sexta-feira, 29 de julho de 2011

Grécia é a ponta do iceberg da crise europeia

Detalhe de protesto contra pacote do governo
Os recentes acontecimentos ocorridos na Grécia mostram o que pode ocorrer em toda a União Européia (UE), como consequência da crise econômica internacional. Inicialmente, o epicentro da crise esteve localizado nos Estados Unidos, mas a UE foi o pólo imperialista mais afetado, e expôs todas suas contradições.

A União Europeia nasceu através de diferentes tratados internacionais na década de 1990. Atualmente é formada por 27 países, como continuação e da Comunidade Econômica Europeia (CEE), fundada em 1957. Em seu seio criou-se, em 2000, a chamada “zona do euro”: 17 países que adotaram o euro como moeda comum controlada pelo Banco Central Europeu (BCE).

Longe de ser uma “união igualitária de países”, que permitiria “o progresso e o bem-estar de seus povos”, a UE nasceu com dois objetivos muito claros. O primeiro era defender um “espaço imperialista próprio”, para fazer frente aos EUA. O segundo era somar as forças destas burguesias imperialistas para atacar e começar a liquidar as conquistas sociais do chamado “Estado do bem-estar social”, conseguidas pelos trabalhadores europeus, depois da II Guerra Mundial. Naquela ocasião, os capitalistas viram-se forçados a fazer grandes concessões diante o risco do avanço da revolução socialista.


Uma união de desiguais

Na UE e na zona do euro juntaram-se países de muito desigual desenvolvimento econômico e produtivo (por exemplo, a Alemanha e Grécia). Seus grandes beneficiários foram as principais potências (Alemanha e França), especialmente suas grandes empresas e bancos que puderam expandir sem grandes limitações seus negócios e investimentos.

Os países mais débeis, como Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, sofreram um forte processo de desindustrialização (com o desaparecimento ou com a redução extrema a setores como a siderurgia ou a naval); redução dos setores agrícolas “não competitivos” (que agora deviam competir com os agricultores da Alemanha e França que recebem enormes subsídios dos seus governos), além da penetração e domínio crescente de seus mercados bancários e financeiros.

Durante o último período de auge da economia mundial (2002-2007), este desenvolvimento foi dissimulado pelos rendimentos que os países mais débeis recebiam através do turismo, comércio e o transporte, e com o desenvolvimento da construção. O circuito econômico acumulava contradições, mas ainda “fechava”. A economia da espanhola, ajudada pelo rendimento de seus investimentos na América Latina, viveu um período de auge. Mas a crise cortou esse circuito, em grande parte fictício, e as contradições explodiram.

Esta relação de domínio dos países imperialistas mais fortes sobre os mais débeis não é algo novo na história. Em seu conhecido livro sobre o imperialismo, Lênin já assinalava, por exemplo, que Portugal era ao mesmo tempo uma potência colonial e um país totalmente dependente da Inglaterra. A criação da UE e da zona do euro aprofundaram este tipo de relações e, com a crise, estão levando a novos limites.


A crise das dívidas públicas

A crise econômica internacional afetou a economia europeia de conjunto e diminuiu os rendimentos de euros dos países mais débeis. Os estados começaram a se endividar por meio dos recursos dos bancos e para enfrentar o pagamento das dívidas públicas que aumentavam aceleradamente em cada refinanciamento. O custo deste refinanciamento era cada vez mais alto, pois a qualificação as dívidas piorava dia a dia. Mas o endividamento perdeu o controle quando os governos despejaram bilhões para salvar os bancos a beira da falência.

Chegou-se assim às situações de “default”: isto é, de impossibilidade dos Estados nacionais enfrentarem suas dívidas. Com isso, surgiram os chamados “pacotes de ajuda” por parte da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para cobrir o “saldo negativo” e impedir a quebra.

A “ajuda”, porém, é acompanhada de duríssimas exigências e planos de ajuste que reduzem salários e as pensões das aposentadorias, aumento dos impostos à população, ataque a saúde e a educação pública, privatizações etc. Em resposta começa uma luta dos povos contra essas medidas, aumentando ainda mais a “instabilidade” para a burguesia.


A segunda crise do euro

A crise grega e sua evolução não é um processo que afete apenas esse país. Nem sequer é uma crise que se limite ao que pejorativamente a mídia inglesa chama de PIGS*. A revista britânica “The Economist”, analisando a crise grega define uma “segunda onda de crise do euro”, desde 2008, porque este país é a parte mais visível de uma crise continental. Ou seja, na Grécia, está se decidindo a sorte do sistema euro que levou mais de 50 anos para ser construído pela burguesia imperialista europeia.


Uma crise européia

Trata-se de uma “crise européia” por três razões. A primeira é a rigidez do sistema monetário conjunto. A existência de uma moeda e uma autoridade internacional comum faz que os países membros da zona do euro não possam ter uma política monetária capitalista própria (como uma forte desvalorização de sua moeda nacional, por exemplo) sem romper com o euro. Ao mesmo tempo, todas as medidas “anticrise” da autoridade monetária europeia representam na prática uma “intervenção” e uma imposição sobre os países afetados.

A crise dos países membros, ainda que afete os mais débeis, transforma-se em uma crise do euro em seu conjunto. O sistema financeiro grego é hoje controlado por capitais estrangeiros, principalmente alemães, franceses e norte-americanos. Em outras palavras, uma quebra do Estado e do sistema financeiro grego (ao estilo da Argentina em 2001) teria gravíssimas consequências no sistema financeiro europeu e mundial.

