sábado, 6 de agosto de 2011

'Dia do Orgulho Hetero' aprovado pela Câmara de São Paulo vai reforçar homofobia

Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirma que não “não viu nenhum problema” no projeto do vereador Carlos Apolinário (DEM)


Divulgação
Vereador Carlos Apolinário (DEM)
Nesse dia 2 de agosto a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou o projeto de Lei do vereador Carlos Apolinário (DEM) que institui na capital o “Dia do Orgulho Heterossexual”. De acordo com o próprio projeto do vereador ligado às igrejas evangélicas, a prefeitura deverá ficar responsável por, nesse dia, “conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”.

Aprovado, o projeto foi levado para a sanção do prefeito Gilberto Kassab (DEM), que pode vetar ou não. Embora tenha se negado a divulgar qual será a sua decisão, o prefeito já afirmou que não viu “nenhum problema” no projeto aprovado pelos vereadores, “um projeto como outro qualquer”, declarou à imprensa.

Há anos tramitando na Câmara, o projeto foi desengavetado num momento em que crescem os ataques e discursos homofóbicos no país. A aprovação do “Dia do Orgulho Heterossexual” foi amplamente repudiado nas redes sociais, como no Twitter, e chegou a ganhar repercussão internacional. Por outro lado, não são poucos os que mostram simpatia à medida.


Orgulho de quê?

Em defesa de seu projeto, Apolinário repete que “ser gay é um direito, não um privilégio”. E que, já que existe o “Dia do Orgulho Homossexual”, ele teria também o direito de celebrar a sua heterossexualidade. Discurso esse repetido também por seus apoiadores. “É preciso que os gays aprendam a viver em sociedade, respeitando a ordem e os bons costumes. Vamos combater a homofobia e a heterofobia, pois ser gay é um direito e não um privilégio” , escreveu o vereador em um artigo publicado no paulistano Diário de São Paulo.

Seria assim mesmo? “Um grupo oprimido afirma o seu orgulho como forma de reivindicar o seu espaço, a luta por igualdade, contra a inferiorização social”, afirma Douglas Borges, da Secretaria LGBT do PSTU. Já um “Dia do Orgulho Heterossexual” só serviria para “reafirmar o padrão heteronormativo, reafirmar uma posição ideológica já dominante”. Ainda mais, num período de aumento da homofobia, “acirrar a polarização social”. Reforçaria, assim, o ódio contra os homossexuais.

Seria tão absurdo como criar o “Dia do Orgulho Branco”. “Quem ganha com isso são justamente aqueles que pensam como o deputado Jair Bolsonaro” , afirma Douglas, que vê ainda um perigo fascista no discurso moralista de em “defesa da ordem e dos bons costumes”. “Isso faz recordar o movimento reacionário que se vinculava à moral dominante e que serviu de base de apoio ao Golpe Militar de 1964 (marcha da familia com Deus e pela liberdade)"


Retirado do Site do PSTU

Mais de 800 estudantes são presos após manifestações no Chile

É a maior repressão após dois meses e meio de intensa mobilização pela educação pública


Manifestante devolve bomba de gás lacrimogêneo à polícia
Estudantes chilenos voltaram às ruas do país nesse dia 4, reivindicando a reforma no sistema educacional e mais recursos públicos ao setor. Milhares de estudantes universitários e secundaristas não se deixaram intimidar com a proibição do protesto pelas autoridades, foram às ruas e armaram barricadas nas ruas de Santiago. Além da capital, houve manifestações em mais 12 cidades.

Numa medida inédita desde a ditadura Pinochet, o governo bloqueou as passagens para a Praça Itália, local onde se concentrariam as marchas dos estudantes. Os manifestantes, porém, adotaram uma tática de protestos dispersos pelas ruas e avenidas do centro da capital chilena.

