sábado, 23 de março de 2013

Batalhão de Choque desocupa Aldeia do Maracanã

Ação da PM foi marcada pela violência e truculência contra índios e ativistas de movimentos sociais que estavam no local




Durante a desocupação, indígenas foram brutalmente agredidos pela polícia
Policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar invadiram, na manhã desta sexta-feira, 22 de março, a Aldeia Maracanã. A operação que contou com cerca de 200 policiais, carros blindados e diversas viaturas da PM desocupou o antigo Museu do Índio, retirando a força e de forma truculenta centenas de índios e ativistas dos movimentos sociais que estavam no local. Durante a remoção, sete pessoas foram detidas e dezenas ficaram feridas em decorrência da repressão policial.

O mandado de desocupação expedido pela Justiça Federal venceu no último dia 20 e o despejo dos indígenas estava autorizado desde ontem, quando o governador Sérgio Cabral deu um ultimato, reafirmando o pedido pela imediata desocupação do terreno.

Ainda na madrugada, a polícia cercou o prédio e impediu a entrada de novos ativistas na aldeia. A atuação truculenta do batalhão do Choque começou desde então. Qualquer aproximação do prédio era respondida com spray de pimenta e tiros de bala de borracha. Os ativistas que se concentravam próximo a aldeia em solidariedade aos indígenas eram removidos brutalmente e bombas de efeito moral também foram lançadas contra os manifestantes. Por volta do meio dia, quando os indígenas faziam um canto de despedida, a polícia invadiu e retirou os indígenas que ocupavam o prédio desde 2006. Durante a invasão, ativistas fecharam uma pista da Radial Oeste, mas foram dispersos pela bomba de efeito moral lançada pela polícia.

Em resposta à desocupação e a truculência da polícia, movimentos sociais e partidos políticos convocam uma reunião para organizar a luta em defesa dos índios neste sábado, 23 de março, às 10h, no SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação).


De Cabral a Cabral...

A desocupação da Aldeia do Maracanã é mais uma das políticas de remoção para atender às demandas das empreiteiras nas grandes obras para a Copa do Mundo. Em outubro de 2012, o governador Sérgio Cabral anunciou mudanças no entorno do Maracanã para que o estádio pudesse receber a Copa das Confederações, em 2013, a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016. De acordo com o projeto, o Maracanã passará a pertencer à iniciativa privada, com leilão agendado para abril deste ano, que deverá montar uma estrutura para receber os megaeventos, como a construção de um estacionamento e um shopping.

Para garantir aos empresários os quase três bilhões de lucros com a privatização do Maracanã, o governador quer destruir o prédio histórico de relevante importância para preservação da cultura indígena, a aldeia Maracanã, uma escola pública considerada modelo e um complexo esportivo, utilizado por atletas e pela comunidade do bairro.

Em nome das empreiteiras, Cabral, com o apoio de Dilma, expulsou dezenas de indígenas que, bravamente, resistem pela manutenção da sua cultura, e pretende destruir o prédio histórico, do século 19, que já abrigou o Serviço de Proteção ao Índio, sediou o Museu do Índio e, hoje, era considerado um foco de resistência da cultura indígena em pleno centro do Rio de Janeiro.

  • Nota da Juventude do PSTU-RJ:Aldeia Maracanã Despejada: Sergio Cabral mostra sua truculência em nome dos grandes empreiteiros!


  • Retirado do Site do PSTU

    quinta-feira, 21 de março de 2013

    Dia 21 de março é dia internacional de luta contra o racismo


    Detalhe de ato contra o genocídio da juventude negra, em São Paulo
    O dia 21 de março foi instituído pela ONU como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. A data marca o “Massacre de Shaperville”, acontecido da cidade de Shaperville, África do Sul. Em 1960, nesta data, cerca de 20 mil negros e negras protestavam contra a “lei do passe”, que os obrigava a portar cartões de identificação, limitando os locais por onde podiam circular. O exército atirou contra a multidão deixando 69 mortos e 186 feridos. A instituição da data pela ONU foi fruto de uma exigência do movimento negro.

    Naquela época, vigorava o regime do apartheid. Em 2012, em Joanesburgo, capital sul-africana, já sem o apartheid, a polícia promove mais um massacre: 34 mineiros em greve foram assassinados em Marikana. As mortes aconteceram no governo do presidente Zuma, que um dia lutou contra o apartheid e hoje serve à burguesia.


