O I Congresso da CSP-Conlutas vai ser a síntese de quase oito anos de uma nova experiência de organização da classe trabalhadora
Onze de dezembro de 2003. No primeiro ano do mandato do primeiro operário eleito presidente no país, a reforma da Previdência contra os servidores públicos é finalmente aprovado em segundo turno no Senado, apesar dos contundentes protestos da categoria. Uma vez no governo, Lula fazia o que sempre criticava, como ajuste fiscal e acordo com o FMI. E pior, com a ajuda da Central Única dos Trabalhadores, a CUT.
A CUT, construída no calor do ascenso operário do final da década de 1970 e início dos 1980, deixava de ser um instrumento de luta e organização da classe trabalhadora para se tornar mera correia de transmissão do governo no movimento de massas. A nomeação do ex-presidente da entidade Luiz Marinho para o Ministério do Trabalho, em 2005, deixou ainda mais clara essa relação. A posse do governo do PT marcava assim o início de um processo de uma nova reorganização no movimento sindical do país.
Sindicatos e ativistas combativos começavam a olhar com ceticismo a CUT e iniciava-se um movimento de dispersão. Frente a esse processo objetivo, tornava-se necessário impedir a desagregação dessas forças e preparar os trabalhadores para novas batalhas. As reformas Sindical e Trabalhista estavam na pauta do governo e eram exigidas pelo conjunto da burguesia.
Foi nesse contexto que, em março de 2004, era realizado o Encontro Sindical em Luziânia (GO). A ideia de unir os setores que lutam encontrou eco tão grande que, para um evento em que eram esperadas de 700 a no máximo 1000 pessoas, compareceram 1700 ativistas de todo o país. O encontro aprovou um calendário de lutas e uma coordenação que passou a reunir todos os sindicatos e movimentos que se dispusessem a lutar contra as reformas. Era o embrião do que viria a ser a então Coordenação Nacional de Lutas, a Conlutas.
Em junho de 2004 a Conlutas teve seu batismo nas ruas, com uma marcha a Brasília contra as reformas Sindical e Trabalhista que reuniu cerca de 20 mil pessoas. A partir daí a central sindical e popular passou a se consolidar nas lutas e nos estados, constituindo uma alternativa nacional de organização e luta.
Consolidação
Embora na prática já estivesse presente na luta de classes do país, a Conlutas foi apenas se firmar oficialmente enquanto entidade no Congresso Nacional dos Trabalhadores, o Conat, em maio de 2006 na cidade de Sumaré (SP).
Quatro mil pessoas de todo o país representando um milhão e setecentos mil trabalhadores, estudantes e ativistas de movimentos sociais fundaram uma entidade que tinha por objetivo organizar não só os trabalhadores do mercado formal de trabalho, mas também os informais, desempregados e os que estão na base dos movimentos sociais e populares, ou seja, metade da força de trabalho.
O processo de reorganização segue enquanto a CUT parece aprofundar sua crise. Setores ligados ao PSOL e ao PCB rompem a entidade em 2006 e, infelizmente, numa postura sectária, negam-se a integrar a Conlutas e formam a Intersindical. Pouco depois é a vez da corrente sindical do PCdoB, a Corrente Sindical Classista (CSC), sair da CUT, devido a uma disputa de aparatos, para formar a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).
A Conlutas, por outro lado, embora fosse naquele momento a alternativa mais consolidada à esquerda da CUT, manteve sempre seu chamado à unidade de todos os setores combativos. Em março de 2007, por exemplo, seis mil pessoas lotaram o ginásio do Ibirapuera em São Paulo no encontro impulsionado pela Conlutas e que reuniu setores como Intersindical, MTST, CSC, Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados) e até dirigentes do MST.
