sábado, 17 de setembro de 2011

O inimigo do meu inimigo nem sempre é meu amigo

O imperialismo norte americano já teve motivos de sobra para aprender que não é sempre que “armar o inimigo do meu inimigo” funciona. Quando treinou e deu armamento para a Al-Qaeda e outros grupos islâmicos enfrentarem as tropas da União Soviética, viu depois esses mesmos guerrilheiros levaram o Talibã ao poder no Afeganistão. Depois, este país virou alvo, pois o regime teria garantido um refúgio seguro para Osama bin Laden, que também combateu os soviéticos.

Os serviços de inteligência dos Estados Unidos e Grã Bretanha trabalharam em estreita ligação com a polícia política Líbia. O seu principal chefe, Moussa Koussa, hoje desfruta de confortável exílio na Inglaterra, de onde denuncia o envolvimento de rebeldes “ligados à Al-Queda”.

Fontes internacionais islâmicas afirmam que combatentes da Al-Qaeda e do Hezbollah estavam diretamente envolvidos no conflito, lutando ao lado de rebeldes contra Kadafi. De fato, havia praticamente um consenso entre as organizações fundamentalistas islâmicas sobre a necessidade de ajudar os rebeldes contra Kadafi.


COMBATENTES

Cidades como Dernah e Benghazi estão cheias de adeptos de causas islâmicas. Dernah em particular, foi a cidade de onde saíram muitos muhaijins para lutar no Afeganistão e no Iraque contra as tropas norte-americanas.

O Centro Francês de Pesquisa de Inteligência relata que 19% dos estrangeiros que foram lutar no Iraque contra os EUA eram líbios. O maior contingente depois dos sauditas. Entre estes combatentes islâmicos libios encontraremos Abu Faraj al-Libi, preso pelo Serviço de Inteligência do Paquistão em 2005, em uma operação com a CIA, hoje sob custódia militar na Baia de Guantánamo; Anas al-Liby, que, em fevereiro de 2007, foi citado pela Human Rights Watch como estando em uma prisão secreta da CIA; e Abu Yahya al-Libi, que teve detenção extrajudicial na Base de Bagram, no Paquistão, de onde fugiu em julho de 2005.

Em combate na Líbia estão, pelo menos, Abdel Hakim Al-Hasidi, hoje Comandante em Dernah, preso no Afeganistão em 2002 e entregue a autoridades líbias. E Abdelhakim Belhadj, que comandou o ataque a Trípoli e é o atual comandante do Conselho Militar da cidade, nomeado pelos cinco batalhões da Brigada de Trípoli, e não por autoridades civis. Ele acusa a CIA de torturá-lo em prisões secretas mantidas pelo governo americano na Malásia e Tailândia, antes de ser enviado, como presente, ao ditador Kadafi, para ser torturado nas prisões da Líbia.

O Grupo Combatente Islâmico foi um elemento chave das forças rebeldes da Líbia, por sua experiência em combate no Iraque. Agora rebatizado Movimento Islâmico Líbio (LIM), afirma ter renunciado ao terrorismo. Um de seus líderes, Ali Sallabi, anunciou que "o nosso diálogo articulou-se e vai articular-se sempre em torno de três pontos: a destituição de Kadafi e dos seus filhos e a sua saída da Líbia, preservar a capital das destruições e terminar com o derramamento de sangue entre líbios". Ele assegurou ainda ser favorável a "um Estado democrático para os líbios", com partidos políticos e alternância de poder. "Mantemos fortes relações com os laicos. Estamos na mesma trincheira", concluiu.


KADAFI COOPERAVA COM O IMPERIALISMO

Um dos motivos que levaram os combatentes islâmicos a se uniram a revolução Líbia foi a estreita cooperação de Kadafi com o imperialismo para persegui-los. Havia um trabalho permamente entre a Inteligência Líbia, chefiadas por Koussa, e CIA, MI-5 e MI-6. Inclusive com o regime de Kadafi cedendo líbios para se infiltrar em organizações islâmicas no Reino Unido.

Documentos achados na sede de órgão de segurança em Trípoli demonstram que a CIA enviou suspeitos de terrorismo para serem interrogados na Líbia, país famoso pelas suas torturas.


E COM ISRAEL

Há informes também de que o serviço secreto israelense, a Mossad, utilizou a Líbia como uma base de operações para a África. Em troca, autoridades israelenses teriam aprovado que agências sionistas de segurança permitissem a seus mercenários serem contratados pelo regime de Kadafi para lutar na Líbia contra os rebeldes. Pois Israel temia que, com a derrubada de Kadafi, ele pudesse ser substituído por um "regime extremista islâmico".

Israel denuncia que palestinos em Gaza estão adquirindo artilharia antiaérea e antitanque a partir de combatentes da Líbia. Afirmam que o Hamas e outras facções palestinas têm recebido armamento de origem líbia e que há um fluxo de mísseis antiaéreos SA-7 e granadas propelidas por foguetes (RPGs), vindas por uma rota de abastecimento, aberta entre o leste da Líbia e a Faixa de Gaza através do Egito, da península do Sinai, ou através do Sudão.


MAIS DIFICULDADES AO GOVERNO PRÓ-IMPERIALISTA DO CNT

Estas informações devem bastar para deixar claro que estas organizações islâmicas não lutariam do lado de rebeldes que apoiassem uma intervenção imperialista. Além do que, tendo conquistado posições e estando entre os "vencedores" da guerra, não estarão interessados em abrir mão do controle só para agradar os caprichos da Otan.
Novos problemas para o governo pró imperialista da CNT.

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