quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Duas eleições, uma única lição

Divisionismo da esquerda só pode trazer derrotas ao movimento estudantil


Em uma mesma semana, duas políticas opostas foram postas à prova na disputa pela direção do movimento estudantil. Os estudantes lutadores de todo o país devem conhecer os resultados das eleições para os DCE’s da UFRJ e da UnB. Em base a essas experiências, é urgente tirarmos conclusões.

Na UFRJ, pela quarta vez consecutiva, prevaleceu a unidade da esquerda nas eleições, cuja chapa derrotou nas urnas a chapa governista, alinhada com as posições da UNE. Na eleição de quorum mais alto na história do movimento estudantil daquela universidade, os lutadores comemoraram uma vitória inconteste – seja pela diferença de cerca de 900 votos, ou pela vitória no debate político sobre a necessidade de uma direção independente do governo e da reitoria no DCE.

Na UnB, contudo, se impôs o divisionismo e a fragmentação, mesmo diante de uma gestão governista no DCE e de uma campanha dos ativistas da ANEL por uma chapa unificada de oposição. O grave erro da esquerda da UNE – hegemonizada naquela universidade pelo coletivo Vamos à Luta/CST-PSOL – cobrou seu preço. O resultado eleitoral conferiu a vitória à chapa da direita reacionária, ao mesmo tempo em que não deixou dúvida de que a esquerda unificada teria ganhado a eleição.


Sectarismo impôs retrocesso

É um retrocesso enorme que o DCE-UnB esteja sob controle da direita. A chapa Aliança pela liberdade defendeu em seu programa, entre outras bandeiras reacionárias, a presença da PM na universidade, a legitimidade das fundações de direito privado e a estrutura burocrática de poder da UnB. É um engano pensar que esse resultado não pode incidir negativamente sobre a disposição de luta do movimento no próximo ano.

É verdade que a conjuntura do país vem sendo marcada, desde o início do ano, por importantes lutas econômicas – seja de professores, operários, servidores ou bombeiros. O movimento estudantil também se animou neste segundo semestre. Mas, ainda assim, a popularidade do governo segue alta e contendo, até aqui, o desgaste dos escândalos de corrupção.

Por isso, a defesa da ANEL de chapas unitárias da esquerda nas eleições do DCE vai além de uma aliança eleitoral para que tenhamos mais votos. Significa fortalecer um pólo de oposição de esquerda a Dilma que tenha capacidade de furar o bloqueio da popularidade do governo e provocar um movimento massivo de contestação da atual política educacional.

Em nossa opinião, a ANEL acerta porque compreende que nessas eleições está colocada, para além da disputa eleitoral, uma forte disputa política pela consciência da maioria dos estudantes – cujo resultado pode fortalecer ou enfraquecer o movimento. Na UnB, o divisionismo imposto pela CST-PSOL só trouxe prejuízos ao movimento: custou a vitória eleitoral da chapa mais reacionária de todas e fragilizou de conjunto os lutadores para combater a falsa idéia semeada pelo governo de que a universidade está se expandindo e democratizando.


Unidade nas eleições e no plebiscito pelos 10% do PIB

Depois da UnB, não é possível mais que o divisionismo nos imponha novas derrotas. Por isso, a esquerda da UNE deve abandonar de vez todo o sectarismo e compor chapas com a ANEL por todo o país. Um desafio importante vai se dar na USP, onde a universidade está polarizada pela entrada da PM no campus e uma chapa de direita já se articula. Nessa e em todas as universidades do país, a Juventude do PSTU se soma ao chamado da ANEL por chapas unitárias da esquerda nas eleições de DCE.

Essa unidade dos lutadores deve se dar na perspectiva, ainda, de fortalecer a campanha pelos 10% do PIB para a educação pública. Novembro é o mês do plebiscito popular, que vai mobilizar milhares de estudantes e trabalhadores em todo o país. Diante da recusa intransigente dos setores governistas em construírem essa iniciativa na base, a esquerda não deve ter dúvida. Novamente, unificar suas forças para alcançar vitórias na luta pela educação pública que merecemos.


Retirado do Site do PSTU

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