A corrente imperialista ameaça arrebentar em seu elo mais frágil. Mas a crise fiscal e econômica avança em países maiores como Espanha e Itália, que acaba de sofrer um ataque especulativo respondido pelo governo Berlusconi por meio de plano duríssimo de ataque, votado em unidade total com a oposição no parlamento. Inclusive potências bem mais fortes, como a Grã-Bretanha e França, se vêem obrigadas a aplicar planos de “austeridade”. Se o “elo mais frágil” rompe na Grécia, seu “efeito se expandiu para os demais elos da União Europeia. Segundo palavras de um ex-prêmio Nobel de Economia, o norte-americano Paul Krugman, a queda do euro seria “uma catástrofe” para a economia e para as finanças mundiais.


O Pacto do euro

Mas as burguesias europeias, especialmente as da Alemanha e França, estão dispostas a defender até o final o euro e seu espaço imperialista. No dia 27 de junho foi ratificado em Bruxelas, sede da EU, o chamado “Pacto do Euro”, um texto assinado pelos 17 chefes de governo da zona do euro para “responder à crise e aumentar a competitividade da Europa”.

Mas para fazê-lo serão obrigados a avançar com tudo seus ataques. Terão que sujeitar os países mais débeis impondo-lhes, junto com a “ajuda financeira”, medidas e condições de controle similares às impostas na América Latina nas décadas de 1980 e 1990. Por exemplo, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, tem dito explicitamente que Grécia terá sua soberania "enormemente limitada" com o plano de ajuste que aprovou para desbloquear as ajudas da UE e do FMI.

Em segundo lugar, deverão atacar cada vez mais as conquistas, as condições de vida e os direitos dos trabalhadores. Neste aspecto, a Grécia é a ponta de lança dos planos de ajuste que se aplicam em todo o continente. Hoje o sistema capitalista imperialista já não pode garantir a manutenção de nenhuma destas conquistas (convênios salariais, condições trabalhistas, aposentadorias dignas, saúde e educação públicas de qualidade) e precisa destruí-las para defender seus lucros e jogar o custo da crise nas costas dos trabalhadores e do povo.


As contradições interimperialistas

Os bancos, duplamente responsáveis pela atual situação, são os que mais exigem sacrifícios dos países débeis e dos povos europeus. Mas isto começa a provocar divisões nas burguesias imperialistas europeias.

Enquanto a cúpula da UE e do Banco Central Europeu (BCE) defendem a postura dos bancos, a premier alemã Ángela Merkel apresentou a posição de que os bancos se responsabilizem por uma parte do custo dos “pacotes de ajuda” -destinados em última instância a “os salvar”. Assim atenuar um pouco seu impacto popular. Merkel expressa seguramente a dupla pressão da burguesia industrial alemã, que quer evitar uma nova recessão e dar saída a suas exportações. Além disso, serve com satisfação ao eleitorado alemão que se opõe que Estado contribua para estes pacotes de ajuda. Ao mesmo tempo, teme também as reações populares que estes pacotes podem provocar. Os governos da França e Espanha aliaram-se com as posições mais duras do BCE e possivelmente reflitam o compromisso estreito de seus principais bancos com as dívidas dos PIGS. Em qualquer caso, estas divisões agregam mais instabilidade a uma situação já de por si explosiva.



A crise se acelera

A burguesia dos países mais débeis, como a grega, está disposta a aceitar essas condições humilhantes para defender os lucros que recebem da exploração dos trabalhadores, ainda que isso represente um claro retrocesso de seus países e a obrigação atacar os direitos dos trabalhadores.

Nenhum país europeu está em boa posição para “socorrer” outro. Depois da Grécia esperam em fila Portugal, Irlanda, Espanha, Itália, Inglaterra… Já foi gasto quase toda a munição de apoio estatal em 2008-2009. O próprio EUA sofre sua própria crise econômica e política, e seu risco de default. Algo imaginável no passado.

Mas se as burguesias aceitam a se sujeitar, os trabalhadores e o povo não parecem dispostos fazê-lo. No caso grego, a resistência faz mais de dois anos e toma um caráter heróico: mais de uma dúzia de greves gerais às quais se somam também a ocupação de praças, ao estilo egípcio ou espanhol.

Mas se os trabalhadores e o povo grego estão na vanguarda, fica claro que a resistência começa a se estender por todo o continente. Ali está a luta dos trabalhadores e da juventude da França contra Sarkozy, em 2010; as mobilizações da “geração à rasca”, em Portugal; os indignados espanhóis; a poderosa greve geral de funcionários públicos e docentes na Inglaterra. Essa luta produz desgaste e crise nos governos que aplicam os planos, sejam de direita ou de “esquerda”. Na medida em que a luta se mantém, são os próprios regimes os que começam a entrar em crises, ao se esgotarem as mediações políticas que tratam da desviar e frear as lutas. Na Grécia, se desgasta aceleradamente o governo do social-democrata PASOK (Partido Socialista), sem que a direita (Nova Democracia) se recupere de sua derrota eleitoral de 2009. E os deputados de ambos partidos tiveram que ser protegidos por vários cordões policiais quando votaram o último pacote. Um desgaste dos regimes que também começa a se expressar quando os jovens de Portugal e da Espanha reivindicam “democracia real” e denunciam a profunda ligação desses regimes políticos e seus partidos com a burguesia imperialistas.

