Priscila Duque | ||
Detalhe da ocupação das obras de Belo Monte |
A quinta-feira, 27, acordou cedo. Desde as 3h da madrugada a militância estava de pé, concentrando-se na orla de Altamira, aguardando a organização dos ônibus para seguir ao canteiro de Santo Antônio. Diversas entidades, coletivos e ativistas aglomeravam-se em volta dos ônibus. Estavam presentes a CSP-Conlutas, ANEL P´Dégua, Unidos pra Lutar, Juntos, CIMI, CPT, entre outras. Por volta das 5h30 os ônibus estacionaram próximo ao canteiro e os mais de 600 manifestantes desceram e marcharam. Às 6h da manhã a Rodovia Transamazônica e a entrada do canteiro já estavam bloqueadas.
As bandeiras, faixas e palavras de ordem saudaram aquele grande dia de luta. Os ativistas cantavam “embarca na luta, embarca, molha o pé, mas não molha a meia, embarca, na luta, embarca, molha o pé, mas não molha a meia. Não venha lá de Brasília fazer barragem na terra alheia, não venha lá de Brasília fazer barragem na terra alheia!” . E deram o recado a Dilma “oh, oh, oh Dilma, nós te avisamos, nós viemos e ocupamos”.
Em poucas horas o local já estava repleto de veículos de comunicação. O congestionamento na rodovia crescia, e não demorou para que o aparelho repressivo aparecesse para tentar intimidar a manifestação. A Polícia Rodoviária Federal permaneceu por lá durante todo o dia, monitorando cada ação, de armas à postos. Mas nem o ativismo, nem os povos indígenas se importaram com os olhos do Estado.
Durante o dia inteiro a manifestação ficou dividida em duas, por questões práticas, já que era necessário garantir o fechamento do canteiro e o bloqueio da transamazônica. As tribos indígenas além de estarem a postos para a luta, não deixaram de mostrar sua cultura: passaram o dia todo alternando rituais de canto e de dança.
Esse foi só um aviso
A ocupação terminou no início da noite, em torno de 19h30, após a realização de uma assembleia que fez um breve balanço da ocupação, discutiu o mandado de reintegração de posse – emitido pela juíza Cristina Collyer Damásio, da 4ª Vara Cível da Comarca de Altamira (PA) –, ressaltando que o ativismo estaria com os índios, se eles decidissem ficar, todos ficariam.
Os indígenas optaram por desocupar e os movimentos acataram a decisão, por entenderem que a ocupação já havia sido vitoriosa, por sua repercussão internacional, pela unidade e pela força de uma manifestação deste porte.
O Comitê Xingu Vivo acredita que o objetivo foi alcançado, pois a luta contra ‘Belo Monstro’ saiu fortalecida depois do seminário e da ocupação. Agora é aproveitar esse gás e seguir mobilizando para tornar o movimento cada vez mais forte, até barrar a construção da Usina. A assembleia foi encerrada com a seguinte palavra de ordem “esse foi só um aviso pra vocês, se for preciso ocuparemos outra vez”.
Um dia que ficará na história
O dia 27 de outubro foi histórico para a luta contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, pois foi o dia em que os povos indígenas, os nativos e os movimentos sociais mostraram para o governo Dilma que não será fácil destruir a vida no Xingu. Foi o dia em que o ativismo não recuou por medo da repressão e caminhou sem titubear. A ação deixou claro que só com unidade a luta se torna mais forte e com maior capacidade para vitória.
Fora ‘Belo Monstro’! Viva o rio Xingu e os povos tradicionais da Amazônia. Em defesa da vida e contra a voracidade do capital. E defesa da vida, somos todos contra a Usina de Belo Monte!
Retirado do Site do PSTU
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