A polícia, no entanto, reprimiu fortemente o protesto. Com gás lacrimogêneo e jatos d´água, os “carabineros” investiram contra os manifestantes, em confrontos que duraram pelo menos 6 horas. Ao final, o próprio governo registrou a detenção de 874 estudantes, segundo estimativa divulgada nesse dia 5.

Um grupo de estudantes chegou a invadir a sede de uma rede de televisão, Chilevisión, a fim de expressar suas reivindicações. Á noite, estudantes e a população fizaram um 'cacelorazo' (panelaço) em repúdio à repressão. Os panelaços foram muito usados em protestos contra a ditadura Pinochet.




Radicalização

Os protestos massivos dos estudantes já duram mais de dois meses no Chile e tem como o alvo o injusto e elitista sistema de educação do país. Não há educação gratuita e, mesmo os colégios e universidades públicas, são pagos. Grande parte dos recursos públicos vai para as instituições privadas e, apesar de o lucro ser proibido, na prática elas encontram brechas na legislação para lucrarem. Os estudantes mais pobres, quando conseguem estudar, acabam endividados.

O desgastado governo de Sebastián Piñera se recusa a implementar uma verdadeira reforma da educação e apenas apresenta medidas cosméticas. Trocou o ministro da Educação, tirando Joaquin Lavín para colocar o ex-ministro da Justiça, Felipe Bulne, que ganhou prestígio após o resgate dos 33 mineiros soterrados no ano passado. Não há, porém, medidas concretas para atender as reivindicações dos estudantes.

Agora, aposta na repressão para deter o movimento. “Há um limite, os estudantes não são os donos desse país”, afirmou o porta-voz do governo, Andrés Chadwick a uma rádio. Os estudantes, por sua vez, exigiram propostas concretas do governo e prometem mais mobilizações.




Retirado do Site do PSTU

Celso Amorim: retire as tropas do Haiti

O Brasil vive uma ocupação militar, a serviço das multinacionais. Desafiamos o governo Dilma e o novo ministro a acabar com essa triste história


Ag Brasil
Celso Amorim, novo ministro da Defesa
Nesse dia 4 de agosto, a presidente Dilma Roussef demitiu o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Para o posto foi escolhido o ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Celso Amorim. Na dança das cadeiras do governo Dilma, foi o terceiro ministro posto para fora. A troca foi criticada pela oposição de direita e pelos militares, e comemorada por muitos setores de esquerda.

Entre estes últimos, foi possível perceber duas ideias. A primeira, de que Dilma estaria alterando a orientação da pasta, comandada por Jobim desde 2007. A segunda, de que Celso Amorim representaria uma política mais progressista e independente, como teria mostrado na condução da política externa do governo Lula, de viés supostamente 'antiimperialista'.

Mas, seria mesmo assim? Teria Dilma, de repente, decidido alterar o foco do Ministério da Defesa?

Dilma se viu praticamente obrigada a demitir Jobim após as inúmeras críticas e declarações constrangedoras ditas pelo então ministro à imprensa. Primeiro, na comemoração dos 80 anos de FHC, Jobim declarou que “agora, os idiotas perderam a modéstia”, o que muitos imediatamente associaram ao governo do PT.

Pouco depois, em entrevista à Folha de S. Paulo, o ministro nomeado por Lula confessou que votara em José Serra nas eleições presidenciais. Que Jobim era ligado ao PSDB todos já sabiam. Além de ter sido nomeado ministro do STF por FHC, já havia sido ministro da Justiça do tucano. O que muitos acharam inconseqüente foi ele ter declarado abertamente sua preferência.

A gota d’água veio com as críticas de Jobim às ministras de Dilma, Ideli Salvatti e Gleisi Hoffman, à revista Piauí. Sob o risco de se desmoralizar, Dilma não viu alternativa a não ser anunciar a demissão de Nelson Jobim.

Ou seja, a retirada do ministro não ocorreu por discordâncias na atuação de Jobim à frente do ministério.