    Em tempos de crise, oprimidos são os mais atacados

    Existe um abismo assustador entre a situação de negros e a de brancos no mundo. São os negros que estão nos piores empregos e recebem os piores salários até hoje. Com a crise econômica atual, inquestionável a partir da situação da Europa, eles servem como mão de obra barata para garantir que os lucros da burguesia não caiam. Dentre os negros, são as mulheres negras que sofrem mais. Entre toda a casse trabalhadora, negra e branca, são elas que recebem os piores salários.

    Segundo Maristela Farias, da Secretaria Nacional de Negras e Negros do PSTU, no artigo Lógica da senzala continua no Brasil, “o que se dá, na verdade, é uma tentativa ilusória e surrealista de contribuir com o Mito da Democracia Racial, embutido ainda mais na sociedade, que diz que no Brasil não há racismo, que somos todos iguais, e que todos temos as mesmas oportunidades, encobrindo o debate de que há uma dívida histórica com a população negra, desde o tempo da ‘Abolição da Escravatura’. Dívida esta especialmente com as mulheres negras, que desde sempre neste país são trabalhadoras, oprimidas, exploradas e violentadas das mais variadas formas, mesmo após a abolição”

    Ao mesmo tempo, o capitalismo sustenta sua versão de que negros são inferiores, são bandidos. De forma às vezes sutil, a população recebe essas informações dia após dia nas novelas, nos telejornais, nos jornais. Assim, divide a classe e pelo controle ideológico, mantém a opressão racial e a superexploração de um setor enorme de trabalhadores.

    Nesta semana, assistimos ao lamentável episódio de trote racista na UFMG, em que uma menina pintada de preto era segurada por um estudante branco com uma corrente. Nas periferias, a juventude negra continua sendo massacrada, vítima de grupos de extermínios ou do tráfico e da própria marginalização em que é jogada. Essa política é parte da criminalização da pobreza e da “higienização”, implementadas pelos governos.

    O próprio Brasil, cujos governantes e classe dominante tentam fazer parecer um país sem racismo, ocupa militarmente, desde 2004, o Haiti, um país hegemonicamente negro. Nem mesmo governo Lula, eleito por ser considerado um representante dos trabalhadores, acabou com a invasão. A presidente Dilma mantém a mesma política.

    Esses poucos exemplos só provam que o racismo existe e se propaga. Somente com organização dos trabalhadores esse quadro poderá se reverter. A luta contra o racismo é uma luta de toda a classe trabalhadora, brancos e negros. O dia 21 de março deve ser um dia de luta pelo fim, de fato, da discriminação racial.

    Baixe aqui o boletim da CSP-Conlutas sobre a data


    Retirado do Site do PSTU

    Dilma anuncia 11ª rodada de leilões para exploração de petróleo

    Nesta rodada, programada para os dias 14 e 15 de maio no Rio, se pretende entregar 289 blocos (166 no mar e 123 em terra)




    Nova licitação vai aprofundar entrega do petróleo
    O governo Dilma, através da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP), divulgou nesse dia 11 de março o edital para a 11ª rodada de licitações para exploração de petróleo e gás.

    Ao todo, serão ofertados 289 blocos em 23 setores de 11 bacias sedimentares: Barreirinhas, Ceará, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Parnaíba, Pernambuco-Paraíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Tucano. A oferta cobre uma área de 155.800 quilômetros quadrados. Dos 289 blocos, 166 estão localizados no mar – 81 em águas profundas, 85 em águas rasas – e 123 em terra. São 117 blocos, além dos 172 inicialmente ofertados na 11ª rodada: 65 na Bacia Foz do Amazonas, 36 na Bacia de Tucano, 10 na Bacia de Pernambuco-Paraíba e 6 na parte marítima da Bacia do Espírito Santo.

    A rodada inclui áreas em terra e ao largo da costa nordeste, onde a geologia é semelhante às descobertas recentes no Suriname, Guiana Francesa e da costa oeste da África. Haverá blocos em águas profundas do pós-sal nas bacias do Espírito Santo e Pernambuco-Paraíba, mas também 65 blocos em águas rasas e profundas na foz do rio Amazonas. Enfim uma entrega da riqueza nacional “ampla, geral e irrestrita”.


