PIB de 2011 fica abaixo da média mundial, enquanto desaceleração da China traz sombrios horizontes
A estimativa do IBGE para o PIB de 2011, divulgado nesse dia 6 de março, está abaixo das mais pessimistas expectativas. De acordo com o instituto, o Brasil cresceu no ano passado apenas 2,7%, enquanto o mundo inteiro cresceu, em média, 3,8%. O Produto Interno Bruto é a soma de todas as riquezas produzidas no país no período de um ano.
No início de 2011, o ministro da Fazenda Guido Mantega havia prometido um crescimento de 5%. No decorrer do ano o governo foi se ajustando à realidade, mas não esperava um resultado tão pífio. Os números mostram uma brusca desaceleração da expansão econômica que o país vinha experimentando, e que chegou a marcar 7,5% em 2010. Levantamento do IBGE mostra que, entre julho e setembro do ano passado, o PIB chegou a retrair 0,1%, tendo uma tímida reação nos meses seguintes, crescendo 0,3% e impedindo um resultado ainda pior.
Apesar de alguns setores ainda estarem aquecidos, como a construção civil que cresceu 3,6%, a indústria de transformação (fábricas, refinarias, etc) foi um dos principais responsáveis para a estagnação do PIB, crescendo apenas 0,3%. A produção industrial praticamente estagnou e, a partir do final do ano passado, vem registrando sucessivos recuos, marcando uma diminuição de 2,1% em janeiro último, afetado, sobretudo pela queda na indústria automobilística.
O crescimento nos investimentos também despencou em 2011, o que contribuiu para esse resultado do PIB. Enquanto que, em 2010, os investimentos haviam crescido 21,3%, no ano passado aumentaram apenas 4,7%, o que também fez recuar a proporção dos investimentos em relação ao PIB, de 19,5% para 19,3%.
O alto preço das commodities (produtos primários para exportação, cotado no mercado internacional), fez com que o setor agropecuário gozasse de certo crescimento, de 3,9%. Tal resultado impediu que o PIB tivesse um desempenho ainda pior.
A alta no consumo (4,8%) também segurou uma desaceleração ainda mais profunda, mas ainda assim esteve baseado num forte crescimento do crédito pessoal, de mais de 18%, o que vai causar um aumento também do endividamento das famílias, que já é alto.
Crise e o fator China
A desaceleração do PIB é resultado da política econômica do governo Dilma, que vem impondo sucessivos cortes bilionários no Orçamento, e da crise econômica internacional, cujos efeitos estão longe de terminar, como mostra a Europa. Uma vez eleita, Dilma nem bem se acomodou no Planalto e já anunciou um corte recorde de R$ 50 bilhões, ao mesmo tempo em que o Banco Central aumentava os juros. Em 2012 o ~script~ se repete, e já são R$ 55 bi arrancados do Orçamento pela tesoura de Dilma.
Grande parte do pífio desempenho da indústria, por sua vez, é causado pela valorização do Real, impulsionado pelos investimentos especulativos que inundam o país, no que a própria Dilma chamou de ‘tsunami de liquidez’ (mas ao mesmo tempo o governo mantém as mais altas taxas de juros do mundo, que age como um aspirador para esse capital estrangeiro).
Isso ocorre pois, para tentar contornar a crise financeira, Europa e principalmente EUA, emitem moeda a rodo, desvalorizando o Euro e principalmente o dólar. Desta forma, podem vender seus produtos mais barato e equilibrar sua Balança Comercial (no caso dos EUA, conter seu monstruoso déficit externo). Na prática, a guerra cambial funciona como uma forma de protecionismo disfarçado.
Como se isso não bastasse, o governo chinês acaba de anunciar que a economia do país vai desacelerar este ano. O país é o principal destino das exportações brasileiras de commodities, como aço e ferro. Oficialmente, a China argumenta que dará mais prioridade ao seu mercado interno, mas na verdade é uma forma de reconhecer que o grande crescimento vivido pelo país nos últimos anos, baseado nas exportações aos principais mercados imperialistas como os EUA e Europa, já não é mais sustentável com a crise.
Com isso, a locomotiva que arrasta os chamados ‘Bric’s’, ameaça perder força. Para se ter uma ideia, enquanto que em 2011 o comércio internacional da China teve alta de 35%, para este ano projeta-se apenas 10%.
Apesar do PIB medíocre, a crise ainda não é realidade para a imensa maioria dos trabalhadores no país. A expansão do crédito e do consumo ainda passa uma falsa imagem de prosperidade. Ao mesmo tempo, há ainda um certo aumento da capacidade industrial em certos setores e regiões, como em São José dos Campos (SP). O resultado do desempenho da economia em 2011 divulgado pelo IBGE, por outro lado, mostra a fragilidade e dependência da economia brasileira, além de apontar um horizonte não tão otimista quanto o desenhado pelo governo.