Há desigualdades. A situação não é a mesma entre Grécia e Alemanha, onde o proletariado mais poderoso da Europa ainda não entrou em cena, pese que tem tido grandes mobilizações contra as usinas nucleares, e o governo de Merkel também sofre as consequências da crise europeia com a queda de seu prestígio político.

Em outras palavras, as burguesias europeias devem aplicar os piores planos de ajuste e realizar os mais duros ataques em décadas, mas não em um cenário de tranquilidade, mas enfrentando forte resistência e crescentes crises políticas.


Qual é a saída?

Apesar de uma resistência cada vez mais forte contra os planos de ajuste, especialmente na Grécia, os trabalhadores e os jovens europeus não vislumbram uma saída para a crise. Isto é assim porque as direções sindicais burocráticas e políticas dos trabalhadores, inclusive quando se veem obrigadas a chamar a greves gerais e mobilizações, impedem a realização de verdadeiros planos de luta que enfrentem os planos de ajuste e derrote os governos que os aplicam. Uma luta que deve ter como perspectiva a criação de governos operários e populares que apliquem programas ao serviço dos trabalhadores e do povo, e não dos banqueiros. Além disso, essas direções dividem a luta país por país e assim a debilitam.

Essa política das direções majoritárias dos trabalhadores acabam por defender a UE e da zona do euro. Uma posição que é compartilhada por outras correntes localizadas mais à esquerda, como o Bloco de Esquerda (BE) de Portugal, para quem se trata de criar, dentro da UE, “alternativas para políticas de criação de emprego e de decisão democrática contra a especulação financeira” e elaborar um “programa viável de luta” por uma “nova arquitetura da UE”. Em outras palavras, trata-se de “reformar” à UE para torná-la mais “humana”.

Todas essas correntes fazem coro com a burguesia imperialista. Dizem aos trabalhadores, aberta ou implicitamente, que se os planos de ajuste e suas consequências são uma “medicina amarga”, mas muito pior seria sair da UE ou do euro.

A crise capitalista tem obrigado à UE a mostrar sua verdadeira face: uma construção ao serviço do imperialismo alemão (e de seu lado, o francês), em benefício de seus bancos e das multinacionais, submetendo ferreamente países como Grécia, Portugal, Irlanda ou Espanha, e atacando duramente todos os trabalhadores do continente. Já não há margens para o discurso demagógico do “modelo social europeu”, nem para “jogos democráticos” sobre quem e onde se decidem os planos de ajuste. Não existe nenhuma possibilidade de “reformar” a UE para torná-la “mais humana” como não há modo de fazer com o capitalismo imperialista de conjunto.

Por isso, Grécia, Portugal e Irlanda só poderão salvar da catástrofe se declarem o não reconhecimento de sua dívida pública, romperem com a UE e adotarem medidas drásticas como a expropriação dos bancos, a nacionalização das empresas estratégicas sob o controle dos trabalhadores, escala móvel de horas para que trabalhem todos e o estabelecimento do monopólio do comércio exterior. Um programa que, em um futuro a cada vez mais próximo, também estará proposto para outros países, como Espanha e Itália.

A LIT-QI é plenamente consciente de que os problemas da Grécia, Portugal e Irlanda não terão solução de modo isolado. Por isso, nossa proposta não significa a volta do velho isolamento “nacional” capitalista, nem de suas moedas, como propõem diversas correntes de direita no continente.

À Europa do capital, representada pela UE e pela zona do euro, nossa proposta é a luta do conjunto dos trabalhadores do continente para conseguir sua própria unidade e uma saída operária e popular, na perspectiva da construção dos Estados Unidos Socialistas da Europa.

Esta é uma tarefa imensa, mas imprescindível que deve ser acompanhada com urgência, no processo vivo das lutas, no surgimento e na construção de novas direções sindicais e políticas, baseadas na independência de classe do movimento operário de todas as variantes da burguesia e de seus governos.


Retirado do Site do PSTU

A arte perdeu Amy Winehouse

A cantora morta aos 27 anos
Quando nos referimos ao lixo cultural que a decadência do capitalismo tem produzido, estamos falando do que não é arte. Falamos de algo produzido às pressas, sem personalidade, sob o ritmo louco do mercado, sem critério de criação, sem expressão real de nenhum sentimento, pensamento ou qualquer coisa. Sob essa lógica, buscam-se padrões estéticos, sem muitas exigências artísticas. 25 a 30 shows por mês, ‘Domingão do Faustão’ e pronto. Fez-se um “artista”, ou um “fenômeno”.

Olheiros, empresários e gravadoras vivem atrás dos potenciais “fenômenos”, com o fim permanente da sociedade capitalista: lucrar, lucrar e lucrar.

Fazer boa música, produzir arte, compor, escrever, tocar e cantar sob o critério da arte é uma arte e tanto. E foi com isso que Amy Winehouse surpreendeu. Apesar de branca, suas raízes na música negra, influenciada pela família de cantores de jazz (avó, tios e pai) trouxeram ao mundo uma capacidade artística incrível, que revigorou a história do jazz e do R&B (Rhythm and Blues, gênero musical nascido junto com o jazz nos anos 50).

A história social do jazz expressa resistência e um movimento artístico e cultural que impunha, junto aos movimentos políticos e sociais da época, uma nova correlação de forças na luta contra o racismo. Isso é claro como expressão de um tempo, não necessariamente por letras militantes.

