Vitória governista... mas espaço de oposição de esquerda se amplia
As eleições burguesas expressam de forma distorcida a relação de forças na sociedade. As que estão ocorrendo no Brasil mostram a situação não revolucionária, o peso do governo. Mas também sinalizam perspectivas de mudanças, demonstrando um espaço de oposição de esquerda real no país.
Existe um marco geral de estabilidade burguesa que explica em grande parte as vitórias eleitorais do governismo (seja federal, estadual ou municipal). Ou ainda, que a amplíssima maioria dos candidatos vitoriosos esteja no marco dos dois blocos burgueses (PT e partidos da base governista de um lado, PSDB e DEM de outro).
Mas houve diferenças com as eleições de 2008, no qual esse governismo teve um peso quase absoluto, com os prefeitos conseguindo se reeleger ou impor seus substitutos em todo o país. Dessa vez, se expressou uma experiência desigual das massas com as prefeituras, a primeira instância do poder visível. A aprovação ou não dos prefeitos atuais, por exemplo, teve um papel central nas eleições de São Paulo e Recife (rejeição a Kassab, do PSD, e João Costa, do PT), assim como na de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre (aprovação de Marcio Lacerda, Paes e Fortunatti).
Existiu também uma ruptura no plano municipal do bloco de partidos de apoio a Dilma. O mais importante foi a do PSB com o PT em Recife, Belo Horizonte e Fortaleza. O PSB venceu nas capitais de Minas Pernambuco e segue na disputa em Fortaleza. Assim cacifa seu presidente, Eduardo Campos, para as eleições de 2014, seja para um lugar privilegiado na chapa comandada pelo PT, seja para o bloco da oposição de direita (com Aécio Neves, do PSDB).
A possível vitória petista
Está ocorrendo um segundo turno em 17 capitais e muitas outras grandes cidades, que selarão um balanço definitivo das eleições. Qualquer avaliação nesse momento deve permanecer em aberto. Mas algumas hipóteses já podem ser apontadas.
É provável que o PT vença em São Paulo em função da alta taxa de rejeição a José Serra (PSDB). Caso isso aconteça, pode ser que o PT saia dessas eleições com uma grande vitória. Uma vitória importante no estado de São Paulo (incluindo ABC, a região de São José dos Campos, além de Osasco e Guarulhos) que pode alavancar a disputa pelo governo do estado em 2014. Uma vitória nacional, caso ganhe a maioria das outras disputas municipais.
Vai se materializar aqui um elemento muito importante da situação nacional: o peso do governo petista. Existe ainda uma alta aprovação de Dilma, que segue com índices próximos a 70% de aprovação. Caso eleja Haddad, Lula terá repetido sua vitória com Dilma, elegendo um antes quase desconhecido na principal cidade do país.
Existe a possibilidade de uma vitória de conjunto do PT e dos partidos da base governista nessas eleições, selando mais uma derrota da oposição de direita.
Um sinal do novo: o espaço de oposição de esquerda se amplia
Mas existe um elemento novo nessas eleições. O espaço de oposição de esquerda se expressou como não havia ocorrido desde o início dos governos petistas. Em 2006, a maior expressão disso foi Heloísa Helena (6,85%, frente PSOL-PSTU-PCB). Agora houve votações bem maiores em muitas cidades do país.
A ida dos candidatos do PSOL, como Edmilson Rodrigues, em Belém, e de Clésio para o segundo turno, em Macapá, assim como votações de peso em Freixo no Rio (28%); Roseno (12%), em Fortaleza; e Vera (6,68%), do PSTU, em Aracaju, indicam um dado novo da realidade.
Pode ser que esteja começando a se expressar um desgaste pela esquerda do PT em função da tendência da estagnação na economia que está chegando à consciência das massas. Pode ser reflexo do ascenso sindical existente no país, que apesar de não ser generalizado tem originado enfrentamentos com o governo. Em menor nível, pode ser também reflexo dos desgastes causados pelas denúncias de corrupção no escândalo do mensalão.
O Brasil está, lentamente, se aproximando da instabilidade internacional. Ainda tem uma economia em crescimento, embora pequeno, um governo de prestígio. Mas existe essa aproximação lenta através das mudanças da economia, no ânimo da vanguarda que acompanha as revoluções no Oriente Médio e Norte da África, assim como as mobilizações dos trabalhadores e da juventude na Europa.
Mas esse espaço pode sinalizar modificações na realidade política brasileira. Como estamos falando de um fenômeno inicial, de um elemento de transição dentro da situação não revolucionária, tudo isso pode retroceder. Mas é um dado alentador que exista nos dias de hoje, e que sinaliza um processo que pode se ampliar na realidade concreta da luta de classes pós-eleitoral.
Outra coisa é a resposta dada a esse espaço de oposição de esquerda pelos distintos partidos que intervém nessa luta. O PSOL está armando novas frentes populares, bem semelhantes as que foram construídas no passado pelo PT. Em Belém, Edmilson procura o PMDB para costurar uma aliança para o segundo turno. Em Macapá, o PSOL se aliou ao PV, PSB, PRTB. Em ambas as cidades, o PSOL defende um programa que em nada se diferencia dos apresentados pelo PT. Ou seja, o PSOL se apropria do espaço a esquerda para recriar as mesmas receitas do PT.
Ao contrário, o PSTU apresentou candidaturas como as de Vera em Aracaju com um programa classista e socialista, não precisando girar a direita para ganhar votos. Assim também foi em Belém e Natal, com a eleição de Cleber e Amanda, vitórias construídas com um perfil oposto ao do PT e da burguesia.
