Ativista foi agredido e não recebeu proteção da polícia, que assistiu a ameaças de bando homofóbico
Desde o ano passado, uma onda de agressões a homossexuais tem se destacado em São Paulo. Nesse ano, o caso em que um menor, acompanhado por outros dois menores e um maior de idade, agrediu um rapaz com uma lâmpada fluorescente virou destaque nos noticiários do país inteiro.
Foi nesse contexto que, na madrugada desta quarta-feira, 23, Guilherme Rodrigues, ativista do movimento GLBT e militante do PSTU, sofreu um ataque covarde e fascista na Rua Augusta, região central de São Paulo. Ele parou num posto de gasolina, na esquina da Rua Peixoto Gomide, quando avistou quatro garotos tentando agredir um casal gay.
O casal fugiu, mas os delinquentes não se conformaram e partiram para cima de Guilherme com empurrões, socos e chutes. Os funcionários do posto de gasolina intervieram, mas não adiantou. “Eles não se inibiram, o pessoal do posto segurando e eles continuavam ameaçando e agredindo”, conta Guilherme. Uma viatura que passava pelo local parou. Porém, ao invés de segurança, o ativista sentiu descaso e preconceito.
A policial Lucimeire Ribeiro de Sales se recusou a reconhecer o ato como crime de homofobia e tentou dissuadir a vítima a abrir o Boletim de Ocorrência. “Ela dizia ‘Tem certeza que quer ir pra delegacia? Quando sair de lá é cada um por si’, dando a entender que eles poderiam me pegar de novo”, fala Guilherme.
Na delegacia, ela forneceu a versão dos bandidos: de que Guilherme tinha dado em cima deles de forma vulgar. Foi preciso um funcionário do posto testemunhar e desmentir a versão. O homem confirmou que Guilherme fora agredido por ser gay. Os agressores têm nome: Willyan Hoffmann da Silva, estudante; Vinícius Siqueli de Paula, operador de telemarketing; Daniel Moura Fragozo, estudante; Milton Luiz Santo André, estudante.
Os criminosos não se intimidaram nem com a polícia e continuaram ameaçando. “Eles diziam que iam me pegar, que sabiam quem eu era, não pararam de me ameaçar nem na delegacia, na frente da polícia”, diz Guilherme. Pelo contrário, a postura da polícia só podia lhes dar mais segurança e a certeza da impunidade.
Apesar de tudo, o BO foi registrado. Foram consumados os crimes de lesão corporal (art. 129), injúria (art. 140) e ameaça (art. 147). No entanto, a formalização da denúncia só se deu pela persistência e coragem de Guilherme e não por que a polícia tenha cumprido sua tarefa.
Mas essas não foram as únicas aberrações. A vítima teve negado o direito a usar o telefone. Durante o registro do BO, teve de dar seus dados, inclusive telefone e endereço, no mesmo local onde se encontravam os seus agressores. Na saída, os criminosos foram liberados junto com ele. A mesma policial, Lucimeire, se recusou a levá-lo, alegando que “tinha outra coisa a fazer”.
Guilherme teve de contar com a ajuda de amigos para ir embora. No dia seguinte, ele foi ao IML, onde houve “constatação de lesão”.
Impunidade criminosa
Agora, Guilherme está sob ameaça, e os criminosos estão soltos, podendo agredi-lo novamente a qualquer momento. “Se qualquer coisa acontecer com ele, quem vai ter que responder é a polícia, o governo do Estado, a Secretaria de Segurança”, afirmou Douglas Borges, da Secretaria Nacional GLBT do PSTU. “Essa policial e todos os outros que presenciaram o BO são cúmplices dessa violência, porque assistiram às ameaças e não fizeram nada para garantir a segurança do companheiro”, disse.
Esse não é um fato isolado em São Paulo, infelizmente. Nos últimos meses, uma série de agressões e atos homofóbicos aconteceram principalmente na região da Avenida Paulista, onde Guilherme foi vitimado. Em geral, as agressões partem de bandos fascistas, compostos por jovens brancos de classe média que se organizam e saem às ruas para “caçar” gays. A impunidade e o preconceito abrem espaço para que grupos criminosos como esse sigam se organizando e atacando livremente.
Essa violência fez com que o movimento GLBT reagisse e se unisse para denunciar e acabar com essa barbaridade. Guilherme é um dos ativistas que está à frente dessa organização. E ele não está sozinho. Na segunda-feira, 28, às 14h, Guilherme entregará o laudo do IML. “A ideia é reunir o maior número de pessoas possível na frente da delegacia, transformar a entrega do laudo num grande ato de solidariedade e de revolta por todas as agressões contra homossexuais”, conclama Douglas.
O movimento GLBT luta, hoje, pela aprovação do projeto de lei que torna a homofobia crime. A história acima só demonstra a necessidade e a urgência dessa medida. Não vai ser um bando de garotos preconceituosos que vai calar aqueles que se manifestam por igualdade de direitos.
Substituímos a palavra skinhead neste texto, acatando uma correção importante feita por Felipe Oliva, no Facebook. Como disse Felipe, Skinhead é outra coisa. Nem todo skinhead é racista ou fascista. Inclusive, skinheads não-racistas participaram da Marcha contra a Homofobia, no dia 19 de fevereiro em São Paulo.