    Shell e outras empresas estão prontas para o leilão

    As multinacionais petroleiras esperam por este leilão já há algum tempo para poderem abocanhar as riquezas petrolíferas descobertas na costa brasileira, afinal o ultimo leilão foi em 2008. É a oportunidade para empresas como a Exxon Mobil Corp, Total AS, Royal Dutch Shell, British Petroleum e Devon, que pretendem avançar sobre as áreas do pré-sal que podem conter pelo menos 5 trilhões de dólares em petróleo.

    “A Shell vai olhar com grande interesse as áreas que serão leiloadas”, disse André Araújo, diretor executivo da Shell Brasil, afirmando ainda esperar “que o leilão da 11 ª rodada marque o retorno de rodadas de licitações regulares.” A canadense Niko Resources, pretende colocar as mãos em pelo menos 2.000 quilômetros quadrados. Em agosto, a Petrobras e a BP Plc descobriram petróleo a 76 quilômetros (47 milhas) da costa, na Bacia do Ceará, onde alguns dos blocos serão leiloados, ressaltando o potencial da região.

    Até mesmo a OGX de Eike Batista está buscando investimentos para as aquisições e, junto com ela, a Odebrecht Óleo & Gás anunciou que “está na pista”. “Queremos agradecer à presidenta Dilma pela sensibilidade de autorizar [a rodada] neste momento, dando sinalização efetiva ao setor” , disse João Carlos de Luca, presidente do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo).

    O governo espera arrecadar até R$ 10 bi com o leilão de blocos de petróleo. E prepara novas entregas para 28 e 29 de novembro de 2013, além de um leilão para exploração de gás e óleo não convencional, incluindo aquele conhecido como gás de xisto, para 11 e 12 de dezembro. O governo necessita deste dinheiro para cobrir os rombos nas finanças do Estado causado pelos constantes subsídios que continua dando às multinacionais de outros setores da economia.

    Com isso, as “Big Oil Companies” tomam nossas riquezas e o patrimônio nacional. A Shell já tem 14 concessões no Brasil, 9 off-shore no Espírito Santo, Campos e Santos e 5 on-shore na bacia do São Francisco. Além da Shell, estão tomando nossas riquezas o BG Group, a Repsol e a Sinopec. Sem falar na Exxon Mobil Corp, que cresceu 18% e a PetroChina Co, que avançou 6%.

    Grande parte da produção de petróleo do Brasil já não pertence mais ao nosso povo. E o que está projetado é que isso continue a acontecer. Nossa riqueza e nossa renda petroleira estão sendo entregues às grandes multinacionais do petróleo e alimentando de combustível o imperialismo norte-americano.


    Dilma mentiu na campanha eleitoral

    “Não vou destruir o Estado, diminuindo seu papel. Não permitirei que o patrimônio nacional seja dilapidado e partido em pedaços” . Essas foram frases do discurso da candidata do PT à presidência durante a campanha eleitoral de 2010. Mas agora os empresários comemoram a entrega do patrimônio nacional no setor petrolífero.

    A continuidade do processo de privatização já atingiu os aeroportos e as rodovias. Setores estratégicos estão sendo entregues aos imperialistas, donos das grandes multinacionais. Aeroportos e o setor energético constituem uma questão de soberania nacional, estratégicos para o nosso desenvolvimento.


    Pela volta do monopólio estatal do petróleo

    Para fazer baixar o preço do litro da gasolina e termos gás de cozinha de graça para a população, é preciso fortalecer a campanha “O petróleo tem que ser nosso”, pela retomada de todos os blocos exploratórios e campos petrolíferos que estão sob o domínio e o controle das “Big Oil”, sem indenização e pela garantia de uma Petrobras 100% estatal.

    Para iniciar o processo de mobilização, no Rio de Janeiro já se realizou, no dia 14 de março, a Plenária da Campanha "O petróleo tem que ser nosso" no Sindipetro-RJ. Foi decidida uma grande mobilização da campanha para barrar a 11ª Rodada de Licitações que acontecerá em Maio. Estiveram presentes os representantes da CSP-Conlutas e do PSTU.

    No entanto, essa mobilização deve ganhar um caráter nacional, mobilizar a sociedade e unificar as entidades do movimento nesta luta. Os petroleiros devem marcar um dia de paralisação nacional para o dia do Leilão. A campanha contra o Leilão deve ser parte integrante da Marcha a Brasília de 24 de abril, assim como os atos do 1º de Maio que ocorrerem em todo pais. É fundamental que sejam formados comitês operativos para coordenarem as ações em todos as cidades e estados.