Cleber Rabelo e Amanda Gurgel são eleitos vereadores pelo PSTU, em Belém e Natal
Editorial: Uma grande vitória no terreno do inimigo
Nota do PSTU Recife sobre as eleições municipais
Retirado do Site do PSTU
Espaço de esquerda aumentou nessas eleições |
As eleições burguesas expressam de forma distorcida a relação de forças na sociedade. As que estão ocorrendo no Brasil mostram a situação não revolucionária, o peso do governo. Mas também sinalizam perspectivas de mudanças, demonstrando um espaço de oposição de esquerda real no país.
Existe um marco geral de estabilidade burguesa que explica em grande parte as vitórias eleitorais do governismo (seja federal, estadual ou municipal). Ou ainda, que a amplíssima maioria dos candidatos vitoriosos esteja no marco dos dois blocos burgueses (PT e partidos da base governista de um lado, PSDB e DEM de outro).
Mas houve diferenças com as eleições de 2008, no qual esse governismo teve um peso quase absoluto, com os prefeitos conseguindo se reeleger ou impor seus substitutos em todo o país. Dessa vez, se expressou uma experiência desigual das massas com as prefeituras, a primeira instância do poder visível. A aprovação ou não dos prefeitos atuais, por exemplo, teve um papel central nas eleições de São Paulo e Recife (rejeição a Kassab, do PSD, e João Costa, do PT), assim como na de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre (aprovação de Marcio Lacerda, Paes e Fortunatti).
Existiu também uma ruptura no plano municipal do bloco de partidos de apoio a Dilma. O mais importante foi a do PSB com o PT em Recife, Belo Horizonte e Fortaleza. O PSB venceu nas capitais de Minas Pernambuco e segue na disputa em Fortaleza. Assim cacifa seu presidente, Eduardo Campos, para as eleições de 2014, seja para um lugar privilegiado na chapa comandada pelo PT, seja para o bloco da oposição de direita (com Aécio Neves, do PSDB).
A possível vitória petista
Está ocorrendo um segundo turno em 17 capitais e muitas outras grandes cidades, que selarão um balanço definitivo das eleições. Qualquer avaliação nesse momento deve permanecer em aberto. Mas algumas hipóteses já podem ser apontadas.
É provável que o PT vença em São Paulo em função da alta taxa de rejeição a José Serra (PSDB). Caso isso aconteça, pode ser que o PT saia dessas eleições com uma grande vitória. Uma vitória importante no estado de São Paulo (incluindo ABC, a região de São José dos Campos, além de Osasco e Guarulhos) que pode alavancar a disputa pelo governo do estado em 2014. Uma vitória nacional, caso ganhe a maioria das outras disputas municipais.
Vai se materializar aqui um elemento muito importante da situação nacional: o peso do governo petista. Existe ainda uma alta aprovação de Dilma, que segue com índices próximos a 70% de aprovação. Caso eleja Haddad, Lula terá repetido sua vitória com Dilma, elegendo um antes quase desconhecido na principal cidade do país.
Existe a possibilidade de uma vitória de conjunto do PT e dos partidos da base governista nessas eleições, selando mais uma derrota da oposição de direita.
Um sinal do novo: o espaço de oposição de esquerda se amplia
Mas existe um elemento novo nessas eleições. O espaço de oposição de esquerda se expressou como não havia ocorrido desde o início dos governos petistas. Em 2006, a maior expressão disso foi Heloísa Helena (6,85%, frente PSOL-PSTU-PCB). Agora houve votações bem maiores em muitas cidades do país.
A ida dos candidatos do PSOL, como Edmilson Rodrigues, em Belém, e de Clésio para o segundo turno, em Macapá, assim como votações de peso em Freixo no Rio (28%); Roseno (12%), em Fortaleza; e Vera (6,68%), do PSTU, em Aracaju, indicam um dado novo da realidade.
Pode ser que esteja começando a se expressar um desgaste pela esquerda do PT em função da tendência da estagnação na economia que está chegando à consciência das massas. Pode ser reflexo do ascenso sindical existente no país, que apesar de não ser generalizado tem originado enfrentamentos com o governo. Em menor nível, pode ser também reflexo dos desgastes causados pelas denúncias de corrupção no escândalo do mensalão.
O Brasil está, lentamente, se aproximando da instabilidade internacional. Ainda tem uma economia em crescimento, embora pequeno, um governo de prestígio. Mas existe essa aproximação lenta através das mudanças da economia, no ânimo da vanguarda que acompanha as revoluções no Oriente Médio e Norte da África, assim como as mobilizações dos trabalhadores e da juventude na Europa.
Mas esse espaço pode sinalizar modificações na realidade política brasileira. Como estamos falando de um fenômeno inicial, de um elemento de transição dentro da situação não revolucionária, tudo isso pode retroceder. Mas é um dado alentador que exista nos dias de hoje, e que sinaliza um processo que pode se ampliar na realidade concreta da luta de classes pós-eleitoral.
Outra coisa é a resposta dada a esse espaço de oposição de esquerda pelos distintos partidos que intervém nessa luta. O PSOL está armando novas frentes populares, bem semelhantes as que foram construídas no passado pelo PT. Em Belém, Edmilson procura o PMDB para costurar uma aliança para o segundo turno. Em Macapá, o PSOL se aliou ao PV, PSB, PRTB. Em ambas as cidades, o PSOL defende um programa que em nada se diferencia dos apresentados pelo PT. Ou seja, o PSOL se apropria do espaço a esquerda para recriar as mesmas receitas do PT.
Ao contrário, o PSTU apresentou candidaturas como as de Vera em Aracaju com um programa classista e socialista, não precisando girar a direita para ganhar votos. Assim também foi em Belém e Natal, com a eleição de Cleber e Amanda, vitórias construídas com um perfil oposto ao do PT e da burguesia.
Retirado do Site do PSTU
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