Retirado do Site do PSTU
Desde o ano passado, uma onda de agressões a homossexuais tem se destacado em São Paulo. Nesse ano, o caso em que um menor, acompanhado por outros dois menores e um maior de idade, agrediu um rapaz com uma lâmpada fluorescente virou destaque nos noticiários do país inteiro.
Foi nesse contexto que, na madrugada desta quarta-feira, 23, Guilherme Rodrigues, ativista do movimento GLBT e militante do PSTU, sofreu um ataque covarde e fascista na Rua Augusta, região central de São Paulo. Ele parou num posto de gasolina, na esquina da Rua Peixoto Gomide, quando avistou quatro garotos tentando agredir um casal gay.
O casal fugiu, mas os delinquentes não se conformaram e partiram para cima de Guilherme com empurrões, socos e chutes. Os funcionários do posto de gasolina intervieram, mas não adiantou. “Eles não se inibiram, o pessoal do posto segurando e eles continuavam ameaçando e agredindo”, conta Guilherme. Uma viatura que passava pelo local parou. Porém, ao invés de segurança, o ativista sentiu descaso e preconceito.
A policial Lucimeire Ribeiro de Sales se recusou a reconhecer o ato como crime de homofobia e tentou dissuadir a vítima a abrir o Boletim de Ocorrência. “Ela dizia ‘Tem certeza que quer ir pra delegacia? Quando sair de lá é cada um por si’, dando a entender que eles poderiam me pegar de novo”, fala Guilherme.
Na delegacia, ela forneceu a versão dos bandidos: de que Guilherme tinha dado em cima deles de forma vulgar. Foi preciso um funcionário do posto testemunhar e desmentir a versão. O homem confirmou que Guilherme fora agredido por ser gay. Os agressores têm nome: Willyan Hoffmann da Silva, estudante; Vinícius Siqueli de Paula, operador de telemarketing; Daniel Moura Fragozo, estudante; Milton Luiz Santo André, estudante.
Os criminosos não se intimidaram nem com a polícia e continuaram ameaçando. “Eles diziam que iam me pegar, que sabiam quem eu era, não pararam de me ameaçar nem na delegacia, na frente da polícia”, diz Guilherme. Pelo contrário, a postura da polícia só podia lhes dar mais segurança e a certeza da impunidade.
Apesar de tudo, o BO foi registrado. Foram consumados os crimes de lesão corporal (art. 129), injúria (art. 140) e ameaça (art. 147). No entanto, a formalização da denúncia só se deu pela persistência e coragem de Guilherme e não por que a polícia tenha cumprido sua tarefa.
Mas essas não foram as únicas aberrações. A vítima teve negado o direito a usar o telefone. Durante o registro do BO, teve de dar seus dados, inclusive telefone e endereço, no mesmo local onde se encontravam os seus agressores. Na saída, os criminosos foram liberados junto com ele. A mesma policial, Lucimeire, se recusou a levá-lo, alegando que “tinha outra coisa a fazer”.
Guilherme teve de contar com a ajuda de amigos para ir embora. No dia seguinte, ele foi ao IML, onde houve “constatação de lesão”.
Impunidade criminosa
Agora, Guilherme está sob ameaça, e os criminosos estão soltos, podendo agredi-lo novamente a qualquer momento. “Se qualquer coisa acontecer com ele, quem vai ter que responder é a polícia, o governo do Estado, a Secretaria de Segurança”, afirmou Douglas Borges, da Secretaria Nacional GLBT do PSTU. “Essa policial e todos os outros que presenciaram o BO são cúmplices dessa violência, porque assistiram às ameaças e não fizeram nada para garantir a segurança do companheiro”, disse.
Esse não é um fato isolado em São Paulo, infelizmente. Nos últimos meses, uma série de agressões e atos homofóbicos aconteceram principalmente na região da Avenida Paulista, onde Guilherme foi vitimado. Em geral, as agressões partem de bandos fascistas, compostos por jovens brancos de classe média que se organizam e saem às ruas para “caçar” gays. A impunidade e o preconceito abrem espaço para que grupos criminosos como esse sigam se organizando e atacando livremente.
Essa violência fez com que o movimento GLBT reagisse e se unisse para denunciar e acabar com essa barbaridade. Guilherme é um dos ativistas que está à frente dessa organização. E ele não está sozinho. Na segunda-feira, 28, às 14h, Guilherme entregará o laudo do IML. “A ideia é reunir o maior número de pessoas possível na frente da delegacia, transformar a entrega do laudo num grande ato de solidariedade e de revolta por todas as agressões contra homossexuais”, conclama Douglas.
O movimento GLBT luta, hoje, pela aprovação do projeto de lei que torna a homofobia crime. A história acima só demonstra a necessidade e a urgência dessa medida. Não vai ser um bando de garotos preconceituosos que vai calar aqueles que se manifestam por igualdade de direitos.
Substituímos a palavra skinhead neste texto, acatando uma correção importante feita por Felipe Oliva, no Facebook. Como disse Felipe, Skinhead é outra coisa. Nem todo skinhead é racista ou fascista. Inclusive, skinheads não-racistas participaram da Marcha contra a Homofobia, no dia 19 de fevereiro em São Paulo.
Retirado do Site do PSTU
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