  • Leilão é privatização
  • Queremos a Petrobrás 100% estatal
  • O petróleo tem que ser do povo brasileiro


  • Retirado do Site do PSTU

    quarta-feira, 20 de março de 2013

    Trote racista e machista não tem graça!

    Recepção aos calouros na Faculdade de Direito da UFMG é marcado por racismo e gera protestos



    Caloura é pintada de preto, acorrentada e identificada como 'Chica da Silva'
    Nesta segunda-feira, 18 de março, começaram a circular, nas redes sociais, imagens que mostram o trote ocorrido na Faculdade de Direito da UFMG. As fotos são chocantes: em uma das imagens, há uma mulher pintada de preto, acorrentada por um estudante branco e com uma placa pendurada em seu pescoço onde se lê “caloura Chica da Silva”. Em outra, há um calouro amarrado em uma pilastra, pintado de vermelho, numa clara alusão aos povos indígenas, circundado por veteranos que imitam a famosa saudação nazista com o braço estendido no ar. Infelizmente, atitudes como estas não são isoladas: tanto o machismo quanto o racismo são uma dura realidade no Brasil inteiro.

    O caso ocorrido na UFMG é mais uma prova do quanto a “democracia racial” brasileira não passa de um mito. Os jovens negros são a parcela da juventude mais atingida pela violência urbana e permanecem em grande medida fora das universidades. Cerca de 53,3% dos homicídios no Brasil em 2010 foi de jovens, sendo desse total 76,6% negros. Trata-se de uma verdadeira pena de morte informal. Além disso, o Censo do Ensino Superior de 2011 apontou que apenas 8,8% dos jovens auto-declarados negros frequentavam ou haviam concluído um curso universitário. Esses fatos mostram o quanto está em jogo o futuro de grande parte dos jovens brasileiros e, nesse sentido, quanto o debate de cotas raciais é atual e é uma luta a ser tomada pelos movimentos sociais.

    Ano passado, foi aprovada a lei que institui cotas nas universidades federais. O projeto do governo aprovado no ano passado é antes de tudo uma conquista do movimento negro, que pressionou o governo Dilma e seus aliados a aprová-lo no período eleitoral e num contexto de muitas lutas, como a do Comitê contra o Genocídio da Juventude Negra de São Paulo e as mobilizações contra os ataques às terras quilombolas em estados como Maranhão, Bahia e Rio Grande do Sul, além da greve nacional da educação. Mas ele carrega uma série de limitações. Não prevê claramente políticas de permanência estudantil, por exemplo. Pelas condições de vida a que está submetida a juventude negra, o projeto será letra morta se não for acompanhado de mecanismos desse tipo. Defendemos também que as cotas estejam dentro uma perspectiva mais global de reparação histórica ao povo negro. Por essa razão, as cotas raciais devem estar desvinculadas das cotas sociais e ser parte da luta contra o próprio capitalismo, que utiliza o racismo e o machismo para pagar baixos salários e oferecer péssimas condições de trabalho aos negros, mulheres e jovens.

    Além disso, o fato de o país ser governado por Dilma não fez caírem os índices de violência contra mulher. No Brasil, uma mulher morre a cada 2 horas vítima de agressão machista. Belo Horizonte é a 13º cidade em que mais se matam mulheres, com 6,2 mortes por 100 mil mulheres, acima da média geral das capitais, de 5,4. Se fizermos um corte racial nos dados da violência contra as mulheres, veremos que grande parte dos casos se dá contra mulheres negras.


    Campanha da Anel contra os trotes racistas e machistas

    Diante desses fatos, não pode considerar mera brincadeira um trote machista e racista. Trata-se de violência inaceitável, na medida em que reproduz preconceitos que, nos casos mais brutais, tiram a vida de milhares de trabalhadores e jovens todos os anos no país e, mesmo quando não chegam a esse ponto, humilham setores historicamente oprimidos no Brasil.

    Em um país no qual Marcos Feliciano, conhecido por suas declarações abertamente racistas, preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, é uma tarefa da juventude intensificar a luta contra o preconceito em todas as suas formas, aumentando as mobilizações que já vêm ocorrendo há duas semanas contra o deputado e contra as opressões.

