assembleia Nacional”, responderam os estudantes, em uníssono.

“Estamos lutando agora pela anistia”, afirmou Daciolo, denunciando a política repressora do governo e a sua prisão arbitrária. O cabo convidou a todos para uma grande manifestação no Rio, em frente ao Copacabana Palace, no dia 20 de maio. Ao final, Daciolo ensaiou seu tradicional grito de guerra. “Quem é, quem é?”, perguntou, ao que todos responderam: “são os trabalhadores no local”.

Uma das falas que mais emocionaram os presentes foi o de Dirce Veron, da etnia Kaiowá e Guarani, representando as comunidades indígenas. “Em nossa comunidade somos 70 mil indígenas, estou aqui para dizer ‘nós existimos’”, afirmou. “Os kaiowás, os guaranis, existem”, afirmou enfaticamente, denunciando o governo que se esquece dos indígenas.

Dirce teve seu pai assassinado em uma disputa por terra no Mato Grosso, e reclama do pouco caso das autoridades. “Enquanto olhava o caixão do meu pai, me lembrava que eles só vem aqui para as eleições, e depois não aparecem mais”. A representante indígena afirmou que, para o governo, “nós não temos nenhum valor, quem tem valor lá é gado”.



A ativista egípcia Fatma Ramadan, que já havia participado do encontro de mulheres, também compôs a mesa de abertura do congresso. Representante da Federação de Sindicatos Independentes do Egito, Fatma falou sobre a importância da classe trabalhadora na derrubada do regime de Mubarak. “Do ano 2000 até a queda de Mubarak, em 25 de janeiro de 2011, os trabalhadores egípcios fizeram mais de três mil greves”, relatou.

O estudante secundarista chileno Camilo Pinto também relatou as recentes lutas que estremecem o país de Piñera.

Compôs a mesa também, além de outros dirigentes sindicais e do movimento popular, o representante da Intersindical, Mané Melato, do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região. Apesar de pontuar os temas dissonantes, Melato expôs a necessidade de unificar as lutas. Já José Maria de Almeida, o Zé Maria, agradeceu todos os presentes, ressaltou a importância das delegações internacionais e reafirmou a necessidade de se unir as lutas, ainda que por hoje não seja possível unificar as entidades. Saudou também os setores que se aproximam da CSP-Conlutas, como a Fenasps.


Retirado do Site do PSTU

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Câmara dos Deputados aprova o vale-tudo para os desmatadores

Base aliada do governo foi fundamental para a aprovação de versão piorada do Código Florestal do Senado


ABr
Votação do novo Código Florestal nesse dia 25 de abril
A Câmara dos Deputados conseguiu o que parecia impossível e piorou ainda mais o projeto do novo Código Florestal aprovado pelo Senado. A votação ocorrida nesse dia 25 de abril mostrou a força do rolo compressor da bancada ruralista no Congresso, aprovando alterações em defesa dos latifundiários e desmatadores por 274 a 184, maior parte dos votos vindos da base aliada do governo.

O relatório do deputado Paulo Piau (PMDB-MG) era tão absurdamente favorável aos ruralistas que o próprio governo foi obrigado a orientar voto contrário. Porém a parte mais radical da bancada ruralista falou mais alto. “Foram duas vitórias importantes, a do texto do Senado – que melhorou muito o texto da Câmara – e a do meu texto, que melhora a do Senado”, resumiu à Agência Câmara o deputado Piau. Duas vitórias para os latifundiários, que recebem sinal verde para desmatar.

Entre outros pontos, o parecer do deputado Piau flexibiliza as APP's (Áreas de Preservação Permanentes) nos espaços urbanos, e anistia o produtor que descumprir prazo de cinco anos para regularizar suas terras. O relator tentou ainda acabar com a obrigatoriedade da recomposição de áreas desmatadas ao redor de rios, mas a medida, embora aprovada pelos deputados, acabou não passando por uma questão meramente regimental (a obrigatoriedade havia sido definida pela Câmara e pelo Senado e, portanto, não poderia ser retirada). Por outro lado, o relatório libera crédito rural aos desmatadores. Ou seja, um fazendeiro pode desmatar uma área ilegalmente e ainda receber financiamento do Estado, sem problemas.

A reforma do Código aprovada pela Câmara desconsidera ainda como APP algumas áreas de mangues, medida aprovada por um destaque apresentado por parlamentares do PSB e do PCdoB. Outra medida denunciada por ambientalistas é a que permite a redução de 80% para 50% da reserva legal para regiões que possuam unidades de conservação (UC). “Já tem gente incentivando a criação de novas UC’s para poder reduzir a reserva legal e desmatar mais”, denunciou à imprensa a ativista do Greenpeace Tatiana de Carvalho.