Amy Winehouse expressava rebeldia em suas letras não porque se recusasse a ir para reabilitação – e diga-se de passagem, a interpretação que se divulgou dessa letra não tem nada a ver com o que ela queria dizer. Amy Winehouse foi rebelde porque fazia arte verdadeira, com entrega. O amor não lhe era um sentimento bonito, como nos contos de fada, mas um sentimento de dor, de massacre, de automutilação. É muito rebelde falar do amor assim. Para Amy, o amor é dor porque se humilha e “chora no chão da cozinha”, sem se importar em expressar mais amor do que o correspondido.

O sentimentalismo exagerado e uma visão melancólica e egocêntrica do mundo. Essa era Amy, que com certeza poderia estar acompanhada de outros poetas da 2° geração romântica, a geração spleen (termo através do qual ficou conhecida esta geração, pois ele significa tédio, que expressa melancolia, pessimismo). Mas a Amy era de hoje.

É claro que tudo no capitalismo vira mercadoria, os artistas, as noticias sobre os artistas, as fotos dos artistas, qualquer coisa. O perfil mercadológico de Amy Winehouse foi construído sob essa impressão meio rebelde, mas a abordagem mercadológica associou sua rebeldia ao uso excessivo de drogas e álcool. E ao se falar de Amy Winehouse, se fala automaticamente de sua relação com as drogas e álcool e não de sua performance impressionante cantando, por exemplo “Me & Mr Jones”, música de sua autoria, que poderíamos imaginar que foi composta nos anos 50, e cantada por uma mulher negra, com um poderoso vozeirão, na mesma década.


A artista gravou dois álbuns excelentes (Frank, 2003 e Back to Black, 2006). A pressão mercadológica da imprensa dizia que a cantora estava usando tantas drogas que não conseguia mais gravar e apresentar novos trabalhos ao seu público. Não sabemos precisamente o nível de vício da cantora e acreditamos que o vício em drogas poderia, eventualmente, atrapalhar seu desenvolvimento artístico. Mas acreditamos que o artista não pode ser obrigado a produzir sua arte em série, uma coisa nova a cada ano, sob o ritmo do mercado musical. Os artistas que respeitam seu ritmo artístico – não necessariamente por convicção, mas simplesmente pela forma de fazer arte – sofrem, assim interpretações diversas, as vezes perversas e duras.

Os lamentáveis (e, diga-se de passagem, corruptos) tablóides ingleses não divulgaram, no entanto, um dos motivos da demora para o lançamento do 3° álbum de Amy. Este foi a recusa da gravadora das músicas que estavam sendo gravadas, porque estava caminhando para um estilo muito fora do padrão que mundializou a cantora, que segundo a Universal Records (a gravadora da cantora) estava expresso em Back to Black.

Não veremos mais o 3° álbum de Amy Winehouse, pelo menos na forma que ela poderia ter pensado. A Universal Records deve lamentar a morte da cantora na perspectiva de não haver mais possibilidade de lucrar com novos trabalhos. No entanto, agora, comemora a retomada das vendas de Back to Black e sua subida para o topo dos mais vendidos. A arte perdeu. Aproveitemos o que Amy Winehouse deixou.


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Quem fica com a metade do bolo?

Leia o editorial do Opinião Socialista nº 428


Capa do jornal
Você trabalhador conhece a saúde e a educação pública no país. Certamente já ficou indignado em um hospital ou escola pública.

Sabe que os hospitais estão lotados e que o atendimento é ruim. Deve ter alguém na família que não conseguiu ser atendido, com consequências sérias. Também conhece algum trabalhador da saúde e sabe que eles ganham pouco e trabalham muito.

Com toda certeza sabe da situação das escolas públicas. Você mesmo sofreu, assim como seus filhos hoje, com a qualidade ruim do ensino público. As escolas de seu bairro seguramente têm problemas com a conservação e com a segurança. Você vê os professores fazendo greve querendo salários melhores.

É justa sua indignação com a situação da educação e da saúde públicas. É claro que falta dinheiro para a manutenção e ampliação dos hospitais e escolas, assim como para aumentar os salários dos profissionais de educação e saúde.

É bem provável que apóie Dilma, como a maioria dos trabalhadores do país. E acha que ela não tem nada a ver com isso, ou que ainda não teve tempo para mudar a situação.

Mas ninguém disse a você que, com o orçamento aprovado por Dilma para seu governo em 2011, a situação dos serviços públicos vai piorar. O primeiro orçamento de Dilma separa 49,5% de tudo o que é arrecadado no país, entre impostos e taxas, para os banqueiros. Enquanto isso, apenas 2,92% vai para a educação e 3,53% para a saúde. Os seja, quem vai ficar com a metade do bolo são banqueiros.

Isso nunca aconteceu, é como se você tivesse entregando metade de todo seu imposto de renda e das taxas sobre os produtos que você compra para os bancos. É por isso que falta dinheiro para a saúde e educação.

Tudo isso deve ser uma grande surpresa. Afinal, Lula disse que "pagou a dívida" e que não devíamos mais nada. Mas isso, infelizmente, não é verdade, e agora o governo tem de esconder que a dívida está maior do que nunca, e para pagá-la tem de gastar metade do orçamento com os agiotas da dívida.

Na verdade o que o governo Lula fez foi aumentar as reservas internacionais em dólares, em um volume semelhante ao da dívida externa. Ou seja, as reservas do país seriam suficientes para pagar a dívida. Mas a dívida continua aí. Não foi paga, como dizem. A dívida externa continua altíssima e, pior, agora existe uma dívida interna ainda maior.

