A revolução no Egito não para
O grito de centenas de milhares de egípcios é: É necessário completar a revolução! Cairo, Alexandria, Suez... fervem ao calor da luta de um povo que defende suas conquistas com unhas e dentes e briga para avançar no caminho de sua libertação total. Porque nenhum dos problemas fundamentais do povo egípcio foi resolvido. Tanto o desemprego como suas condições materiais de vida continuam em estado dramático e insuportável.
A emblemática Praça Tahrir é protagonista, desde o dia 18 de novembro, de mobilizações em massa exigindo a saída da Junta Militar que substituiu o ditador Hosni Mubarak em 11 de fevereiro deste ano, depois de heroicos 18 dias de intensos protestos. Essa nova onda de manifestações começou quando o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), como passou a ser chamada a Junta Militar, divulgou uma carta de princípios da nova Constituição na qual pretendem conceder poderes ilimitados aos militares.
No início, foi a própria Irmandade Muçulmana que convocou os protestos. Rapidamente, aumentaram em número (centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de várias cidades) e em radicalização. O saldo de mortos, produto da brutal repressão, até o momento em que escrevíamos esta declaração já somava 38, e o de feridos, mais de dois mil. A situação é tão candente que a pressão popular conseguiu fazer com que o governo provisório, nomeado diretamente pela Junta e encabeçado pelo ex-ministro Essam Sharaf, renunciasse.
No entanto, a juventude e o povo trabalhador egípcio não pararam por aí. Aqueles que ocupam a Praça Tahrir se cansaram de manobras e mentiras. Perderam a paciência e a confiança nas tréguas. Querem tirar a Junta Militar do governo, assim como expulsaram o tirano pró-imperialista Mubarak.
As massas contra o plano político de “transição” da Junta
Os egípcios estão demonstrando da melhor forma, nas ruas, que não aceitam o projeto de “transição” política proposto pelos militares.
O marechal Mohamed Hussein Tantawi, que foi ministro da Defesa de Mubarak por 20 anos e agora encabeça a Junta Militar, tinha se comprometido a ficar no poder por um período de somente seis meses, até as eleições de um parlamento constituinte e de um novo governo eleito. No entanto, as eleições parlamentares não foram convocadas para setembro, mas para o dia 28 de novembro, sob um sistema tão confuso como antidemocrático (uma eleição por fases que duraria até janeiro de 2012). Sobre a data das eleições presidenciais, os militares começaram falando de 2012 ou inclusive de 2013, mas, por causa das mobilizações, foram obrigados a fixar uma data para junho do próximo ano.
Assim, o que detonou a indignação das massas foi o projeto antidemocrático dos militares. Na carta de princípios já mencionada, eles apresentaram a sua intenção de tornarem-se “avalistas da Constituição” após as eleições. Esta “proteção constitucional” oferecida pela Junta Militar consiste em negar soberania política a um futuro parlamento. A carta propõe que os membros do CSFA continuem atuando como “árbitros”, usando um poder de veto sobre qualquer artigo da futura Constituição com o qual não concordem e gozando de liberdade irrestrita para definir o orçamento das Forças Armadas de maneira sigilosa.
Como se vê, não é por acaso que as massas continuam lutando. O ódio e a saturação em relação ao governo militar foi crescendo. Isso mostra que a revolução avançou muito, se considerarmos que, quando Mubarak caiu, existia entre as massas um importante grau de confiança no exército como instituição.
Nove meses depois, a experiência política foi corroendo esta confiança. Neste período, todas as ações - realizadas ou anunciadas - da Junta Militar se chocaram com as aspirações de um povo que está demonstrando que não vai entregar a sua revolução. Em declarações ao jornal El País, um trabalhador egípcio chamado Osama opina sobre o governo militar: “São uns ladrões, os mesmos de antes”. Outro, Saader, apoia os protestos porque acha que “Tantawi não tem nada para oferecer”. Continua: “Se algum desconhecido governasse, eu confiaria nele, mas no Exército? Já o conheço. Quero algo melhor para meu filho pequeno”. Adel, um professor, sentencia: “Se pretendem se acomodar que se preparem. Nós já sabemos o caminho para Tahrir”.
A irritação cresceu com a nomeação de Kamal Ganzuri, ex-ministro de Mubarak, como novo chefe de gabinete, causando mais indignação na Praça. Ocorreu o mesmo quando o porta-voz da Junta foi à TV e, com todo o cinismo, “pediu desculpas à nação” e reafirmou a convocação das eleições para segunda-feira, dia 28 de novembro. Mas o povo egípcio já está farto. Não pode dar nenhuma credibilidade às promessas da Junta.
Nós, da LIT-QI, apoiamos incondicionalmente a luta do povo egípcio para derrubar a Junta Militar repressora, pró-imperialista e que impõe a fome ao país. Repudiamos energicamente as brutais repressões que este governo está infligindo à juventude e à classe trabalhadora egípcia que sai às ruas para exigir liberdades e garantias democráticas. Ao mesmo tempo, rechaçamos as tentativas de trair a luta mediante os pactos e negociações que a Irmandade Muçulmana e outros setores estão levando adiante com a Junta de Tantawi.
A luta intensa, sublime e decidida que estamos presenciando na emblemática Praça Tahrir é parte e continuidade de todo o processo revolucionário vivido no Norte da África e no Oriente Médio. A vitória do povo egípcio será a vitória de toda essa região. Será uma vitória de toda a classe trabalhadora mundial.
