Em seu último período de vida, geógrafo esteve engajado na luta contra as mudanças no Código Florestal.
A morte do geógrafo Aziz Ab’Saber, no último dia 17, representa a perda de um grande cientista que, como muitos articulistas ressaltaram, realizou estudos pioneiros sobre a diversidade paisagística de nosso país. Dono de um vasto conhecimento em vários ramos das ciências, o geógrafo chamou a atenção para a interação dos diversos elementos dessa paisagem (relevo, clima, vegetação, hidrografia, geologia, solo) que produzem e transformam as formas do relevo. Também é uma das maiores referências para aqueles que desejam se iniciar no estudo científico sobre a dinâmica da natureza e sua relação com o ser humano.
Mas Aziz também foi um arguto crítico das políticas envolvendo a questão ambiental, especialmente no que se refere ao conjunto dos projetos implementados pelos governos Lula e Dilma nesses últimos 10 anos, como a transposição do Rio São Francisco. Algo que, evidentemente, não foi recordado pelas muitas notas de pesar elaboradas pelos apoiadores do atual governo, como figuras de proa do PT e o PCdoB.
Sua última batalha foi travada contra as absurdas alterações - “a favor de classes sociais privilegiadas”, como dizia Aziz - do Código Florestal. Em carta escrita em 2010, dirigida aos parlamentares do Congresso Nacional (leia aqui), o geógrafo apelava “aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários”.
Na carta, Aziz alerta especialmente para os impactos ambientais e sociais que as mudanças exigidas pelos ruralistas terão na Amazônia. Explica que a floresta estará ameaçada, assim como sua enorme bacia hidrográfica, caso a taxa de preservação florestal das propriedades seja rebaixada de 80% para 20%. “Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada derruição, comparava.
Também denuncia o enorme poder dos latifundiários na região, que cometem inúmeros crimes, enquanto gozam de ampla impunidade: “Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exército paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação tem mais força do que governadores e prefeitos”, afirma numa passagem na qual revela um assombroso episódio ocorrido em Marabá (PA), quando um grupo de fazendeiros desfilou com seus cavalos pela cidade, enquanto a população fugia para suas casas.
Em alternativa a revisão do Código Florestal, Aziz sugere a criação de “um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território”. No entanto, como lembra o professor, Brasília qualificou a proposta como “inoportuna”.
Aziz nos deixou em momento delicado. O Congresso Nacional está prestes a realizar o maior desmonte da política ambiental brasileira – em acordo com o governo Dilma, diga-se passagem.
As mudanças do Código Florestal só interessam aos grandes capitalistas do campo, aqueles cujos interesses o governo do PT sempre zelou. Para estes senhores, é preciso desmatar para abrir pastagens, plantar soja (para reação de gado europeu), eucalipto, vender madeira e especular com a terra. A lei impede esse avanço.
A melhor forma de homenagear Aziz é dar continuidade a essa luta, a última que foi travada pelo incansável professor.
Retirado do Site do PSTU
A morte do geógrafo Aziz Ab’Saber, no último dia 17, representa a perda de um grande cientista que, como muitos articulistas ressaltaram, realizou estudos pioneiros sobre a diversidade paisagística de nosso país. Dono de um vasto conhecimento em vários ramos das ciências, o geógrafo chamou a atenção para a interação dos diversos elementos dessa paisagem (relevo, clima, vegetação, hidrografia, geologia, solo) que produzem e transformam as formas do relevo. Também é uma das maiores referências para aqueles que desejam se iniciar no estudo científico sobre a dinâmica da natureza e sua relação com o ser humano.
Mas Aziz também foi um arguto crítico das políticas envolvendo a questão ambiental, especialmente no que se refere ao conjunto dos projetos implementados pelos governos Lula e Dilma nesses últimos 10 anos, como a transposição do Rio São Francisco. Algo que, evidentemente, não foi recordado pelas muitas notas de pesar elaboradas pelos apoiadores do atual governo, como figuras de proa do PT e o PCdoB.
Sua última batalha foi travada contra as absurdas alterações - “a favor de classes sociais privilegiadas”, como dizia Aziz - do Código Florestal. Em carta escrita em 2010, dirigida aos parlamentares do Congresso Nacional (leia aqui), o geógrafo apelava “aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários”.
Na carta, Aziz alerta especialmente para os impactos ambientais e sociais que as mudanças exigidas pelos ruralistas terão na Amazônia. Explica que a floresta estará ameaçada, assim como sua enorme bacia hidrográfica, caso a taxa de preservação florestal das propriedades seja rebaixada de 80% para 20%. “Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada derruição, comparava.
Também denuncia o enorme poder dos latifundiários na região, que cometem inúmeros crimes, enquanto gozam de ampla impunidade: “Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exército paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação tem mais força do que governadores e prefeitos”, afirma numa passagem na qual revela um assombroso episódio ocorrido em Marabá (PA), quando um grupo de fazendeiros desfilou com seus cavalos pela cidade, enquanto a população fugia para suas casas.
Em alternativa a revisão do Código Florestal, Aziz sugere a criação de “um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território”. No entanto, como lembra o professor, Brasília qualificou a proposta como “inoportuna”.
Aziz nos deixou em momento delicado. O Congresso Nacional está prestes a realizar o maior desmonte da política ambiental brasileira – em acordo com o governo Dilma, diga-se passagem.
As mudanças do Código Florestal só interessam aos grandes capitalistas do campo, aqueles cujos interesses o governo do PT sempre zelou. Para estes senhores, é preciso desmatar para abrir pastagens, plantar soja (para reação de gado europeu), eucalipto, vender madeira e especular com a terra. A lei impede esse avanço.
A melhor forma de homenagear Aziz é dar continuidade a essa luta, a última que foi travada pelo incansável professor.
Retirado do Site do PSTU
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