Em julho 2008, mais um passo para o fortalecimento da Conlutas. O I Congresso da entidade, realizado em Betim (MG), elege a luta contra a burocratização a principal tarefa para o período. A partir daí a entidade vai se firmando e se estruturando nos estados. Sua direção, contudo, refletindo o processo em aberto de reorganização e fragmentação da esquerda e dos movimentos sindical e popular, permanece aberta. Ainda que conte com uma direção executiva, a política geral da Conlutas era definida nas reuniões da coordenação nacional, aberta a qualquer entidade ou movimento.
Contradições
O processo de reorganização, porém, mesmo que esteja longe de terminar, não é uma via de mão única. Como tudo na vida, tem as suas contradições. Em novembro de 2009 um seminário de reorganização realizado em São Paulo reúne amplos setores, entre eles uma parte da Intersindical, e define as bases para um congresso de unificação em 2010. Durante meses, ricos debates de preparação ocorrem nos estados, reunindo uma ampla gama de ativistas.
Em junho de 2010, o 2º Congresso da Conlutas em Santos (SP) aprova a unificação com a Intersindical e outros setores, no Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat). No entanto, a unificação não acontece. A Intersindical e setores como a Unidos Para Lutar (CST, corrente do PSOL), descumprem o que havia sido definido no seminário e não aceitam o critério de que os impasses sejam definidos através no voto na base. Sob o pretexto da polêmica do nome da nova entidade, decidem romper com o processo de unificação.
Por outro lado, o MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade) decide se integrar a esse processo, tal como o MTST. A nova entidade, sob o nome de CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), é fundada no congresso que reuniu 3150 delegados. O nome resgata a tradição e experiência dos últimos anos na construção dessa entidade que se propõe a reunir os trabalhadores e setores oprimidos da sociedade.
I Congresso
Coincidentemente, o I Congresso da CSP-Conlutas ocorre a poucos dias da aprovação do fundo privado da Previdência pública pelo Governo Dilma, o chamado Funpresp. Um complemento da reforma da Previdência do governo Lula em 2003. Por outro lado, a CUT no último período elegeu a defesa da indústria nacional sua principal prioridade, enquanto os trabalhadores amargam horas extras e precarização. Uma amostra que os desafios colocados à frente do conjunto da classe trabalhadora, quase uma década após a posse do governo do PT, continuam os mesmos.
Retirado do Site do PSTU
Detalhe do Conat, em 2006 |
A CUT, construída no calor do ascenso operário do final da década de 1970 e início dos 1980, deixava de ser um instrumento de luta e organização da classe trabalhadora para se tornar mera correia de transmissão do governo no movimento de massas. A nomeação do ex-presidente da entidade Luiz Marinho para o Ministério do Trabalho, em 2005, deixou ainda mais clara essa relação. A posse do governo do PT marcava assim o início de um processo de uma nova reorganização no movimento sindical do país.
Sindicatos e ativistas combativos começavam a olhar com ceticismo a CUT e iniciava-se um movimento de dispersão. Frente a esse processo objetivo, tornava-se necessário impedir a desagregação dessas forças e preparar os trabalhadores para novas batalhas. As reformas Sindical e Trabalhista estavam na pauta do governo e eram exigidas pelo conjunto da burguesia.
Foi nesse contexto que, em março de 2004, era realizado o Encontro Sindical em Luziânia (GO). A ideia de unir os setores que lutam encontrou eco tão grande que, para um evento em que eram esperadas de 700 a no máximo 1000 pessoas, compareceram 1700 ativistas de todo o país. O encontro aprovou um calendário de lutas e uma coordenação que passou a reunir todos os sindicatos e movimentos que se dispusessem a lutar contra as reformas. Era o embrião do que viria a ser a então Coordenação Nacional de Lutas, a Conlutas.
Em junho de 2004 a Conlutas teve seu batismo nas ruas, com uma marcha a Brasília contra as reformas Sindical e Trabalhista que reuniu cerca de 20 mil pessoas. A partir daí a central sindical e popular passou a se consolidar nas lutas e nos estados, constituindo uma alternativa nacional de organização e luta.