Egito: Uma revolução em curso - texto aprovado no Congresso da LIT (em espanhol)
Retirado do Site do PSTU
Apoiamos incondicionalmente a luta pela derrubada da Junta militar |
A emblemática Praça Tahrir é protagonista, desde o dia 18 de novembro, de mobilizações em massa exigindo a saída da Junta Militar que substituiu o ditador Hosni Mubarak em 11 de fevereiro deste ano, depois de heroicos 18 dias de intensos protestos. Essa nova onda de manifestações começou quando o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), como passou a ser chamada a Junta Militar, divulgou uma carta de princípios da nova Constituição na qual pretendem conceder poderes ilimitados aos militares.
No início, foi a própria Irmandade Muçulmana que convocou os protestos. Rapidamente, aumentaram em número (centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de várias cidades) e em radicalização. O saldo de mortos, produto da brutal repressão, até o momento em que escrevíamos esta declaração já somava 38, e o de feridos, mais de dois mil. A situação é tão candente que a pressão popular conseguiu fazer com que o governo provisório, nomeado diretamente pela Junta e encabeçado pelo ex-ministro Essam Sharaf, renunciasse.
No entanto, a juventude e o povo trabalhador egípcio não pararam por aí. Aqueles que ocupam a Praça Tahrir se cansaram de manobras e mentiras. Perderam a paciência e a confiança nas tréguas. Querem tirar a Junta Militar do governo, assim como expulsaram o tirano pró-imperialista Mubarak.
As massas contra o plano político de “transição” da Junta
Os egípcios estão demonstrando da melhor forma, nas ruas, que não aceitam o projeto de “transição” política proposto pelos militares.
O marechal Mohamed Hussein Tantawi, que foi ministro da Defesa de Mubarak por 20 anos e agora encabeça a Junta Militar, tinha se comprometido a ficar no poder por um período de somente seis meses, até as eleições de um parlamento constituinte e de um novo governo eleito. No entanto, as eleições parlamentares não foram convocadas para setembro, mas para o dia 28 de novembro, sob um sistema tão confuso como antidemocrático (uma eleição por fases que duraria até janeiro de 2012). Sobre a data das eleições presidenciais, os militares começaram falando de 2012 ou inclusive de 2013, mas, por causa das mobilizações, foram obrigados a fixar uma data para junho do próximo ano.
Assim, o que detonou a indignação das massas foi o projeto antidemocrático dos militares. Na carta de princípios já mencionada, eles apresentaram a sua intenção de tornarem-se “avalistas da Constituição” após as eleições. Esta “proteção constitucional” oferecida pela Junta Militar consiste em negar soberania política a um futuro parlamento. A carta propõe que os membros do CSFA continuem atuando como “árbitros”, usando um poder de veto sobre qualquer artigo da futura Constituição com o qual não concordem e gozando de liberdade irrestrita para definir o orçamento das Forças Armadas de maneira sigilosa.
Como se vê, não é por acaso que as massas continuam lutando. O ódio e a saturação em relação ao governo militar foi crescendo. Isso mostra que a revolução avançou muito, se considerarmos que, quando Mubarak caiu, existia entre as massas um importante grau de confiança no exército como instituição.
Nove meses depois, a experiência política foi corroendo esta confiança. Neste período, todas as ações - realizadas ou anunciadas - da Junta Militar se chocaram com as aspirações de um povo que está demonstrando que não vai entregar a sua revolução. Em declarações ao jornal El País, um trabalhador egípcio chamado Osama opina sobre o governo militar: “São uns ladrões, os mesmos de antes”. Outro, Saader, apoia os protestos porque acha que “Tantawi não tem nada para oferecer”. Continua: “Se algum desconhecido governasse, eu confiaria nele, mas no Exército? Já o conheço. Quero algo melhor para meu filho pequeno”. Adel, um professor, sentencia: “Se pretendem se acomodar que se preparem. Nós já sabemos o caminho para Tahrir”.
A irritação cresceu com a nomeação de Kamal Ganzuri, ex-ministro de Mubarak, como novo chefe de gabinete, causando mais indignação na Praça. Ocorreu o mesmo quando o porta-voz da Junta foi à TV e, com todo o cinismo, “pediu desculpas à nação” e reafirmou a convocação das eleições para segunda-feira, dia 28 de novembro. Mas o povo egípcio já está farto. Não pode dar nenhuma credibilidade às promessas da Junta.
Nós, da LIT-QI, apoiamos incondicionalmente a luta do povo egípcio para derrubar a Junta Militar repressora, pró-imperialista e que impõe a fome ao país. Repudiamos energicamente as brutais repressões que este governo está infligindo à juventude e à classe trabalhadora egípcia que sai às ruas para exigir liberdades e garantias democráticas. Ao mesmo tempo, rechaçamos as tentativas de trair a luta mediante os pactos e negociações que a Irmandade Muçulmana e outros setores estão levando adiante com a Junta de Tantawi.
A luta intensa, sublime e decidida que estamos presenciando na emblemática Praça Tahrir é parte e continuidade de todo o processo revolucionário vivido no Norte da África e no Oriente Médio. A vitória do povo egípcio será a vitória de toda essa região. Será uma vitória de toda a classe trabalhadora mundial.
Retirado do Site do PSTU
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