terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Greve dos dos bombeiros, PM’s e polícia civil continua no Rio

Liberdade já para Daciolo e todos os grevistas presos


Detalhe do protesto em Copacabana nesse dia 12
A greve dos servidores da segurança pública do Rio foi aprovada numa assembléia radicalizada com a presença de mais de 4 mil trabalhadores de todas as forças envolvidas. Foi votada com entusiasmo e aprovado por unanimidade, mas desde o seu início demonstrou uma brutal contradição entre, por um lado, o ânimo e a radicalização dos trabalhadores e, por outro lado, a falta de organização.

Na verdade, não se estabeleceu um comando unificado, nem mesmo um ponto de referência para a centralização do movimento. Por seu turno, o governador Sérgio Cabral (PMDB) respondeu à mobilização desencadeando uma repressão brutal que já começara na véspera da assembléia com a prisão do líder dos bombeiros, Cabo Benevenuto Daciolo, prosseguindo com a prisão logo no dia 10 pela manhã de mais 11 líderes do movimento, além de centenas de prisões administrativas nos quartéis. Mesmo assim a greve na sexta-feira, dia 10, foi muito forte. Na capital, as viaturas que saíram ficaram estacionadas em pontos fixos como cabines e UPP’s, se recusando a fazer as rondas e o policiamento ostensivo. A cidade ficou tranqüila, mas várias atividades foram suspensas: aulas, parte do comércio, etc... No interior a mobilização foi muito forte, principalmente em Campos e em Volta Redonda.

Fruto da repressão, da inexperiência e da falta de um comando unificado, a insegurança, principalmente dos PM’s , fez com que aumentasse o número de viaturas nas ruas da capital. Os bombeiros guarda-vidas pararam quase que na totalidade e, como resposta, o governo decretou a prisão disciplinar por 72 horas de todos os grevistas, obrigando-os a irem para seus postos de trabalho e depois retornarem para os quartéis, sem poder se ausentar. No interior as greve continuava forte. Portanto, apesar da repressão havia um quadro de greve com desigualdades.

No sábado estava convocada uma reunião às 15h no SINDSPREV, para se discutir os encaminhamentos da greve. Nesta reunião estavam presentes representantes de três batalhões da PM e alguns bombeiros e seus familiares, além da deputada Janira Rocha, do PSOL, e algumas entidades que apoiavam o movimento tais como o PSTU, a CSP-Conlutas e a Unidos pra Lutar. Quando a reunião se instalou recebemos um telefonema de um bombeiro avisando que o diretor Chao do Sindpol (Sindicato dos Policiais Civis) iria dar uma entrevista coletiva comunicando a suspensão do movimento grevista na CODEPOL (Coliigação dos Policiais Civis).

Imediatamente, Cyro Garcia, presidente do PSTU-RJ, presente à reunião, ligou para o Chao questionando sua intenção, uma vez que não tinha havido nenhuma assembléia para ele tomar tal atitude. Num primeiro momento Chao falou que não estava falando somente em nome da Polícia Civil, mas que também estava falando em nome dos bombeiros guarda-vidas que estavam detidos naquele momento. Apesar do questionamento Chao se manteve irredutível e a reunião deliberou pela ida dos presentes ao local onde se daria a coletiva para tentar impedir este ato. Á deputada Janira optou por permanecer no local da reunião aguardando os desdobramentos da ida dos demais participantes.

Quando lá chegamos, o circo estava montado. Havia representantes de todos os órgãos da imprensa escrita, falada e televisada. Após uma longa discussão, se definiu que o Chao falaria somente em nome da Polícia Civil, mesmo assim, sendo questionada por uma outra liderança da polícia civil que era o Bandeira, presidente do Sinpol, outro sindicato de policiais civis. Determinou-se que subiriam para a coletiva dois representantes de cada força, sendo que o Bandeira foi vetado, indo dois representantes do Sindpol, o sindicato do Chao, para a coletiva. Em nome dos bombeiros subiu a esposa do Cabo Daciolo, Cristiane, e o Sargento Nascimento.

Infelizmente os membros da PM presentes decidiram por não participar da coletiva, solicitando que a Cristiane representasse também os PM’s. Decidiu-se que a Cristiane e o Nascimento convocariam a manifestação do dia seguinte par Copacabana às 10h da manhã. Como era de se esperar, a mídia burguesa repercutiu apenas a entrevista do Chao suspendendo o movimento dos policiais civis e chamando uma assembléia para quarta-feira. O sentimento que prevaleceu entre bombeiros e PM’s foi o de que foram traídos, principalmente em função das inúmeras prisões.

No domingo realizou-se a manifestação com a presença de algumas centenas de pessoas. O clima foi de muita emoção, principalmente pela presença de diversas mães e esposas de militares presos. A greve foi mantida e marcada uma assembléia para às 18h de segunda-feira no SINSDSPREV.

Torna-se fundamental a continuidade de uma ampla campanha pela libertação imediata de Daciolo e dos demais presos. Cabral está contando com o aval de Dilma Roussef, que declarou ser contra a anistia dos grevistas do Rio e da Bahia, como se ela própria não fosse uma anistiada.

Os bombeiros e policiais do Rio de Janeiro estão fazendo história e independentemente do resultado da greve, seu movimento tem que continuar para que eles assegurem o direito de greve e de sindicalização.


Retirado do Site do PSTU

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