Dilma não é contra o plano de Jobim de privatizar os aeroportos, coisa que seu governo está fazendo agora. Não há nenhum questionamento no uso de militares de todas as forças na ocupação de morros e comunidades do Rio de Janeiro, como no Complexo do Alemão, em uma experiência que promete se repetir. E o governo do PT, assim como Jobim, tampouco defende a revisão da lei da anistia, que mantém os assassinos e torturadores da ditadura impunes, como o ex-comandante do DOI-CODI, Carlos Alberto Ustra. Nem se coloca a favor da abertura dos arquivos secretos, que poderiam jogar luz nos crimes cometidos em nome do Estado, inclusive durante os anos de chumbo.


Celso Amorim

Apesar de atabalhoada, a troca de Jobim por Amorim imprimiria uma alteração na lógica da Defesa? Os defensores do novo ministro se baseiam na política externa do governo Lula. Nos oitos anos de Lula, a movimentação do Brasil na política internacional foi um dos únicos, senão o único, elemento pinçado por aqueles que defendiam a tese do ‘governo em disputa’, para mostrar uma faceta de esquerda de Lula.

Era citada, por exemplo, a aproximação do Brasil com países do Oriente Médio, como o Irã, o que gerou na época críticas do governo dos EUA. A articulação do G20 em contraposição ao G8 em plena crise econômica mundial foi outro aspecto visto como uma posição independente de Lula, dirigida por Celso Amorim, assim como as visitas e declarações do então presidente em favor de Fidel Castro e de governantes como Chávez e Morales.

Um aspecto fundamental da política externa, porém, é sempre “esquecido”. Desde 2004 o Brasil lidera tropas militares que ocupam o Haiti. Sob a justificativa de “ajuda humanitária”, os soldados da ONU que fazem parte da Minustah, já reprimiram inúmeras vezes mobilizações de trabalhadores e estudantes no país.

Como candidato à Presidência, eu estive no Haiti após o terremoto. Fui o único candidato a visitar o país. Meses depois da tragédia, a ajuda não havia chegado. O papel das tropas da ONU foi de proteger o aeroporto e a zona franca e, depois, de levar o vírus da cólera ao país, causando uma epidemia. Até hoje, a situação é a mesma.

Desde o primeiro momento, o PSTU denunciou a ocupação militar do Haiti. Os soldados comandados pelo Brasil de Lula e Dilma atuam para estabilizar o país, reprimir os movimentos sociais e garantir os interesses dos EUA na região. Recentes divulgações de telegramas diplomáticos, pelo WikiLeaks, confirmam isso.



Em 2004, após o golpe que derrubou Aristides, o embaixador norte-americano no Haiti alertou Washington sobre a necessidade de uma intervenção militar no país, a fim de neutralizar “forças políticas insurgentes populistas e a economia antimercado” e também o “êxodo de migrantes por via marítima”.

Já em 2008, ainda segundo documentos tornados públicos pelo WikiLeaks, quando o Haiti enfrentava uma grave crise devido à inflação dos alimentos, a embaixada norte-americana se reuniu com os donos das fábricas que prestavam serviços a grandes empresas como a Levi’s e outras. O motivo: alertar para que os empresários não cedessem às mobilizações pelo aumento do salário mínimo. Na época, as tropas agiram de acordo com essa orientação e reprimiram duramente as manifestações, inclusive sobre a juventude.

A tentativa era garantir que o país caribenho continuasse com um dos menores salários do mundo. Para os EUA, o Haiti deveria continuar servindo como celeiro de mão-de-obra barata às multinacionais, principalmente às do setor têxtil. Foi em favor dessa política que o Brasil esteve empenhado durante todo o governo Lula, com Amorim à frente. E com o olhar atento dos empresários brasileiros, como os da Coteminas.


É hora de exigir a retirada das tropas

Coincidentemente, dias antes de ser nomeado ministro por Dilma, o ex-chanceler de Lula concedeu uma entrevista em que defende a retirada das tropas do Brasil do Haiti. Celso Amorim afirma que o objetivo da missão já havia sido cumprido e que a relação entre o Brasil e o Haiti deveria ser de “natureza econômica e social”.

