Blog pediu a ilegalidade do PSTU |
O ataque de Reinaldo Azevedo não é bem uma novidade. Em janeiro, durante o despejo das três mil famílias da área do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), o articulista não poupou qualificativos para detratar o PSTU e defender a ação do governo estadual. Ofensiva semelhante se deu durante a ocupação da reitoria da USP em 2007. Na verdade, o que o funcionário da Veja faz nada mais é que sintetizar e vocalizar argumentos diluídos em setores mais reacionários da imprensa.
Desta vez, o jornalista resgatou um artigo publicado no Portal do PSTU em 2009 para acusar o partido de 'racismo' (sic) contra os judeus. O texto trata sobre a resistência palestina aos sucessivos ataques de Israel, particularmente contra a população de Gaza. O artigo traça ainda um histórico do estado israelense, caracterizando-o como um 'estado gendarme', aparato fundado para a defesa de interesses imperialistas no Oriente Médio e relembra uma antiga reivindicação da esquerda revolucionária: a sua destruição enquanto estado.
O jornalista destaca a seguinte parte do texto, a fim de provar sua tese de 'racismo': “Assim, para a pergunta ‘o que fazer com o Estado colonial sionista’, só há uma resposta: a sua destruição. Os atalhos apenas nos levam a um ponto mais longínquo de uma sociedade definitivamente pós-sionista, portanto, laica, democrática e não-racista.’ Desta forma, para Reinaldo Azevedo, o autor do texto estaria "com Ahmadinejad, com Hamas e com o Hezbollah".
Tal argumento não é novo. A denúncia de 'racismo' sempre é utilizada por setores sionistas, incluindo-se aí o próprio Estado de Israel, quando é confrontado com os crimes praticados contra o povo palestino. Baseia-se em uma falácia, que iguala sionismo com judaísmo. O sionismo, porém, é uma ideologia política, racista e de direita, que parte do princípio de Theodor Herzel sintetizada na frase ‘uma terra sem povo para um povo sem terra’ para justificar a expulsão dos palestinos de suas terras. Nada tem a ver com a religião judaica.
Reinaldo Azevedo afirma que o texto prega 'um não-racismo sem judeu'. Omite, conscientemente, uma outra parte do artigo, que defende “a convivência de diversos povos, independente das suas crenças e origens étnicas” em um novo estado, que daria lugar ao atual 'estado judeu'. O articulista avança a seguir para uma calúnia, relacionando o artigo com o recente ataque terrorista na França: 'parece que o tal Mohammed Merah, na França, queria a mesma coisa'. A manobra é óbvia: tentar igualar o PSTU ao terrorismo estúpido e justificar as ameaças dos nazistas brasileiros ao partido.
Mas o que quer Reinaldo Azevedo? A última frase do post do jornalista pode dar uma pista sobre isso, quando insta a prisão da direção do partido e a sua ilegalidade. ‘O autor e a direção do partido ainda estão soltos. Por quê?’.
As duas faces da ultradireita
Os neonazistas presos em Curitiba na iminência de um ataque contra estudantes, movidos pelo ódio a negros, homossexuais, mulheres, esquerdistas, e também judeus, afirmaram em seu blog: ‘vejo o sangue para tudo quanto é lado, manchando uma camiseta com o logotipo do PSOL/PSTU’. Pois bem, já Reinaldo Azevedo vê a direção do PSTU na cadeia e o partido na clandestinidade. São duas expressões diferentes no espectro político e ideológico, mas que na prática conformam um mesmo ataque, vindo da ultradireita. Não por acaso, pouco tempo depois da publicação do post de Reinaldo Azevedo, mensagens de ameaça começaram a chegar ao email do Portal do PSTU.
Não é coincidência que o articulista da Veja inicie seu post com o caso das prisões em Curitiba: ’Se dois meliantes merecem estar na cadeia, e acho que merecem, por terem escrito o que escreveram, que punição cabe a um PARTIDO POLÍTICO que prega abertamente a extinção de um país?’. A partir disso, o articulista resgata o artigo publicado há três anos e retoma velhas calúnias do sionismo.
É como se ele dissesse: 'tudo bem, ativistas da direita foram presos por crimes de ódio, mas olha aqui, a esquerda também é racista!', para pedir a prisão da direção do PSTU. Não deixa de justificar também, de certa forma, os ataques da própria direita nazista que tanto afirma deplorar.
Observa-se, no último período, um crescimento da violência machista e homofóbica em todo o país, assim como contra a população negra e pobre em geral, como em São Paulo. Concomitante a isso, cresce também a resistência organizada dos setores oprimidos, que vem recebendo, por sua vez, uma resposta de grupos de ultradireita.
Em todo o país, militantes do PSTU se colocam à frente da resistência negra, feminista e homossexual, o que provoca a ira ensandecida da ultradireita. Ativistas como Guilherme Rodrigues, covardemente agredido por homofóbicos em São Paulo no ano passado, são alvos da violência desses grupos. Não é novidade, por isso, as ameaças publicadas pelos neonazistas em seu blog. Como também não são os ataques públicos de Reinaldo Azevedo. Nem a direita raivosa da Veja, porém, nem os neonazistas vão calar o PSTU.
Retirado do Site do PSTU
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