Crise política se aprofunda e se soma à crise social e econômica
A greve geral e jornada de mobilizações contra o novo pacotes de ajuste fiscal realizadas nesse dia 15 de junho balançou o governo do primeiro-ministro grego George Papandreou (do partido socialista Pasok). A terceira greve geral só nesse ano contou com manifestações que chegou a reunir dezenas de milhares de pessoas na capital Atenas. Manifestantes radicalizados tentaram cercar o prédio do Ministério das Finanças, sendo reprimido pela polícia, o que transformou o centro da cidade numa verdadeira praça de guerra.
Pelo menos 40 pessoas foram presas e 10 foram feridas pela polícia. O parlamento deveria iniciar no dia a discussão sobre mais um plano de ajuste fiscal exigido pela União Europeia e a FMI para a concessão de novo empréstimo, a fim de o país do mediterrâneo poder continuar rolando sua dívida pública. Diante das cenas de guerra civil, porém, o governo que já enfrenta profundo desgaste, balançou. Papandreou anunciou a dissolução do atual Executivo e a formação de um novo gabinete que, segundo ele defendia, fosse de “união nacional”.
O principal partido de oposição, o direitista Nova Democracia, no entanto, rechaçou o convite realizado por Papandreou e exigiu novas eleições. A pré-condição estabelecida pelo atual governo grego para a nova composição seria a aceitação incondicional dos termos do novo acordo já firmado com a FMI e a UE. Os jornais gregos definem de tal forma o impasse: “Papadreou não pode governar, e a oposição não quer”. Assim, o “novo” governo não deve superar a crise política, que se soma à profunda crise econômica e social pelo qual a Grécia se arrasta há pelo menos dois anos.
Nesse dia 16 o primeiro-ministro realizou no parlamento grego um novo apelo às demais forças políticas e à população, em defesa dos novos cortes e privatizações. “O país passa por um momento crucial e agora o mais importante é a estabilidade”, discursou. “Passamos por um momento difícil e não devemos nos render”, disse, esquecendo-se que o seu governo já está completamente rendido aos ditames do FMI e do Banco Central Europeu.
Papandreou criticou ainda as manifestações contra os pacotes de ajustes, dizendo que a culpa pela crise era do próprio povo grego. Ele disse que se deveria “abandonar a lógica de que a culpa é dos outros, o que leva à inércia e a depender dos credores” . Os trabalhadores e a juventude grega, por outro lado, não compram a ideia de que são culpados pela crise. “Não vamos pagar por essa crise”, era a palavra de ordem das manifestações desse dia 15.
O Mundo em alerta
O cada vez mais iminente calote da dívida grega fez despencar as bolsas em todo o planeta e desvalorizou ainda mais o Euro. Isso se deve a dois fatos, conhecidos por todos os mercados: a dívida da Grécia, equivalente a um PIB e meio do país, é impagável, e o “default” (calote) causaria um efeito em cascata que prejudicaria grandes bancos europeus e norte-americanos. Além disso, levaria ainda mais desconfiança para outros países da Zona do Euro, como Portugal e Irlanda, além de colocar a própria moeda comum em xeque.
A onda de pessimismo piorou quando a agência de risco Moody’s rebaixou a nota dos três maiores bancos da França. Os bancos franceses detêm o equivalente a 56 bilhões de dólares da dívida grega. Já os bancos alemães têm nas mãos papeis da Grécia que equivalem a 33 bilhões. Os bancos norte-americanos, por sua vez, são os principais emissores de CDS (credit default swaps), espécie de seguro contra calotes, e seriam fortemente atingidos no caso de uma moratória.
Sangria
Os planos de ajuste imposto pelo país desde 2010 prevêm uma brutal redução do déficit publico, de 12,7% para 3% em 2012. Isso se daria através do aumento de impostos, profundos cortes sociais, reformas e privatizações. Mesmo que isso fosse levado a cabo, através de um ataque sem precedentes ao povo grego, a dívida não só não seria paga, como cresceria como uma bola de neve. Á medida que a crise se aprofunda, os juros que incidem sobre a dívida só aumentam; passaram nos últimos dias de 17,3% para 17,7%.