Retirado do Site do PSTU
Agência Brasil | ||
Ministro Guido Mantega havia prometido PIB de 5%, veio só 2,7% |
No início de 2011, o ministro da Fazenda Guido Mantega havia prometido um crescimento de 5%. No decorrer do ano o governo foi se ajustando à realidade, mas não esperava um resultado tão pífio. Os números mostram uma brusca desaceleração da expansão econômica que o país vinha experimentando, e que chegou a marcar 7,5% em 2010. Levantamento do IBGE mostra que, entre julho e setembro do ano passado, o PIB chegou a retrair 0,1%, tendo uma tímida reação nos meses seguintes, crescendo 0,3% e impedindo um resultado ainda pior.
Apesar de alguns setores ainda estarem aquecidos, como a construção civil que cresceu 3,6%, a indústria de transformação (fábricas, refinarias, etc) foi um dos principais responsáveis para a estagnação do PIB, crescendo apenas 0,3%. A produção industrial praticamente estagnou e, a partir do final do ano passado, vem registrando sucessivos recuos, marcando uma diminuição de 2,1% em janeiro último, afetado, sobretudo pela queda na indústria automobilística.
O crescimento nos investimentos também despencou em 2011, o que contribuiu para esse resultado do PIB. Enquanto que, em 2010, os investimentos haviam crescido 21,3%, no ano passado aumentaram apenas 4,7%, o que também fez recuar a proporção dos investimentos em relação ao PIB, de 19,5% para 19,3%.
O alto preço das commodities (produtos primários para exportação, cotado no mercado internacional), fez com que o setor agropecuário gozasse de certo crescimento, de 3,9%. Tal resultado impediu que o PIB tivesse um desempenho ainda pior.
A alta no consumo (4,8%) também segurou uma desaceleração ainda mais profunda, mas ainda assim esteve baseado num forte crescimento do crédito pessoal, de mais de 18%, o que vai causar um aumento também do endividamento das famílias, que já é alto.
Crise e o fator China
A desaceleração do PIB é resultado da política econômica do governo Dilma, que vem impondo sucessivos cortes bilionários no Orçamento, e da crise econômica internacional, cujos efeitos estão longe de terminar, como mostra a Europa. Uma vez eleita, Dilma nem bem se acomodou no Planalto e já anunciou um corte recorde de R$ 50 bilhões, ao mesmo tempo em que o Banco Central aumentava os juros. Em 2012 o ~script~ se repete, e já são R$ 55 bi arrancados do Orçamento pela tesoura de Dilma.
Grande parte do pífio desempenho da indústria, por sua vez, é causado pela valorização do Real, impulsionado pelos investimentos especulativos que inundam o país, no que a própria Dilma chamou de ‘tsunami de liquidez’ (mas ao mesmo tempo o governo mantém as mais altas taxas de juros do mundo, que age como um aspirador para esse capital estrangeiro).
Isso ocorre pois, para tentar contornar a crise financeira, Europa e principalmente EUA, emitem moeda a rodo, desvalorizando o Euro e principalmente o dólar. Desta forma, podem vender seus produtos mais barato e equilibrar sua Balança Comercial (no caso dos EUA, conter seu monstruoso déficit externo). Na prática, a guerra cambial funciona como uma forma de protecionismo disfarçado.
Como se isso não bastasse, o governo chinês acaba de anunciar que a economia do país vai desacelerar este ano. O país é o principal destino das exportações brasileiras de commodities, como aço e ferro. Oficialmente, a China argumenta que dará mais prioridade ao seu mercado interno, mas na verdade é uma forma de reconhecer que o grande crescimento vivido pelo país nos últimos anos, baseado nas exportações aos principais mercados imperialistas como os EUA e Europa, já não é mais sustentável com a crise.
Com isso, a locomotiva que arrasta os chamados ‘Bric’s’, ameaça perder força. Para se ter uma ideia, enquanto que em 2011 o comércio internacional da China teve alta de 35%, para este ano projeta-se apenas 10%.
Apesar do PIB medíocre, a crise ainda não é realidade para a imensa maioria dos trabalhadores no país. A expansão do crédito e do consumo ainda passa uma falsa imagem de prosperidade. Ao mesmo tempo, há ainda um certo aumento da capacidade industrial em certos setores e regiões, como em São José dos Campos (SP). O resultado do desempenho da economia em 2011 divulgado pelo IBGE, por outro lado, mostra a fragilidade e dependência da economia brasileira, além de apontar um horizonte não tão otimista quanto o desenhado pelo governo.
Retirado do Site do PSTU
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