quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Após 11 anos, assassino de Gildo é absolvido em Brasília

Sindicalista foi morto pelas costas por policiais durante uma greve em 2000


Gildo Rocha: 11 anos de impunidade
Onze anos após o crime que tirou a vida do sindicalista e militante do PSTU, Gildo Rocha, um dos policiais envolvidos no assassinato acaba de ser absolvido no julgamento realizado nesse dia 29 de novembro, em Brasília.

Gildo foi morto com tiros pelas costas por dois policiais civis durante uma greve em 2000. Um dos assassinos já morreu e o outro, o policial Arnulfo Alves Pereira, foi considerado ‘inocente’ pelo júri, mesmo com sua comprovada participação na morte do sindicalista.

Embora o reu fosse o policial, quem na prática estava sendo julgado pelo tribunal era Gildo Rocha, qualificado a todo momento de ‘bandido’ pela defesa. O advogado insistiu na tese de que o sindicalista estava armado e que teria atirado contra os policiais, além de portar drogas na ocasião em que foi abordado. Vários laudos realizados na época, porém, atestaram que não havia qualquer vestígio de drogas no corpo de Gildo, assim como a inexistência de pólvora nas mãos do ativista desmentiram a versão dos policiais. Perícias, assim como a cena do crime, foram comprovadamente manipuladas pelos autores do assassinato.

Toda a estratégia da defesa, porém, se baseou na desqualificação de Gildo. “Por que ele fugiu?”, foi a pergunta mais repetida. Ninguém se lembrou, por exemplo, de que em 1999, apenas um ano antes do ocorrido, a polícia de Brasília havia investido contra uma assembleia de trabalhadores da Novacap, empresa estatal, deixando um morto e vários feridos.

“Desde o início, a polícia não investigou os seus homens, partiu do princípio que a versão da polícia é a verdadeira e toda a investigação foi contra a vítima. Nenhuma investigação contra os policiais”, respondeu a promotoria. A acusação, por outro lado, não rebateu a desqualificação promovida pela defesa do advogado e, talvez temerosa de se opor à polícia, sequer confrontou o linchamento moral contra Gildo com os laudos técnicos. A linha da procuradoria foi que ‘mesmo se Gildo estivesse armado, a polícia não tinha o direito de ter feito o que fez’.

Tanto a procuradoria quanto a defesa, desta forma, passaram uma imagem de Gildo Rocha como alguém que estava fazendo alguma coisa ‘errada’, justificando a ação dos policiais e a sua própria morte. Foi uma espécie de segunda punição ao sindicalista. Primeiro, o próprio assassinato frio pelas costas. E agora, a tentativa de linchamento moral de sua memória.

Chocada com o resultado do julgamento, a viúva de Gildo, Gleicimar Souza Rocha só pôde dizer: ‘tantos anos de espera para nada’. Além da esposa, Gildo deixou dois filhos, pequenos na época em que foi morto. Mais um revoltante capítulo nessa história de impunidade que já dura 11 anos.


Em defesa da memória de Gildo, por Justiça

Ao contrário da imagem passada no tribunal, Gildo Rocha era um reconhecido dirigente sindical e militante socialista, dedicado à luta por um mundo melhor. Foi assassinado pela polícia do então governador Joaquim Roriz por estar participando de uma atividade de greve, sendo mais uma das vítimas do processo de criminalização dos movimentos sociais empreendido pelo Estado. O lamentável julgamento realizado nesse dia 29 mostra como que, para o Estado, sindicalista, mesmo vítima, é considerado ‘bandido’.

Gildo Rocha é um dos mártires da luta pelo socialismo e sua memória será sempre recordada com orgulho pelos militantes do PSTU. E a busca por Justiça, por sua vez, não termina aqui.


ARQUIVO

  • Julgamento ocorre após 11 anos do assassinato de Gildo

  • Arquivo: entrevista com viúva de Gildo: ‘Para Justiça, meu marido foi culpado pela própria morte


  • Retirado do Site do PSTU

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