    Racismo e machismo não têm graça. Repudiamos a disseminação da opressão de setores historicamente excluídos de nossa sociedade. Por isso, vamos lutar para que a reitoria da UFMG e a direção da Faculdade de Direito tomem todas as medidas cabíveis e punam severamente os agressores com a expulsão e para que respondam na Justiça pelos seus atos.


    Retirado do Site do PSTU

    terça-feira, 19 de março de 2013

    Militantes do PSOL de Arujá (SP) rompem com o PSOL e entram no PSTU

    Em carta aberta, militantes denunciam o vale-tudo eleitoral do PSOL e o distanciamento do partido com a estratégia do socialismo


    Carta Aberta

    Nós, militantes do PSOL de Arujá, após avaliação das ações políticas e morais do partido nas eleições municipais, concluímos que o objetivo de constituir uma alternativa eleitoral de esquerda para os trabalhadores, enfrentando os interesses da burguesia naufragou.

    Lamentavelmente, a direção do PSOL sucumbiu à lógica do vale-tudo eleitoral e passou a trilhar o mesmo caminho do PT.

    O Partido foi displicente com a formação de seus militantes, principalmente nos núcleos das pequenas cidades; não levou em conta a diferença entre militantes e filiados; abriu as portas do partido para oportunistas que utilizaram o PSOL como legenda de aluguel, levando ao acirramento e disputas do partido durante o período eleitoral. Erros que indicavam seu fatídico fracasso em ser uma alternativa de luta da classe trabalhadora e da edificação do socialismo. Mas as últimas ações nos levaram a avaliar que nossos ideais socialistas não cabem mais dentro do partido, as coligações com partidos burgueses e o apoio do PT às candidaturas do PSOL revelou que estamos no lugar errado e, assim como o PT não se encontrava mais em disputa quando dele saímos, hoje o PSOL também não.

    Não temos mais confiança militante nos dirigentes do Partido e não avistamos mudanças de rumo, bem como punições para aqueles que traíram a moral operária. Esses são os motivos que nos levam a romper com o Partido e procurar um novo Partido que historicamente mostra coerência entre ação militante e os ideais socialistas, e esse Partido é sem duvida o PSTU.

    Solange
    Maria Alves
    Cathiene
    Selma
    Jorge
    Rita

    Março de 2013


    Retirado do Site do PSTU

    MML: A importância da organização classista das mulheres trabalhadoras

    O machismo é uma ideologia. Um sistema de falsas ideias que cria a falsa verdade de que as mulheres são seres inferiores aos homens. Essa falsa verdade foi incorporada histórica e culturalmente pela sociedade em que vivemos. Dela, se reproduz ações coletivas e individuais condizentes com a ideia de inferiorização das mulheres. É isso que ajuda a explicar as diferentes condições entre homens e mulheres, a desigualdade nos direitos, nos salários, no trabalho, no respeito perante a sociedade, na quantidade de assassinatos e violência contra as mulheres, na responsabilidade com o trabalho doméstico etc.

    Mas a expressão dessa ideologia se manifesta de forma diferenciada entre mulheres de classes sociais distintas. Todas as mulheres estão submetidas à inferiorização proporcionada pelo machismo, mas a condição de classe permite o acesso a direitos, salários, condições sociais diferenciadas que faz com que o machismo seja amenizado sobre as mulheres burguesas em comparação com o machismo sobre as mulheres trabalhadoras.

    Isso acontece porque a ideologia machista é desenvolvida e sustentada pelo sistema político, econômico e social capitalista. O motor da forma de organização da sociedade e suas ideologias – costumes, crenças, ritos, valores etc. – está relacionado ao modelo de desenvolvimento material da sociedade. Dessa forma, a depender da necessidade da produção capitalista, as mulheres serão mais ou menos incorporadas por este sistema.

    Nesse sentido, enfrentar os problemas até hoje proporcionados pelo machismo ao conjunto das mulheres através de medidas por dentro do sistema capitalista é um enfrentamento curto, limitado, sequer mantido para as mulheres burguesas. E em se tratando das mulheres trabalhadoras, as medidas por dentro do capitalismo são mais curtas ainda, pois pouco interferem no elemento central de sua condição de vida: a condição de explorada pelo sistema capitalista.