Os trabalhadores são sérios com suas contas. Quando você compra uma geladeira, um televisor, paga suas prestações. Os defensores do governo fazem essa comparação para defender que se continue pagando a dívida do país com os banqueiros. No entanto, existem duas grandes diferenças.

A primeira é que não existe uma “geladeira”, ou “televisor”. Não foram os trabalhadores que fizeram essa dívida, e ela não beneficiou em nada os trabalhadores. Ao contrário, nem você e nenhum trabalhador sequer sabe da existência dessa dívida, apesar de termos de pagar por ela todos os dias.

A segunda diferença é que essa é uma típica dívida de agiota, daquelas que quanto mais se paga, mais se deve. A dívida externa era de 148 bilhões de dólares no início do governo FHC. Em seus dois governos, FHC pagou U$ 348 bilhões, ou seja, mais que duas vezes seu valor total. Mas a dívida externa aumentou para US$ 236 bilhões ao final do governo FHC. Hoje está em de dólares 284 bilhões.

Em relação à dívida interna é a mesma coisa: era de R$ 670 bilhões no começo do governo Lula. Em seus dois governos, Lula pagou cerca de dois trilhões de reais em parcelas e juros aos banqueiros, ou seja, três vezes o valor da dívida que encontrou. No entanto, a dívida aumentou para outros dois trilhões de reais.

É como se um banco começasse a cobrar uma dívida a todos os moradores de seu bairro. Uma dívida que nenhum deles fez. Para pagar essa dívida, os salários dos trabalhadores são cortados, assim como o dinheiro para conservar as escolas e hospitais. Esse pesadelo é real: você está sendo roubado todos os dias em seu salário, na educação e na saúde pública a que tem direito, para pagar uma dívida que não fez.

Os defensores dos banqueiros dizem que não se pode dar um calote na dívida. Mas defendem o que está sendo feito hoje, que é um calote social. Existe um calote social de enorme crueldade, que sacrifica a vida, a educação e a saúde de milhões de trabalhadores para garantir que não haja um calote nos banqueiros. Os governos FHC, Lula e agora Dilma se recusam a enfrentar os banqueiros e preferem continuar sem investir seriamente na saúde e educação.

Você ainda acredita no governo Dilma. Mas pode e deve, junto conosco, exigir que ela pare de pagar aos banqueiros e destine já 10% do PIB para a educação como reivindicam as entidades da educação, como o ANDES-SN e a ANEL. Pode e deve, junto conosco, reivindicar um mínimo de 6% do PIB para a saúde. Assim as verbas para a saúde e educação poderiam ser mais que dobradas.


Retirado do Site do PSTU

Editora Sundermann lança "Em defesa do marxismo", de Leon Trotsky

Com tradução totalmente revisada e cuidadosamente cotejada com os originais em russo, este clássico, há muito tempo esgotado em edições brasileiras, já está disponível para o leitor.

Capa da mais nova edição de 'Em Defesa do Marxismo'
Moscou, Kremlin, madrugada de 23 para 24 de agosto de 1939. O que parecia absurdo, improvável, e até então combatido como uma calúnia contra a União Soviética, acontece: em meio a sorrisos e apertos de mão, Vyacheslav Molotov, Comissário do Povo para Assuntos Estrangeiros da URSS, e Joachim von Ribbentrop, Ministro do Exterior da Alemanha Nazista, firmam um tratado de não-agressão, amizade e cooperação entre a Rússia Soviética e o Terceiro Reich. O tratado inclui também uma cláusula secreta, que logo é posta em prática: a invasão e partilha da Polônia, de parte da Finlândia e de outros territórios pelas duas potências até então inimigas.

A notícia cai como uma bomba sobre a Europa e os Estados Unidos. As “nações democráticas” se vêem fortemente ameaçadas pela sinistra aliança e em todos os meios burgueses, pequeno-burgueses e intelectuais do “mundo civilizado” começa uma gigantesca campanha de ódio contra a URSS. Impactado pelo forte clima anti-soviético, um setor do Socialist Workers Party, seção norte-americana da Quarta Internacional, passa a afirmar que a URSS havia deixado de ser um Estado operário e, consequente com isso, recusa-se a defendê-la frente aos possíveis ataques do fascismo e do imperialismo.




Em defesa do marxismo, uma das obras mais importantes de Leon Trotsky, gira em torno dessa questão crucial. Sobre a base sólida da dialética marxista, sem se deixar impressionar pelos fatos, de maneira clara e simples, e ao mesmo tempo fraternal e educativa, o velho dirigente bolchevique desvenda o caráter contraditório do Estado surgido com a Revolução de Outubro e explica que, apesar de todas as transformações, a URSS ainda se mantinha como um Estado operário burocraticamente degenerado. Estes últimos escritos de Trotsky são também uma verdadeira lição de como fazer uma discussão política dentro de um partido revolucionário.

Título: Em defesa do marxismo
Autor: Leon Trotsky
Preço: R$ 40


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  • Retirado do Site do PSTU

    terça-feira, 26 de julho de 2011

    Por que o PSTU desperta o ódio da Globo e de Cabral?

    No dia 14 de julho, quinta-feira, durante entrevista em estúdio com a professora Beatriz Lugão, da Coordenação Geral do SEPE, a repórter da Globo preparou o terreno: “agora uma pergunta delicada”. A partir daí, em um curto espaço de tempo, foi disparada uma série de ataques a nosso partido, o PSTU.