O deputado Moreira Mendes (PSD-RO), expressou a opinião da maior parte dos parlamentares na Câmara: “Vamos estender a mão ao produtor; reserva legal é só conversa fiada”, declarou, em um rompante de sinceridade. O que vale é o lucro dos grandes produtores de soja e gado. O resto é ‘conversa fiada’, sendo esse resto o meio-ambiente e os direitos dos sem-terras e das comunidades quilombolas.


Um código sob medida para o latifúndio

Apesar de grande parte da imprensa ter expressado a votação da Câmara como uma briga entre ‘ruralistas’ e o governo, tal polarização não é bem uma realidade. Foi o governo Dilma quem apressou o processo de desmembramento do Código Florestal, em vigor desde 1965 e há mais de uma década alvo dos fazendeiros ávidos para avançarem em áreas protegidas, principalmente a Amazônia. A alta das commodities (produtos primários para exportação) no mercado internacional nos últimos anos aumentou a pressão para o afrouxamento das regras ambientais.

Para o papel de algoz do meio-ambiente, foi escalado o então deputado Aldo Rebelo (PCdoB), que vestiu a camisa do agronegócio e empreendeu uma verdadeira cruzada pela reforma do Código.

A versão do Código Florestal aprovada pela Câmara nessa quarta vai agora à sanção presidencial. Dilma pode vetar todo o relatório ou apenas alguns pontos dele, ou sancionar como está. As alternativas elencadas pelo governo, sob o ponto de vista do meio-ambiente, é entre o ruim e o catastrófico. O governo Dilma poderá carregar a marca de ter sido o governo que permitiu o avanço do agronegócio na Amazônia, e os danos irreversíveis que isso irá causar.


Retirado do Site do PSTU

SP: Frente em defesa do povo palestino faz ato contra ataques de Israel à Gaza

Assembleia reuniu 2 mil trabalhadores na sede do sindicato, filiado à CSP-Conlutas


Peões marcham pelas ruas da capital cearense
Qualquer que seja o juízo que se queira formular, é de se reconhecer que a campanha salarial da construção civil da Região Metropolitana de Fortaleza já se constitui em uma grande vitória da categoria. Depois de cerca de 10 paralisações em distintas áreas da RMF, envolvendo mais de uma centena de canteiros de obra, a força do operariado e a sua organização são fatores que não podem ser desprezados. A cidade despertou em cada um desses dias com um semblante diferente. As ruas apinhadas de trabalhadores com a sua indumentária de trabalho e os seus rostos sofridos davam uma expressão diferente à quinta maior metrópole do país. De fato, os operários da construção civil se tornaram uma referência obrigatória da paisagem urbana.

Essa paisagem, contudo, não existe sem o trabalho de mais de 60 mil “peões” que formam o plantel daqueles que produzem a atual fotografia da capital cearense e do seu entorno. O setor cresceu dez vezes mais que a média dos demais ramos da indústria do Ceará. Nem isso levou a que a patronal se dispusesse a apresentar uma proposta minimante decente na mesa de negociação. Enquanto Dilma e a mídia não cansam de falar de crescimento do ramo da construção, os patrões estão oferecendo algo como 6,5% de reajuste (enquanto as empresas chegaram a ter 30% de aumento de seus lucros) e abandonaram as conversações alegando a “violência” protagonizada pelos trabalhadores.

O que não deixa dúvida é que o crescimento econômico não promove uma melhor distribuição dos ganhos. Pelo contrário, os empresários querem abocanhar mais do que vinham arrancando nas conjunturas anteriores. Essa é a lógica do capitalismo. Quanto mais a economia cresce, menos a riqueza é distribuída. Aumenta a pobreza dos pobres, mas também o luxo dos poucos milionários que se beneficiam da exploração dos trabalhadores. Isso, sim, é que é violência.

Para o aumento do PIB, e em particular do setor da construção civil, têm sido fundamentais as jornadas de trabalho sem prazo de conclusão, a limitação dos reajustes de salário e a criminalização das lutas. Nunca se trabalhou tanto e isso tem levado a um aumento dos acidentes de trabalho. Nos últimos doze meses, quase 30 trabalhadores da construção morreram na RMF. Por outro lado, os patrões aumentam o que “dão por fora” e tentam segurar o salário de carteira. Ora, o que é dado na carteira corresponde a uma jornada de trabalho determinada; o que “é dado por fora” equivale a uma carga de trabalho que não respeita o horário da noite, o sábado, o domingo e o feriado. Isso tem aniquilado a vida dos operários. Isso, sim, é também violência.



