segunda-feira, 4 de abril de 2011

Eleitor pergunta: Como combater o desemprego?

No último dia 29/03, recebi um questionamento de um eleitor, o Sr. Pedro Aparecido, sobre a questão do desemprego. Confiram:

"Sr. Juary,

Tudo bem?

Votei em você nas últimas eleições porque gosto de suas propostas e de seu posicionamento político. Gostaria de conhecer melhor suas ideias sobre o desemprego. O que o governo de nosso Estado deve fazer para combatê-lo? Já ouvi diversas opiniões e estou bastante confuso.

Muito Obrigado,

Pedro Aparecido
"


Prezado Pedro,

Tudo bem?

Agradeço a sua atenção e fico contente de saber que você depositou sua confiança no PSTU, que é uma alternativa classista e socialista, em defesa dos trabalhadores.

Essa sua pergunta sobre desemprego também foi feita por outros companheiros que votaram na nossa candidatura nas eleições de 2010, de modo que irei expor basicamente o que tenho dito a esses companheiros que nos procuram com dúvidas/questionamentos semelhantes.

Primeiro, temos que encarar o desemprego como ele realmente é: uma mazela social. A última pesquisa do PNAD (2008) informa que aproximadamente 8% dos trabalhadores do RN estão desempregados. Isso significa algo em torno de 120 mil trabalhadores sem emprego. Além disso, quase 65% dos trabalhadores, o que totaliza quase 1 milhão de trabalhadores, estão em empregos informais, ou seja, com baixos salários, sem carteira assinada, relações de emprego precarizadas, sem direitos trabalhistas, etc.

Por outro lado, os patrões lucram muito. Só no Governo Lula, os grandes empresários lucraram 400%, nos últimos oito anos. Também é inaceitável que o Governo Lula tenha gasto 380 bilhões só em 2009 (mais de 35% do orçamento nacional) para salvar os banqueiros e especuladores da crise econômica e não tenha apresentado um projeto, uma emenda, nada que beneficiasse os trabalhadores.

Para solucionar esse problema e necessário, antes de qualquer coisa, ter clareza que este não é um problema localizado somente no RN. O governo local, se fosse controlado pelos trabalhadores e se governasse para eles, poderia fazer muita coisa, principalmente se acabasse com as terceirizações e com a entrega do patrimônio público às empresas. Mas, não se pode atacar de fato o desemprego (que é um fenôneno estrutural do capitalismo) sem parar imediatamente a sangria de recursos (que são dos trabalhadores, recolhidos através dos impostos que vêm sendo destinados a pagar juros e amortizações ao capital especulativo. Se utilizássemos esses mais de 300 bilhões que estão sendo gastos com os banqueiros para custear políticas públicas que garantam emprego, terra, saúde, educação, salário, moradia e vida digna para os trabalhadores, viveríamos em outra situação. Para isso, é necessário estatizar o sistema financeiro e utilizar os recursos em benefício da população. Com esses recursos seria possível financiar um grande plano de obras públicas de saneamento, infra-estrutura, transporte, construção de hospitais e escolas, absorvendo a mão de obra ociosa que hoje existe no país. Uma medida como essa criaria aproximadamente 21 milhões de empregos e poderia perfeitamente garantir o pleno emprego no RN, que precisa e muito desse plano de obras.

E a outra coisa não menos importante é a redução da jornada de trabalho para 36h semanais, sem redução de salário. Isso garantiria a abertura de mais postos de trabalho para absorver os trabalhadores desempregados e os jovens que buscam o primeiro emprego. Os patrões dizem que isso é impossível, mas sabemos que o progresso tecnológico ao longo do tempo propiciou um aumento descomunal na produtividade, ou seja, os trabalhadores produzem em muito menos tempo aquilo que antes levava 8, 10, 12 horas. Significa que os trabalhadores estão produzindo mais, os patrões estão lucrando mais, mas nem o salário e nem os postos de trabalho aumentam na mesma proporção. Pelo contrário, quanto mais o trabalho é mecanizado e automatizado, mais os empresários lucram e mais eles demitem os trabalhadores. Por isso, a redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, é a única medida séria que pode avançar na resolução do problema do desemprego.

Entretanto, sabemos que essas políticas não podem ser simplesmente conseguidas através dos governantes eleitos e, muito menos, do parlamento. Evidente que a nossa presença na Câmara Federal (ou de qualquer outro camarada do PSTU, em qualquer outro posto de representação política) significaria uma postura de denúncia de todas as aberrações que existem no seio do regime da “democracia representativa”, bem como uma luta sem tréguas por essas propostas e por todas as outras que atendem aos interesses dos trabalhadores. Mas, sabemos que os representantes eleitos correspondem sobretudo a um interesse de classe, de modo que a classe dominante (os grandes empresários, os banqueiros, os latifundiários, etc.), enquanto persistir esse modelo de sociedade, sempre terá vantagens para eleger seus próprios tribunos. São as grandes empresas, os bancos, as multinacionais, etc. que financiam as campanhas da gigantesca maioria dos partidos e dos candidatos e não por acaso, quando são eleitos esses governam igualmente para seus financiadores. Portanto, nós do PSTU entendemos que para além da luta para eleger trabalhadores, socialistas e defensores da nossa classe, temos também a obrigação de defender e impulsionar as lutas, as greves, as mobilizações, afinal, os trabalhadores unidos e em luta por suas aspirações podem conseguir coisas que, em tempos de marasmo e descrédito, podem parecer impossíveis.

Espero que tenha respondido a contento suas perguntas. Me coloco à disposição para qualquer dúvida.

Um forte abraço,

Juary

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