    Os apresentadores tentaram passar a imagem que a greve dos profissionais da educação estaria a serviço de candidaturas às próximas eleições municipais; citou supostas agressões ao secretário estadual de Educação, Sr. Wilson Risolia; e chegou a apontar a participação do PSTU nos atos contra Obama, afirmando um “descontrole” no protesto em frente ao Consulado. O pano de fundo era tentar uma desqualificação de nosso partido e da greve, uma das mais fortes já vistas.


    Veja a entrevista




    Os profissionais da educação saberão responder ao desrespeito com a categoria, saberão responder à tentativa da Globo de reduzi-los a ingênuos, a mera massa de manobra acrítica. A manutenção da greve e a conquista das reivindicações será uma boa e contundente resposta.

    O ódio de classe nutrido contra o PSTU pela Globo, por Cabral, pelos ricos e poderosos é uma reação à política de nosso partido de ser um porta-voz dos anseios e necessidades dos trabalhadores e do povo pobre e ao fato de nosso partido ser parte integrante de suas lutas, mobilizações e reivindicações.

    Temos orgulho de ter estado e permanecido ao lado dos trabalhadores e do povo pobre vitimados nas enchentes da região serrana. Junto com outros partidos e entidades políticas e sindicais ajudamos a materializar os comboios de solidariedade classista organizados a partir da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) que levaram mantimentos, remédios e água às vítimas. Mas levamos também a denúncia que mais que vítimas das chuvas nossos irmãos e irmãs trabalhadoras foram vítimas da irresponsabilidade dos diferentes governos – Cabral e Dilma entre eles – que não investiram em prevenção e ainda hoje deixam parte das vítimas sem apoio. Temos orgulho de hoje estarmos, junto aos desabrigados e moradores da região serrana lutando contra a corrupção nas prefeituras, e exigindo a imediata reconstrução dos bairros operários que estão abandonados pelo poder publico.

    Quando Dilma promulgou o ridículo aumento do salário mínimo e os deputados aumentaram os próprios salários em 62%, nosso partido nas ruas exigiu aumento zero para deputados e 62% para o salário mínimo.

    A mando de Obama e Dilma, o governo Cabral montou uma farsa tentando acusar o PSTU de ser uma organização terrorista. Agradecemos aos trabalhadores, aos intelectuais, aos democratas, aos partidos e dirigentes sindicais que se colocaram na intransigente defesa do nosso partido e de todos os perseguidos políticos durante a visita do presidente dos Estados Unidos.

    Cabral tentou, com uma farsa jurídica, dar satisfações à Dilma e ao novo senhor da guerra – Barack Obama mandou para os presídios do Rio estudantes, professores, advogados, lutadores, que simplesmente defendiam nosso petróleo e os interesses do nosso povo. O PSTU se orgulha de ter estado à frente, com outros partidos, sindicatos e organizações do movimento social, das mobilizações que quebraram a tentativa de criar consenso em torno da visita do chefe maior do imperialismo. Fomos parte ativa em denunciar que Obama veio ao Brasil a convite de Dilma para arrancar garantias de posse do pré-sal para empresas ianques, para conseguir fôlego político para atacar a Líbia, para garantir a manutenção de tropas na ocupação do Haiti. Os protestos obrigaram Obama a abandonar a cerimônia na Cinelândia, e ter de se esconder no Theatro Municipal.

    Antes mesmo de o Rio se tingir de vermelho com a força da luta dos bombeiros e do apoio da população, nossos militantes já levavam solidariedade à luta dessa categoria. O vermelho de nossas bandeiras tremulou junto às de outros partidos e sindicatos no acampamento da Assembléia Legislativa e estava na marcha dos 50 mil em apoio aos bombeiros e aos profissionais de educação. Temos orgulho de ter produzido um slogan que dizia “somos todos bombeiros”, e ter feito um adesivo e um cartaz defendendo a liberdade dos 439 bombeiros presos por Cabral , adesivo usado por dezenas de milhares de trabalhadores e estudantes que denunciavam Cabral como ditador do Rio e exigia reajsute para os bombeiros e professores.

    Há anos o vermelho de nossas bandeiras é parte da luta dos profissionais da educação. Temos orgulho de ser parte de uma das categorias que mais luta em nosso estado. Estaremos comemorando juntos e orgulhosamente a vitória da greve.

    Os ataques da Globo, as farsas jurídicas de Cabral não nos intimidam. Ao contrário, o temor que nossas poucas bandeiras causam nada mais é que o pesadelo constante dos ricos e poderosos: cedo ou tarde os trabalhadores e o povo pobre descobrirão o poder de sua unidade e saberão quebrar as correntes que os mantém presos à exploração. O vermelho de nossas bandeiras não os permite esquecer que a alternativa ao mundo deles, esse mundo de fome, miséria e violência que o capitalismo reserva, está mais viva que nunca. A alternativa é que nós trabalhadores tomemos nossos destinos em nossas próprias mãos e governemos nós mesmos, no socialismo com democracia.

    Aos ataques e ao ódio da Globo, de Cabral, dos ricos e poderosos respondemos com uma certeza: nenhum passo daremos atrás!

    Juntos, sendo parte dos profissionais da educação, respondemos a eles: A GREVE CONTINUA, CABRAL A CULPA É SUA!


    Retirado do Site do PSTU

    Congresso da UNE não tem nada a oferecer ao movimento estudantil

    UNE/divulgação
    Mesa do congresso da UNE
    Realizado entre os dias 13 e 17 de julho, em Goiânia, o 52º Congresso da UNE escreveu mais um capítulo na história de decadência e submissão da tradicional entidade estudantil. Uma vez mais, o saldo deixado por esse congresso vai estar marcado pelo governismo, a ausência das lutas e a falta de independência política e financeira.