Como se isso fosse pouco, para não mudar essa realidade, os patrões e o Estado tentam criminalizar as lutas da classe trabalhadora. Hoje, mais do que nunca, ir para greve significa também enfrentar um aparato jurídico e militar que se organiza em função da necessidade de derrotar a organização dos trabalhadores. Por isso, quando param cerca de 10 regiões diferentes da grande Fortaleza e mobilizam mais de 15 mil operários, os dirigentes do sindicato da construção civil – entidade filiada à CSP-Conlutas – sabem que, não estão apenas parando ¼ de toda categoria, mas estão se preparando para uma guerra de classe de escala superior. Cada dia de paralisação é um dia de treinamento.

Nessa direção, a assembleia desse dia 25 de abril é histórica, não só porque reuniu 2 mil peões dispostos a levar em frente essa campanha salarial; mas que ao votar greve geral por tempo indeterminado (a partir de 7 de maio) sabia que se estava votando uma tática que pode vir a ajudar a definir o futuro das campanhas salariais que vêm a seguir (confecção feminina, rodoviários etc.). A vitória dos trabalhadores da construção civil tende a potencializar a das categorias que virão na sequencia dos próximos meses, enfrentando problemas semelhantes em relação a salário, jornada de trabalho e repressão estatal e patronal.

Mais do que isso: o operariado saiu convicto de que para conseguir 17% de reajuste salarial, R$ 80 de cesta básica, “dia do peão”, plano de saúde e jornada de trabalho de segunda a sexta (de verdade e não apenas no papel) e demais reivindicações, terão que dobrar a aliança entre patrões e governos que querem manter o crescimento à custa de maiores sacrifícios para classe trabalhadora.

Os operários da construção civil que paralisaram em quinze dias 25% de todo seu plantel, que elegeram 42 delegados ao congresso da CSP-Conlutas, agora, tal como em Belo Monte, levantam os seus braços e gritam as suas palavras de ordem rumo a um novo tsunami que promete engolir Fortaleza a partir de 7 de maio.


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Editora Sundermann lança livro com a produção de Lênin no período final de sua vida

A Editora Sundermann acaba de lançar Últimos escritos e Diário das secretárias, uma coletânea de cartas e artigos redigidos por Lenin entre setembro de 1921 e março de 1922, ou seja, nos seus 18 últimos meses de atividade política.

A temática mais geral da coletânea, presente em praticamente todos os materiais reunidos, é a luta de Lenin contra a burocratização do Estado soviético e do Partido Bolchevique. Mesmo com sua saúde extremamente abalada devido a dois derrames cerebrais, Lenin declara uma verdadeira guerra, não apenas teórica, mas contra todas as expressões práticas da burocratização: os privilégios dos dirigentes, a opressão nacional, o rebaixamento do nível político e teórico do partido e outras.


O mito stalinista e liberal

Entre os textos publicados, está a “Carta ao congresso”, conhecida também como “Testamento político de Lenin”. Nela, o fundador da URSS faz uma dura avaliação sobre Stalin e seu papel no aparato do partido. Mais do que uma simples crítica, Lenin propõe a destituição de Stalin do cargo de Secretário Geral e sua relocalização em outra tarefa partidária:

“Stalin é grosseiro demais, e este defeito, plenamente tolerável em nosso meio e entre nós, os comunistas, se torna intolerável no cargo de Secretário Geral. Por isso proponho aos camaradas que pensem a forma de passar Stalin a outro posto e nomear a este cargo outro homem, que se diferencie do camarada Stalin em todos os demais aspectos apenas por uma vantagem, a saber: que seja mais tolerante, mais leal, mais delicado e mais atencioso com os camaradas, menos caprichoso etc.”