Alçado à condição de ministro, é improvável que ele mantenha essa posição. Até mesmo porque participou diretamente de todas as etapas da montagem desta ocupação militar.

Mas, independentemente das avaliações que fazemos sobre o governo Lula e mesmo sobre o governo Dilma, é hora de exigirmos que Celso Amorim, agora à frente do Ministério da Defesa, faça jus às suas próprias palavras e atue pela imediata retirada das tropas brasileiras do Haiti e o fim definitivo da ocupação militar no país.

Lançamos o desafio ao novo ministro da Defesa e ao governo Dilma. Desafiamos o Brasil a retirar todos os seus soldados do país caribenho, o primeiro país a ver uma revolução negra na história das Américas. Deixemos de lado essa mentira, de que os haitianos não conseguem dirigir o seu país. Desafio o governo petista a retirar as tropas e condenar a ocupação militar. Não é livre um país que ocupa outro.


Retirado do Site do PSTU

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Manifestantes protestam no Rio durante o sorteio da Copa

Movimentos sociais denunciam violência contra o povo pobre por causa da Copa e das Olímpiadas


Fotos Noel e Rafael Nunes
Detalhe do protesto no Rio
No dia 30 de Julho, os movimentos populares do Rio de Janeiro deram um passo muito importante ao tomarem as ruas da cidade. Há exatamente dois meses, o Comitê Popular da Copa e Olimpíadas, da qual fazem parte o PSTU, CSP-Conlutas e ANEL, começou a preparação de um ato que denunciasse todas as barbáries que estão sendo cometidas pelos governos, contra a população pobre, com a vinda dos mega eventos.

Não estamos falando apenas da quantidade enorme de desvios de verbas com as obras dos grandes estádios, estradas e aeroportos, recursos esses que poderiam estar sendo investidos nas melhorias das condições básicas de milhões de brasileiros. Nem apenas do Maracanã, que está sendo completamente destruído para dar lugar a um estádio com menos lugares e mais elitizado, onde os pobres também não terão mais acesso, mas de uma brutal criminalização da pobreza que remove, agride e mata todos os dias em nosso país e que se acentuou com o advento dos mega eventos.

Esse dia, que era de festa para os governantes e empresários, já que teria o sorteio das eliminatórias para a Copa do Mundo e valeu a doação de R$ 30 milhões dos cofres públicos (do governo e município do Rio) para empresas controladas pela Globo para organizar o evento, acabou sendo marcado por um dia de protestos em várias frentes do Comitê.



Centenas de pessoas saíram em passeata do Largo do Machado até o local onde era organizado o sorteio, na Marina da Glória. A grande maioria do ato, formado por comunidades e favelas atingidas pelas obras de infraestrutura dos jogos e pela política de segurança dos governos, denunciaram as remoções, a militarização e toda a criminalização da pobreza que vitima milhares de jovens todos os anos.

A CSP-Conlutas, através do setorial de movimento popular, levou uma enorme faixa dizendo “não à criminalização da pobreza, dos movimentos sociais e das lutas”. No início da passeata a Frente Nacional de Torcedores carregava bandeiras e faixas exigindo a saída do presidente corrupto da CBF, Ricardo Teixeira. Uma enorme faixa do PSTU também chamava a saída do corrupto e denunciava os ataques do governador do Rio, Sérgio Cabral, aos trabalhadores. Os profissionais em educação, que estão construindo uma vitoriosa greve, levaram faixas, cartazes, apitos e se somaram às atividades denunciando que os ataques do Governo do Rio, também eram contra o funcionalismo público.

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No final do ato, foi encaminhada uma carta de exigências e princípios aos organizadores do evento e uma bola gigante que simbolizava, através de mensagens escritas e assinadas, que essa Copa não é nossa.