Consolidação
Embora na prática já estivesse presente na luta de classes do país, a Conlutas foi apenas se firmar oficialmente enquanto entidade no Congresso Nacional dos Trabalhadores, o Conat, em maio de 2006 na cidade de Sumaré (SP).
Quatro mil pessoas de todo o país representando um milhão e setecentos mil trabalhadores, estudantes e ativistas de movimentos sociais fundaram uma entidade que tinha por objetivo organizar não só os trabalhadores do mercado formal de trabalho, mas também os informais, desempregados e os que estão na base dos movimentos sociais e populares, ou seja, metade da força de trabalho.
O processo de reorganização segue enquanto a CUT parece aprofundar sua crise. Setores ligados ao PSOL e ao PCB rompem a entidade em 2006 e, infelizmente, numa postura sectária, negam-se a integrar a Conlutas e formam a Intersindical. Pouco depois é a vez da corrente sindical do PCdoB, a Corrente Sindical Classista (CSC), sair da CUT, devido a uma disputa de aparatos, para formar a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).
A Conlutas, por outro lado, embora fosse naquele momento a alternativa mais consolidada à esquerda da CUT, manteve sempre seu chamado à unidade de todos os setores combativos. Em março de 2007, por exemplo, seis mil pessoas lotaram o ginásio do Ibirapuera em São Paulo no encontro impulsionado pela Conlutas e que reuniu setores como Intersindical, MTST, CSC, Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados) e até dirigentes do MST.
Em julho 2008, mais um passo para o fortalecimento da Conlutas. O I Congresso da entidade, realizado em Betim (MG), elege a luta contra a burocratização a principal tarefa para o período. A partir daí a entidade vai se firmando e se estruturando nos estados. Sua direção, contudo, refletindo o processo em aberto de reorganização e fragmentação da esquerda e dos movimentos sindical e popular, permanece aberta. Ainda que conte com uma direção executiva, a política geral da Conlutas era definida nas reuniões da coordenação nacional, aberta a qualquer entidade ou movimento.
Contradições
O processo de reorganização, porém, mesmo que esteja longe de terminar, não é uma via de mão única. Como tudo na vida, tem as suas contradições. Em novembro de 2009 um seminário de reorganização realizado em São Paulo reúne amplos setores, entre eles uma parte da Intersindical, e define as bases para um congresso de unificação em 2010. Durante meses, ricos debates de preparação ocorrem nos estados, reunindo uma ampla gama de ativistas.
Em junho de 2010, o 2º Congresso da Conlutas em Santos (SP) aprova a unificação com a Intersindical e outros setores, no Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat). No entanto, a unificação não acontece. A Intersindical e setores como a Unidos Para Lutar (CST, corrente do PSOL), descumprem o que havia sido definido no seminário e não aceitam o critério de que os impasses sejam definidos através no voto na base. Sob o pretexto da polêmica do nome da nova entidade, decidem romper com o processo de unificação.
Por outro lado, o MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade) decide se integrar a esse processo, tal como o MTST. A nova entidade, sob o nome de CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), é fundada no congresso que reuniu 3150 delegados. O nome resgata a tradição e experiência dos últimos anos na construção dessa entidade que se propõe a reunir os trabalhadores e setores oprimidos da sociedade.
I Congresso
Coincidentemente, o I Congresso da CSP-Conlutas ocorre a poucos dias da aprovação do fundo privado da Previdência pública pelo Governo Dilma, o chamado Funpresp. Um complemento da reforma da Previdência do governo Lula em 2003. Por outro lado, a CUT no último período elegeu a defesa da indústria nacional sua principal prioridade, enquanto os trabalhadores amargam horas extras e precarização. Uma amostra que os desafios colocados à frente do conjunto da classe trabalhadora, quase uma década após a posse do governo do PT, continuam os mesmos.
Retirado do Site do PSTU
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