    E enquanto esse filme se repete, nas universidades mais importantes do país, é espantoso como o congresso da UNE já não provoca nenhum entusiasmo na base. Outrora catalisadora dos sonhos e da rebeldia da juventude brasileira, a entidade é hoje um aparato fragilizado em sua relação com os estudantes.


    Governismo escancarado

    Pela quinta vez seguida, o congresso foi um festival de aplausos ao governo. Dilma e o ministro da educação, Fernando Haddad, seguirão com a UNE em seus bolsos e bem domesticada. Mas nem por isso o congresso deixou de render homenagens ao antecessor do atual governo.

    Tido como convidado mais ilustre do congresso, Lula resumiu em uma frase o governismo da UNE nos últimos anos: “sou grato à UNE pela lealdade na adversidade” . De fato, os serviços prestados pela entidade ao governo federal têm sido enormes, contando, por exemplo, com o apoio ao REUNI, ao ProUni e o FIES e globalmente à política educacional em curso nos últimos 9 anos.

    Também presente no evento, o ministro Haddad tratou de defender a UNE daqueles que a acusam de ser chapa-branca, como nós do PSTU e, atualmente, milhares de estudantes país afora. “Algumas pessoas imaginam que é possível comprar a consciência do movimento estudantil (sic) com alguns trocados. (...) Estudante não se vende por dinheiro nenhum, muito menos por migalha” .

    Que os estudantes não se venderam, isso se continua vendo nas ruas, nas praças, escolas e universidades do Brasil. Já com a UNE, a história é outra. E o ministro sabe disso. E sabe também que não são exatamente “migalhas” o que o governo dispensa à UNE...


    Independência financeira é bobagem para a UNE

    O congresso foi financiado por nada menos que 5 ministérios do governo e 3 estatais. O governo do estado de Goiás e a prefeitura de Goiânia também entraram com sua cota. Mencione-se, ainda, a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Tudo isso é público e a UNE não esconde: governos, ministérios, empresas estatais e até sindicatos patronais financiam o congresso.

    Ás vésperas do congresso, a imprensa burguesa, naturalmente, tratou de usar esse fato para tentar desmoralizar o conjunto do movimento estudantil. Acuado, Augusto Chagas, que encerrava seu mandato na presidência da UNE, se defendia com fragilidade: “O patrocinador é o dinheiro público, é o dinheiro da União. Nós achamos que o congresso da UNE tem função pública. Ele serve ao Brasil” .

    No sentido empregado por Augusto, “Brasil” é uma abstração em cujo interior cabem trabalhadores e patrões, o ensino público e o ensino privado, o governo e os estudantes. Mas se quisesse mesmo ser franco, Augusto reconheceria que a UNE tem recebido milhões em verbas públicas e privadas há anos, mas não sem conceder acenos e bajulações aos donos desse dinheiro.

    Recentemente, o site da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), sindicato patronal do oligopólio das faculdades privadas, divulgou a realização de uma reunião entre tal associação e o próprio Augusto. Na pauta esteve o pedido de apoio financeiro ao 52º CONUNE. Na matéria, o ex-presidente da UNE declara: “Nós sabemos do papel que o ensino particular tem desempenhado historicamente na estruturação da educação brasileira” , relatando supostas batalhas que os estudantes teriam travado ao lado desses empresários.

    É, na melhor das hipóteses, ingênuo crer que o financiamento e a conduta política de uma entidade jamais terão relação direta. Pior ainda seria supor ser mera coincidência a lealdade política ao governo federal e as polpuda verbas concedidas à UNE. Tudo isso é parte de explicar porque o congresso da UNE já não é capaz de refletir as principais lutas do movimento social brasileiro.


    Lutas passaram longe

    A programação do 52º CONUNE divulgada pela entidade é um retrato da acomodação e de sua ausência nas lutas em curso pelo país. Em um cenário de greves e mobilizações importantes, como a dos professores em diversos estados, dos funcionários das universidades federais e dos bombeiros do Rio, nenhum desses trabalhadores em luta foi convidado a falar ao congresso – somente o governo.

    O cenário internacional em que a juventude marca presença na arena política, encabeçando mobilizações nos países arábes, na Europa e no Chile, também não merece – aos olhos da UNE – nenhuma centralidade em seu congresso.

    Ocorre que a maior parte dessas lutas, direta ou indiretamente, se choca com governos, como Dilma e Cabral, ou secretários e reitores aliados da entidade. E em um sentido mais profundo, não são mais a rebeldia e a luta aberta que sustentam a UNE. O CONUNE não reflete as lutas, porque as lutas vão em sentido oposto ao que vai a UNE.


    Qual a tarefa dos estudantes?

    Por tudo isso, esse congresso não tem nada a oferecer ao movimento estudantil combativo. E isso se revelará no segundo semestre no debate de que tarefa os estudantes têm a assumir. Enquanto o governo prepara um ataque para os próximos 10 anos, com o novo Plano Nacional de Educação, a UNE vai apoiar esse projeto e “lutar” para que ele preveja o investimento de 10% do PIB para a educação.

    Acontece que se o movimento social sempre exigiu um patamar superior de investimento na educação, o fez porque isso é condição para implementar um programa de universalização do ensino público. O novo PNE, no entanto, traça metas e estratégias que dão continuidade à política de pauperização do ensino público e promoção do ensino privado, inclusive com verbas públicas para esse fim.