Agora o passo seguinte é organizarmos as jornadas de luta de Agosto com o apoio dos movimentos populares culminando com a marcha em Brasília no dia 24 e preparar o ato do Grito dos Excluídos para o dia 7 de Setembro.

No RS ocorre ato neste dia 5 organizado pela Frente Nacional dos Torcedores, ANEL e CSP-Conlutas. A manifestação será realizada às 12h na Esquina Democrática


Retirado do Site do PSTU

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Governo anuncia pacote bilionário de incentivo à indústria

Poucos meses após anunciar corte de R$ 50 bilhões do Orçamento, governo anuncia medidas que, só de isenções, vão chegar a R$ 25 bi


Dilma Roussef anuncia o plano a plateia de empresários
Nesse dia 2 de agosto em Brasília, a presidente Dilma Roussef anunciou uma “cruzada”. Não se trata de uma cruzada pela educação, saúde ou contra a corrupção que já derrubou dois de seus ministros. O governo deu o pontapé inicial no plano de ajuda à indústria, que prevê bilhões em desoneração e incentivo aos empresários. É o Plano Brasil Maior, nas palavras de Dilma, “uma cruzada em defesa da indústria brasileira diante do mercado internacional que muitas vezes tem ações desleais e predatórias”.

Partindo do argumento do perigo da “desindustrialização” do país frente à concorrência internacional, o governo anunciou um pacote de estímulos dividido em três grandes áreas: “Estímulos ao investimento, comércio exterior e defesa da indústria e do mercado interno”. O total de isenções deve chegar a R$ 25 bilhões em dois anos.

A medida mais controversa do plano é a que zera, para alguns setores, a alíquota patronal de 20% sobre a folha de pagamento destinado à Previdência. A medida beneficiará os empresários dos setores de confecções, calçados, móveis e tecnologia da informação (softwares), os que utilizam mão-de-obra ‘intensiva’, ou seja, que precisam de muitos trabalhadores.

A parte do INSS das empresas será substituída por uma taxação de 1,5% sobre o faturamento. E a diferença, será coberta pelo Tesouro. Só essa desoneração vai causar um rombo anual de R$ 1,3 bilhão aos cofres da Previdência, cujo déficit o governo e a imprensa não se cansam de alertar. Essa diferença será paga com recursos do orçamento. Segundo o plano anunciado pelo governo, um comitê tripartite formado com sindicatos e setor privado irá acompanhar o andamento dessa medida.

Para os exportadores de produtos industrializados, o governo vai pagar o equivalente a 3% da receita das exportações como devolução do Imposto de Renda. Além disso, vai ampliar a desoneração do PIS-Cofins sobre os bens de capital (máquinas), e reduzir o IPI para materiais de construção, carros e caminhões.

Além da renúncia fiscal, o governo vai ainda entrar pesado com uma série de medidas via BNDES. O total de subsídios garantidos pelo banco estatal pode chegar a R$ 500 bilhões até 2014.


Financiando o lucro

O anúncio do Plano Brasil Maior foi recheado por um pretenso discurso nacionalista, em defesa da “indústria nacional” e do crescimento e desenvolvimento do país. “Vemos hoje a indústria manufatureira mundial se defrontando com uma grande capacidade ociosa e buscando mercado a qualquer custo. Eu diria que nós estamos em um cenário de concorrência predatória no mundo” discursou o ministro da Fazenda Guido Mantega.

As linhas gerais do plano, disponibilizado pelo governo na Internet, ao contrário, já não é tão nacionalista assim: ”Frente a um cenário internacional ainda marcado pela incerteza, é preciso atravessar fronteiras e enfrentar a competição nos mercados globais; conquistar liderança tecnológica em setores estratégicos; internacionalizar as nossas empresas e, ao mesmo tempo, enraizar aqui as estrangeiras, para que elas passem a investir cada vez mais em Pesquisa e Desenvolvimento”.

