sábado, 6 de agosto de 2011

'Dia do Orgulho Hetero' aprovado pela Câmara de São Paulo vai reforçar homofobia

Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirma que não “não viu nenhum problema” no projeto do vereador Carlos Apolinário (DEM)


Divulgação
Vereador Carlos Apolinário (DEM)
Nesse dia 2 de agosto a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou o projeto de Lei do vereador Carlos Apolinário (DEM) que institui na capital o “Dia do Orgulho Heterossexual”. De acordo com o próprio projeto do vereador ligado às igrejas evangélicas, a prefeitura deverá ficar responsável por, nesse dia, “conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”.

Aprovado, o projeto foi levado para a sanção do prefeito Gilberto Kassab (DEM), que pode vetar ou não. Embora tenha se negado a divulgar qual será a sua decisão, o prefeito já afirmou que não viu “nenhum problema” no projeto aprovado pelos vereadores, “um projeto como outro qualquer”, declarou à imprensa.

Há anos tramitando na Câmara, o projeto foi desengavetado num momento em que crescem os ataques e discursos homofóbicos no país. A aprovação do “Dia do Orgulho Heterossexual” foi amplamente repudiado nas redes sociais, como no Twitter, e chegou a ganhar repercussão internacional. Por outro lado, não são poucos os que mostram simpatia à medida.


Orgulho de quê?

Em defesa de seu projeto, Apolinário repete que “ser gay é um direito, não um privilégio”. E que, já que existe o “Dia do Orgulho Homossexual”, ele teria também o direito de celebrar a sua heterossexualidade. Discurso esse repetido também por seus apoiadores. “É preciso que os gays aprendam a viver em sociedade, respeitando a ordem e os bons costumes. Vamos combater a homofobia e a heterofobia, pois ser gay é um direito e não um privilégio” , escreveu o vereador em um artigo publicado no paulistano Diário de São Paulo.

Seria assim mesmo? “Um grupo oprimido afirma o seu orgulho como forma de reivindicar o seu espaço, a luta por igualdade, contra a inferiorização social”, afirma Douglas Borges, da Secretaria LGBT do PSTU. Já um “Dia do Orgulho Heterossexual” só serviria para “reafirmar o padrão heteronormativo, reafirmar uma posição ideológica já dominante”. Ainda mais, num período de aumento da homofobia, “acirrar a polarização social”. Reforçaria, assim, o ódio contra os homossexuais.

Seria tão absurdo como criar o “Dia do Orgulho Branco”. “Quem ganha com isso são justamente aqueles que pensam como o deputado Jair Bolsonaro” , afirma Douglas, que vê ainda um perigo fascista no discurso moralista de em “defesa da ordem e dos bons costumes”. “Isso faz recordar o movimento reacionário que se vinculava à moral dominante e que serviu de base de apoio ao Golpe Militar de 1964 (marcha da familia com Deus e pela liberdade)"


Retirado do Site do PSTU

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