    A violência contra a mulher, por exemplo, está sendo tratada como uma pandemia, definição da própria ONU de que há um surto global de violência contra as mulheres e de que 7 em cada 10 mulheres ainda sofrerão com agressões físicas e sexuais. Ou então, o exemplo da diferença salarial entre os sexos, em que desde 1919, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) condena a discriminação salarial por sexo, porém as mulheres ainda seguem ganhando menos do que os homens, realizando a mesma função, em todas as partes do mundo e em qualquer posto de trabalho.

    Essa realidade questiona uma premissa da carta de intenções políticas e econômicas do ideário capitalista: o de que todos devem ter os mesmos direitos e devem ser tratados como iguais. Desde a formação do sistema capitalista, isso não tem valido para os setores oprimidos, como as mulheres, negros, indígenas, nacionalidades oprimidas, LGBTs etc.

    Essa incapacidade de o capitalismo respeitar suas próprias “regras” está relacionada ao fato de que essas regras são formais, ou teóricas e de que o que vale mesmo é o desenvolvimento do lucro. Ou seja, se for preciso utilizar a inferiorização histórica das mulheres para elas receberem menos e isso, portanto, contribuir para o desenvolvimento da taxa de lucro dos empresários, isso vai ocorrer.

    Com isso, não há conquista por igualdade, democrática, que se sustente. Por isso, as medidas no interior do sistema capitalista são extremamente curtas e não resolvem o problema da maioria das mulheres, as que além de oprimidas, são exploradas pelo capitalismo.

    Dessa forma, a luta pela libertação completa das mulheres depende de uma transformação radical da sociedade. As mulheres que são favorecidas por pertencerem à classe dominante não buscam essa via de libertação, porque sua condição de exploradoras é o que baliza suas ações políticas. As mulheres trabalhadoras, em contrapartida, só podem alcançar igualdade, respeito e libertação na medida em que o sistema que as explora é transformado. A principal experiência histórica com o socialismo demonstrou a capacidade deste sistema em garantir direitos mínimos que o capitalismo nega historicamente às trabalhadoras. E, para além disso, demonstrou a capacidade desse sistema em colocar as mulheres trabalhadoras com papéis centrais na construção de um mundo novo.

    Para atingir a este objetivo, a classe trabalhadora e por consequência as mulheres trabalhadoras precisam se organizar de forma coerente com os seus objetivos. Pela falta de condições mínimas de igualdade entre homens e mulheres no capitalismo, muitas mulheres assumem formas de organização condizente com seus objetivos estratégicos. Aquelas mulheres que acreditam que o capitalismo pode resolver os problemas das mulheres, acabam por propor formas organizativas que reúnem todas as mulheres, ou seja, de todas as classes sociais.

    Para aquelas que acreditam que a saída fundamental dos problemas das mulheres só se dará através da revolução socialista, a forma organizativa mais adequada e coerente é aquela que organiza a luta concreta, por mais direitos, igualdade, como creches, salário igual, legalização do aborto, contra a violência, mas também a que luta pela transformação socialista da realidade. E quem se organiza em torno disso são apenas as mulheres trabalhadoras, as que defendem o lado da classe trabalhadora na polarização social instituída pelo capitalismo.

    Parte das ações da burguesia para seguir dominando e explorando a classe trabalhadora é criar mecanismo de divisão da classe trabalhadora. O machismo é um desses mecanismos, pois com essa ideologia, os homens da classe trabalhadora também oprimem as mulheres trabalhadoras, tratando-as como seres inferiores, como suas subalternas dentro e fora de casa, como seres apolíticos, que não podem se envolver em temas políticos e sindicais. É muito importante que as organizações da classe trabalhadora tenham consciência disso e medidas de combate ao machismo no interior da classe trabalhadora.

    Dessa forma, a organização estratégica para que as mulheres trabalhadoras possam buscar a transformação socialista da realidade é a organização em um partido político revolucionário, socialista e democrático. Esse é o instrumento fundamental de organização de homens e mulheres trabalhadoras. Entretanto, sob a estratégia dessa organização, podemos e devemos desenvolver táticas de organização que busquem aproximar mais mulheres trabalhadoras para a luta política e sindical.

    Os sindicatos são fundamentais nesse sentido, pois são uma referência na organização da luta dos trabalhadores no Brasil. É necessário que os sindicatos desenvolvam medidas que permitam uma maior presença das mulheres nas atividades, nas ações, nas lutas, na filiação ao sindicato, etc. Medidas específicas devem ser desenvolvidas, porque as mulheres tem dificuldades específicas para se envolver com a luta política e sindical.