O governo da Grécia e os organismos financeiros internacionais estão, ao lado do imperialismo europeu e norte-americano, decididos a levar o plano de austeridade às últimas conseqüências. Felizmente, os trabalhadores e a juventude do país também se mostram decididos a dar sua resposta nas ruas a esses ataques.
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Nova greve geral para Grécia contra pacote de ajuste fiscal
Retirado do Site do PSTU
Primeiro-ministro grego está por um fio |
Pelo menos 40 pessoas foram presas e 10 foram feridas pela polícia. O parlamento deveria iniciar no dia a discussão sobre mais um plano de ajuste fiscal exigido pela União Europeia e a FMI para a concessão de novo empréstimo, a fim de o país do mediterrâneo poder continuar rolando sua dívida pública. Diante das cenas de guerra civil, porém, o governo que já enfrenta profundo desgaste, balançou. Papandreou anunciou a dissolução do atual Executivo e a formação de um novo gabinete que, segundo ele defendia, fosse de “união nacional”.
O principal partido de oposição, o direitista Nova Democracia, no entanto, rechaçou o convite realizado por Papandreou e exigiu novas eleições. A pré-condição estabelecida pelo atual governo grego para a nova composição seria a aceitação incondicional dos termos do novo acordo já firmado com a FMI e a UE. Os jornais gregos definem de tal forma o impasse: “Papadreou não pode governar, e a oposição não quer”. Assim, o “novo” governo não deve superar a crise política, que se soma à profunda crise econômica e social pelo qual a Grécia se arrasta há pelo menos dois anos.
Nesse dia 16 o primeiro-ministro realizou no parlamento grego um novo apelo às demais forças políticas e à população, em defesa dos novos cortes e privatizações. “O país passa por um momento crucial e agora o mais importante é a estabilidade”, discursou. “Passamos por um momento difícil e não devemos nos render”, disse, esquecendo-se que o seu governo já está completamente rendido aos ditames do FMI e do Banco Central Europeu.
Papandreou criticou ainda as manifestações contra os pacotes de ajustes, dizendo que a culpa pela crise era do próprio povo grego. Ele disse que se deveria “abandonar a lógica de que a culpa é dos outros, o que leva à inércia e a depender dos credores” . Os trabalhadores e a juventude grega, por outro lado, não compram a ideia de que são culpados pela crise. “Não vamos pagar por essa crise”, era a palavra de ordem das manifestações desse dia 15.
O Mundo em alerta
O cada vez mais iminente calote da dívida grega fez despencar as bolsas em todo o planeta e desvalorizou ainda mais o Euro. Isso se deve a dois fatos, conhecidos por todos os mercados: a dívida da Grécia, equivalente a um PIB e meio do país, é impagável, e o “default” (calote) causaria um efeito em cascata que prejudicaria grandes bancos europeus e norte-americanos. Além disso, levaria ainda mais desconfiança para outros países da Zona do Euro, como Portugal e Irlanda, além de colocar a própria moeda comum em xeque.
A onda de pessimismo piorou quando a agência de risco Moody’s rebaixou a nota dos três maiores bancos da França. Os bancos franceses detêm o equivalente a 56 bilhões de dólares da dívida grega. Já os bancos alemães têm nas mãos papeis da Grécia que equivalem a 33 bilhões. Os bancos norte-americanos, por sua vez, são os principais emissores de CDS (credit default swaps), espécie de seguro contra calotes, e seriam fortemente atingidos no caso de uma moratória.
Sangria
Os planos de ajuste imposto pelo país desde 2010 prevêm uma brutal redução do déficit publico, de 12,7% para 3% em 2012. Isso se daria através do aumento de impostos, profundos cortes sociais, reformas e privatizações. Mesmo que isso fosse levado a cabo, através de um ataque sem precedentes ao povo grego, a dívida não só não seria paga, como cresceria como uma bola de neve. Á medida que a crise se aprofunda, os juros que incidem sobre a dívida só aumentam; passaram nos últimos dias de 17,3% para 17,7%.
O governo da Grécia e os organismos financeiros internacionais estão, ao lado do imperialismo europeu e norte-americano, decididos a levar o plano de austeridade às últimas conseqüências. Felizmente, os trabalhadores e a juventude do país também se mostram decididos a dar sua resposta nas ruas a esses ataques.
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