    Ao apoiar o PNE, portanto, a “luta” da UNE por 10% do PIB para educação, de conteúdo, pede mais verbas públicas para serem entregues ao ensino privado. De qualquer maneira, este semestre vai mostrar se a UNE quer mesmo lutar pelos 10% do PIB, porque até aqui a entidade está fora da Jornada de Lutas de agosto e das articulações do plebiscito nacional – ambas iniciativas de luta por aquela bandeira.

    Ao menos que ache que o 52º CONUNE tem alguma coisa a oferecer ao movimento estudantil e que esse congresso fortaleceu a luta dos estudantes, a oposição de esquerda da UNE deveria romper, de uma vez por todas, com essa entidade. De todo jeito, esses companheiros devem agora se unir à ANEL na luta contra o PNE do governo e pelos 10% do PIB para a educação. E é fora da decadente União Nacional dos Estudantes que poderão organizar a luta, em unidade com todos os estudantes que não se prestam ao papel de capachos do governo federal.


    Retirado do Site do PSTU

    Atentado terrorista mostra crescimento da ultradireita na Europa

    Movimentos fascistas aproveitam crise econômica e fracasso da União Europeia para se fortalecerem


    Imagem divulgada pelo próprio terrorista
    Os atentados terroristas perpetrados nesse dia 22 de julho por um militante de ultradireita chocaram a Noruega e todo o mundo. Ander Behring Breivik, de 32 anos, armou explosivos no centro da capital Oslo e, momentos após a explosão que deixou sete mortos, abriu fogo contra centenas de adolescentes que participavam de um acampamento do Partido Trabalhista, na ilha de Utoeya.

    Segundo relatos de sobreviventes, Breivik estaria disfarçado de policial quando desembarcou na ilha em que ocorria uma atividade da juventude do partido ligado ao governo. O extremista junta então um grande grupo de jovens para explicar-lhes o que havia ocorrido no centro da cidade, puxa um rifle e começa a atirar. Descobriu-se depois que o assassino usou balas ‘dum-dum’, que se estraçalham no corpo da vítima provocando enorme estrago. Sua intenção era clara: matar o maior número possível de pessoas.

    O último levantamento da imprensa dá conta de 76 mortos nos dois atentados.

    Com a chegada da polícia, o terrorista foi preso sem reagir. Na tarde desse dia 25, quando se apresentou perante o juiz, Breivik confessou os crimes, mas negou qualquer culpa. Para ele, é perfeitamente admissível assassinar adolescentes a sangue frio em sua cruzada contra o “multiculturalismo” e a “colonização islâmica” da Europa.


    Planejamento

    Preso, o assassino confessou que o atentado havia sido minuciosamente preparado com nove anos de antecedência. Antes de sair para executar sua ação, Breivik espalhou para seus contatos na Internet cópias de uma espécie de manifesto chamado “2083: Uma declaração de independência europeia”, com mais de 1500 páginas.

    Em suas páginas, um verdadeiro compêndio da extrema-direita e do fundamentalismo cristão. Numa espécie de delírio fascista, o terrorista descreve com nostalgia uma Europa idílica formada por homens bons e nobres, invadida de repente por islâmicos, negros e estrangeiros. Aos europeus “patrióticos”, restaria a missão de resgatar seus países do “multiculturalismo”, que ameaçaria o modo de ser genuinamente europeu. O fundamentalista assina o texto como “Chefe de Justiça Para os Cavaleiros Templários da Europa e um dos vários líderes do Movimento de Resistência Nacional e Pan-Europeu Patriótica”.

    Mais do que delírios, porém, o que o texto revela, e os atentados atestam, é um grau de organização e articulação que expressam o avanço dos movimentos de ultradireita no continente. No tribunal, o terrorista afirmou ter executado o atentado com a ajuda de duas outras “células”. A complexidade da ação corrobora a tese de que ele não teria agido sozinho.

    O manifesto de Breivik, além do discurso racista típico da ultra-direita (chega-se a afirmar que o Brasil é desigual, improdutivo e conta com corrupção endêmica devido à ‘mistura de raças’), traz um verdadeiro manual de instruções para atentados terroristas. Do alvo, ao arsenal, preparação e tudo o mais necessário para infligir baixas em favor da “causa”.

    O terrorista enumera os alvos: os “traidores”, em ordem decrescente de acordo com a gravidade das suas traições. As instruções para a preparação da “ação” são detalhadas, indo do condicionamento físico do terrorista à aquisição e manuseio das armas, e até mesmo o que fazer caso “eventualmente sobreviva à ação”.


    O perigo do fascismo

    Longe de ser um caso isolado, a tragédia na Noruega se inscreve numa conjuntura de crescimento da ultradireita em toda a Europa. Partidos e movimentos de inspiração fascista e xenófoba se utilizam da crise econômica para ganhar espaço e colocar os trabalhadores imigrantes, negros e homossexuais na mira da opinião pública.

    O terrorista norueguês militou por anos no ultranacionalista Partido Progressista, legenda que vem experimentando grande crescimento nos últimos anos, tornando-se a segunda maior força política do país nórdico. Nas últimas eleições, o partido teve 23% dos votos. Da mesma forma, Áustria, Finlândia, Itália entre outros países europeus, testemunham o fortalecimento da ultradireita. Uma das principais líderes desse processo é a francesa Marine Le Pen, dirigente extremista apontada como favorita para as eleições presidenciais de 2012.


    Retirado do Site do PSTU