Bastaria esta citação para demonstrar como são falsas as “teorias” de que o stalinismo é a continuação do leninismo. Ao contrário, a última batalha de Lenin foi justamente contra Stalin, não apenas por sua postura burocrática, mas também por razões políticas profundas. Lenin e Stalin estiveram em campos opostos em todas as mais importantes lutas daquele período: na questão do monopólio do comércio exterior, quando o CC bolchevique flexibilizou as leis de controle da economia a revelia das posições de Lenin; na assim chamada “questão georgiana”, quando membros do CC do Partido Comunista da Geórgia foram agredidos fisicamente por Sergo Ordzhonikidze, enviado especial de Stalin à Geórgia em 1922 para discutir a formação da URSS. Em todas essas questões e em inúmeras outras, Lenin via claramente a influência de Stalin e lutava contra ele. Sua proposta de conformar com Trotsky um “bloco contra a burocracia em geral e contra o Bureau de Organização em particular” é altamente ilustrativa a esse respeito.

Mas o enfrentamento entre Lenin e Stalin não se restringiu ao campo político. Na véspera de seu terceiro derrame, que lhe retiraria completamente a fala e os movimentos do corpo, Lenin rompe suas relações pessoais com Stalin devido a um incidente envolvendo Nadezhda Krupskaya, esposa de Lenin. Em uma carta secreta, datada de 5 de março de 1923, Lenin escrevia a Stalin:

“Você fez a grosseria de chamar minha esposa ao telefone e ofendê-la. (...) Não tenho intenção de esquecer tão facilmente o que foi feito contra minha pessoa, e não tenho necessidade de lhe dizer que o que for feito contra minha esposa eu considero também feito contra mim. Portanto, peço-lhe que reflita e comunique-me se está disposto a retirar suas palavras e a se desculpar ou se prefere romper as nossas relações.”

Estes e outros materiais foram escondidos ou ignorados durante muitos anos. Primeiro pelo stalinismo, por razões óbvias. E depois, pela própria historiografia liberal, pois desses escritos emerge um Lenin que luta com todas as suas últimas forças contra a burocratização do partido e do Estado, e para impedir a degeneração completa da maior obra revolucionária de todos os tempos: a república soviética de operários, camponeses e soldados.


Diário das secretárias

Foi incluído também nesta coletânea o assim chamado Diário das secretárias, um conjunto de cadernos de notas, utilizados pelas secretárias de Lenin durante os últimos meses de trabalho do líder revolucionário. Nestas anotações, feitas por secretárias e estenografistas que eram ao mesmo tempo militantes e quadros bolcheviques, revela-se o lado mais humano de Lenin, seus hábitos, comentários isolados e reações em um momento tão difícil de adoecimento e perda progressiva de suas faculdades físicas. Além disso, nas entrelinhas do Diário ficam evidentes as limitações burocráticas às quais Lenin estava submetido por parte do Bureau Político, mais especificamente por parte de Stalin. Através das observações sobre a rotina de trabalho de Lenin, é possível reconstruir mentalmente o verdadeiro cordão sanitário construído em torno ao líder afastado, de forma que este soubesse o mínimo possível e opinasse menos ainda.




Uma lição para o futuro

Entre os materiais reunidos, há vários textos inéditos em português e outros que não eram publicados desde o final da década de 1970. A presente edição dos Últimos escritos foi enriquecida ainda com inúmeras notas explicativas, além de uma detalhada introdução histórica, que localiza cada tema em seu tempo e importância.

Os Últimos escritos, bem como as anotações das secretárias, encerram-se no dia 06 de março de 1923, quando Lenin sofre o terceiro derrame, que o afasta definitivamente de toda e qualquer atividade política até sua morte, ocorrida em 21 de janeiro de 1924.

Com a presente edição, esperamos dar uma ideia o mais completa e precisa possível a respeito do gigantesco trabalho de luta política e reflexão teórica realizado por Lenin em seus últimos dias. Como escreveu Trotsky em 1926, referindo-se a Lenin: “Seu pensamento trabalhou para a causa da libertação do proletariado até o exato momento em que se apagou por completo”. É nosso dever conhecer e levar a todos os operários conscientes esse trabalho.


Ficha Técnica:

Lenin, Vladimir Ilich.
Últimos escritos e Diário das secretárias. São Paulo: Editora José Luis e Rosa Sundermann, 2012.
160 p., 1ª edição.
Preço: R$ 25


Pedidos:

vendas@editorasundermann.com.br
Acesse o site da Editora Sundermann
Tel: 11 - 3253 5801


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A atualidade do socialismo

Crise econômica traz à tona debate sobre socialismo
A ideologia das classes dominantes é imposta ao conjunto da sociedade como se fosse algo “natural”, como algo que “sempre foi e sempre vai ser assim”. É muito difundida a ideia de que “trabalhando se pode progredir” e de que, quando não se alcança um nível de vida melhor, a culpa é da pessoa por incapacidade ou preguiça. Com a restauração do capitalismo no Leste Europeu, o neoliberalismo difundiu o individualismo exacerbado como meio para melhorar de vida, negando a visão coletiva da luta de classes e, mais ainda, a estratégia socialista.

