domingo, 20 de janeiro de 2013

Assentamento Milton Santos ocupa prédio do INCRA

Setenta famílias de assentamento do interior de São Paulo correm o risco de serem despejadas
 


Ocupção do prédio do Incra em São Paulo
Há sete anos, mediante determinação do próprio INCRA, famílias foram assentadas em uma área localizada entre os municípios de Americana e Cosmópolis, no interior de São Paulo. Este foi o início do assentamento Milton Santos que hoje conta com a participação de 70 famílias que trabalham na terra, plantando e produzindo. “Este ano, se a polícia não passar por cima, vou colher um caminhão de milho” , disse Pedro, um pequeno agricultor que trabalha nesta terra desde o início do assentamento.

A área pertencia ao Grupo Abdala que, devido a dívidas com o governo, passou a ser do INSS. Ano passado a família decidiu recorrer e, desde então, os assentados vem recebendo pressão do Governo Federal para deixarem a área. Com a finalidade de dar visibilidade ao caso e mostrar sua resistência, os assentados promoveram uma série de ações ao longo deste ano, como a ocupação do escritório da presidenta Dilma, em São Paulo, e outros protestos na cidade de Americana.

Na madrugada desta terça-feira, 14, o movimento ocupou prédio do INCRA, na cidade de São Paulo, como forma de pressionar o Governo Federal para que atenda a reivindicação de desapropriação da área por interesse social. A ocupação segue vitoriosa contando com o apoio e a presença de muitos grupos engajados pelo ideal da reforma Agrária em nosso país. Nós do PSTU estamos também nesta luta!

Na tarde desse dia 16, os assentados receberam a notificação de que teriam 15 dias para desocupar a área. “Meu filho nasceu e cresceu lá, vai ser muito triste pra gente ver o trator chegar e derrubar nossa casa e tudo aquilo que a gente construiu trabalhando” , disse Napoleão, outro assentado que também mora lá desde o primeiro ano do assentamento. O sentimento de tristeza dos assentados se mistura com a indignação com o descaso do Governo Federal em relação ao assentamento.

“Foi o Governo Federal que colocou a gente lá e é ele que agora tá colocando a gente na rua” , desabafou Pedro, que ainda relembrou que, muitas vezes, o governo prefere liberar milhões para o latifúndio, deixando à míngua muitos movimentos que expressam o conflito fundiário, como o Pinheirinho, o Movimento Sem–Teto e os Índios Guarani-Kaiowa. Inclusive, no trajeto até São Paulo, uma coincidência fez com que representantes de outro acampamento do interior de São Paulo que estavam indo até o INCRA devido ao recebimento de uma ameaça de reintegração de posse, encontrassem o povo do Milton Santos e viessem se somar nesta luta. “A humilhação com o povo pobre é grande”. Assim concluiu a nossa conversa, um idoso assentado do Milton Santos.

A única forma de garantir que as famílias não sejam despejadas da terra onde vivem e trabalham há sete anos é por meio de um decreto assinado pela presidenta Dilma autorizando a desapropriação da área por interesse social. Porém, até agora, nada de concreto foi feito. Como disse um dirigente do movimento durante a assembleia de hoje: “a experiência do Pinheirinho ensinou uma coisa pra gente: que não podemos acreditar em promessa. É importante fazer com que as autoridades se comprometam, mas não podemos depender delas”. Assim, a crítica situação do assentamento Milton Santos pode acabar tendo o mesmo fim de tantos outros movimentos de luta por terra e moradia deste país que, confiando no governo do PT, tiveram como resposta apenas a violência policial e a decepção política, como foi o caso do massacre do Pinheirinho no ano passado.

A importância desta luta nos mostra a necessidade de articulação entre as organizações comprometidas com a luta da classe trabalhadora em nosso país. Por isso, nós do PSTU fazemos um chamado às organizações para que, assim como nós, venham fortalecer a luta dos trabalhadores do Milton Santos!

Milton Santos, resistência e luta!


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Retirado do Site do PSTU

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