    Além de batalhar para fortalecer o trabalho nos sindicatos, nós do PSTU construímos o Movimento Mulheres em Luta como mais uma tática de aproximar as mulheres trabalhadoras, como mais uma forma de tentar quebrar as barreiras do machismo que faz a classe trabalhadora ficar dividida e que faz com que muitos sindicatos não assumam efetivamente a luta das mulheres trabalhadoras. Também construímos o MML como forma de apresentar às mulheres trabalhadoras que se referenciam em outros movimentos de mulheres que buscam saídas por dentro do capitalismo, de que é necessária uma alternativa de organização que aponte que a luta das mulheres trabalhadoras só pode ser efetivamente vitoriosa se tiver como objetivo final a luta pelo socialismo.


    Retirado do Site do PSTU

    Alckmin e prefeita do PT reprimem desabrigados da chuva em Cubatão

    Tropa de choque reprime e expulsa desabrigados que ocuparam conjunto habitacional



    Tropa de choque expulsa vítimas da chuva
    Com apoio de helicóptero, tropa de choque e cavalaria, a prefeita de Cubatão, Márcia Rosa (PT), e o Governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), expulsaram do Bolsão 9 as vítimas da enchente que atingiu o litoral de São Paulo em 22 de fevereiro. Uma operação de guerra, disposta a lançar mão de toda a repressão em caso de resistência, que aconteceu no final da madrugada desse dia 14 com a presença de 500 agentes do Estado - entre policiais militares e funcionários da Prefeitura.

    Sem ter onde morar e a quem recorrer, cerca de 600 pessoas se viram forçadas, logo após a enchente que desabrigou mais de 1.500 moradores, a ocupar as unidades do conjunto habitacional Parque dos Sonhos, o Bolsão 9. Desde então, os governos municipal (PT) e estadual (PSDB) colocaram as "diferenças" de lado e juntaram esforços para efetuar a reintegração de posse da área, reservada para receber moradores das encostas da serra.

    O conjunto é fatiado entre os dois poderes, sendo que dos 489 imóveis ocupados (de um total de 770), 26 pertencem à prefeitura e 463 à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), do Governo do Estado. A divisão também influenciou a "sorte" de alguns e o "azar" de outros. A maioria daqueles que estavam em apartamentos da Prefeitura foi transferida para o Ginásio Castelão, onde já se amontoam 109 pessoas, e para a Associação Cubatense de Defesa dos Direitos das Pessoas Deficientes (ACDDPD).

    As famílias que estavam nos apartamentos do Governo do Estado não tinham para onde ir, com destino incerto. Sem abrigo, algumas pessoas se dirigiram até o Castelão, mas encontraram as portas fechadas. "Cheguei aqui e disseram que não podia entrar mais ninguém. Estou sem ter para onde ir", afirmou o montador de andaimes Vladimir Costa Belo, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. Ele e a esposa, grávida de seis meses, foram recusados pela prefeitura porque o local "não teria espaço para receber mais pessoas".

    Uma das mulheres expulsas do Bolsão 9, a pensionista Maria Aparecida Souza, denunciou a quebra de uma promessa do Poder Público ao Jornal A Tribuna. "Foi combinado que a desocupação seria feita às 10h, e todos, sem exceção, teriam benefícios. Nada disso foi cumprido. Luto pelos meus filhos e netos. Se eu morrer hoje, não tem nada, não. Não temos para onde ir, nem um teto para dormir. Tenham piedade".

    Como solução, os governantes que nada fizeram para evitar o caos que se abateu sobre essas famílias, sugerem o deslocamento para a casa de parentes, sem nem mesmo saber se os desabrigados contam com familiares na Região ou se esses familiares têm condições de receber essas vítimas.


    Omissão e ódio de classe: a contrapartida de Márcia Rosa (PT) e Alckmin (PSDB)

    Mais uma vez, as consequências da omissão e incapacidade de ações preventivas do poder público recaíram sobre os trabalhadores e a população pobre. Casas foram alagadas, bens conquistados com suor foram perdidos e levados pela chuva. Uma pessoa morreu. E a resposta dos governos, para quem essa tragédia anunciada não passa de uma fatalidade, têm sido condenar a população mais pobre a sua própria sorte.