Esse tipo de ideologia está apoiado no crescimento econômico, que pode dar essa ilusão de progresso social ao oferecer pequenas melhoras à vida dos trabalhadores. Hoje, no Brasil, essas posições são majoritárias nas massas trabalhadoras. Obviamente, nesse momento, os lucros dos patrões aumentam muito mais, mas isso não é discutido.

Existem momentos- em geral em crises econômicas e ascensos- em que essas ideologias se chocam diretamente com a realidade. A crise econômica europeia vem desgastando todo esse edifício ideológico. O suicídio de um aposentado na Grécia é um desses exemplos brutais, um símbolo de uma época.

Ele dizia em sua última carta: “E, sendo que a minha idade avançada não me permite reagir de forma dinâmica (embora se um colega grego pegasse uma Kalashnikov, eu estaria bem atrás dele), não vejo outra solução senão pôr, de forma digna, fim à minha vida, para que eu não me veja obrigado a revirar o lixo para assegurar o meu sustento. Eu acredito que os jovens sem futuro um dia vão pegar em armas e pendurar os traidores deste país na praça Syntagma, assim como os italianos fizeram com Mussolini em 1945”.

Estamos tratando de um aposentado de um país que, até pouco tempo atrás, era considerado imperialista. Alguém que trabalhou toda sua vida e agora se suicida por não poder mais se manter com o mínimo de dignidade. A juventude de países europeus como a Grécia, Portugal e Espanha também não tem a mínima possibilidade de reeditar o nível de vida de seus pais. O proletariado desses países está perdendo as conquistas que conformaram o chamado “estado de bem estar social”.

Os ativistas dos movimentos sociais desse país deveriam refletir sobre esse episódio grego. O crescimento atual no Brasil não vai durar para sempre. A dimensão dos ataques na Europa serve para mostrar a face verdadeira do capital. Não é por acaso que o socialismo volta a ascender.

Não existe nada mais atual que o socialismo. As crises econômicas não são um fenômeno da natureza como os tsunamis, são produtos do capitalismo. Pode-se acabar com as crises, acabando com o capital e planificando a economia.


Retirado do Site do PSTU

terça-feira, 24 de abril de 2012

Lutar pela Frente de Esquerda nas eleições do Rio de Janeiro

Freixo se recusa a discutir Frente de Esquerda, enquanto negocia com vereadora do PSDB
As eleições municipais do Rio de Janeiro desse ano têm uma importância especial. O futuro prefeito e os vereadores eleitos serão os anfitriões da Copa de Mundo de 2014. Milhares de turistas, emissoras de televisão e chefes de Estado serão recebidos na cidade e todo um gigantesco aparato de controle social já vem sendo montado para o megaevento.

Existe muito interesse envolvido nesse negócio. A FIFA, a CBF e o COL (Comitê Organizador Local) estão determinados a passar por cima de tudo para garantir o lucro máximo das grandes empresas. E o atual prefeito Eduardo Paes, em parceria com o governador Sérgio Cabral (ambos do PMDB) e a presidenta Dilma, está promovendo uma política de higienização social e de repressão às demandas populares para o Rio de Janeiro “não fazer feio lá fora”. Querem passar uma imagem de uma cidade ordeira, domesticada pelas Unidades de Polícias Pacificadoras (UPPs), onde a pobreza seja romantizada, e o seu povo hipnotizado pela cerveja, pelo samba e o futebol.

Paes, para não correr o risco de ficar fora dessa farra, juntou todas as siglas imagináveis em um frente eleitoral que abarca 19 partidos. O PT e o PCdoB também fazem parte dessa turma e dão um fino verniz de esquerda a coligação. Muita gente não sabe, mas a Secretaria Municipal de Habitação é presidida pelo deputado Federal Jorge Bittar (PT). Enquanto os ricos moram em casas cravadas em áreas de preservação ambiental e a prefeitura nada faz, os pobres são humilhados e removidos de suas simples casas com a justificativa que moram em áreas de risco.

Com o mesmo projeto e outra roupagem, César Maia (DEM) e Anthony Garotinho (PR) lançam seus respectivos filhos, Rodrigo e Clarissa à prefeitura do Rio. Antes adversários irreconciliáveis, agora melhores amigos, a dupla representa o que há de mais conservador e retrógrado na política carioca.