Por trás do discurso nacionalista do governo, está a realidade que ninguém menciona: a indústria brasileira já está desnacionalizada. Assim, o IPI que o governo vai deixar de arrecadar com a indústria automobilística ou o subsídio do BNDES aos setores de ponta, não vai beneficiar a “indústria brasileira”, mas sim grandes multinacionais instaladas no país. E o pior, sem qualquer tipo de contrapartida em benefício dos trabalhadores.

As empresas vão poder continuar demitindo para recontratar com salários menores, ou, como aconteceu em 2008 assim que a crise internacional bateu por aqui, simplesmente demitir em massa, como fez a Embraer, amparada com recursos do BNDES. Naquela conjuntura, a justificativa para a ajuda aos empresários foi a crise. Agora, num cenário de crescimento econômico e altos lucros, a desculpa é a concorrência.

As centrais sindicais, como CUT, Força Sindical e CTB, boicotaram o anúncio do plano alegando não concordarem com a isenção na folha de pagamento. De resto, contudo, apoiam o plano. O próprio Sindicato dos Metalúrgicos do ABC elegeu a “defesa à indústria nacional” como principal bandeira de luta desse semestre.

E o governo Dilma, ao destinar bilhões à indústria poucos meses após cortar R$ 50 bilhões do Orçamento e negar reajuste a diversas categorias do funcionalismo em greve ou não aplicar 10% do PIB à educação, reafirma a verdadeira prioridade de seu governo.


Retirado do Site do PSTU

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Acordo nos EUA evita calote, mas deve aprofundar a crise

Mundo vai continuar pagando o déficit público norte-americano e financiando lucros dos bancos e das grandes empresas


Obama deve enfrentar desgaste político até eleições de 2012
O acordo anunciado pelo governo Obama entre republicanos e democratas para dar fim ao impasse e elevar o teto da dívida dos EUA, hoje em 14,3 trilhões de dólares, está longe de pôr fim à crise econômica e política que toma conta do país. Após semanas de duras negociações sob um ambiente de acirrada polarização, que incluiu negociações ininterruptas por todo o final de semana, o presidente Barack Obama finalmente anunciou um acordo no final da noite de domingo.

O acordo, aprovado pela Câmara dos Representantes, de maioria republicana, na noite dessa segunda-feira, 1º de agosto, garante a elevação do endividamento em 2,1 trilhão de dólares. Em contrapartida, impõe uma redução de 1 trilhão nas despesas do governo para os próximos 10 anos. Uma comissão composta por 12 parlamentares deve ficar responsável ainda por definir, até novembro, um corte adicional de 1,5 trilhão.


Vitória dos conservadores

Apesar de Obama ter anunciado o acordo como um entendimento entre os dois partidos, ele representa uma clara vitória da ala republicana. Isso porque o impasse criado em torno do déficit gira em torno do que fazer para o país continuar conseguindo pagar as suas dívidas. Enquanto o Partido Democrata defendia cortes no Orçamento e, a fim de contemplar parcela de seu eleitorado, aumento nos impostos dos mais ricos e redução de subsídios, os republicanos exigiam que o ajuste se concentrasse exclusivamente na redução de despesas. E é isso o que está sendo aprovado.

A líder dos democratas na Câmara, Nancy Pelosi, claramente constrangida, chegou a definir como “desconcertante” o ajuste fiscal colocadas a voto. O conjunto de medidas que está sendo aprovado desagrada até mesmo a ala mais à direita dos republicanos e boa parte do Tea Party, que insistiam em um corte de gastos mais agressivo. Nessa batalha entre o governo e as duas alas do congresso, todos saíram chamuscados.


Desaceleração e crise

O tão temido calote dos EUA não ocorreu, mas a crise está longe do fim. Enquanto parlamentares se enfrentavam para resolver o nó do déficit, os índices da economia norte-americana desse segundo semestre reafirmavam a desacelaração e a quase estagnação da atividade do país, mais longa que do era esperada. O crescimento do primeiro semestre deste ano é o mais lento desde a primeira metade de 2009, quando oficialmente os EUA saíram da recessão.