    Mesmo com todo o cenário caótico, com famílias inteiras sem ter onde morar, a prefeita Márcia Rosa segue o discurso de que todo o atendimento e assistência continuam sendo prestados às vítimas. Uma hipocrisia que ofende o drama vivido por essas famílias, pois a mesma Prefeitura que foi incapaz de realizar ações preventivas contra as consequências da enchente realizou um aumento de 100% no IPTU para este ano e tem em suas mão um PIB de R$ 6,2 bilhões, o segundo maior da Baixada Santista e o 29° do Estado de São Paulo. Uma hipocrisia porque a mesma prefeita que se diz solidária e comovida com a dor dessas pessoas foi a responsável por entrar, ao lado do governo do Estado, com um pedido de liminar de reintegração de posse do conjunto ocupado pelas vítimas da enchente.

    Na verdade, Márcia Rosa tem demonstrado à população por que o PT não merece mais ser chamado de Partido dos Trabalhadores. Recentemente, a prefeita perseguiu 12 professores por participarem de uma manifestação por melhores salários. Acusando-os de baderneiros, instaurou um processo administrativo contra os trabalhadores que prevê a demissão de todos eles.

    Agora, diante da enchente, voltou a destilar ódio contra os trabalhadores e o povo pobre. Em entrevista ao Jornal A Tribuna, publicada no dia 25 de fevereiro, Márcia Rosa classificou a ocupação do Bolsão 9 como uma "ousadia sem limites". E completou: "Não adianta querer invadir, que vai sair. (...). Quem invadiu vai sair, vai responder processo, porque não aceitamos esse tipo de atitude."

    O que a prefeita esquece é que os trabalhadores vivem nas áreas "coincidentemente" mais afetadas pelas chuvas e depois são obrigados a ocupar prédios vazios ou abandonados por culpa dos governantes, que não oferecem alternativas seguras de habitação. Os baixos salários, o desemprego e a pobreza, aliados à especulação imobiliária, obrigam a população pobre a ocupar os terrenos mais baratos, como as encostas e vales de rio. Esse é um processo que vem se intensificando na Baixada Santista e a resposta dos governantes têm sido a repressão, a criminalização da pobreza e a expulsão desses trabalhadores para regiões ainda mais afastadas e carentes de serviços públicos.

    O Governo Federal - comandado pelo PT há quase 12 anos, nada fez também para evitar novas tragédias em nível nacional. Por isso, todo ano as tragédias se repetem, mudando apenas de cidade ou de Estado. Apesar dos problemas com chuvas serem recorrentes nessa época, Dilma aplicou apenas 32,2% dos recursos previstos para a prevenção e resposta a desastres em 2012. Ao todo, R$ 5,7 bilhões estavam autorizados no orçamento do exercício passado, mas apenas R$ 3,7 bilhões foram empenhados e R$ 1,8 bilhão pagos.

    Mas essa política criminosa não é uma exclusividade do governo do PT. Geraldo Alckmin deu declarações de que a população cubatense não ficaria desamparada, mas até agora nada fez. Para ajudar as famílias de Cubatão, propõe como solução um auxílio-moradia de R$ 400,00 que não contempla até o momento nem metade dos desabrigados. Perguntamos ao Governador, que nunca foi vítima da especulação imobiliária que atinge a Baixada Santista: você conseguiria alugar uma residência com condições dignas de habitação para a sua família com R$ 400 mensais? A única ação de Alckmin até agora foi participar da ação que expulsou os desabrigados do Bolsão 9.

    Por isso, os trabalhadores, as trabalhadoras e o povo pobre de Cubatão não devem depositar qualquer confiança no PT e no PSDB. Ambos se igualam em irresponsabilidade social e demagogia.


    Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito!

    Nós, do PSTU, somos solidários com a população de Cubatão. As chuvas que causaram estrago ao povo pobre de Cubatão não podem ser um novo exemplo de impunidade. Na região Serrana do Rio de Janeiro, onde aconteceu uma das maiores tragédias do País com mais de 900 mortes, mais de 2 anos depois nenhuma casa foi entregue aos desabrigados.

    Exigimos que os Governos Federal, estadual e municipal indenizem financeiramente e construam casas para as pessoas que foram atingidas pelas chuvas. Além disso, os políticos responsáveis pela aplicação das verbas na prevenção de acidentes naturais, coletas de lixo e saneamento básico que não o fizerem devem ser responsabilizados.


    Retirado do Site do PSTU