Um programa a serviço dos trabalhadores e do povo pobre

Os trabalhadores e o povo precisam de transporte eficiente, de qualidade, confortável, climatizado e com preços acessíveis. Casas dignas para morar, rede de saúde e escolar gratuitas e de qualidade. Serviços como água, luz, comunicações, com fornecimento constante e estatal. Saneamento e urbanização das comunidades. Reestatização de serviços que foram transferidos para a incompetente iniciativa privada.

Um programa desse tipo precisa ser apresentado aos trabalhadores e ao povo. Somente o PSOL, o PSTU e o PCB, junto aos movimentos sociais, podem levar essas bandeiras adiante. Por isso, a formação de uma Frente de Esquerda, Classista e Socialista é urgente e necessária. O povo carioca não merece ficar refém da falsa polarização entre Eduardo Paes e Rodrigo Maia.


A Frente de Esquerda está ameaçada

Não foram poucas as iniciativas do PSTU para formar a Frente. Muitas conversas, reuniões, cartas e até mesmo um ato da Câmara Municipal o PSTU impulsionou para fazer valer na prática a política da unidade da esquerda socialista. O próprio Marcelo Freixo e Janira Rocha (presidenta do PSOL-RJ) são testemunhas de nossas tentativas. Estivemos nos gabinetes de ambos para propor um programa que enfrentasse as candidaturas da burguesia. Mas o que recebemos foram respostas evasivas e pouco conclusivas.

Freixo, ao lançar Marcelo Yuka (ex-Rappa) como seu candidato a vice-prefeito fez a seguinte declaração: “Só buscaremos apoio de partidos no segundo turno”. Essa afirmação é muito preocupante e contraditória por dois motivos. Primeiro: o deputado parece não ver a importância de unir aqueles que não se curvaram diante dos encantos dos governos do PT e seus aliados. Além disso, pareceu ignorar todo o esforço do PSTU em conformar uma coligação verdadeiramente alternativa. Segundo: Marcelo Freixo está sim procurando apoio de outros partidos e personalidades influentes da cidade. Mas não dos partidos de esquerda como o PSTU e PCB.


Um arco de alianças perigoso

Foi assim em suas buscas para conseguir apoio do PV de Gabeira e Zequinha Sarney. O mesmo PV que de verde não tem nada e recebe financiamento de empresas que são inimigas do meio ambiente como Aracruz Papel e Celulose, madeireira Madelongo e a mineradora Anglo Gold.

Em seguida, se reuniu também com o deputado federal Romário, que apesar de suas denúncias contra a Lei da Copa, é filiado ao PSB de Cid Gomes, governador do Ceará, que reprimiu brutalmente a greve dos professores do estado. Com certeza o Baixinho era bem melhor dentro de campo do que fora dele.

E foi com enorme preocupação que o PSTU viu na mídia o almoço de Marcelo Freixo com a vereadora tucana Andrea Gouvêa Vieira (PSDB). Andrea é uma figura conhecida na “alta sociedade carioca”, dona de uma fortuna incalculável, assídua das “colunas sociais”. Seu irmão é Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). O resultado do almoço foi o seguinte: Andrea vai se licenciar do PSDB para apoiar Freixo a prefeitura do Rio. “Ele representa a boa prática política, não defende interesses privados e me garantiu que quer colocar sua candidatura a serviço da sociedade” – afirmou a vereadora.

O que Marcelo Freixo e Andrea Gouvêa Vieira têm em comum? Essa resposta só Marcelo poderá dar ao seu eleitor e à militância combativa do PSOL.


Cyro Garcia é pré-candidato a Prefeito do Rio

Sabemos que a Conferência Eleitoral do PSOL votou pela não coligação com o PSTU nas eleições proporcionais. No entanto, não desistimos de construir a Frente de Esquerda, porque acreditamos que é a melhor política para o povo trabalhador da nossa cidade. A pré-candidatura de Cyro será porta-voz dessa política. Caso o PSOL e Freixo estejam dispostos a construir um programa a serviço da classe trabalhadora, não aceitem apoio e financiamento das classes inimigas, e respeitem o peso dos demais partidos de esquerda nas eleições proporcionais, o PSTU será o primeiro a abrir mão de sua pré-candidatura e apoiar Marcelo Freixo a prefeito do Rio de Janeiro.

Com a palavra, os companheiros do PSOL.


Retirado do Site do PSTU