A indústria, por sua vez, mostra sinais de arrefecimento. O desemprego, em históricos 9%, não dá sinais de recuperação. Todo esse cenário de crise só vai piorar com os cortes anunciados pelo governo. Alguns analistas temem que o país refaça a trajetória dos anos 1930 quando, logo após a recuperação do crash de 1929, um ajuste fiscal jogou a economia numa duradoura recessão que só teve fim com a 2ª Guerra Mundial.

Os trabalhadores e a maioria da população, sobretudo a mais pobre, devem ser mais uma vez os maiores atingidos pelo ajuste, já que as áreas sociais serão alvos preferenciais dos cortes trilionários.


Mundo vai continuar pagando pelo déficit americano

O gigantesco déficit fiscal dos EUA foi gerado durante o governo W. Bush e usado para financiar os cortes nos impostos dos mais ricos, subsidiar empresas e pagar as guerras do Iraque e Afeganistão. Com a crise econômica deflagrada em 2008, a dívida deu um salto brutal com os pacotes de ajuda ao setor financeiro. Os 14,3 trilhões do déficit representam hoje nada menos que o equivalente a um quarto do PIB mundial (62 trilhões de dólares).

Essa conta é paga por aqueles que detem os títulos da dívida pública norte-americana, em ordem decrescente: China, Japão, Reino Unido, um fundo conjunto de países petroleiros e, finalmente, o Brasil, que detêm 200 bi em títulos. Isso significa que o mundo sustenta o enorme déficit norte-americano. E quem são os maiores beneficiários? O jornal mexicano La Jornada dá uma pista quando informa que os lucros das empresas no país aumentaram 264 bilhões nos últimos três anos, principalmente os do setor financeiro. Isso em uma conjuntura de recessão ou economia cambaleante.

Já o senador democrata Bernie Sanders, em artigo no Wall Street Journal, afirma que os impostos sobre os mais ricos nos EUA estão nas taxas mais baixas da história moderna. Nunca os ricos pagaram tão pouco impostos como agora. “De fato, enfermeiras, professores e bombeiros pagam mais impostos que alguns multimilionários”, afirma.

O déficit norte-americano, financiado pelo restante do mundo, paga os lucros dos bancos, das empresas, dos mais ricos e sustenta a presença militar dos EUA no Oriente Médio. O problema para Obama é que ela está se tornando insustentável.

A medida que está sendo aprovada no Congresso, porém, além de não resolver esse rombo, vai bloquear de vez a recuperação e pode jogar o país novamente em uma recessão. O ano de 2008 mostrou o que acontece com o restante do mundo quando a maior economia do planeta ameaça ruir. A crise política aberta nos últimos meses, por outro lado, é um outro importante fator de instabilidade que se soma à economia no coração do Imperialismo.


Retirado do Site do PSTU

Contra ataques dos patrões, assembleia aprova participação do PSTU na luta dos rodoviários de Fortaleza-CE

A campanha salarial dos rodoviários, em Fortaleza, está a todo vapor. Em negociação há mais de dois meses, os patrões não avançaram em nada a sua proposta. Os trabalhadores, junto com Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários (Sintro-CE) e a CSP-Conlutas, estão mobilizados, e a categoria está com disposição de luta.

O Sintro-CE e a CSP-Conlutas distribuíram 100 mil boletins nos sete terminais da capital cearense, mostrando o caos do sistema de transporte público. O informativo responsabiliza o sindicato patronal (Sindionibus) e a prefeita Luizianne Lins pela situação.


Ataque ao PSTU

Para tentar tirar o foco da campanha salarial e desmobilizar os rodoviários, o Sindionibus distribuiu, na semana passada, um panfleto atacando o PSTU. No material, o sindicato patronal atribui ao partido a forte campanha salarial dos rodoviários. Além disso, atribui ao partido a “introdução” da luta de classe na categoria.

Em resposta, o PSTU esteve na última assembleia da categoria com sua militância e distribui uma nota da direção municipal do partido. Na assembleia, foi aprovada, por unanimidade, a participação do PSTU na campanha salarial e na greve que começa nessa terça-feira, 2 de agosto.


Leia abaixo a nota do PSTU aos rodoviários


É PRECISO LUTAR, É POSSÍVEL VENCER!

Todo trabalhador sabe que patrão não é amigo de trabalhador. Quem obriga a fazer dupla pegada, chupetilha, não paga hora-extra não pode ser amigo dos trabalhadores.

Todo trabalhador sabe que a única coisa que interessa aos patrões é garantir seus lucros. Para conseguir altos lucros eles nos pagam baixos salários e impõe um ritmo de trabalho alucinante.

Porém toda vez que procuramos melhorar nossa vida e das nossas famílias numa campanha salarial os patrões negam tudo. Sempre dizem que não tem condições, que um aumento nos nossos salários, na cesta básica ou um plano de saúde vai quebrar a empresa.

Enquanto trabalhamos mais e mais e nossos salários não garantem vida digna para nossas famílias, os patrões vivem bem, andam de carro importado e gastam em viagens no exterior.

É por isso que dizemos que os interesses de nós trabalhadores são diferentes dos interesses dos patrões. É por isso que qualquer trabalhador sabe que para termos conquistas é preciso lutar. Enquanto a classe trabalhadora luta para melhorar sua vida, os patrões lutam para continuar sua exploração. É isso que chamamos luta de classes.

Só com a nossa luta podemos melhorar a nossa vida. Juntos somos fortes e podemos vencer.


Por que o Sindionibus ataca o PSTU?

O Sindionibus ataca o PSTU para tirar o foco do reajuste de miséria que eles querem impor aos rodoviários. Em mais de um mês de negociação o Sindionibus quer dar apenas a inflação, sem ganho real, sem aumento na cesta básica e sem plano de saúde.

O Sindionibus ataca o PSTU porque o nosso partido defende um sindicato dos trabalhadores, sem patrões. A categoria se lembra que antigamente o Sintro tinha uma direção que não defendia os interesses dos trabalhadores. É por isso que o Sindionibus sente saudade da direção antiga.

O Sindionibus ataca o PSTU porque a categoria confia no nosso partido. Os rodoviários respeitam o PSTU porque sabem que somos aliados, que não nos vendemos para patrão nenhum.

O Sindionibus ataca o PSTU porque defendemos um sistema de transporte público e estatal. E que os próprios trabalhadores possam administrar. Essa é a única forma de termos um transporte de qualidade e barato. O PSTU defende que o Sindionibus abra as contas das empresas para sabermos seus verdadeiros lucros.


O PSTU é um partido diferente. Venha para o PSTU!

O PSTU é um partido diferente. Não aparecemos só nas eleições como os outros partidos. Vocês nos conhecem do dia a dia. Vocês nos vêem na garagem, na greve, no plebiscito. Somos socialistas, queremos construir uma nova sociedade, onde os trabalhadores e suas famílias possam viver melhor do que vivem hoje.

No PSTU não entra empresários. O PSTU não recebe dinheiro de patrões. Defendemos uma sociedade sem patrões, onde nós trabalhadores que somos a maioria da sociedade possamos viver sem sermos explorados.

Somos um partido de operários, professores, bancários e agora com muito orgulho também de rodoviários. A melhor resposta que podemos dar ao Sindionibus é juntos construirmos uma forte campanha salarial e arrancarmos um reajuste digno. Além disso, queremos convidá-los a conhecer nosso partido. Tome partido, filie-se ao PSTU.

DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PSTU
Fortaleza, 28/07/11


Retirado do Site do PSTU